Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, 2004)
“I solemnly swear that I am up to no good”
Esse continua sendo um dos melhores filmes da
franquia – embora eu goste muito de Cálice
de Fogo (independente de qualquer controversa, porque é meu livro favorito,
mas o filme tem um ritmo e tanto!), Prisioneiro
de Azkaban é o filme que MUDOU TUDO. Com a troca na direção da franquia, Harry Potter o Prisioneiro de Azkaban
trouxe uma versão diferente dos personagens e lugares que já tínhamos aprendido
a amar, e isso é visível desde os primeiros segundos de filme… um começo
divertido com Harry, interpretado por Daniel Radcliffe bem maior agora, na
cama, iluminando a varinha para poder estudar, antes de vermos o logo, que
também sofre alterações e, apresentado entre nuvens, agora é mais escuro do que
em qualquer ocasião até aqui. Com um ritmo incansável e muita aventura e
mistério, além de um tanto sombrio, esse filme nos prende do começo ao fim!
Você mal vê passar!
Harry Potter
e o Prisioneiro de Azkaban foi lançado em 2004, um ano e meio depois de Harry Potter e a Câmara Secreta, e é
adaptado do livro homônimo de J. K. Rowling de 1999. No seu terceiro ano em
Hogwarts, Harry, pela primeira vez, não tem que enfrentar Lord Voldemort no fim
do ano letivo, mas tem que viver com um fantasma de seu passado: Sirius Black,
um perigoso assassino que fugiu de Azkaban e que, supostamente, está tentando
entrar em Hogwarts para matar Harry Potter, já que ele é um partidário de Lord
Voldemort. As coisas se transformam quando Harry descobre informações como o
fato de Sirius Black ser o seu padrinho e aquele que traiu os seus pais, e
então ele meio que faz justamente aquilo que o Sr. Weasley pediu que ele
prometesse que não ia fazer: procurar
Sirius Black. “Mr. Weasley… why I would go looking for
someone who wants to kill me?”
Você percebe claramente como as cores do filme
mudaram, o trabalho de direção de Alfonso Cuarón é completamente distinto do de
Chris Columbus. A paleta de cores utiliza mais cores frias, dessa vez, e
ambientes escuros ou filmagens noturnas, e uma tentativa de acrescentar neve ou
chuva quando estamos filmando durante o dia… em sua maioria, é isso o que marca
a fotografia do filme. Você pode ver a cena introdutória com os Dursleys, que é
ao anoitecer, e quando Harry deixa a casa com seu malão, é durante o início
macabro da noite, e o chão está molhado de uma chuva que não vimos. O jogo de
quadribol, um dos momentos mais coloridos dos dois primeiros filmes, aqui se
torna nebuloso e chuvoso… isso tem tudo a ver com a tomada de cores, de calor e
de alegria que acontece no mundo quando os Dementadores aparecem na história.
E isso foi brilhantemente bem retratado.
Gosto muito de O
Prisioneiro de Azkaban! Gosto excessivamente de O Prisioneiro de Azkaban porque eu acho que é ele quem definiu o
tom futuro da franquia… foi esse filme que definiu que eles podiam mudar,
arriscar, amadurecer na filmagem como J. K. Rowling amadureceu na escrita e
Harry Potter amadureceu na história, e Alfonso Cuarón fez um trabalho excelente
nesse quesito. Com o elenco um pouco mais velho, ele experimentou roupas comuns
além dos uniformes, e esses últimos ganharam versões mais adolescentes:
exatamente os mesmos, mas menos “arrumadinhos”. Gravatas soltas, ou só jogadas
em volta do pescoço, camisa para fora da calça… e isso tornou tudo tão REAL,
tão jovem! Junto a esse amadurecimento e mudanças, o roteiro se agiliza, as
coisas parecem acontecer mais depressa, você fica preso e nem vê o filme
passar… é eletrizante do começo ao fim.
Eu acho que esse filme tem um quesito melancólico
mais forte que os anteriores. Harry Potter nunca foi uma criança feliz, apesar
de ter amigos que o amam imensamente, mas o escurecimento do filme e a chegada
dos Dementadores parecem acentuar isso, desde o encontro chuvoso e frio no
Expresso de Hogwarts. Por isso, cenas “alegres” me deixam particularmente
triste, porque elas parecem apenas acentuar o quanto Harry NÃO é feliz! Como
aquele momento em que Harry, Ron e os demais garotos do dormitório brincam com
umas balas loucas… um dos poucos momentos em que Harry está genuinamente feliz.
Ou quando Harry voa no Bicuço pela primeira vez, e se sente tão livre, abrindo
os braços sobre o lago e gritando. Ou a primeira aula com o Professor Lupin, no
qual somos apresentados ao bicho-papão, e todo mundo está se divertindo tanto…
Depois, até sua “memória feliz” para conjurar o
Patrono é melancólica!
E, claro, muito disso tem a ver com os
Dementadores. Lembro-me de quando os conheci e lembro que essas criaturas
malignas sempre exerceram algum tipo de fascínio sobre mim. Dementadores são os
guardas de Azkaban, criaturas que se alimentam das boas lembranças das pessoas,
e sugam toda sua felicidade, forçando-o a reviver as suas piores lembranças.
Como Harry ouviu a mãe gritar no dia em que morreu quando foi atacado por um
Dementador no trem. Quando eles se aproximam, o mundo se torna frio e, como Ron
Weasley descreve, “parece que você nunca mais vai se sentir feliz na vida”.
Como os dementadores parecem afetar Harry mais que a qualquer outro, o filme já
traz o conceito de “Patronos”, que são escudos (ou animais, se você pensar no
originalmente definido no livro) que afastam os dementadores, e eles são
conjurados a partir de sua memória mais feliz. A força da sua memória determina
a força de seu Patrono.
“EXPECTO
PATRONUM!”
Os Patronos são parte do que há de MAIS LEGAL nas
novidades apresentadas em O Prisioneiro
de Azkaban. No entanto, outra coisa nos chama muito a atenção e é essencial
para toda a ideia de “Harry Potter” que temos: O MAPA DO MAROTO! O Mapa do
Maroto, criado pelos Srs. Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas, é um mapa de
Hogwarts e seus arredores, que mostra onde qualquer pessoa está – é através
dele que Harry Potter vê Pedro Pettigrew pela primeira vez, o garotinho
gorducho que sempre seguia Sirius e Tiago, e supostamente foi assassinado por
Sirius, deixando apenas um dedinho sobrando, e onde teoricamente nós podemos
ver Newt Scamander. O Mapa do Maroto é um presente de Fred e Jorge Weasley para
Harry, porque parece que ele “precisa mais dele do que eles”, naquele momento,
já que ele não consegue ir para Hogsmeade junto aos demais, porque o Tio não
assinou a sua permissão!
O
Prisioneiro de Azkaban é repleto de informações interessantes, e é um dos
filmes mais complexos da franquia! Aqui, depois que Harry Potter descobre que
Sirius Black é seu padrinho e resolve se preparar para quando ele o encontrar,
as verdades muito mais complicadas vão se desvendando aos poucos. Harry descobre
que Sirius Black era inocente o tempo todo, e era mesmo o melhor amigo de seu
pai (assim como Lupin, um lobisomem), e quem traiu os Potter a Lord Voldemort
foi Pedro Pettigrew, que eles supunham que estava morto, até Harry dizer que o
viu no Mapa do Maroto: PEDRO PETTIGREW É O RATO DE RON WEASLEY. Por isso, vimos
Perebas desde o começo da franquia sem nos darmos conta de que ele era um
animago escondendo-se o tempo todo… mas bem que a Profa. Trelawney avisou que,
naquela noite, mestre e servo voltariam a se unir.
Não vemos Lord Voldemort, mas começamos a preparar
o seu retorno.
Já que Rabicho está voltando para o seu mestre!
Sobre Dumbledore, com a morte de Richard Harris,
Michael Gambon assume o papel do sábio diretor de Hogwarts, que se torna um pouco
mais excêntrico e ágil nesse filme, mas ainda não se distancia tanto do livro
como o fará no filme seguinte, por exemplo… ele está, como sempre, CHEIO de
falas MARAVILHOSAS que merecem ser relembradas. Uma delas, a mais bonita dele nesse filme, é “But you know happiness can be found even in
the darkest of times, when one only remembers to turn on the light”, ao
falar de dementadores. Outra, linda, é “For
in dreams, we enter a world that is entirely our own. Let him swim in the deepest ocean or glide
over the highest cloud”, quando ele diz a Snape que eles devem deixar Harry
dormer um pouco… e além dessas bonitas e, por vezes, misteriosas, falas, nós
temos uma que significa demais dentro da mitologia de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban:
“Mysterious
thing, time. Powerful, and when meddled with, dangerous. Sirius Black is in the
topmost cell of the dark tower. You know the laws, Miss Granger. You must not
be seen, and you would do well, I feel, to return before this last chime. If
not, the consequences are too ghastly to discuss. If you succeed tonight, more
than one innocent life may be spared. Three turns, should do it, I think. Oh,
by the way. When in doubt, I find retracing my steps to be a wise place to
begin. Good luck”
Porque O
Prisioneiro de Azkaban tem uma coisa que eu adoro: VIAGEM NO TEMPO.
Divertida e significativa, ela é implantada através do vira-tempo que Minerva
McGonagall dá a Hermione Granger no início do ano letivo, para que ela possa
assistir a mais aulas. Assim, temos uma sequência incrível de cenas em que
Hermione e Harry revisitam o dia anterior, veem mais uma vez o esplêndido soco
da garota em Malfoy, encontram a eles mesmos, fazendo com que ambas as linhas
do tempo se cruzem, com pedras jogadas, galhos de árvore fazendo barulho e, a
mais surpreendente de todas (na qual você não pensa demais em termos de ficção
científica, para não surtar em paradoxos), quando Harry Potter salva a ele
mesmo e Sirius Black, do outro lado do lago, de um imenso grupo de dementadores
que os atacam, conjurando um poderosíssimo Patrono, finalmente em forma animal!
E assim, eles salvam duas vidas inocentes. Bicuço
e Sirius Black. E é um final INCRÍVEL!
Sirius Black até manda uma Firebolt de presente
para o afilhado!
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