Primeiro Capítulo de “REBELDE” (04 de Outubro de 2004)
“Qual é o
momento exato em que começamos a decidir as nossas vidas?”
Ai, ai, ai, QUANTA NOSTALGIA. Percebo hoje,
reassistindo, o quanto o roteiro de Rebelde
era profundo e tinha material! O primeiro capítulo, exibido em 04 de Outubro de
2004, é uma brilhante apresentação não apenas dos personagens principais da
história, mas também dos temas que ainda poderiam ser desenvolvidos ao longo
dos próximos meses de novela. Eu adoro. Assisti novamente completamente
envolvido, e admirei o fato de ainda faltar tanto para nos encontrarmos com os
personagens como costumamos nos lembrar deles, o que tende a acontecer
futuramente na novela. Quer dizer, Miguel, por exemplo, ainda nem está na
cidade e não tem nenhuma interação com os demais personagens, embora uma das
melhores introduções. Rebelde nos
marcou, talvez, pelo seu tom. O primeiro capítulo já deixa tudo muito claro: é ousado, provocativo, e eu adoro.
Retrata muito bem a fase da adolescência e, com isso, faz com que nos
apaixonemos. Por isso amávamos tanto a novela, porque nos identificávamos,
porque nos projetávamos nos personagens, porque nos realizávamos a partir
deles.
Então começamos Rebelde no último dia de escola, quando a turma do Elite Way School
está se preparando para DEIXAR a escola para as férias – embora nem todo mundo esteja indo embora, e algumas pessoas ainda estão
chegando. É muito bacana, e as reflexões de Miguel são extremamente
pertinentes: será que nossos pais, ao
escolherem o nosso colégio, têm a consciência de que aquele lugar vai marcar a
nossa história para sempre? E assim começam as apresentações, e cada um dos
quatro personagens principais (do primeiro ano), ganham características bem
traçadas e todos, sem exceção, tem uma boa história a ser desenvolvida, cada
uma a seu estilo. Acho que o que mais nos interessa é esperar que comece as
interações entre eles. Afinal de contas, temos um primeiro capítulo voltado a
apresentações e, de forma introdutória, mal temos a ligação entre eles. Acho
que é uma medida acertada e inteligente do roteiro, a de valorizar os
personagens isoladamente para que eles sejam definidos por eles mesmos.
Assim, conhecemos um a um…
MIA COLUCCI
A Mia é uma típica menininha rica, daquelas que
não querem sair com um garoto mala que está no seu pé e acha que tem o dever de
ajudar as pessoas a serem mais como elas e, consequentemente, populares. Eu faço uma leitura bacana de
Mia Colucci, uma personagem que preenche sua vida com o que conseguir encontrar
para poder conviver com a dificuldade que é a ausência de seu pai. Eu acho que
Mia tem uma vida bastante triste, como quando ela está atrás da cortina,
esperando o pai, e ele, claro, não aparece, e então ela chora. E acha que é o momento de ser “rebelde”.
Todo o motivo de sua cena de strip-tease,
para chocar toda a plateia da escola, é provocar o pai, chamar sua atenção. É
tudo o que ela quer: a atenção do pai.
Quando, depois de toda sua cena, o pai de Mia realmente vai até a escola, ela conseguiu o que tanto queria, que era chamar
a sua atenção. Mas ele não sabe como lidar com toda a situação, já que acha que
é a escola quem deve impor algum tipo de limite ou de castigo.
Claramente a função de um pai!
Não?
Acontece que a Mia Colucci não tem mãe, e como o
pai vive viajando, ele se sente no dever de “compensá-la” de alguma maneira, e
assim ganha a fama de bonzinho. A Mia
claramente precisa de limites, e eu não acho que ela esteja agindo de forma
errada, porque não é bem culpa dela. Ela está acostumada a se livrar de
qualquer encrenca, está habituada a reverter as situações com o pai, e quando
ele tenta começar a ser um bom pai, impondo limites, o negócio fica sério.
Primeiro: sem viagem de férias. E eu
acho certo, mas eu acho triste. Ambos estão errados, de uma forma ou de outra,
e quando ela diz aquele “Papai: por que
você não coloca um lacinho em mim e me dá de presente?”, aquilo me parte o
coração! E embora ela não tivesse o direito de fazer que fez na sua
coreografia, ela tem seus motivos: “Eu
fiquei te esperando, papai. Eu preparei uma coreografia pra você”. Ele não
percebe o quanto é doloroso para ela?!
“Você sabe o
que eu senti? Eu te esperei horas, papai, e você nem apareceu!”
Triste ver Mia chorar, mas você se habitua.
MIGUEL ARANGO
Eu acho que o Miguel tem uma das melhores
histórias nesse início de Rebelde, e
eu acho que é perfeitamente intrigante como sua trama começa, embora ela não
seja tão surpreendente, uma vez que, mesmo sem nunca ter visto a novela, você
consegue imaginar claramente de quem é que ele tanto busca se vingar. De todo
modo, Miguel Arango acabou de perder o pai, e por isso ele tem cenas muito
lindas chorando ao ver os vídeos com ele, e ternas com a irmã mais nova e com a
mãe. Mas além das bonitas cenas que ele compartilha com a família, Miguel tem
claramente uma decisão muito forte, que é a de ir até a cidade para se vingar
do “homem mau que é o responsável pela morte de seu pai”. Então ele vende a
moto que faz com que se lembre de seu pai, e também o relógio, e consegue
dinheiro para ir para a capital, onde vai poder estudar, ganhar uma bolsa, ir
para a faculdade talvez. Mas acima de tudo está o desejo de vingança, muito
pertinente até, e muito típico de novelas mexicanas, talvez.
ROBERTA
PARDO
Todos nós adoramos a Roberta, e isso é um fato.
Mas convenhamos que a menina é difícil. No entanto, mais uma vez eu digo que a
compreendo. Ela é basicamente a materialização de uma adolescente rebelde. Sua
apresentação é genial com aquela pintura audaciosa para posar para fotos ao
lado da mãe, Alma Rey, uma mulher lindíssima. O que de fato está acontecendo
ali entre as duas? Acontece que a Alma, inegavelmente, ADORA a Roberta mais que
tudo. E a Roberta é mesmo difícil, um pouco o cúmulo da rebeldia. Mas com um
motivo evidente quando elas tiram as fotos e ela tenta cobrir a mãe a todo
custo: ela tem ciúmes da mãe, natural
como filha! Acho que o fato de ela sentir ciúmes e um desejo de “proteger”
a mãe é uma bonita declaração de amor. Ela só é uma adolescente rebelde que
mostra o seu amor à sua própria maneira. E uma menina que cresceu distante do
pai, que nunca esteve presente e que nunca teve participação nenhuma. Mas pelo
menos eu defendo a Alma puramente, e acho que ela foi uma EXCELENTE mãe. A
própria Roberta tem que admitir isso.
“Eu sou o
pai da Roberta”
“Quem doou o
espermatozoide, melhor dizendo”
A relação é super tensa. É revoltante quando o
“pai” de Roberta aparece se sentindo no poder de fazer exigências, de chamar o
trabalho de Alma de imoral, quando é evidente que a Alma faz tudo pela filha e
a ama mais que tudo. Mas o pai exige que a Roberta tenha a melhor educação
possível, e como a Alma tem medo de perdê-la, ela aceita o acordo. Assim chega
o ELITE WAY. Embora ser matriculada em um internato seja cruel (“O quê?! É brincadeira, não é?”) e a
Roberta “se vingando” do pai é excelente. Meio duvido, mas hey! É a Roberta
sendo a Roberta! Uhm, bem como ela reforça no final do capítulo, quando chega
na escola, reclamona e tudo o mais, falando que os outros são todos uns bebês,
que podem ter a mesma idade física dela, mas não mental – porque ela está anos-luz à frente. Gosto de como a Roberta
tranquiliza a mãe com o seu “Mamãe, não
faça drama, tá? Ninguém vai nos separar”, mostrando que a ama, mas sua
relação com Mia e Celina…
MA-RA-VI-LHO-SO!
Quer dizer, de onde a Mia Colucci tirou que
poderia simplesmente “assumir” a Roberta como seu mais novo projeto de verão?!
Tudo bem que a Mia está tentando achar uma maneira de não sentir tanto o
castigo do pai, mas hey! A Roberta é a Roberta! E aquela cena me diverte
PROFUNDAMENTE. Toda a reação da Roberta é fantástica, a indiferença com que
escuta Mia. Mas quando a Mia diz aquele “Olha,
eu não sei, mas eu acho que a sua mãe não gosta muito de você. Ela só compra
essas roupas feias pra você, não é?” eu não posso deixar de RIR MUITO. E
então Roberta mostra quem ela é e a que veio jogando a lata de energético na
blusa de Celina (segundo ela, o que encontrou mais parecido com uma lata de
lixo, redonda e verde) e o resto do líquido no cabelo de Mia. NO CABELO! E
assim começa a bonita amizade de Roberta
Pardo e Mia Colucci. Certo? Eu adoro a sequência toda, e tem mutio a ver
com o tom da novela, dali até o final. Eu gosto de como a Roberta chega
causando uma grande impressão, e sendo ela mesma.
Já disse que nós adoramos a Roberta, anyway?
DIEGO
BUSTAMANTE
Eu acho que Diego é o personagem menos desenvolvido
nesse primeiro capítulo, com as cenas mais fraquinhas, à exceção da finalização
do capítulo. Ele tem uma família que não é das melhores, e também é todo
mimadinho, acostumado a ter o que quer, sempre. Ah, menos a Mia (“Sabe o que é, fofinho? Eu não tenho vocação
pra babá, entendeu, bebezinho?”). E é por isso que, como não quer ir a uma
viagem chata com o pai, ELE FOGE com o Tomás, e deixa um bilhete. O Diego agora
causar uma encrenca, essa é a verdade. A prova disso está em decidir que vai
sair com as amigas do irmão mais velho de Tomás e vai sair com o carro da mãe
de Tomás! Como se isso não pudesse dar
errado. Rebelde, sem medo do perigo. Sem pensar no perigo. Diego e Tomás representam as inconsequências de
uma adolescência desregrada e sem juízo. Álcool e direção culminam em acidente,
passando uma mensagem interessante, e acho que a novela, ousada e pra frente,
tem MUITO disso, por isso chamou tanto a atenção e fez tanto sucesso.
Ainda faz
tanto sucesso.
Assim, eu reitero o que disse lá mais para o
começo do meu texto: esse primeiro capítulo prova que a novela tem um roteiro
muito bom e repleto de possibilidades. É algo sério, permeado pelas delícias da
adolescência, sejam elas lascivas ou não. Quer
dizer, o que é aquela “rodinha” do beijo quando o capítulo acaba? A estreia
dá vontade de continuar. É uma pena que o primeiro capítulo todo não apresente
nem Lupita nem Giovanni. Lupita ainda tem a tia (“Bom, ela não é minha filha. É minha sobrinha, mas eu a amo como se
fosse minha filha, realmente”) fazendo uma participação que, brevemente, a
introduz à novela, e a ideia de que ela vai entrar na escola com uma bolsa
(como o Miguel), e está vindo para a escola passar o verão no Vacance Club,
onde poderá se familiarizar com o lugar e com as pessoas. O Giovanni nem nada
disso tem, ele está realmente apenas ausente do primeiro capítulo e pronto. Mas
não importa, nada disso faz com que amemos os dois menos, porque são esses seis
que significam Rebelde para nós!
Então vamos começar nossa maratona de textos!
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