Doctor Who 10x02 – Smile
“Smile. You’re in the belly of the beast”
Começamos, agora oficialmente, as aventuras de
Bill Potts na TARDIS ao lado do Twelfth Doctor – sem Nardole, dessa vez,
estamos estabelecendo Bill como companion,
e embora ela ainda esteja reagindo a algumas coisas como uma nova personagem
(ela focando no lance dos “dois corações”, por exemplo, enquanto o Doctor está
discursando sobre suas teorias e entendimentos malucos da realidade sugerida),
no geral parece que ela já está com o Doctor há muito tempo, no sentido de
termos uma conexão instantânea entre o Doctor e a Bill, e uma química natural
que flui muito bem… estou MUITO CONTENTE em ver o quanto isso está acontecendo
BEM. Sobre a TARDIS, por exemplo, no início, ela faz umas perguntas que ninguém
nunca fez, sobre um volante, ou sobre por que o assento não é mais perto do
controle… coisas sobre as quais, talvez,
nunca tenhamos parado para pensar.
Então, enquanto o Doctor enrola Nardole, que o
relembra de sua promessa e missão atual (guardar aquele cofre misterioso, por
algum motivo que ainda temos que explorar ao longo da temporada), o Doctor pode
levar Bill para a viagem que ela quer fazer: “Between here and my office, before the kettle boils, is everything
that ever happened or ever will”. Ela escolhe o futuro, porque quer ver se
ele é “feliz”, o que é uma irônica escolha de palavras… chegamos a uma colônia
humana, a primeira, no espaço, e é MARAVILHOSA. Muito clara e iluminada, com a
arquitetura elaborada, bonita, convidativa… até me daria vontade de estar lá,
se ela não parecesse, desde o início, tão assustadora. Embora não, eu queria
estar lá SIM! Com o Doctor, claro… a introdução ao lugar é um pouco apavorante,
ainda antes de o Doctor e Bill chegarem, mas basicamente:
“You’ve got to keep smiling!”
A ideia do lugar é inteligente. Estamos em um
lugar colonizado por humanos, em que robôs trabalham como fiéis empregados da
raça humana, e onde a regra é basicamente uma: CONTINUE SORRINDO. Mas é muito
assustador continuar sorrindo de forma forçada, enquanto se dá notícias de
mortes e mais mortes de pessoas que você ama – “You can’t say things like that grinning like an idiot”. Os Vardies,
pequenos robôs que voam pela lindíssima cidade, matam qualquer um que mostra
preocupação, luto, infelicidade… por isso continue sorrindo. Impiedosamente eles matam. “Please… give her a moment. She’ll be happy in a moment”. E é uma morte assustadoramente
RÁPIDA. Eles consomem todo o corpo humano em questão de segundos e os ossos do
corpo todo caem, secos, no chão… fico me perguntando como um lugar pode ser tão
bonito e uns robôs tão fofos, e tão assustadores, simultaneamente.
Daí eu respondo: DOCTOR WHO.
Só então o Doctor e a Bill chegam… o lugar é
lindo. Claro, iluminado, com muito vidro e água… Bill está encantada, tirando
fotos, exatamente o que EU faria em seu lugar! Então eles conhecem os robôs que
são a interface dos Vardies – sua linguagem? “Emoji. It speaks emoji!” Bem, parece que foi isso o que sobreviveu
de nossa linguagem depois de tanto tempo… faz algum sentido. O Doctor e Bill,
em sua chegada, recebem crachás em branco, indicadores de seus humores, através
de um emoji visível apenas do lado
oposto ao que você está olhando, porque quando algo lhe “diz” como você está “se
sentindo”, isso pode influenciá-lo… é uma ideia e tanto! Embora tudo pareça
perfeitamente humano, o Doctor está intrigado: ONDE ESTÃO TODOS OS HUMANOS? Talvez
eles ainda não tenham chegado… mas ALGUÉM
devia estar lá…
Não?
“Thanks for bringing me. This is a
great day out”
As coisas se mudam e se tornam assustadoras para
Bill e Doctor bem depressa. Quando eles estão visitando uma espécie de horta e
o Doctor observa o processo de “polinização” de um robô, e então estuda o
fertilizador a base de cálcio utilizado… você
já deve saber de ONDE vem o cálcio utilizado: dos ossos humanos, claro. “What is the source of this mineral fertilizer? And where are all
the people?” Assim, quando o Doctor abre um compartimento repleto de ossos
humanos, a carinha de Bill muda finalmente: não
está mais TÃO animada assim! Então, enquanto os robôs os perseguem com emojis de caveirinhas, Bill e o Doctor
correm, até que eles sejam cercados, já que a cidade está cheia desses robôs
por todos os lados, e uma vez cercados e, aparentemente, sem ter nenhuma chance
de escapar, só há uma coisa a se fazer:
CONTINUAR SORRINDO.
A explicação do Doctor é genial, e faz todo o
sentido. E ele pede que Bill sorria, e quando ela o faz, seu crachá, nas
costas, muda. Para um emoji feliz. Basicamente, os Vardies são robôs criados
PARA FAZER OS HUMANOS FELIZES, o problema foi que eles foram longe demais, e
interpretam preocupação e tristeza como infelicidade total, e acha que, então,
as pessoas não merecem mais estar vivas – porque
eles foram criados para fazê-los felizes. É uma ideia interessante, embora
macabra. Então o Doctor e Bill correm de volta para a TARDIS, e ele pede que
ela fique lá, que assista um filme ou algo assim, mas ele corre de volta para a
cidade, já que é uma grande armadilha preparada para matar todos os humanos
que, supostamente, ainda estão para chegar, e ele não pode permitir que isso
aconteça… e, a princípio, Bill não entende porque ele não pode ir embora
também!
“I get that someone has to do something
but why's it you?”
Achei isso particularmente LEGAL. Porque Bill está
COMEÇANDO a viajar com o Doctor. Ela precisa entender como as coisas funcionam.
Não é que ela NÃO QUEIRA ajudar as pessoas, os colonizadores que estão para
chegar, mas ela se pergunta por que tem que ser ele. Mas ela entende depressa.
PORQUE ELE GOSTA DISSO. Porque a “ajuda” é ELE, tem tudo a ver com o formato
eterno de sua TARDIS. Então ela volta para a cidade atrás dele (com perguntar
geniais como as que ela faz, do tipo “Why
are you Scottish?”, embora eu tenha que ser justo e dizer que Rose Tyler
fez uma pergunta similar ao Ninth Doctor! Você lembra, claro: “Lots of planets have a north!”), e diz
que decidiu NÃO deixá-lo para trás, para a realidade ainda mais assustadora do
que antes, de que os Vardies SÃO a cidade em si. Cada parede e cada lugar é
feito de milhões de Vardies unidos. Então, basicamente: “Smile. You’re in the belly of the beast”.
O plano do Doctor (ou o primeiro plano do Doctor)
é explodir a cidade inteira, salvar os humanos vindouros. E eu ADOREI,
novamente preciso dizer isso, a química do Doctor com Bill, tentando protegê-la,
pedindo que ela fique olhando o mapa e o ajude a chegar no motor da nave (que é
a base da cidade), guiando-o através do novo sistema de comunicação que foi
baixado no início do episódio, quando eles chegaram à colônia… mas o genial e
determinante sobre a RELAÇÃO dos dois está, por exemplo, quando ela se dá conta
de que pode ir com ele, já que pode tirar uma foto do mapa e pronto, e ele
comenta sobre como ela demorou para se dar conta disso… e na verdade ele já tinha decorado o mapa de qualquer maneira, só
estava tentando mantê-la longe da confusão. Isso determina uma relação bem
interessante entre Doctor e companion.
Mas o episódio ainda guarda deliciosas SURPRESAS. Uma
velha morta, um “livro” cheio de imagens que fazem Bill se dar conta de algo, e
chorar: “The people who came here... were
they the last people? Were they our last hope?” E então Bill encontra um
garotinho andando pela nave, perguntando se eles “já chegaram” e, ao som de “We wish you a happy new world”, as
coisas mudam drasticamente: o garotinho não está sozinho, e nem todos os
humanos que já vieram estão mortos: a nave comporta milhares de colonizadores,
os últimos sobreviventes da Terra, todos congelados, caminhando para o novo
mundo… então o Doctor não pode simplesmente explodir a cidade. E todos nós
sabemos que o Doctor tem uma dificuldade em montar planos com antecedência, ele
improvisa enquanto acontece… mas finge
que tem tudo sobre controle.
É tudo sobre
transmitir confiança.
“Welcome to your new world. Be happy”
Para entender o que aconteceu e impedir que
aconteça de novo, Bill leva o Doctor à única pista que tem: a velha e o “livro”,
e então tudo faz sentido, e é assustadoramente GENIAL. Os Vardies foram feitos
para manter a felicidade, cultivá-la, e então o luto se espalhou como uma
praga, e os Vardies o interpretaram como o oposto da felicidade. A primeira a
morrer foi aquela senhora, que morreu de causas naturais. Mas ela foi a
PRIMEIRA a morrer desde que aquilo tudo começou, e os Vardies não souberam
entender nem lidar com o sentimento que isso causou às pessoas ao seu redor,
que ficaram tristes e entraram em luto. E morreram todos. E assim a morte se
espalhou, ao passo que cada vítima tinha família e amigos que ficaram tristes
com suas mortes… em apenas um dia, um verdadeiro massacre foi desencadeado.
“No-one had
ever died here before this lady. The Vardies, they've never heard of grief
before. This place is all about hope and the future, and happiness. No-one ever
thought about the opposite. The Vardies didn't know what to do with it”
Portanto,
isso pode começar tudo de novo. Assim que o garoto descobrir que sua mãe
morreu… ele fica triste, morre também, e é um novo massacre. E o Doctor TENTA
resolver isso tudo com uma palestra aos humanos recém-despertados, mas nada é
convincente o suficiente – “They want to
help you. Killing you is just a side-effect”. E eu até entendo. Entendemos
a maneira de pensar do Doctor após anos de Doctor
Who, mas é difícil, em uma situação daquela, pensar nos robôs como NÃO culpados
da morte de suas famílias. Tudo o que eles entendem é que eles mataram aqueles
que eles amavam, sem motivo, e então eles precisam ser detidos. A cena com o
garoto é angustiante, e Bill é SENSACIONAL tentando acalmá-lo e pedindo que ele
sorrisse, enquanto ele chorava porque queria sua mãe e os robôs se preparavam
para matá-lo…
Mas quando um robô é atirado, as coisas mudam.
O Doctor reconhece expressões confusas neles…
raiva. Vingança.
Se eles querem se proteger, se identificam como
espécies. Então estão VIVOS!
“Once, long
ago, a fisherman caught a magic haddock. The haddock offered the fisherman three
wishes in return for its life. The fisherman said, "I'd like my son to come
home from the war and 100 pieces of gold." The problem is magic haddock,
like robots, don't think like people. The fisherman's son came home from the
war in a coffin and the King sent 100 gold pieces in recognition of his heroic
death. The fisherman had one wish left. What
do you think he wished for? Some people say he should have wished for an infinite series of wishes, but
if your city proves anything, it is
that granting all your wishes is not
a good idea. […] In fact, the fisherman wished that he hadn't made the first
two wishes. In a way, he pressed the reset button”
Um dos melhores e mais MELANCÓLICOS discursos do
Doctor. Essa é uma história dolorosa, mas de grande valor educacional,
acredito. A do pescador e seus pedidos… aplica-se perfeitamente à situação e
foi mesmo referenciada pelo Doctor durante o episódio todo, mas eu não tinha
parado para pensar nela. Com muito pesar, o Doctor conta a história e faz todo
o sentido! Porque com toda a emoção que Peter Capaldi consegue evocar na
profundidade de sua voz, ele finaliza o episódio de forma inteligente e
perfeita – apertando o botão de resetar.
Agora os robôs não sabem mais o que fizeram, nem sabem que foram criados para
fazer os humanos felizes. Identificam-se como uma espécie, e aquela é a cidade
DELES. Os humanos precisam negociar e ser bem civilizados para que possam
CONVIVER com eles em harmonia, daqui para a frente.
Um recomeço.
“Do you know why I always win at
chess? I have a secret move. I kick over the board”
Bill funciona incrivelmente como uma companion. Ela já assimilou, de certa
maneira, a maneira do Doctor de pensar. Quando os humanos protestam que os
Vardies foram criados para servi-los, ela diz que eles ERAM assim. Antes de ir
embora, ao lado do Doctor, ela dá uma última dica a todos: SORRIEM. Basicamente
é isso… e então entramos quase que imediatamente em uma NOVA AVENTURA. O Doctor
supostamente voltou à Terra, no mesmo momento em que deixou Nardole com sua
chaleira de água fervendo para o chá, depois de ele tê-lo lembrado da
necessidade de cumprir a promessa e ficar no planeta, cuidando do cofre. Bem, o
Doctor está, de fato, de volta à Terra. Mas não exatamente no momento em que
ele partiu com Bill, e isso é facilmente verificável assim que Bill abre a
porta da TARDIS. Não estava nevando quando eles foram…
“London. And this is the Thames”
Ansioso
por mais!
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