Legion 1x05 – Chapter 5
“Be careful. He… wears… a human… face”
É IMPRESSIONANTE COMO A QUALIDADE DESSA SÉRIE SÓ
SOBE! Eu gosto do fato de que Legion
não tem medo de nada. Ela faz o que precisar ser feito, sem se preocupar com o
quanto isso vai nos torturar ou qualquer coisa assim – a série cresce,
insinua-se rumo a entendermos os poderes de David Haller de fato, e tudo nesse
episódio chega a parecer uma interessante DESCONSTRUÇÃO do que víamos até
então. Passamos, de uma hora para outra, de torcer por David a temê-lo
fortemente. Esse episódio inicia a segunda metade da temporada, que rapidamente
(até demais) está chegando ao fim, e as possibilidades se tornam amplas demais,
nossa impressão é estarmos exatamente como o David do pôster da série, com o cérebro explodindo. E esse final,
independente de o que vão fazer com ele, foi FENOMENAL. Meu final favorito,
possivelmente em qualquer série.
Amando, e amando CADA VEZ MAIS.
O que me fascina, particularmente, é a direção e a
fotografia da série, alinhados com um roteiro impressionante que coloca em
prática tudo o que é preciso para adaptar o personagem – não temos uma história
simples, fácil. Assim, a série é construída em cima de explosões mentais, de
confusão entre a realidade, o sonho, a memória e a fantasia, e a linha que os
separa é bastante tênue… o controle sobre a “realidade” também distorce algumas
percepções e tudo parece estar saindo de controle, indo e vindo. As informações
estão ali, cabe a nós, como espectadores, organizá-las e conferi-las algum
sentido. Quando entramos, de vez, na mente de David Haller, começamos a
entendê-lo um pouco mais, embora as dúvidas ainda sejam gritantes e os
mistérios instigantes. Mas a realidade do monstro, da Lenny, do Benny, do King…
WOW.
Mindblowing.
Começamos o episódio com David construindo para si
e para Syd um lugar, um “Quarto Branco”, dentro de sua mente, para onde possa
ir e se refugiar: “I made it. They're signals, that's all. What you see, what you hear. Impulses sent
from nerve endings. Electricity in the brain. Real, fake. It's all the
same” – o princípio é simples, quase científico: se tivéssemos a capacidade
de realmente recriar esses impulsos cerebrais, teoricamente algo assim seria
possível. É mais ou menos como em “Podemos
recordar para você, por um preço razoável”, de Philip K. Dick, ou Total Recall, filme adaptado do conto. Eles não estão ali, mas estão – podemos até citar Harry Potter aqui, em uma das melhores falas de Dumbledore: “Of course it is happening inside your head,
Harry, but why on Earth should that mean that it is not real?” Legion consegue brincar com isso
magnificamente bem, e trazer isso para a realidade.
Quase parece um episódio “comum” na sua gênese.
Melanie conversa com Carry sobre David ter visto Oliver no Plano Astral, e acha
que ele pode trazê-lo de volta – e então ela introduz o fato de Oliver ter tido
um poder muito parecido com o de David no início, até criar um lugar que podia
governar, onde podia ser o criador, um lugar onde ele passou cada vez mais
tempo, do qual, por fim, nunca mais acordou. Mesmo com esses avisos, o “Quarto
Branco” fica firme e reconfortante, e cenário de um sexo maravilhoso entre
David e Sydney (provavelmente seu primeiro orgasmo com alguém) antes que ele
desapareça, na manhã seguinte, disposto a salvar Amy da Divisão 3, de qualquer
maneira… vemos, no Quarto Branco, um lugar mais Vermelho onde David encontra
Lenny, que o instiga a salvar Amy… então
ele se foi.
Não vemos, a princípio, como as coisas
aconteceram. Vemos Syd, Melanie e Wallace chegando à D3, onde o caos tomou
conta – soldados mortos por todo lugar, brutalmente assassinados, o médico
antigo ainda em sua cela, pedindo para sair, com a cela de Amy vazia… o vídeo
de segurança nos apavora pela primeira vez no episódio: primeiro vemos David
andando, pulando, “dançando” e matando com um simples estalar de dedos, e em
outro vídeo do mesmo momento, numa espécie de negativo, vemos que David não tem o formato de David, nem suas roupas,
mas é o Monstro Gordo que vemos nos episódios passados, tomando conta dele.
Na radiografia de Carry, também, vemos o Monstro rapidamente, e a Divisão 3,
por fim, avisa: “We had it all wrong. […] We knew he'd come. We were... Ready. We thought we were ready. […]
It wears a human face. Be careful”.
Chegou
a ARREPIAR.
Então a série ameaça se tornar macabra, puxando para um lado mais de TERROR.
“I think we
were wrong. The whole approach. Treating him... like the others. He is
schizophrenic. […] I mean split mind. This monster isn't David. It's a parasite
of some kind. You see? Another consciousness inside of him. […] This thing...
burrowed into David's brain when he was a boy, maybe even a baby, and it has
been there, feeding on him, ever since”
A descrição parece legítima, embora ainda não me
pareça completa. Nem realmente
“real”. Mas a explicação faz com que algumas peças se encaixem, algumas coisas
façam sentido – falamos de uma nova entidade presa dentro de David, e isso
interfere nas memórias que não entendemos, porque toda vez que David se dava conta da presença do “monstro”,
ele fazia com que David o esquecesse e reescrevia as memórias… quantas mais entidades vivem dentro de David
Haller? Ou quantas mais são ele mesmo? Porque é isso o que se sugere. David
leva Amy para a antiga casa, e é ASSUSTADOR, porque ele está fora de controle
e, de uma hora para outra, de um fofinho perdido, ele passa a realmente
apavorante, visivelmente perigoso. O modo como se olha no espelho, como sorri
de forma macabra, como fala… se parece
cada vez MENOS com David.
Um desafio DIFICÍLIMO para Dan Stevens, que ele tira de letra!
“Who are
you?”
“I'm David.
Oh, wait, I'm Benny. You mean I'm Lenny. Or is it... King? Oh, or, or is it my
favorite...?”
Uma das cenas mais ICÔNICAS da série.
Perturbadoras, definitivamente, mas fenomenal. Lenny... essa mulher é apavorante, e como
David ele fica ainda mais assustador, de certa forma, e quase parece que não o
reconhecemos mais… o segredo que ele
queria saber com Amy foi revelado, embora já soubéssemos: ele é adotado. E
daí partimos para uma terrível missão DENTRO DA MENTE DE DAVID, ou algo assim,
onde todo o som é cortado e o silêncio, desconcertante, se torna muito mais
perturbador do que o caos em barulhos extremos. Uma sequência PERFEITA, a ser
aclamada, repleta de agonia, de inteligência, em uma produção admirável que só
me faz pensar: QUE SÉRIE INCRÍVEL! Há ainda o personagem do livro, que Syd
segue escada acima, e a chegada dos demais, como Carry e Kerry, em um mundo
apavorante sem som.
“This is not the talking place. This
is the listening place”
O ataque a Sydney, Lenny subindo em cima
de David e o “beijando”, com ele meio “morto”… a voz dela demoníaca. É um
horror muito bem filmado. E quando o cara da D3 tenta matá-lo, Syd o abraça e
pede que ele os leve para o Quarto Branco. “Syd…
I can’t stop her”. Tudo é angustiante. Como David age agora, quase de volta
a ele mesmo, perturbado, deixando parecer que tudo vai explodir, enquanto o
Monstro Gordo se aproxima de Syd, e ele com aquela expressão de dor, de
desconcerto… e o final? QUE FINAL FENOMENAL. Estamos com Sydney falando, de
volta em Clockworks, olhando ao redor e vendo que TODOS ESTÃO ALI. David, como
o vimos no Piloto. Mas não só David. Carry. Melanie. Todos. Todos com seus
uniformes do hospital psiquiátrico… não acho que seja o caso, mas o final do
episódio deixa a pergunta: E SE…?!
E essa é a MELHOR PERGUNTA DE TODAS. Adorei.
Melhor final possível!
[Bolinha de pingue-pongue quicando é o novo Dominique-ique-ique]
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