Chico Bento Moço, Edição #4 – O dia da Rosinha


Como é a chegada de Rosinha a CAMPOS VERDES!
Se tivemos duas edições para acompanhar o Chico Bento em Nova Esperança, estávamos mesmo nos perguntando como estavam as coisas com Rosinha. O amor de Chico começa a edição se preparando para ir para Campos Verdes estudar Veterinária, e acompanhamos o seu último dia na Vila Abobrinha, suas próprias despedidas – e a viagem de ônibus pensando no Chico e no futuro, falando sobre se corresponder por cartas porque é mais romântico… a viagem de ônibus e a chegada na rodoviária foi bem típico da Turma da Mônica, em que as pessoas podiam ouvir seus pensamentos, por exemplo (“Viajá im ônibus di história im quadrinho dá nisso…”), ou perguntam se ela é a Magali por causa da barriga roncando, e aquele sensacional “Como a senhora sabe? A história é em preto e branco” quando alguém diz que sua mala é a “rosinha”.
É bem diferente acompanhar a história da Rosinha nesse tempo em que sabemos o que o Chico fez (se adaptou à República, começou a fazer amigos, arrumou um emprego temporário, se preparou para os seus primeiros dias de aula), porque o tempo é bem mais REDUZIDO. Às vezes desejamos que tivéssemos mais tempo com a Rosinha, para ver as coisas se desenrolando naturalmente sem a necessidade da presença de uma narração que explica como o tempo passou, como as coisas mudaram, como Rosinha se adaptou a isso ou a aquilo. De todo modo, é um novo recomeço para Rosinha também. Em Campos Verdes, Rosinha tem que lidar com uma tia bem mala (e potencialmente maldosa, não sei se gosto dela!), mas pelo menos ela tem os primos. O Primo Jeff tem uns amigos bem chatos, mas Rosinha sabe colocá-los no lugar…
Já a Prima Lúcia parece bem feliz por ter sua prima morando com ela… uma grande aventura. Mas elas são altamente diferentes, e acredito que vai ser um crescimento para ambas. E eu devo dizer que, sim, eu ri quando ela perguntou porquê ela trouxe tanta roupa de festa junina, se perguntando onde estavam os jeans e as camisetas… não é? Mas assim como o Chico, a Rosinha esbanja uma doçura do interior e uma ingenuidade que a tornam pura e adorável. Eu gosto do seu amor pelos animaizinhos (o cachorro, o passarinho, o gatinho…), o que me faz pensar que ela será uma ÓTIMA profissional dentro de alguns anos, e quando ela cuida com tanto carinho de uma flor no meio do caminho em seu passeio pela cidade, o Seu Ari, dono de uma floricultura, não tarda em oferecer-lhe um emprego, e cuidar de flores é uma maneira de pensar na sua terrinha…
Então ela aceita.
Me deprime um pouco como ela chega em casa toda animada e a tia é um nojo de pessoa, assim como me REVOLTA ver aquele telefonema dela para a mãe da Rosinha, dizendo que ela podia pagar pela sua estadia – era mais fácil e, talvez, saudável que a Rosinha fosse morar em uma República como o Chico! Ainda bem que ela tem os primos e espero que eles deem uma amenizada. Trabalhando na floricultura, Rosinha conhece o Paulo, filho do Seu Ari, que ele adoraria que fosse o seu namorado. Infelizmente é depressa e precisa de uma ajuda da narração para que o Paulo “se encante” pela Rosinha, e ainda que seja natural que alguém se encante pela doçura e beleza da garota, eu senti que faltou alguma coisa. Alguma profundidade para que pudéssemos ao menos encarar isso de dois pontos de vista. Mas, no fim, pareceu que o Paulo só é meio obcecado e perigoso mesmo.
Vamos ver no que isso vai dar.
Assim, o Paulo convida a Rosinha para sair, a leva em um carrão para um restaurante (ela se pergunta se o Chico ficaria com ciúmes disso), o tempo todo pensando no quanto ela é bonita, no quanto gostaria de segurar a sua mão – mas profundamente apaixonada pelo Chico, ela fala dele o tempo todo e é uma sequência de “baldes de água fria” (literais) jogados sobre o Paulo sobre formas de baldes em cima de escadas ou copos de água do garçom. E você já entende, de cara, que Paulo vai ser O PROBLEMA. Além da tia insuportável e comentários idiotas, o Paulo está todo apaixonado por ela, e não de um jeito saudável. Rosinha se apronta para o primeiro dia de aula na faculdade, ganha uma ajudinha da Prima Lúcia e pega umas roupas emprestadas, e no caminho para o começo do seu futuro, ela passa deixar uma carta na floricultura.
É uma carta LINDA. Eu digo linda porque é extremamente madura e bem escrita. Rosinha tem a doçura do interior, a ingenuidade característica, mas é uma mulher forte que sabe o que quer. E o que quer é lutar por seus sonhos e por um futuro ao lado do homem que ama: o Chico. Ela deixa, com propriedade e firmeza, isso muito claro na carta que deixa para Paulo – e é admirável. Também é um sinal de maturidade dizer que ela precisa se dedicar a seu sonho, e que não pode mais trabalhar na floricultura para não iludi-lo, sem desprezar o tempo que passou lá, porque eles foram seus primeiros amigos em Campos Verdes, e todos ensinaram coisas uns para os outros. Agora ela só está seguindo em frente. E daria tudo certo, se não fosse aquele final, em que ele diz que NÃO vai desistir da Rosinha tão fácil assim… e isso me assusta um pouco…

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