Desventuras em Série 1x02 – Mau Começo: Volume 2

“I would never ever marry you”

Esse episódio me fez abrir a mente em relação à adaptação da Netflix sobre Desventuras em Série, de uma forma inovadora – estou contente com o trabalho dedicado que eles fizeram, e fascinado com a possibilidade de acréscimos do próprio Daniel Handler que conferem profundidade a cenas das quais apenas ouvimos falar quando lemos os livros originais, como Mau Começo e A Sala dos Répteis. Esse segundo episódio, bem diferente do primeiro, mantém o alto nível da interpretação impecável desse elenco e uma fotografia belíssima, unido a um roteiro que ora segue estritamente o andar do livro, ora nos apresenta contribuições alarmantes e excitantes, como Jacquelyn e Gustav, além de contínuas dicas em relação à próxima desventura de Violet, Klaus e Sunny Baudelaire, mais ou menos como Lemony Snicket adora fazer ao término de cada livro seu, quando manda uma carta a seu editor.

O episódio começa diferente, e isso talvez tenha me prendido ainda mais. Temos a secretária do Sr. Poe supostamente ausente, e um “Try Peru” que, agora, faz todo o sentido, enquanto o Conde Olaf usa o seu PRIMEIRO DISFARCE e vai como um consultor falar com o Sr. Poe no banco – foi ele quem convenceu o Sr. Poe a interpretar “parente mais próximo” de forma tão duvidosa. Além disso ainda tivemos uma pausa na cena para que Lemony Snicket explicasse que se tratava de um flashback, o que era um flashback e em que ponto do primeiro episódio ele se encaixava. TUDO A VER COM O ESTILO ADOTADO NOS LIVROS! Além disso, e essa foi a parte que me deixou eufórico, vemos Jacquelyn, a secretária do Sr. Poe, tirar da gaveta uma luneta de CSC, exatamente como a que Klaus encontrou na Mansão queimada, que o Conde Olaf possui e que Lemony Snicket usa. Então eu fiquei SUPER CURIOSO e estava louco para entender melhor isso tudo!

Secretária do Sr. Poe em CSC?

Então, voltamos para as crianças, e embora eu estivesse fascinado com as novas possibilidades brevemente sugeridas pela Netflix, eu fiquei aliviado de ver de novo as crianças e perceber que, em tão pouco tempo, senti tanto a sua falta. Enquanto Jacquelyn é levada e amarrada a uma árvore por um capanga do Conde Olaf, Violet e Klaus são obrigados a cortar lenha, e depois elas tentam ir até a cidade falar com o inútil e incompetente do Sr. Poe, que, evidentemente, não é capaz de fazer NADA por eles! Desesperadora como é a cena do banco, as crianças são obrigadas a voltar para a casa sombria com janelas em formatos de olhos na qual são obrigados atualmente a morar, para serem tentados com bolinhos (o comentário de Sunny sobre como eles eram comprados foi o MELHOR) e ouvirem falar do mais novo plano do Conde Olaf:

THE MARVELOUS MARRIAGE.

[Enquanto isso, Jacquelyn liga para GUSTAV!] O plano do Conde Olaf se baseia em “encenar” uma peça na próxima sexta-feira à noite na qual Violet interpretará a linda noiva que se casará com o personagem do Conde. E isso é perversamente DOENTE. Então os Irmãos Baudelaire vão à ação! Com a ajuda da biblioteca da Juíza Strauss, eles tentam descobrir alguma coisa, mas o Conde Olaf interrompe chamando a Juíza para ser “atriz” em sua peça, interpretando uma juíza que vai realizar o casamento com as palavras exatas que precisam ser realizadas – então o plano se delineia claramente, e o pânico e a tristeza de Violet são evidentes em sua expressão e é de partir o coração! [Detalhe para Klaus enfrentando o Conde Olaf e usando os termos “figurativamente” e “literalmente”, que são BRILHANTEMENTE explicados por Lemony Snicket! Tão parecido com o livro, isso é constantemente usado no restante do episódio!]

O problema, talvez, tenha sido que ao descobrir todo o plano do Conde, Klaus foi confrontá-lo e disse que ia contar ao Sr. Poe e ele iria para a prisão – mas a indiferença do Conde Olaf deveria ser um indício de que as coisas não estavam nada bem. Dá um dó terrível ver a Sunny presa em uma gaiola, amarrada e amordaçada, pendurada de uma Torre alta. Mas, então, VIOLET PRENDE O CABELO! E você sabe o que quer dizer quando VIOLET PRENDE O CABELO! As engrenagens de seu cérebro estão funcionando para inventar alguma coisa e livrá-los do que for preciso! Ah, falando em invenções, eu adoro os paralelos e as piadas que são tão a cara de Desventuras em Série. Como Jacquelyn andando por aí com aquela árvore amarrada nas costas, genial fazendo um telefonema, comentando no túnel: “I wish I had an inventor here”. E então vem uma cena SENSACIONAL!

Porque Jacquelyn encontra Gustav naquele túnel e eles comentam várias coisas, por exemplo, como ele e o Dr. Montgomery estavam esperando os Órfãos Baudelaire há alguns dias, porque ele é o novo tutor, foi isso o que os pais dos Baudelaire decidiram no caso de haver incêndio. Uma cena dessa podia ser estudada e minuciosamente explorada para tirarmos várias coisas interessantes, e eu gosto do fato de eles estarem trazendo toda essa complexa organização e relações confusas à tona desde a primeira temporada, porque ao saber que Inferno no Colégio Interno ficaria para a segunda temporada, eu achei que já não teríamos mais isso no primeiro ano. Mas muita coisa está acontecendo já, como a cena do final do episódio em que a Juíza Strauss retira um livro da estante, sobre a “História Incompleta das Organizações Secretas”.

Uhm. That’s something.

A grande invenção de Violet, chamada no livro de arpéu e no episódio de “gancho de escalada”, é brilhante, e nos faz AMAR VIOLET. É tão bom ver suas invenções funcionarem, vê-la brilhantemente subindo à altura de Sunny para resgatá-la, infelizmente encontrando, no fim da subida, o careca das mãos de gancho a esperando. Então acabam ela e Klaus também presos na Torre, com uma ampulheta contando o tempo para perderem sua fortuna, enquanto ela precisa inventar um modo de escapar e ele um modo de eles se livrarem do casamento forçado. [Detalhe para o quarto de Lemony Snicket cheio de evidências e a “foto desfocada” de Beatrice, QUE EU RI DEMAIS!] Mas eles não têm tempo de chegar a alguma ideia fantástica, porque o Conde Olaf aparece anunciando que é hora do show, e caso alguma coisa dê errado, Sunny será jogada lá de cima para a morte.

O “espetáculo” conta com o Klaus de marinheiro, com Violet linda de noiva, os Poe na plateia e a Juíza Strauss se tornou vergonhosamente inútil… um solilóquio do Conde Olaf sobre como ele é BONITO dura eternamente, enquanto isso Sunny joga pôquer com o capanga (E É HILÁRIO e BIZARRO!) e vai se safando lentamente assim e, no momento do casamento efetivamente, Violet assina com a mão esquerda (lembra como Lemony Snicket disse que ela era destra no Piloto?). Então, achando que venceu, o Conde Olaf se vangloria, revela todo o asqueroso plano para a plateia, deixando todos horrorizados, e quando Sunny chega, em segurança, Klaus pode colocar seu plano em prática: diz que o casamento não é válido porque Violet assinou com a mão errada! Parece ridículo, mas ele faz todo um discurso altamente convincente que ganha a todos.

Então o casamento é anulado.

Fico muito feliz por termos partes tão bem feitas para Klaus Baudelaire, como a sua dedicação em fazer aquela complexa e, provavelmente, demorada explicação que convenceu a todos e deixou que todos respirassem aliviados porque o perverso Conde Olaf não tinha vencido, não daquela vez. Ah, porque é claro que, com uma ajudinha das luzes desligadas, ele escapa, e os Órfãos Baudelaire são levados para o seu próximo tutor, o Dr. Montgomery. Achei bacana ver, diferente do que acontece no livro, o Gustav morrer. Nós sabemos de sua morte em A Sala dos Répteis, ainda que o Tio Monty só ache que ele sumiu misteriosamente, mas nós nunca chegamos, de fato, a ver Gustav em A Sala dos Répteis e aqui está ele, naquela morte terrível, parado literalmente ao lado de um lago. Essa série começou COM TUDO e promete. Ansioso por continuar na primeira temporada.

Mas terminar depressa vai me deixar com uma saudade!

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