Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets, 2017)


“Valerian e a Cidade dos Mil Planetas” é um filme baseado em HQs da década de 1960 e 1970, e tem uma vibe deliciosa e um tanto quanto nostálgica, embora seja atual. O filme divide opiniões, e eu devo dizer que adorei, amo o exagero do gênero space opera. O visual do filme é impactante, mas também arrisca, afinal de contas, o deslumbramento pode ser artificial e momentâneo. Colorido, ocasionalmente neón, a sequência inicial dos Pearls no Planeta Mül, por exemplo, parece bastante uma sequência de videogame moderno. No entanto, o filme tem personalidade, aliada a influências de seu original, em HQ (a sensação de estar lendo uma HQ é inegável!), e clássicos dos anos 1980 e 1990, como “O Quinto Elemento”. Não é à toa, devo dizer, que o filme me fez pensar em “O Quinto Elemento”, já que foi escrito, dirigido e produzido por Luc Besson, o diretor do filme em 1997.
O filme tem uma excelente cena introdutória, que se passa no espaço, começando em 1975. A escolha do ano também não foi aleatória, tendo em vista que a história de Valerian em que o filme foi baseado foi originalmente publicada em 1975. Assim, o filme passa por uma sequência de anos no espaço (1975, 2020, 2031, 2150…), mostrando a constituição de Alpha, A Cidade dos Mil Planetas, e é eletrizante, e de uma trilha sonora envolvente. Conhecemos uma série de espécies alienígenas que evocam esse clima clássico de ficção científica de anos atrás – um pouquinho de Doctor Who, também, talvez. E a utopia é mágica… que brilhante sociedade, repleta de possibilidades! Então conhecemos Mül, um planeta paradisíaco em que uma espécie humanoide, os Pearls, vivem em perfeita paz… até o dia do Apocalipse. É bastante triste ver como eles eram alegres, plenos, quase dançantes, e então tudo é brutalmente destruído de uma hora para outra.
Por humanos, naturalmente.
Dane DeHaan interpreta o Major Valerian, um viajante do tempo e do espaço (embora a questão do “tempo” não tenha sido o foco de exploração de “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas”), bastante convencido, mas competente. O conhecemos em uma praia, tentando conquistar a Agente Laureline (interpretada por Cara Delevingne), seu interesse romântico que o rejeita, afinal de contas ele tem uma lista de mulheres que conquistou e, subitamente, perdeu o interesse. Os dois formam uma bela dupla, que trabalha em missões importantes e maravilhosas de se assistir, como aquela recuperação do conversor no “Grande Mercado”, um mercado “virtual” presente em outra dimensão, com uma inteligente jogada de separação entre dimensões que é muito mais intuitiva que didática… eu gosto do efeito dramático que isso dá ao filme, e as sequências de ação são maravilhosas.
Fora os visuais, claro! PERFEITOS!
As coisas começam a ficar mais sérias quando uma parte da Cidade dos Mil Planetas, supostamente, está ameaçada por criaturas chamadas Pearls, e Valerian acaba desaparecendo na perseguição de uma nave – e Laureline faz o POSSÍVEL para ir até ele, embora não receba nem um “obrigado”. Ele diz que faria o mesmo. Para provar o que disse, ele precisa realmente fazer o mesmo logo em seguida, quando Laureline é capturada por uma hilária tribo primitiva (o senso de humor do filme é bem peculiar e, no entanto, eficaz!), e Valerian consegue se infiltrar entre eles com a ajuda de Bubble, interpretada pela Rihanna… depois de uma apresentação LINDÍSSIMA, nós conhecemos a verdadeira forma de Bubble (me lembrou MUITO “O Quinto Elemento”!), e ela ajuda Valerian a salvar Laureline, e é ótimo… assim como todas as sequências de ação que se seguem, culminando em sua morte.
Na qual ela aconselha Valerian a “cuidar de Laureline”.
O final do filme evidencia, na imagem do Comandante, o quanto os humanos podem ser desprezíveis. Eles entram na parte “afetada” da Cidade dos Mil Planetas para descobrir que ela não é, como dizem, radioativa, e descobrem a verdade sobre a destruição de Mül, trinta anos atrás, quando a Princesa enviou sua energia restante pelo universo, escolhendo Valerian como seu “hospedeiro”, e Valerian e Laureline têm a chance de “redimir” a humanidade, permitindo-lhes um recomeço, em um planeta simulado que recria Mül, através da pérola e do conversor e dos conhecimentos que aprimoraram ao chegaram a Alpha. Essa espécie, supostamente “primitiva” e “selvagem” se mostra muito mais “evoluída” que os humanos, capazes de perdoar todo um genocídio, por exemplo, desde que possam seguir em frente, e em paz. É uma mensagem lindíssima do filme, e o final me emocionou…
Além disso, Valerian e Laureline finalmente estão juntos.
E rumo a seu próprio “paraíso”.


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