Maria do Bairro – A casa dos De la Vega
“É claro, ora. Se me ensinarem, eu
aprendo tudo!”
É muito triste como a vida de “Maria do Bairro” se
transforma em seu aniversário de 15 anos! A madrinha Casilda falece, Maria fica
“órfã” novamente, e Fernando leva Maria para a casa dos De la Vega, naquela
clássica cena (que está na primeira abertura) em que ela entra, com seu
vestidinho preto, um pouco suja, mas com o cabelo impecável e LINDO, a coroa
preta na cabeça, na grande casa, e fica abismada, encantada. A maioria dos moradores da casa ficam horrorizados, a
chamam de esfarrapada, até uma empregada é nojenta com ela, mas Fernando De la
Vega, o velho, garante que ela vai ficar, porque ele prometeu ao padre, e eu
acho que ali nasce um sentimento muito bonito. Ele GOSTA dela de verdade, ou
aprende a gostar, e isso é muito bom e muito bacana. Ele a defende, ele cuida
dela… e eu acho que ele era uma pessoa
boa de verdade.
Mas Maria “do Bairro” deixa tudo muito claro desde
a primeira vez em que entra na casa dos De la Vega, e isso faz com que eu a ame
ainda mais! É um pouco chocante como ela fala ou como ela trata as pessoas,
como estende a mão suja com um “Como é
que tá, madame?”, mas eu me divirto muito, porque é engraçado e, mais uma
vez, infantil, inocente. Ela VÊ que
não é bem-vinda ali, e solta um “Já
chega, tá? Não tô aturando! Que que há? Que que foi? Sou gorda, pareço uma
bruxa? Que que há, não tá gostando, não, que que foi, senhora?” que é a
definição clara de sua personagem nessa primeira fase da novela, e eu ADORO. “Se eu não sou bem recebida eu vou voltar
agora mesmo lá pro meu bairro. Tá bem, eu não queria vir pra cá!” Gosto de
como ela é determinada, de como sabe o que quer e o que fazer…
E tudo isso fica MUITO claro.
É evidente que Maria ainda tem muito a aprender, a
respeito de como se comportar, ser um pouco menos barraqueira, mas ela também
não quer ser humilhada, e ela não vai permitir que isso aconteça – ser chamada
de “marginal” por Soraya, por exemplo. Afinal de contas, sua madrinha acabou de
morrer, justamente no dia em que ela completou 15 anos, e tudo o que ela
precisa, e o que o padre conseguiu para ela, era um lugar onde ela pudesse
morar e trabalhar… ela está pedindo um
emprego, e ela reconhece que tem muito o que aprender, mas ela consegue!
“É claro, ora. Se me ensinarem, eu aprendo tudo! E tem
mais: eu já sei que tem um montão de coisa pra aprender. Ah! Já deve saber, né,
madame, que não é o mesmo trabalhar de empregada numa casa e de catadora de
lixo e de papel. A gente era catadora de lixo e de papel!”
Mas a ideia que Vitória tem é muito diferente da
de Fernando. Fernando pretende acolher Maria na casa como um membro da família,
educá-la, ensinar bons modos (“Podemos
educá-la, ensinar modos, refiná-la”), mas sua esposa a coloca para
trabalhar. Mas como Maria não abaixa a cabeça e não deixa que pisem nela,
temos, como resultado, momentos MUITO DIVERTIDOS. Como sua revolta contra a
ideia de Vitória de jogar suas roupas no lixo (“Eu não vou jogar meus trecos no lixo! […] Mas acontece que, quando eu
sair daqui, a roupa vai ser sua, e eu vou ter que te dar, né? Como eu vou fazer
pra sair daqui sem roupa? Eu vou ficar peladona na rua? Que que cê acha? Tá
doido! Eu, hein!”) e seu horror em pensar em tomar outro banho, se já tinha
tomado um antes de ir pra lá (“Ah é? E se
eu ficar gripada por que eu tomei banho? Não é a senhora que vai ficar
tossindo, tossindo, toda ranhenta!”) A cada gargalhada que eu dava da
adorável Maria eu me APAIXONAVA MAIS.
Enquanto Fernando discute com a esposa o que
fazer, dizendo que ela precisa ser gentil, e que não pode colocá-la em
uniformes nem tratá-la como empregada, porque então não seria uma obra de
caridade como prometeu ao padre (pode não ser pelos motivos certos, mas ele
está fazendo algo BOM), Maria é levada por Lupe, a sua parceira e companheira
dentro de casa, para tomar um novo banho… e
a cena do chuveiro me emocionou profundamente, CHOREI. Elas conversam sobre
a água quente, e Maria fica toda encantada com o banheiro, fica apaixonada pelo
chuveiro, dizendo que não acredita. E embora ela fosse uma criança deslumbrada
com aquilo tudo, era muito triste ouvi-la falar do seu bairro, e de como a vida
lá é diferente e sofrida: “Lá no bairro
tem um cano que a gente pega água pra todo mundo, sabe, e sai água bem fria, e
às vezes suja. Aqui até dá gosto da gente se molhar, né?”
Maria toma seu banho, coloca o uniforme que Lupe
lhe entrega, como Vitória pediu, e é um dos momentos mais queridos do capítulo,
quando ela pergunta se não tem nenhuma roupa toda preta, “porque ela está de
luto pela madrinha”, e aquilo me partiu o coração. Ela diz isso com uma altivez
e uma simplicidade, mas dói. Sobre os filhos do casal De la Vega, Lupe conversa
com Maria e fala que Vanessa é uma boa menina, que Vladimir é um amor, e que
Fernando é o único que não tem um comportamento muito bom: “Ele era muito simpático e brincalhão, mas teve muitos problemas e
ficou muito revoltado”. E Maria comenta que ele é complicado, mas sem ainda saber que se trata justamente do cara que
ela viu na igreja e por quem se encantou… e
por mais difícil que ele seja, um encanto adolescente assim não passa
simplesmente.
Mas nós sofremos… EU SOFRO. Eu não gosto de
Fernando, não gosto de suas atitudes, não gosto de como se embebeda, e acho
vergonhoso vê-lo quase caindo de tão bêbado no aeroporto, com o irmão. É desprezível. Pelo menos temos o pai
dele, que é um senhor maravilhoso. Adoro seu horror ao ver Maria de uniforme: “E esse uniforme? Por quê? […] Pois que tire
agora mesmo e coloque uma das roupas que eu trouxe!” E adoro quando ele diz
que ela está ali como uma hóspede, e pergunta se ela sabe o que é isso, e ela
responde: “Na verdade, não… mas se
trabalhar de hóspede eu tenho que usar uniforme, eu boto uniforme, tudo bem”.
Então ele faz com que Lupe a leve para trocar de roupa e pede que os empregados
arrumem um lugar na mesa para a garota, enquanto explica para a mulher: “Quando eu faço caridade, eu faço completa.
Se eu quisesse uma empregada, teria pedido a uma agência, e ela não é uma
empregada”.
PRONTO!
E quando ela se senta para comer… <3
Simples, sem jeito, bem espalhafatosa, bem
criança. Ela diz coisas como “Eu tô com
um pouquinho de fome, minhas lombriga tão reclamando, mas como eu vou sentar
aqui com vocês?” e “Eu já avisei que
não sei comer chique, vocês vão ter que me aguentar, hein?”, além da ótima
reação dela ao ver aspargos no prato: “Não,
isso é lombriga!” Pelo menos Vanessa e Maria sorriem uma para a outra
durante o jantar, e ali reside mais alguma esperança, que me emocionou… ainda
que Maria SAIBA que sua vida ali não tem nada para ser fácil: “Puxa! Eu acho que nessa casona eu vou
passar muito aperto! Vai acontecer como aconteceu com a menininha da história
que a minha madrinha Cassilda me contava”. Sua imaginação a coloca como a
Gata Borralheira, enquanto Vitória, Soraya e Carlota a obrigam a trabalhar como
uma escrava…
Por enquanto ela está a salvo…
…mas e quando Fernando De la Vega morrer?!
Antes disso, no entanto, ainda precisamos nos
preocupar com o “encontro” de Maria e Luís Fernando, e é um vexame como ele
está bêbado, desiquilibrado e grosseiro… Maria
está no quintal da casa nova, dando banho em um cachorro, espalhando espuma e
confusão para todo lado. E o primeiro encontro é mesmo impactante… Fernando
chega tropeçando de bêbado, perguntando quem é ela, e ela, toda desajeitada,
acaba jogando água da mangueira na cara dele, e enquanto ele fica visivelmente
furioso, ela nem percebe nada disso porque está encantada demais ao
reconhecê-lo: “É você!”, diz ela,
vendo em sua frente o cara de seus sonhos, aquele bonitão que ela conheceu na
igreja… e quem diria, não é? Ao ver sua madrinha morrer no seu aniversário de
15 anos, ela foi acolhida justamente pela família daquele “príncipe” (que não é
tão príncipe assim!) com quem tanto sonhou…
Maria do
Bairro <3
Essa parte da Maria chegando na mansão é maravilhosa! Eu amo ♥️ O melhor são os comentários dela: "...Eu vou ficar peladona na rua?", e o "toda ranhenta". Kkkkk 😂😂😂😂 Mas também temos os momentos tristes, como o banho, o pedido de uma roupa preta porque está de luto pela madrinha, entre tantas outras coisas que são ditas com tanta inocência que nos comovem... Quanto ao primeiro encontro dela com o Luís Fernando, definitivamente é inesquecível. Como esquecer aquela cena dela o molhando com a mangueira e ficando abobada com o seu "príncipe". São momentos deliciosos😉😉😉
ResponderExcluir