A Bailarina (Ballerina, 2017)
NEVER GIVE UP ON YOUR DREAMS!
Que ternura de filme! Altamente emocionante, A Bailarina nos comove pela intensidade
de seu roteiro e pelo sonho e determinação que guiam uma garotinha rumo ao que
sempre quis: SER UMA BAILARINA. Uma animação francesa e canadense, a história
se passa principalmente na Paris do fim do Século XIX, durante a construção
tanto da Torre Eiffel quanto da Estátua da Liberdade, um presente da França aos
Estados Unidos. O filme é doce e bonito, e com desenhos lindos, uma trilha
sonora tocante e um roteiro muito bonito, nos chama a atenção e ganha,
instantaneamente, um lugarzinho especial em nossos corações que deixam o cinema
talvez em lágrimas, mas com um sentimento delicioso. É um filme lindo, uma das
minhas animações favoritas! E ela certamente nos faz pensar nas coisas que faríamos
ou deixamos de fazer por nossos
sonhos.
Devíamos todos ser um pouco mais como Félicie.
Félicie Milliner é uma garotinha órfã que mora em
um orfanato na Britânia onde sonha em ser uma bailarina – sonho menosprezado
pela Madre Superiora, que diz que eles devem ser enterrados e esquecidos. No entanto,
ela tem um amigo determinado como ela, Victor, um inventor um pouco duvidoso,
mas cheio de talento, que a ajuda a escapar em uma cena gostosa com aquelas
improvisadas asas de galinha… é uma fuga
e tanto. Uma vez na nova cidade, Félicie entra na Ópera Nacional de Paris e
fica ENCANTADA ao ver uma bailarina performar um grand jeté, e então ela tem toda a certeza de que é aquilo que ela
quer ser na vida: UMA BAILARINA. Assim ela conhece Odette, assim ela é
humilhada por Camille, então eu realmente não me senti mal quando ela encontrou
a carta de aceitação na Ópera para Camille e assumiu sua posição.
Acredito que o cerne de A Bailarina é falar de SONHOS, e isso é lindíssimo. Félicie tem 11
anos de idade e já sabe tão bem o que quer que está determinada a fazer o que
for preciso para atingir seu sonho. Ela não tem medo de arriscar, de tentar, de
ensaiar. Victor, seu fiel amigo, é
muito parecido, com o seu sonho de ser um inventor,
conseguindo até se unir a Gustave Eiffel e observar de perto a construção da
Torre. Ambos lutam pelo o que que querem, e isso é lindo. Nós percebemos
Félicie ensaiar com afinco e melhorar cada vez mais, e depressa (porque a cada
dia uma candidata é eliminada), em uma determinação admirável. Odette, a mulher
que a acolhe, ensina valiosas lições que começam com tocar um sino pendurado em
um galho de árvore e pousar sem espirrar a água do chão… difícil, mas essencial
a uma bailarina. As aulas, depois disso, só se tornam melhores.
A figura de Victor é extremamente importante para
dar o tom do filme – ele e Félicie chegaram ao Orfanato no mesmo momento, e
agora deixam o orfanato em busca de seus sonhos também juntos. E ele tem uma
admiração e um amor tão grandes por Félicie que é reconfortante. Saber que
sempre teremos aquele garoto doce, feliz, determinado e criativo para ajudá-la
quando for preciso. A própria maneira como ele para as pessoas que “Ela é minha namorada” mostra a imensa
admiração que ele sente por ela. Sua fofura está presente quando ele organiza
um jantar na Torre Eiffel para os dois (embora ela parta seu coração ali) e em
como continuamente conserta a caixinha de música que pertenceu à mãe de
Félicie, a única coisa que estava com ela quando foi deixada no orfanato… a
caixinha de música que, talvez, represente tanto sua mãe quanto sua paixão pelo
ballet.
Dançar ballet
é uma maneira de sentir-se próxima à mãe!
Vemos Félicie Milliner avançar cada vez mais, e
essa é a melhor parte. Ela começa num estilo Taylor Swift no clipe de Shake It Off, e termina dançando o
Quebra-Nozes! Seu carisma nos conquista e é tão engraçado quanto emocionante
vê-la pular fora da hora, errar os passos, sair do ritmo, cair, mas tudo com um
sorriso de felicidade tão grandioso estampado no rosto… FÉLICIE ESTÁ FELIZ! E você
percebe, a cada aula e a cada momento, que ela está evoluindo, melhorando, e
Odette é uma mulher paciente, carinhosa e tão determinada quanto Félicie. Gosto,
particularmente, da cena em que Félicie sai para um bar com Victor e dança
sobre as mesas, e aquilo é tão envolvente e tão bonito de se ver! Ali o seu
coreógrafo, bastante rígido, talvez passe a gostar mais ainda dela, uma coisa
que cresce consideravelmente. E então a verdade explode:
Félice não é Camille.
Eu gosto de como, mesmo assim, Félicie continua
tendo sua chance, ainda que esteja concorrendo com Camille, uma garotinha dura
que ensaia o dia todo e tem uma técnica impecável – mas dançar não é APENAS a
técnica, que não é o suficiente caso não haja, também, paixão. Félicie tem essa paixão incontestavelmente. E ela ainda tem
o apoio incondicional de Victor e de Odette, duas pessoas que a amam de verdade
e estão ali preparados para QUALQUER COISA. É lindíssimo! No dia da audição
final, Félicie cai duas vezes, o papel é dado a Camille, ela é levada de volta
ao orfanato na Britânia… e é muito triste vê-la de volta no lugar onde cresceu,
sem a felicidade que, mesmo que quebrasse pratos, era sua marca adorada no orfanato.
Assim, o próprio responsável por não deixar as crianças fugir, é quem a leva de
volta à Ópera.
Me emocionei de verdade ao ver Félicie entrar
novamente na Ópera Nacional de Paris, encontrar Odette limpando o chão, repetir
sua fala oferecendo ajuda, e então elas se abraçam, porque uma sentiu a falta
da outra. Dali em diante, tudo é muito lindo, porque Félicie não foi para lá
para roubar o papel de Camille nem nada, mas Camille dança sem emoção, e isso
incomoda Merante – e em uma batalha de dança, Camille e Félicie dançam pela
Ópera inteira, deixando o palco e dançando sobre as cadeiras, nos corredores,
na escada… e é onde ela performa um grand
jeté perfeito que é aplaudido e amado por todos… e lhe garantem o papel de
Clara no Quebra-Nozes. Félicie seguiu a sua paixão, o seu amor pela dança e sua
determinação e dedicação a colocaram em uma posição importantíssima num grande
papel de destaque.
Chorei.
O filme termina com o salto de Félicie a Primeira
Bailarina da Ópera, na apresentação daquela noite, e é COMOVENTE! Ela conseguiu. Toda a sequência final me
fez pensar bastante em Billy Elliot,
uma história que eu também ADORO. Não só a apresentação final, que é deliciosa
de se ver, com o sonho se tornando realidade, mas também a resposta de Félicie
à pergunta repetida ao longo do filme: POR
QUE VOCÊ DANÇA? E ela faz um discurso lindíssimo que me fez pensar na
resposta de Billy à pergunta similar que lhe é feita: “O que você sente quando está dançando?” ELETRICIDADE. A Bailarina é um dos filmes mais lindos que
eu vi nos últimos tempos e acho que todo mundo, bailarinos ou não, deviam
vê-lo, porque nos faz pensar em nossos sonhos e paixões, e ainda tem uma trilha
sonora lindíssima… filme não só para ser visto, mas PARA SER SENTIDO…
P.S.: Esse é um dos meus
pôsteres favoritos do filme, porque mostra a Félicie entrando nesse universo da
Ópera Nacional de Paris, com sua alegria de viver, seu sonho gigantesco
colocado em prática… adoro ver sua casualidade e sua espontaneidade, que muitas
vezes não é valorizada no ballet, mas
tem tudo a ver com a discussão sobre a PAIXÃO! Dançar também envolve paixão,
além da técnica, e é isso que faz toda a diferença para Félicie! <3
Que história linda, uma mensagem muito bonita! Norman McLaren afirmava que o cinema de animação não era a arte dos desenhos em movimento, mas a arte do movimento que é desenhado. A Bailarina é um filme de texturas luxuosas e grandiloquentes movimentos da câmera virtual, criados para realçar a grandiosidade dos cenários. O enredo possui alguns detalhes inesperados que passam por certa amoralidade nas ações de sua heroína, capaz de fingir ser outra pessoa para atingir os objetivos que ela acha que são negados por pura questão de classe. As profundas debilidades do filme aparecem quando os personagens se movem e, especialmente, quando dançam, sujeitos a movimentos que pouco lembram a leveza graciosa dos corpos na dança clássica e que, em vez disso, mostram as limitações de certa animação digital quando amarra às cadeias do algoritmo a liberdade do traço do artista artesão.
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