Legion 1x03 – Chapter 3


“I’m not so sure these are memories”
Eu ADORO a estética da série, e a maneira como ela organiza as suas ideias em uma sequência de cenas em que memória, alucinação e medos se sobrepõem de forma quase perturbadora. A ideia, depois que Amy foi capturada, é afunilar o trabalho de memória para grandes eventos dos quais David foge, para entender melhor seu poder e usá-lo para ajudar a irmã. É assim que estamos de volta, depressa, ao momento seguinte a uma briga séria com Philly, quando seu poder se manifestou naquela explosão de objetos na cozinha, em uma representação fascinante do quão visualmente belíssima é a série. O episódio passa depressa enquanto exploramos as profundezas da mente de David e escapamos, de um jeito ou de outro, de suas memórias, revelando mais do poder incontrolado e imenso que ele guarda dentro de si.
Temos monstros dentro da mente de David Haller – monstros que acredito serem representações físicas de seus maiores medos e piores experiências. Quando Wallace não consegue seguir em frente e diz que David está “resistindo”, ele diz que não é ele… então vemos novamente aquele monstro, dando a entender ser a personificação de seu medo. É apavorante. Com muito a ser explorado e MUITO a ser entendido ainda, David Haller extrai todos de sua mente e faz mais do que isso: os transporta para outro ponto totalmente diferente da Summerland. “Melanie, we were in the memory cube. Somehow, he teleported three of us 600 feet through two solid walls. What are you?” Acho que mais do que algo que ele não quer que Melanie e Wallace vejam, há algo que ele mesmo não quer ver novamente, e por isso essas coisas acontecem.
Gostei particularmente da cena de David e Sydney conversando sobre a troca de corpos que experimentaram no Piloto, ampliando assim a percepção do poder para nós, externos aos acontecimentos, quando entendemos que ele ainda consegue sentir coisas como o cabelo dela sobre ele. Foi divertido e leve como falaram sobre as coisas que fizeram (ou que não fizeram) com o corpo um do outro, e uma belíssima discussão que separa corpo e alma definitivamente, e clarifica a existência de algo que muita gente não tem prova: independente de quem Sydney seja, e ela já foi muita gente, como um asiático, ou uma criança de 5 anos de idade, ou o próprio David, mas independente de “em que corpo” ela esteja, ela SEMPRE continua sendo “ela mesma”. Somos mais do que essa casca que carregamos por aí. Senti-me meio como de volta em um livro de David Levithan.
Os novos testes começam para monitorar seu cérebro, e voltamos depressa ao passado a um medo assustador de Halloween, a personificação daquele personagem macabro do livro de infância de David (cuja existência eu ainda questiono!), depois voltamos ao laboratório, com Lenny sentada na frente de David, conversando com ele, falando que Melanie não está do seu lado, que seus segredos têm segredos, e o monitor pisca com a função de fala ativa de David quando, visivelmente, ele não está falando nada. Amy pede por ajuda. E enquanto tudo vira um CAOS, David consegue puxar Sydney e levá-la, meio Doutor Estranho, para outro lugar completamente diferente. ISSO MESMO, ENTRAMOS EM PROJEÇÃO ASTRAL! David e Sydney assistem, presentes e distantes, simultaneamente, Amy sendo interrogada, enquanto contam para ela a verdade:
David tem poderes…
…e eles precisam encontrá-lo e desligá-lo.
Quando retornam, David e Syd caem dentro do lago de Summerland, com direito a um comentário ÓTIMO dela: “Hey, if you learn to control that, you're gonna be a world-class badass.”. Concordo plenamente. Naturalmente, com a descoberta de seu novo poder, embora cru e ainda incontrolável, David se liga logo que, se pode levar Sydney com ele, talvez possa trazer Amy de volta, mas Melanie insiste que ele não faça isso novamente, porque estarão esperando por ele! Melanie sugere, para “salvar Amy”, que eles sedem David parcialmente, para que possam entrar em sua mente e acessar as memórias que seu corpo está rejeitando. E então, claro, as coisas saem de controle perigosamente. Mas o medo que David sentiu de ter Sydney dentro de sua mente, por causa das coisas que ela veria e poderiam fazê-la deixar de amá-lo, foi suplantado pelo belíssimo abraço dela e o David Criança.
O David Criança aparece dentro da mente de David Haller como a representação da parte de sua mente que ainda está consciente, enquanto Sydney, Wallace e Melanie entram em sua mente em busca do motivo que o levou a Clockworks. Numa vibe meio Inception, temos até memórias dentro de memórias (“Interesting. Memories within memories”), representando a forma louca como a mente de David funciona e como seu poder a intensifica, em uma maneira impressionante e clara de mostrar para o telespectador. Quando as coisas começam a dar errado, é só Sydney quem percebe, como a iluminação vermelha, mãos tentando derrubar a porta, mas quando Melanie pede que Wallace os tire dali, ele não consegue. Estão todos presos dentro da mente de David, dopada, que não tem mais controle sobre suas memórias.
E possivelmente sobre nada mais.
David Criança foge com Sydney correndo atrás dele, vendo coisas, como a briga de David com Philly e o sexo de depois, enquanto foge sem saber para onde ir ou o que fazer. É fascinante! Fiquei me perguntando o que tudo aquilo significava. Sydney é a primeira a acordar de volta em Summerland, conseguindo trazer Wallace. David e Melanie continuam desacordados. Melanie tem um momento com o macabro livro de infância de David, que tenta comer sua mão e a quebra (depois de ver o garoto do Halloween), e então ela acorda… com toda a tensão do momento e o pavor do que acabaram de presenciar, eles não têm certeza de que aquelas coisas eram memórias. E certamente não pareciam mais memórias, mas uma forma da mente de David de atacar visitantes indesejados. Ele se fechou por algum motivo. E o episódio acaba assim… com David desacordado.
Queremos mais!

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