Stitchers 3x07 – Just the Two of Us
“I solved it… it took days, but I solved it!”
Eu sinto que venho falando isso bastante, mas é
que a terceira temporada está mesmo se superando: EIS O MELHOR EPISÓDIO DE STITCHERS. Um episódio bem construído, envolvente
e perfeitamente instigante. Quando Kirsten acorda sozinha no laboratório, sem
conseguir se lembrar de nada do que estava fazendo antes ou de qual era o caso
no qual estava trabalhando, é desesperador ver o quanto tudo está desolado, até
que ela encontre Cameron desmaiado e o acorde com um tapa na cara… o episódio
trabalha de forma nada convencional, e eu adorei a criatividade e a competência
em representar, mais ou menos, o funcionamento de uma mente com autismo. Com um
roteiro diferente e bem escrito, esse episódio conseguiu tanto ser um excelente
“caso semanal” como, também, desenvolver mais de Kirsten, e nós a amamos mais a cada dia.
Vi alguns comentários (mas foram poucos, o consenso
geral parece ser de que é um EXCELENTE episódio!) dizendo que era “chato”, ou
que o roteiro era “fraquinho” e “previsível”. Não achei nada disso, nem de
longe. Chato nem um pouco. Previsível? Dificilmente. Você pode até suspeitar
que nada daquilo seja real quando Kirsten desperta sozinha no laboratório, mas isso não quer dizer que você já tenha
subitamente entendido tudo. Por isso, o roteiro é complexo e trabalha com
símbolos, com detalhes que Kirsten precisa juntar ao longo de “dias” para que
possa entender o que está acontecendo. Kirsten tem a ajuda de Cameron, que está
com ela no laboratório ou na casa vazia, embora uma caneca ainda quente de café
lhes chame a atenção em ambos os lugares… para
onde foi todo mundo? Trabalhando juntos, eles ouvem falar da “Mother”, o
que leva o Cameron a falar “de sua mãe”.
O mistério vai se desenvolvendo com mais detalhes
a cada passo enigmático. Quando Kirsten e Cameron dividem uma cama, por
exemplo, separados por travesseiros, ela faz perguntas para testar o quanto ele
realmente conhece dela, e ele tem respostas precisas, inclusive de uma história que ela nunca contou para ele. Como ele
sabia? Foi a primeira vez em que desconfiei de verdade de Cameron. No dia
seguinte, no entanto, tudo estava como na noite anterior. Tudo bem com Cameron,
embora as coisas ainda estivessem misteriosas. Mais uma caneca quente os
esperava no laboratório, dentro da qual havia uma chave, com os dizeres “EURO”. São várias peças e vários
detalhes. Os rostos por trás da estática nas telas do laboratório. A peça de
quebra-cabeça no armário de Cameron. Os cartões para pessoas com autismo
entenderem as emoções das outras pessoas…
…as flechas com o fundo vermelho, indicando a
banheira.
Kirsten entra na banheira de stitch para colocar a última peça no lugarzinho que faltava, aquela
mesma encontrada no armário de Cameron, e a mensagem estava ali, do lado de baixo do vidro transparente: UMA
CASA, 5915 CELSON ST. Então, dentro da garagem indicada na foto do
quebra-cabeça, Kirsten e Cameron encontram um carro antigo pelo qual Cameron
sempre foi fascinado, e eles têm a chave
para abri-lo (“It doesn’t say EURO it says FORD”). Parece uma grande
corrida, uma caça-ao-tesouro, cheio de pistas, enigmas e quebra-cabeças a serem
solucionados… como o Rubik’s Cube dentro do porta-luvas (“Any other day, that’d be odd”). Quando Kirsten liga o carro, ela não
consegue mais desligá-lo, e enquanto eles sufocam com a fumaça do escapamento,
eles tentam fazer de tudo para escapar daquela garagem.
Uma luz vem a Cameron mais tarde, em casa,
enquanto ele mexe no Cubo Mágico, e entra subitamente no banheiro para contar a
Kirsten (“That’s not what I meant by ‘surprise
me’!”): A ÚNICA MANEIRA DE NÃO SE RESOLVER UM CUBO É SE AS PEÇAS FORAM
DELIBERADAMENTE TROCADAS DE LUGAR. E é exatamente o caso. Um enigma impossível
de ser solucionado… why? Passamos por
uma série de suspeitas e possibilidades no meio do caminho. Kirsten chega a
achar que é todo um jogo de Daniel Stinger para que eles pudessem voltar a
confiar um no outro, afinal de contas ele não quer que os stitches sejam prejudicados, mas as coisas mudam quando ela
encontra um teclado colorido e pergunta qual é o último caso no qual
trabalharam. Do episódio passado. E O
CASO ATUAL? Então ela recebe: Tom Dewitt.
“Tom
Dewitt. Severely autistic man in his 20s, found dead in his garage. Suicide.
Car exhaust inhalation. He was also an empath. His brain was wired in a way that
meant he could feel the depth of other people's emotional states”
Tudo começa a fazer sentido. O autismo. Os cartões.
A garagem e o carro.
Então, aquilo que, a esse ponto, já tínhamos desconfiado:
“I’m saying that… you’re not real”,
ela diz para Cameron. “No, no, you don’t understand. I’m
stitched to Tom right now”. CADA SEGUNDO O EPISÓDIO FICAVA MELHOR! Que explicação
inteligente, brilhante, eu diria. Cameron ainda tenta ser cético, mas Kirsten
matou toda a charada… por isso o café sempre quente. E ainda tem aquela coisa
meio de “Inception”, que no filme
funciona para sonhos, como na vida real, e aqui para memórias de uma pessoa
morta: eles falam de ir a um lugar, e
subitamente estão lá, como se estivessem pulando entre memórias, eles nunca se
lembram de dirigir ou caminhar até algum lugar. Tudo faz absoluto sentido e
confere uma inteligência profundo ao roteiro desse episódio, que soube muito
bem o que estava fazendo ao analisar a mente e o assassinato de um autista.
“By
stitching into Tom, we must've opened up a pathway into his empath abilities. So,
instead of objectively seeing his memories, I'm experiencing them through a filter
of... my emotional state. Nothing that's happened in the past two days has been
real”
Assim, Kirsten sabia que aquilo não era real,
apenas um stitch, com as memórias de
Tom não objetivas se mesclando ao seu estado emocional, mas ela ainda precisava
descobrir mais sobre a morte dele, não apenas
sair dali. Temos uma cena fortíssima em que Cameron pede que Kirsten o
mate, e ela diz que não vai fazer isso, porque “I can’t stand the thought of losing you and it being my fault”,
sendo ele uma projeção de sua mente ou não, mas então o tiro sai,
eventualmente, e é desesperador. E depois
que ele desaparece, Kirsten decide que é hora de sair dali… ela pede desculpas
a Tom, mas diz que ela não consegue entender como a sua mente funciona… assim,
para que ela não desista, aquelas pessoas que ela ajudou aparecem para dar-lhe
uma força, E AQUILO ARREPIOU. Ela precisa falar por Tom como falou por eles!
Por isso ela continua tentando. Montando um
gigante quebra-cabeças, como um Cubo Mágico, tentando conseguir formar um rosto
nas telas, enquanto lembra-se de Cameron no stitch
e se dá conta de todas as histórias e coisas que deviam ser de Tom, e não dele.
Sobre a “mãe de Cameron”, ou sobre a dificuldade para se conectar com as
pessoas… e tudo vai se desvendando, fazendo sentido. E com um cuidadoso e
demorado trabalho, ela consegue ver o rosto que matou Tom Dewitt, e ela pode sair do stitch. É ESTRANHO
vê-la voltando ao “mundo real”. Tudo parece deslocado nesse episódio, estávamos
tão acostumados a só ela e Cameron, no final apenas ela… o episódio cuidadoso era uma
verdadeira obra-prima ali, complexo, me fazendo pensar nas intrincadas
simbologias de The Leftovers. Mas Kirsten estava de volta: “I
solved it… it took days, but I solved it!”
Camille dá a sua contribuição ao episódio com um
hilário “Congratulations, Linus, you did
it! You finally broke Kirsten”, o tipo de comentário que não tivemos nesse
episódio, e então Kirsten explica detalhadamente tudo o que aconteceu e como. Como
foi Bill Kurland, o namorado da mãe de Tom, quem o matou, trancando-o na
garagem com o carro ligado, dando-lhe um Cubo Mágico insolúvel para distraí-lo.
E todos os detalhes se encaixaram perfeitamente. Foi um trabalho lindo de
escrita e direção! Só para finalizar o episódio genial, e para explicar um
pouco do desconserto de todo mundo, Kirsten fala repetidamente sobre como eles
deviam estar preocupados, afinal ela passou dias no stitch, e pergunta se eles não estavam preocupados, até que Cameron
lhe diga: “Kirsten, you were only in
there for 3 seconds”. Chocante, mas faz sentido. Eu acho.
O episódio não podia ter terminado melhor que com
um beijo de Kirsten e Cameron!
QUE EPISÓDIO BRILHANTE, digo mais uma vez!
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