ESTREIA de Doctor Who (23 de Novembro de 1963)
“Nothing in this girl makes sense”
Como é bom voltar até onde TUDO COMEÇOU em Doctor Who. Em 1963, embora acreditassem
no show, não acho que os responsáveis realmente
soubessem o fenômeno que seria, com o show vivendo ainda (e com muito sucesso)
quase 54 anos depois, agora prestes a ver a primeira versão do Doctor
retornando à tela para contracenas com sua 12ª (!) versão. Não estou comentando
apenas porque David Bradley
interpretará o Primeiro Doctor no Especial de Natal desse ano, mas também por
isso – o episódio intitulado An Unearthly
Child, que inicia um arco de mesmo nome de 4 episódios, é um PRIMOR da
ficção científica dos anos 1960… é
simplesmente apaixonante de se assistir, desde agora. Me fez lembrar um
pouquinho de Star Trek, e eu sempre
fui um FÃ da série original, de 1966 (falando nisso, mal posso esperar pela
nova série, que funcionará como um prelúdio à TOS).
O que mais me encanta é que, se nós vemos Doctor Who atualmente ou desde 2005, e
voltamos a 1963 para conferir An
Unearthly Child, onde tudo começou, nós conseguimos SENTIR toda a magia de Doctor Who. Ela estava presente desde o
comecinho! Eu não acho que esse seja um dos melhores arcos da Série Clássica,
mas o PRIMEIRO EPISÓDIO, aquele com os professores de Susan intrigados com os
mistérios da garota, que parece saber tanto
sobre algumas coisas, e tão pouco
sobre outras… o episódio do ferro-velho. QUE DELÍCIA DE EPISÓDIO! Tudo já é
cativante desde o começo, e eu gosto muito do Primeiro Doctor, do William
Hartnell, ainda que ele seja um pouquinho macabro prendendo Ian e Barbara na
TARDIS e soltando aquelas risadinhas que são, convenhamos, um pouquinho
diabólicas. Mas isso o torna um excelente
Doctor!
Não é só a magia que está presente. Você sente que
o que vê agora, em 2017, É A MESMA SÉRIE, independente de qualquer diferença…
as raízes são bem plantadas em 1963, e a série cuida para não negá-la até hoje.
Aquele interior branco da TARDIS, o seu exterior como uma Cabine de Polícia
(embora ela só vá mesmo travar nesse modelo no segundo episódio do arco, The Cave of Skulls), e os SONS. Ah, os
sons! Desde a abertura até a finalização, com os créditos subindo na mesma
música que já conhecemos… isso chega a arrepiar.
Passando pelos sons da TARDIS quando viaja… assim como a cabine de polícia
azul, esses são ícones de Doctor Who,
definidos no início e respeitados até agora! E facilitam o reconhecimento, a familiaridade… isso é um amor tremendo
por Doctor Who, que passa à audiência tão bem. É uma delícia assistir a
gênese de nosso programa favorito!
Tudo começou com a estranheza com que os
professores de Susan, a neta do Doctor, a encaravam: “Nothing in this girl makes sense”. É um episódio instigante e
maravilhoso, trabalhando com o suspense e o mistério… Susan na escola são cenas
apaixonantes. Ela é um gênio, na
maioria dos casos, faz comentários como “Isso
está errado!” quando lê o que os livros didáticos falam da Revolução
Francesa, como se tivesse estado lá…
a confusão e a curiosidade de Barbara e Ian, seus professores, é reconhecível! É
uma boa introdução ao universo que Doctor
Who está prestes a nos apresentar, quando Barbara e Ian vão atrás de Susan
em um ferro-velho onde, supostamente, ela mora com seu avô, um “Doutor”. E a
verdade é que Susan SOFRE em uma escola normal! Amei a parte do professor
passando um problema em que A, B e C eram as três dimensões, e ela dizendo que “isso
era impossível”, que não tinha como resolver sem D e E.
Quarta dimensão
é o TEMPO. Quinta dimensão é o ESPAÇO.
A cena do ferro-velho é uma das mais icônicas,
certamente. Barbara torce para que Susan esteja ali com um garoto, porque isso
seria normal, mas ali eles (e nós
também, pela primeira vez) conhecem o Doctor! E é desconcertante. Um velhinho atrevido, totalmente desafiador,
que diz coisas como “I don’t discuss my
personal life with strangers”, e mantém-se sempre misterioso e reservado. Amo
também a introdução da TARDIS, o momento em que eles a adentram e percebem que
ela é “maior do lado de dentro”, com um desconcerto especial de Ian, que não acredito que aquilo é possível. Também
é nesse momento que Susan explica a sigla que, supostamente, ela deu à “nave”:
TARDIS – Time and Relative Dimension in Space, e que eles estão, agora, em uma
dimensão DIFERENTE daquela que pode ser vista do lado de fora.
Isso é GENIAL!
O primeiro episódio apresenta, portanto, Susan,
seus professores Ian e Barbara e o Doctor, além da TARDIS e sua capacidade de “ir
a qualquer lugar no tempo e no espaço”. Gosto de como Ian é totalmente cético, e de como o Doctor lida com
isso, com comentários ácidos como “Your
arrogance is almost as great as your ignorance”, e uma risadinha macabra ao
prendê-los ali dentro: eles viram a
TARDIS, e se ele os deixar sair, eles vão falar sobre ela por aí, por isso ele não
pode permitir que fiquem livres. É angustiante ver Susan implorando para o
avô deixar seus professores partirem, mas o Doctor ressalta que isso significa
que eles teriam que deixar o Século XX, e Susan tampouco quer isso… mas quando Susan escolhe ficar ela mesma no
Século XX, deixando o avô, o Doctor faz a nave se mover… é a primeira viagem, a
primeira vez que escutamos seu som…
E nós ficamos querendo MAIS!
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