Doctor Who (1963) – An Unearthly Child


“Fear makes companions of us all”
O PRIMEIRÍSSIMO Arco de Doctor Who, exibido em quatro episódios entre os dias 23 de Novembro e 14 de Dezembro de 1963, o arco que começou isso tudo. 54 anos depois, aqui estamos, vendo Doctor Who, esperando por notícias sobre a nova temporada, ansiosos pelo Especial de Natal em que Peter Capaldi encontrará David Bradley, interpretando o Primeiro Doctor, papel que originalmente pertenceu a William Hartnell, como em An Unearthly Child. Nessa época, os episódios de Doctor Who tinham nomes individuais, mesmo que fizessem parte de um mesmo arco, e apenas o primeiro deles leva o nome de An Unearthly Child, mas eu já o comentei no blog. Agora, vamos falar de modo geral sobre o arco, os quatro episódios que o compõem, e como ele introduziu coisas que AMAMOS e que, atualmente, são a cara de Doctor Who.
An Unearthly Child é o primeiro episódio, de 23 de Novembro de 1963. Um dos meus episódios favoritos, e certamente o melhor episódio do Arco. Aqui conhecemos Susan antes de conhecermos os demais personagens, e conhecemos Barbara e Ian, professores confusos de Susan, que querem entender porque ela é tão “estranha”. Porque parece saber TANTO de umas coisas, e dizer coisas sem sentido em relação a outras… é essa confusão e esse desejo por explicações que os levam até um ferro-velho onde o Doctor, avô de Susan, tem a sua TARDIS estacionada, no formato de uma cabine telefônica de polícia azul. E ali as coisas começam a ficar sérias, porque Ian e Barbara viram a TARDIS, então o Doctor não pode permitir que eles saiam por aí, com o risco de contar o que viram para todo mundo… assim começa a primeira viagem.
O segundo episódio, de 30 de Novembro de 1963, The Cave of Skulls, nos mostra o primeiro destino da turma: ÉPOCA DOS HOMENS DAS CAVERNAS, ainda antes que eles possam fazer fogo… o “anômetro” da TARDIS indica 0, e aqui algumas coisas são mencionadas pela primeira vez, de modo divertido. Temos Ian chamando o Doctor de “Doctor Foreman”, por causa do sobrenome de Susan, e ele, todo confuso, se perguntando: “Doctor who? What are you talking about?” É a primeira vez que ouvimos as palavras juntas: DOCTOR WHO. Também temos um prelúdio ao discurso de timey-wimey-wibbly-wobbly do Décimo Doctor, quando o Primeiro explica: “Time doesn't go round and round in circles. You can't get on and off whenever you like in the past or the future”. Ian, no entanto, acha isso tudo bastante difícil de se acreditar.
Até que ele saia da TARDIS e veja que não está mais no ferro-velho.
Nem em 1963, para dizer a verdade.
Bem, o Doctor, um velhinho atrevido e reservado, que adora provar que está certo (eu gosto do seu jeito meio ranzinza!), faz Ian FALAR que se pudesse vir e tocar, acreditaria nisso tudo… então ali está! Ali também a TARDIS se fixa no modo de “cabine telefônica azul da polícia”, quando o Doctor e Susan se perguntam “It's still a police box. Why hasn't it changed? Dear, dear, how very disturbing”. Acontece que, em termos de bastidores, sabemos que o circuito camaleão da TARDIS “quebrou” porque eles não tinham orçamento para ficar fantasiando a TARDIS de diferentes formar a cada episódio… mas isso é genial e nos deu o maior símbolo da série ATÉ HOJE! Passada essa parte introdutória, estamos na AÇÃO do episódio, quando o Doctor é capturado e Susan começa a gritar loucamente, gritos agudos que chegam a nos machucar…
Tá, quase.
Ali começamos a história do FOGO. A tribo ainda não descobriu como fazê-lo, e pegaram o Doctor como prisioneiro justamente por causa de seu cachimbo, dizendo coisas hilárias sobre como “ele pode fazer fogo com os dedos”, e que “seu interior é todo feito de fogo”. Mas o tamanho do problema é grande, porque aquilo tudo vira uma eterna disputa. I, Kal, brought him here. The creature is mine!”, e o Doctor, sem novos fósforos, não pode fazer fogo. Ameaçadores, os homens das cavernas prendem os quatro viajantes do tempo na “Caverna das Caveiras”, onde eles passam grande parte do próximo episódio, de 07 de Dezembro de 1963, The Forest of Fear. É aqui que temos uma célebre frase do Doctor: “Fear makes companions of us all”, frase que é dita novamente por Clara Oswald em “Listen”, episódio de 2014.
Detalhe que Clara diz isso ao Doctor AINDA CRIANÇA.
Supostamente, então, o Primeiro Doctor dizendo isso, em 1963, era lembrando Clara!
Mas enfim… o terceiro episódio do arco é um episódio de fuga, e um bom episódio que consegue fazer com que os prisioneiros escapem da caverna e se aventurem pela floresta, onde conhecemos um Doctor mais cansado, mais velho, e ainda não estávamos nem perto de conhecer (ou inventar) o conceito de “regeneração”. A cena da floresta é boa, com Barbara temendo que eles nunca mais possam voltar para casa, e Ian a abraçando… as tensões são mais evidentes aqui, tudo ainda era muito hostil… cru, de certa forma. Mas também com mensagens interessantes! Quando Za, um homem das cavernas, é machucado, Ian o ajuda (enquanto o Doctor mantém-se distante, sem envolvimento, não concordando com nada daquilo), demonstrando algum tipo novo de relações, enquanto na caverna Kal assume a liderança…
É todo um intricado jogo de poder.
Por fim, chegamos a The Firemaker, de 14 de Dezembro de 1963, em que, mesmo às portas da TARDIS, os quatro são levados de volta à caverna e feitos prisioneiros. Ali o Doctor parece o Doctor pela primeira vez, talvez, astuto ao desmascarar Kal como o assassino de uma velha na tribo, e conseguindo, com Ian, expulsá-lo da tribo… a cumplicidade com Ian começa a madurar nesse episódio, já que eles também trabalham juntos ao tentar convencer Za de que “quem faz o fogo” não é realmente mais importante que os outros, porque em sua tribo, todo mundo pode fazer fogo. Eu gosto de como a visita do Doctor e seus companions permite que, TALVEZ, as coisas comecem a mudar ali… Hur conta a Za o que aconteceu na Floresta e como, diz que o cara que se chama “Friend” (Ian) o ajudou, ao invés de matá-lo, com suas mãos se movendo lentamente, seus rostos sem fúria, como uma mãe cuidando de seu bebê.
“They are a new tribe. Not like us. Not like Kal”
Mas também mudanças não são gritantes nem tão rápidas… o episódio ainda mantém os quatro como prisioneiros, mesmo depois que Ian consegue FAZER FOGO, e Za e Kal têm uma luta intensa até que Za se proclame o líder porque “Kal is dead. I give you fire. I am your leader!” No fim, os quatro viajantes do tempo não saem porque são liberados, mas porque enganam a tribo com caveiras cravadas em estacas em chamas, forjando a própria morte, distraindo os homens das cavernas, e escapando de volta às Montanhas, e de volta à TARDIS. E ali, de volta na TARDIS, nós começamos uma nova aventura, provavelmente uma das melhores aventuras do Primeiro Doctor, a primeira vez em que vemos DALEKS! Barbara e Ian querem ir embora, mas o Doctor diz que não pode levá-los, nem que quisesse, porque operar a TARDIS é difícil e ele não sabe bem como fazê-lo.
Assim, eles partem para um novo lugar, e tudo recomeça…
Um novo lugar com níveis de radiação altíssimos e perigosos!


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