Desventuras em Série 1x06 – O Lago das Sanguessugas: Volume 2
“We hope Aunt Josephine is safe”
Eu adorei a maneira completa como O Lago das Sanguessugas foi conduzido –
eu acho essa uma das mais desesperadoras histórias de Desventuras em Série. As crianças não são submetidas a torturas
contínuas como em Inferno no Colégio
Interno nem a uma tutora nojenta como em Elevador Ersatz e nem chegam perto das desventuras perigosas todas
nas quais se metem a partir de Hospital
Hostil, em uma fuga desenfreada… mas no início da saga, enquanto os Irmãos
Baudelaire estão pulando de tutor a tutor, eu acho que cria-se uma atmosfera de
desesperança esmagadora em O Lago das
Sanguessugas, porque Violet, Klaus e Sunny, talvez, ainda tenham alguma
esperança de que as coisas pudessem ficar bem, e a Tia Josephine é uma tutora
decepcionante. Talvez ela até tente, podemos dar esse crédito a ela, mas ela é
decepcionante.
Assim, o episódio começa com a leitura completa da
carta deixada por Tia Josephine antes de, supostamente, se jogar da janela –
com todos seus erros gramaticais, como própio
e repussiva. Toda a sequência é
transposta quase na íntegra e nas mesmas palavras do livro, enquanto Violet
está horrorizada e triste, sofrendo, e o Klaus nota que há alguma coisa errada
(detalhe para a explicação dele do “engraçado”
a que se referia, com a conclusão de que a carta é engraçada como em um “funny smell”, fazendo referência à
Serraria da próxima história!) com a carta de Tia Josephine. Violet fica até um
pouco incomodada porque a insistência de Klaus faz parecer que ele não está nem
aí para o destino da Tia Josephine, mas essa não é a verdade: a verdade é que há uma mensagem escondida
nas palavras. Mas eles ainda não sabem disso.
Primeiro eles pensam em falsificação, e NÃO. Não é
isso.
Enquanto o Furação Herman se aproxima e o Sr. Poe
continua sendo o inútil de sempre que nunca acredita nas coisas que os
Baudelaire dizem, os irmãos se veem perante a assustadora perspectiva de um brunch com o Sr. Poe e o “Capitão Sham”.
Assim chegamos ao EXCELENTE Anxious Clown,
com a recriação perfeita do restaurante exatamente
como imaginei. E eu adorei a cena! Larry era o perfeito palhaço ansioso,
nada feliz, representando a estranha contradição que foi sugerida por Lemony
Snicket no livro… com o extra de que o garçom, também da mesma organização que
os Baudelaire Pais, Tio Monty e Tia Josephine, estava sendo ameaçado na cozinha
pela trupe do Conde Olaf. Ah, o Conde Olaf? Fazia discursos revoltantemente
descarados, como aquele da “promessa que fez à Tia Josephine”. Mas é
comicamente irônico!
Adorei o Klaus pedindo um copo de gelo para Sunny!
É engraçado ver esses pequenos detalhes, porque
pequenas coisas como essa, que são IDÊNTICAS AO LIVRO, fazem nosso coração de
fã que adora Desventuras em Série
pular. Há quem desgoste, e eu vejo alguns comentários na internet que me
incomodam profundamente, mas eu entendo que a maioria deles vêm de pessoas que
nunca leram os livros – acontece que esse tipo de comentário, como o Klaus
pedindo um copo de gelo para Sunny enquanto ele e a irmã pedem um copo da água,
é exatamente do que Desventuras em Série
é feito, e por mais ridículo que possa parecer às vezes, faz parte da escolha
de Lemony Snicket para o tom bizarro, estereotipado e alegórico de seu livro. As
narrações de “Lemony Snicket” servem exatamente ao mesmo propósito, e tornam Desventuras em Série exatamente o que é,
e nós estamos adorando isso.
Parece estarmos lendo os livros novamente!
Mas vamos voltar, entre afirmações de “He isn’t Captain Sham, HE’S COUNT OLAF!”
e um comentário maravilhoso de Sunny quando o Sr. Poe diz que vai explicar tudo
detalhado para eles que o Capitão Sham NÃO É o Conde Olaf, como se eles fossem
bebês (“That’s offensive”), os
Baudelaire notam que Larry, o garçom do Anxious Clown, está tentando dar dicas
para eles sobre como eles podem ganhar tempo, tentando ajudar… e então Violet
dá a informação necessária: “We’re
allergic to peppermints”. Assim, quando Larry traz balas de hortelã e os
Irmãos Baudelaire as colocam na boca, a reação alérgica é quase instantânea. Comichões
na pele, a língua inchada do Klaus… COMO EU AMO AS “FALAS” DO KLAUS NESSA
PARTE! É tudo, preciso dizer novamente, muito parecido com o livro, enquanto as
meninas tomam um banho com bicarbonato e Klaus analisa a carta da Tia Josephine.
Até descobrir algo: GRUTA DO P.
Eu sou apaixonado pela sequência em que os erros
gramaticais propositais na carta da Tia Josephine revelam uma mensagem para os
Baudelaire que indicam que ela não está morta (não ainda, como diz Lemony
Snicket) e ainda lhes conta onde ela está! Foi uma cena repleta de informações.
A casa começa a se partir, ameaçadoramente, e as crianças quase caem pela
janela quebrada com um vento terrível, mas seguram-se (detalhe para a Sunny se
segurando pelos dentes). Enquanto isso, coisas passam, como o livro das Organizações
Secretas que passam numa página com a luneta que Klaus quer investigar, e
depois Klaus encontra uma foto dos pais e mais uma galera em frente à Lucky
Smells… adoro as dicas! Depois de uma cena cheia de tensão do Klaus pendurado,
ele volta para dentro e, por um limão, a casa toda da Tia Josephine despenca no
Lago Lacrimoso.
As expressões deles nas escadas vazias olhando
para baixo é FENOMENAL.
Também há quem discorde, mas eu acho as
interpretações PERFEITAS. Acho que tanto Malina Weissman quanto Louis Hynes
captam INCRIVELMENTE a essência dos personagens como Lemony Snicket os
escreveu, nas falas, nas expressões faciais, nos comportamentos e nas formas de
se portarem frente a uma adversidade – que
são tantas. São meus Violet e Klaus como os imaginei ao ler o livro! Mas vamos
continuar… começa a chuva, e os
Baudelaire precisam chegar à Gruta do P no meio de um furacão! O roubo do
barco foi resumido, bem simples, mas eu adorei como eles estavam LINDOS em suas
capas de chuva coloridas, e a cena foi eletrizante e magnífica, com os irmãos
enfrentando os perigos do Lago juntamente ao Furacão Herman, até que o furacão
passe, Sunny veja o Farol Lavanda, e eles parem à entrada da Gruta do P.
Expressando MEDO.
Tia Josephine, a mesma de sempre, é encontrada na
Gruta do P e está determinada a morar lá para sempre… gosto da força das
crianças cobrando ATITUDE dela, assim como eu me diverti demais com o flashback que mostrou Tia Josephine
forjando a própria morte! Agora o discurso de Violet em resposta à Tia
Josephine sobre ela estar com medo. Bem, eu APLAUDI aquilo de pé! QUE COISA
FORTE! Cheia de atitude. Forte e
formidável.
“We’re all
afraid. We were afraid when you brought home Count Olaf. We were afraid when we
thought you had jumped out a window. We were afraid to give ourselves allergic
reactions, we were afraid to steal a sailboat, and we were afraid to make our
way across Lake Lachrymose in the middle of a hurricane. But that didn’t stop us!”
Wow.
Dá uma raiva tremenda, no entanto, ver a Tia
Josephine se preocupar com gramática numa hora dessas, porque isso é revoltante
– mas eu já falei bastante disso na minha
review do livro! E quem é bem sucedido de fato a convencer Tia Josephine a
sair da Gruta do P é Klaus… afinal de
contas, ela está à venda, então em breve haverá corretores imobiliários ali
para visitá-la. Pronto. De volta ao lago. Visualmente, a cena é
impressionante. O Farol Lavanda ao fundo, o lago calmo. Josephine com medo
seria hilária se não fosse tão desesperador, e eu adorei o momento em que Klaus
lhe mostra a foto dela ao lado do Tio Monty e seus pais, do tempo em que era “forte
e formidável”, e nós achamos que o desejo das crianças por respostas talvez
fosse atendido, mas o momento é interrompido depressa pela chegada das
sanguessugas.
E Tia Josephine tinha acabado de comer uma banana.
“Oh-oh”
Confesso que as sanguessugas do lago me dão
calafrios! [Adorei o momento de quebra da quarta parede providenciado pelos
próprios personagens, e não apenas por Lemony Snicket, quando as crianças
garantem à Tia Josephine que “Ninguém vai
te jogar no lago” e Sunny se pergunta: “Ironia
dramática?”] Adoramos ver Violet amarrando aquele cabelo, se concentrando,
mas o plano passa bem depressa, na verdade, com a Violet pegando o cachecol da
Tia Josephine (ali dá pra ver que ela está CANSADA da nova tutora), a ciência
de Klaus dando uma força, e um auxílio extra de um avião sobrevoando o Lago
Lacrimoso, ironicamente seus próprios pais! [Detalhe, novamente, para a Sunny e
o “Mayday!”] E então, quando eles
acham que estão a salvo, e o seu barquinho afunda no Lago, os quatro entram no
barco do “Capitão Sham”.
É muito bonito ver Tia Josephine se tornar forte e
formidável de novo, ainda que por segundos. Ela perde o medo, determinada
confronta o Conde Olaf, mas nada disso adianta… ele a joga no lago. E é doloroso para as crianças, que só conseguem
pensar “We hope Aunt Josephine is safe”,
vê-la partir, porque apesar de tudo, ela
tinha tentado. Eu acho que é mais uma morte traumatizante para as crianças
carregarem. E então, além da Sunny roendo a perna-de-pau falsa do Conde Olaf
para revelar sua identidade, as crianças veem as chaminés de “Lucky Smells” à
distância, e enquanto Olaf e Poe discutem ridiculamente, as três crianças
entram escondidos em um carro da Serraria Alto-Astral e partem, sozinhos. Escondidos,
fugidos, finalmente tomando a independência do inútil Sr. Poe, com uns quatro
livros de antecedência.
Mas quer saber? Eu adorei!
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