Power Rangers (2017)


O que dizer? IT’S MORPHIN’ TIME!
A essência de Power Rangers transposta para um outro estilo de narrativa que permite uma mistura de gêneros e concede ao roteiro maturidade para trabalhar com versões dos personagens clássicos que conhecemos e adoramos. Você sente a base da série de TV, além dos nomes dos personagens ou suas cores de Rangers, porque a inspiração está ali, mas o roteiro é tratado, talvez, com mais seriedade, concedendo profundidade às tramas, motivações e próprias personalidades de Jason, Kimberly, Billy, Zack e Trini – com uma pegada de ficção científica apaixonante. Revisitamos o clássico com uma visão mais atual e moderna, e o Power Rangers (2017) tem o poder maravilhoso de renovar a nossa paixão pela série e por esses heróis coloridos, além de trabalhar com a nostalgia e frases como “It’s morphin’ time” e “Make my monster grow”, o que chegou a arrepiar.
E se isso arrepiou, “GO, GO, POWER RANGERS!” nos fez chorar.
O filme começa lá na era Cenozóica, milhões de anos no passado, quando dinossauros ainda dominavam a Terra, e ali você percebe a qualidade tanto do roteiro quanto da fotografia e dos efeitos especiais. Vemos o Ranger Vermelho rastejando, quase morrendo, vemos a Ranger Amarela esticando a mão para ele e então perdendo sua armadura, revelando-se, naturalmente, não humana, e então morre. O Ranger Vermelho, assim, contata Alpha, nosso querido Alpha, e diz que ele foi o único que sobrou, antes de ter um confronto final com Rita Repulsa, a Ranger Verde original (!) que o chama de Zordon. Com tudo isso bem estabelecido nos primeiros segundos de filme (Jefferson estava dando pequenos gritos já!), temos uma mitologia mais antiga e bem estruturada para a nova franquia dos Power Rangers, com os Rangers anteriores aos adolescentes da Alameda dos Anjos.
Zordon morre protegendo as Moedas do Poder e o Cristal Zeo.
SIM, O CRISTAL ZEO!
Dali em diante, o filme chega ao presente para apresentar os cinco adolescentes. E é EMPOLGANTE! Baseados nos rangers originais de 1993, eles não são os típicos bons moços que fazem tudo certinho, o que confere a eles certa humanidade e eles se tornam mais relacionáveis. Jason é visto, pela primeira vez, em um trote de escola, roubando uma vaca, o que lhe garante a perda do seu lugar no time, uma tornozeleira que diz que ele tem que estar em casa até as 19h, e detenção todo sábado. E é nessa detenção que conhecemos, também, Kimberly e Billy. Kimberly em sua brilhante primeira cena, indo ao banheiro e cortando o seu cabelo curto. Billy, o apaixonante Billy (em qualquer versão), com algum grau de autismo, sendo defendido de bullies por Jason, que já chega na detenção mostrando a que veio, definindo seu lugar.
Aquele tapa na cara foi O MELHOR!
Embora o Megazord tenha tido um tapa na cara tão bom quanto…
Mas enfim. Eu gosto dessa apresentação primária dos personagens. Gosto muito dessa característica do Jason – ele não é o modelo de cidadão, mas ele é honesto e muito amigo. Tudo o que ele faz é para defendê-los, ele tem um senso de justiça muito bom, e eu adoro isso. Suas falas são bem escritas, e ele é muito bem interpretado por Dacre Montgomery. Sua amizade improvável e abrupta com Billy (interpretado brilhantemente por RJ Cyler) é um dos grandes MARCOS do filme. Mas o Billy é um FOFO. Divertido, leve, todo nerd e empolgado, ele se apaixona por isso tudo e pela amizade recém-descoberta ao acaso quando todos eles acabam no mesmo lugar, na pedreira durante a noite, quando ele explode parte dela e um “vidro” diferente esconde as Moedas do Poder… ao acaso, ou pelo destino, estão todos juntos no mesmo lugar.
E é Zack quem começa a resgatar as Moedas do Poder.
Os personagens vão se apresentando aos poucos. Vamos entendendo-os. Além de Jason e Billy, com quem o roteiro se preocupa primeiro, temos Kimberly (Naomi Scott), que parece disposta e pronta para escapar da Alameda dos Anjos a qualquer momento. A “maluquinha” Trini (Becky G), que é a que fica mais distante do grupo, em um primeiro momento, com dificuldades para se misturar ou para confiar em qualquer um. E Zack (Ludi Lin), que parece bastante “interesseiro” e eu o achei bem irritante, inclusive, até descobrir toda a história que ele também tinha, sobre a qual falaremos mais para frente. Assim, tão diferentes mas unidos no mesmo lugar, eles fogem da polícia em uma louca e desenfreada corrida com a van, com Billy dirigindo e Jason puxando um a um para a segurança… até que aquele assustador acidente de trem destroce o carro.
É apavorante, mas eles sobrevivem. Todos eles, sem saber como sobreviveram. A van fica sozinha para ser encontrada, e cada um deles, sem nenhum tipo de machucado, acorda em suas casas, para descobrir seus novos poderes. São cenas INCRÍVEIS das descobertas de poderes. A pia de Jason sendo quebrada. O Billy vencendo o bully da escola sem precisar fazer nada (eu ri muito!) e se tornando todo popular. Então eles retornam à pedreira, onde descobrem mais poderes, como de escalada e saltos… E QUE SALTOS! Novamente, Billy ficou com a melhor parte dessa sequência, e foi quem caiu para descobrir a água no fundo do penhasco. Água essa que, atravessada, dá acesso a uma nave perdida, depois que o mundo parece girar e se inverter (a direção e a fotografia desse filme estão fabulosos!), e eles são capturados todos por Alpha e levados para a Central de Comando.
O fofíssimo Alpha 5.
Tudo nessa parte é impressionante. Eu gosto da recriação de Alpha, e acho que ele ficou tão fofo e engraçado quanto na série. E eu acho que a maneira como Zordon foi modernizado sem perder EM NADA a sua aparência original foi GENIAL. A primeira visita à Central de Comando acaba depressa, logo após Zordon mostrar a todos (que cena maravilhosa, eles no ar, em casa, abrindo a porta e encontrando o mundo destruído por Rita) o futuro e todos partirem. Todos menos Jason, que é nomeado por Zordon o líder do grupo. E assumindo a liderança, ele conversa com todos na saída e diz que estará lá de volta no dia seguinte, às 16h. E, no dia seguinte, todos estão lá. O sorriso dele ao ver todos voltarem é o mesmo sorriso nosso. Empolgados. VAI COMEÇAR. Assim, eles retornam à Central de Comando, e enquanto tentam acessar a rede de morfagem para ganhar suas “armaduras”, sem sucesso, eles treinam e treinam e treinam.
UMA ÓTIMA SEQUÊNCIA DE TREINAMENTO. O filme passa depressa, e eu adoro acompanhar as referências enquanto tudo fica mais crível, enquanto eles precisam APRENDER a morfar e a SER Power Rangers, mais do que simplesmente se tornarem eles. Eles treinam e treinam por dias consecutivos. Por MUITOS dias consecutivos. Contra Putties e o que for… adorei ver, por exemplo, Billy lutando contra Alpha, e comemorando como uma criança feliz quando consegue acertar um soco – O BILLY É TÃO EU! E eventualmente eles falham. Apresentados aos zords, Zack fica deslumbrado e já sai andando com o Mastodonte, criando toda uma confusão que acaba com Zack e Jason discutindo, se batendo, e Billy, separando a briga, ganhando a sua armadura. SENDO O PRIMEIRO A MORFAR. Mas logo o efeito passa, e todos eles são expulsos…
Zordon acha que eles não são dignos. Que eles não são bons o suficiente. O plano é que ele consiga acesso à rede de morfagem para usá-la para voltar à vida – ELE MESMO quer derrotar Rita. O Ranger Vermelho original contra a Ranger Verde original. E Jason se intera desse plano e, naturalmente, não gosta nada. Gosto da intensidade de Jason, do seu senso natural de liderança, e de como ele enfrenta o Zordon se ele precisar enfrentá-lo. Quando eles deixam de tentar ser Rangers, e são expulsos da Central, Rita anda pela Alameda dos Anjos recolhendo ouro para criar seu Goldar, e os cinco Rangers se recusam a ir embora, montando uma fogueira e ficando em volta dela, conversando, se conhecendo. As histórias de Billy, de Jason, de Zack, de Trini… tudo é COMOVENTE! E eles se perguntam: “Somos apenas os Power Rangers… ou somos amigos?”
E ISSO É PERFEITO.
Presenciar esse surgimento da amizade é a melhor história de origens que Power Rangers poderia ter. Eles precisam aprender a se entenderem, eles mesmos e uns aos outros. A estarem dispostos, a valorizar a amizade… eles precisam aprender o que é SER um Power Ranger e ser digno disso. Subitamente, ficou ainda MUITO MELHOR a definição de Power Rangers, sobre serem defensores da luz e da vida. A questão de “ser digno” para morfar é fascinante (embora eu me pergunte como Tommy Oliver morfará como Ranger Verde então, se ele não tiver essas qualidades ainda). Assim, quando Rita Repulsa aparece para atacar Trini, a Ranger Amarela, no meio da noite, e ela convoca uma reunião com os outros quatro rangers no estádio, eles estão dispostos a lutar, com ou sem a ajuda de Zordon. E eles lutam, e é forte, impactante e triste.
Porque a primeira luta é intensa. Rita está quase no auge do seu poder. Os Rangers, sem suas armaduras, são fracos e inexperientes ainda. E quando Rita exige saber onde está o Cristal Zeo, dizendo que Billy sabe onde está, ela ameaça matar o Zack para que ele conte, e ele não tem outra opção a não ser contar. E, para que Zordon não deixe de “respeitá-la”, ela diz que precisa matar pelo menos um deles e, amarrado, ela joga Billy no mar… É TÃO ANGUSTIANTE PRESENCIAR A MORTE DE BILLY! Mas foi uma escolha acertada do roteiro. Billy REALMENTE chega a morrer, e isso explica muita coisa. Muita coisa para a transformação de todos em Power Rangers, e a posição de Zordon. A cena ajudou a dar ao filme seriedade e emoção, e embora eu soubesse que isso não podia ser oficial ou definitivo, as cenas me comoveram.
E eu chorei.
Foi a transição perfeita de que precisávamos para que os personagens amadurecessem e para que merecessem, então, morfar. A dor é grande quando Billy morre, neles e em nós, e as interpretações desesperadas são convincentes e emocionantes, quando eles pegam o corpo de Billy e o levam até a Central de Comando, onde discursos lindíssimos são feitos. Jason fala sobre como ele amava cada um deles, e sobre como ele amava ser um Ranger. Ele acha que a culpa foi sua de Billy ter morrido. Quando cada um deles chora e se mostra disposto a dar a sua vida pelos amigos, as coisas mudam. A rede de morfagem se abre, Alpha chama Zordon dizendo que é essa sua oportunidade de voltar à vida, e ele não o faz. Apenas um pode voltar, e ele dá a sua vida por Billy. O QUE É LINDO E JUSTO. Billy está de volta por causa do sacrifício final de Zordon, que diz a Jason que agora é a sua vez.
O “Thank you” dele foi maravilhoso.
Então eles morfam. Se você estava ansiosamente esperando por isso, finalmente aí está, mas a construção da trama que levou a isso enriqueceu o filme. A morfagem é linda. A trilha de quando eles marcham para a Central de Comando, morfados, é excelente. Os efeitos da primeira luta e o poder impressionante é de arrepiar! Eles lutam contra uma horda incansável de Putties, até que Zack volte com seu Mastodonte para pôr fim na luta – e então todos pegam os seus zords, e duas coisas precisam ser ditas sobre isso: 1) Os Zords do filme estão ABSURDAMENTE MARAVILHOSOS; e 2) Ouvir “Go, Go, Power Rangers!” enquanto eles marcham com os zords ME ARREPIOU INTEIRO e lágrimas vieram aos olhos. Que coisa mais linda! E eu gostei da maneira como eles se conectam com os zords, e como, dentro deles, os visores de seus capacetes ficam abertos, para que possamos vê-los, entender suas reações, medos e tudo…
É a versão do filme para as cenas da série dos Rangers sem o capacete.
E É LINDO.
As lutas com os zords individuais, contra Rita Repulsa e contra Goldar, foram eletrizantes. Gostei muito de ter um desenvolvimento pleno da ação nessa parte, cada um lutando por si ou lutando juntos, já que o Pterodátilo da Kimberly foi de IMENSA ajuda para os demais, porque os zords individuais são LINDOS e PODEROSOS. Tivemos Jason pausando para salvar o pai, tivemos Billy e Kimberly derrubando Rita pela primeira vez… mas Goldar a ajuda a se reerguer. E depois que eles caem, derrotados, eles também se reerguem, UNIDOS, na forma do “Mamazord”, como diz o Billy, ou “Megazord”, já que “Mamazord” é meio brega. E QUE LUTA SENSACIONAL! Começou divertidíssima, com eles fortes e imponentes, sem nem conseguir dar um passo e vindo ao chão… afinal de contas, explorou um ponto que a série nunca explorou: como cada um controla uma parte do Megazord?
Assim, os vemos coordenar os ataques e os movimentos, e é um trabalho em equipe VERDADEIRO e incrivelmente difícil! Quando eles se reerguem, o cinema inteiro prende a respiração. É imponência demais. E quando eles coordenam os ataques, já que cada um é um braço, uma perna ou a cabeça, ou qualquer coisa… a luta de Megazord fez muito mais sentido e ficou impressionante de se assistir. REAL. Adorei. E, com um tapa (como o que o Jason deu lá na detenção), o Megazord expulsa Rita do Planeta Terra, por ora, e eu acho que talvez vejamos um Palácio na Lua no próximo filme, talvez… eu sei que toda a sequência e todo o filme foi sensacional, e eu saí do cinema todo sorridente, feliz, porque era MARAVILHOSO! Tivemos até Amy Jo Johnson e Jason David Frank tirando fotos do Megazord, no meio da multidão impressionada da Alameda dos Anjos, e confesso: MEU CORAÇÃO DISPAROU!
O final foi lindo. Eles se conectaram, se conheceram e se tornaram amigos de verdade. A última sequência mostra isso, com Kimberly colocando na parede uma foto dos cinco amigos, por exemplo… e eu adorei isso. me fez pensar em quando o Billy disse que estar com eles era tão bom quanto estar com o pai, e isso significou demais! Assim como a Trini dizendo que quer estar com eles, e que isso faz bem a ela. Amei! São os Rangers mais complexos e mais humanos, próximos da realidade, que conhecemos. Jason e seus problemas com o pai, com quem não se entende, mas quem ama. Trini e seus problemas com a família conservadora. Kimberly e seus problemas com o passado ou com as garotas do colégio. Billy e seu autismo. Zack e a iminente morte de sua mãe, que provavelmente ainda veremos se a franquia for levada adiante. Temos um time de Power Rangers excepcional, que pode prover histórias magníficas!
QUEREMOS QUE A TEORIA DOS MUITOS FILMES SE CONCRETIZE!
Jason e Zordon no final também foi uma graça…
Amei. Amei o filme. Totalmente. Do começo ao fim. Foi construído com muita atenção, muito cuidado e extremo profissionalismo. Eles usaram as ideias, não só de Mighty Morphin Power Rangers, mas da série como um todo, e captaram brilhantemente a essência do original com a liberdade de expandirem o universo, de aprofundar os personagens e torná-los mais próximos do real, e modernizar o que já conhecíamos. Acho que foi até um golpe arriscado, tendo em vista os mais de 20 anos de história de Power Rangers, mas com um sucesso inegável. O filme é ÓTIMO, e definitivamente uma das melhores histórias de Power Rangers que pudemos ver. Queremos mais! Inclusive, tem uma cena pós-crédito, não deixe de assisti-la: ela sugere o surgimento de Tommy Oliver, quando ele/ela é chamado/chamada na detenção…
Só vem Power Rangers 2!

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Comentários

  1. Olá gostei do seu blog e suas postagens sobre power rangers vou tentar acompanhar

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