Premonição (Final Destination, 2000)
“It’s
all part of death's sadistic design... leading to the grave”
Eu AMO os filmes da franquia. Assisto Premonição há tanto tempo que mal me
lembro, e sempre gostei MUITO dos filmes. A trama é interessante, um pouco
macabra, e difere dos filmes de terror convencionais por não ter nada “sobrenatural”
que está matando as pessoas além da própria Morte – assim, as mortes são
bizarras e detalhadas, mas acontecem em lugares que frequentamos o tempo todo
(como o banheiro de nossa casa), e por isso ficamos angustiados… uma piscina pública? Não, obrigado!
Gosto do trabalho que o filme faz, cuidadosamente trabalhando com informações,
com padrões e com sinais que são legais de serem decifrados… também gosto de
como o filme é muito mais um suspense
do que um terror, em que as cenas anteriores às mortes são sempre construídas
com muito cuidado para nos deixar APREENSIVOS.
Porque imaginamos
1.000.000 de mortes possíveis!
O filme já começa com sinais espalhados, como o
180 que aparece no relógio digital de Alex, ou que é o número de seu voo… o “Final
Destination” em que a câmera foca quando Alex vai despachar sua mala… uma parte
IMPORTANTE e sempre admirada de qualquer filme da franquia Premonição é o acidente principal do filme, no caso em um avião. Alex
Browning é o protagonista desse filme e quem tem a premonição principal – ele vê
que o voo 180 vai explodir e nenhum deles sobreviverá, e ele vê a morte de um a
um, até que o fogo o consuma e ele retorne, para o momento em que as garotas
estavam pedindo para ele trocar de lugar com uma delas… como ele vai lá e testa a mesinha da nova poltrona, e tudo acontece
como em sua premonição, ele se desespera. Os gritos de Alex dizendo que “o
avião ia explodir” é a nossa primeira relação com o caso.
Então ele sai do avião, e algumas pessoas saem com
ele… algumas forçadas pela “confusão”. Clear, por sua vez, sai por acreditar
nele e também ter sentido alguma
coisa. Logo depois, o avião explode exatamente como Alex disse que aconteceria.
E essa é a história de “Premonição”:
uma pessoa tem a visão de um grande acidente e incontáveis mortes, e então ela
salva a vida de algumas pessoas… mas como era o plano da Morte que elas
MORRESSEM, ela vem buscá-los, um a um, seguindo exatamente a ordem inicial em
que eles deviam ter morrido. Só que eles
ainda não sabem disso. 39 dias depois, temos o levantamento de um memorial
a todos os mortos no acidente, e Clear é a única que agradece Alex. O primeiro
a morrer é Tod Waggner, depois de Alex receber um sinal na forma de seu nome
que o ventilador joga recortado de um jornal.
A cena é ELETRIZANTE, embora um tanto assustadora.
E aqui eu pauso para falar de uma das coisas que eu mais gosto em Premonição: a sua capacidade de causar
TENSÃO. Todos nós sabemos que os personagens estão todos fadados à morte,
naturalmente. E nós sabemos que Tod está para morrer, mas nós pensamos em
infinitas possibilidades para como isso pode acontecer. Essa é a grande vitória
de Premonição como um suspense, criar
essa expectativa, deixando-nos suspensos em uma sequência prolongada que nos
oferece uma variedade de alternativas: ele pode escorregar na água e se cortar
com o barbeador, e mais um monte de outra coisa. A cada segundo, uma infinidade
de mortes possíveis nos ocorre, e ficamos apreensivos, até que a morte venha,
no caso através de um enforcamento dentro da banheira que fica parecendo um
suicídio.
A Morte é
astuta!
Falando em morte, na forma de William Bludworth,
ela parece personificada:
“In death, there
are no accidents... no coincidences, no mishaps... and no escapes. What you
have to realize is we're all just a mouse a cat has by the tail. Every single
move we make, from the mundane to the monumental, the red light that we stop at
or run... the people we have sex with or won't with us... airplanes that we
ride or walk out of... it's all part of death's sadistic design... leading to
the grave”
“I’ll see you soon”
Com a introdução do filme e da trama bem construída,
o filme segue, dando-nos sinais, como a música no carro de Carter (cantando
sobre o “Final Destination”), e
apresentando novas mortes, como a súbita morte de Terry Chaney, atropelada por
um ônibus. Então enquanto Alex aprende a entender os sinais, como o jornal com
o nome de Tod ou o fogo que ele vê enquanto corre para a casa da Professora
Lewton, ele também vai entendendo um padrão que mostra que ele pode saber qual
é a sequência na qual a Morte está atacando. É por isso que ele corre à casa de
Valerie Lewton, não a tempo de impedir a sua morte, E É UMA MORTE E TANTO. Assim
como a de Tod, repleta de detalhes e possibilidades, deixando-nos apreensivos. O
vento. A chaleira. O gás. O pano. As facas. É uma morte bem brutal, no fim das
contas!
E Alex é naturalmente acusado por quase tudo.
Afinal de contas, ele “sabia” que o Voo 180 ia
explodir, e estava presente quando a professora foi morta… por isso ele escapa,
com Billy, Carter e Clare, os outros três sobreviventes. Dali em diante o filme
assume cada vez um tom mais ágil, deixando-nos envolvidos. Com os quatro no
carro, o sinal é o cinto e o trem que Alex vê na janela, e é a vez de Carter
morrer, e ele fica preso quando o trem se aproxima do carro e ele não consegue
tirar o cinto. É ANGUSTIANTE. Quando Alex interfere novamente nos planos da
Morte e consegue salvar a vida de Carter, ela o pula e vai para o nome seguinte
da lista, que era Billy Hitchcock, com um acidente rápido e brutal que lhe
corta a cabeça fora… a princípio, Carter (o mais chato de todos, que queríamos mesmo
ver morrer!) está a salvo… então é a vez de Alex Browning, enfim.
Gosto muito da organização final do filme, de como
temos aquele clímax angustiante que coloca Alex paranoico, tentando não morrer,
mas ele eventualmente percebe que talvez não fosse a vez dele, mas de Clare,
porque ele não chegou a trocar de lugar com ela ou algo assim… então ambos
fogem da morte simultaneamente, e é apavorante. Ele quase morre afogado com uma
árvore segurando a sua cabeça numa pequena poça de água, enquanto ela “brinca”
com água e eletricidade, tentando manter-se segura dentro de um carro… para
salvar a vida de Clare, Alex está disposto a se entregar para a Morte, como um
sacrifício, achando que isso pode
resolver tudo. E ele o faz… felizmente
(por enquanto), Alex sobrevive, e ele, ao lado de Clare e Carter, são
sobreviventes que “enganaram a Morte”. Acredito que, talvez, em 2000
tenhamos acreditado nisso.
Não mais.
Ninguém pode
“enganar a Morte”.
A sequência final é maravilhosa e um choque, em se tratando de primeiro filme
da franquia. Seis meses depois, estamos em Paris, os três sobreviventes são,
agora, amigos. Mas, ainda meio obcecado, Alex ainda não tem certeza de que eles
estão salvos… talvez ele seja o próximo
da lista. O final é GENIAL, com um último acidente, mais um momento, a
placa do Le Cáfe Miro 81 caindo para matar Alex, formando o número “180”,
número significativo que também era o número do voo no início do filme, na
primeira premonição, e Alex consegue escapar da morte mais uma vez, indicando
que a morte seguiria em frente… para o
próximo da lista. E quem seria o próximo? Então a placa atinge Carter e as letras dos créditos finais começam a
subir. Perfeito e perfeitamente irônico. O melhor final que um filme como Premonição poderia ter!
E assim começa uma das melhores franquias de
terror do cinema!
Comentarei
os próximos em breve…
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