American Horror Story: Cult 7x02 – Don’t Be Afraid of the Dark
Build bridges instead of walls.
Gostando bastante da abordagem de American Horror Story: Cult. As coisas
mudaram de fato para a série de Ryan Murphy, e eu acho que é um jogo arriscado
de muita crítica social e um suspense apaixonante.
Assim como na estreia, grande parte do “horror” prometido está envolto em
realidade, e Kai, o personagem de Evan Peters, é basicamente a representação
fiel de Donald Trump – “Don’t Be Afraid
of the Dark” trouxe, com maestria, toda a questão criminal da xenofobia, DEFENDIDA
pelo atual presidente dos Estados Unidos! Enquanto isso, Ally, a personagem de
Sarah Paulson, vê as suas fobias aumentarem, e me agrada muito esse eterno
questionamento a respeito do que é real e do que não é… nesse episódio, temos
um avanço no caso clínico de Oz, e um misterioso apagão que toma conta da
cidade, intensificando a pergunta:
O QUE É
REALIDADE?
A primeira cena institui o tema com qualidade. Ally
acorda apavorada porque vê um palhaço narigudo deitado na cama ao seu lado, um palhaço que aparentemente não está lá,
e Oz também se desespera ao ser atacado, primeiro por Twisty, depois pelo menos
palhaço que atormenta a mãe – e na fuga de dois palhaços que querem matá-lo,
ele é “despertado” de seu “terror noturno” pelas mães, para contar-lhes que “os
palhaços querem matá-lo”. É um pouco desesperador, e eu amo a intensificação do
suspense com a questão da realidade ou não. Nenhuma das cenas iniciais pareceram reais, mas isso problematiza o
futuro da temporada, para quando os
ataques poderem ser reais. Quem vai acreditar? E Oz é atormentado por
Winter, que lhe dá um pequeno Twisty de presente, e o faz confessar seus medos
no lance do mindinho.
Que é medonho, por sinal.
Mas o que mais nos perturba é a questão tão real da intolerância contra os
estrangeiros, e saber que não é uma paranoia inventada da mente de Ryan Murphy.
Kai, espancado no episódio passado depois de provocações absurdas, vai parar no
jornal com uma história deturpada que corrobora a atitude de Trump de chamar os
imigrantes de “criminosos e estupradores”. Essa xenofobia explícita é
vergonhosa, e Kai, agora, usa isso como um artifício para fazer campanha… tudo
é revoltante, e é refletido em lugares onde Kai não está presente, no
restaurante de Ivy, por exemplo, contra Pedro. Essas cenas em paralelo
funcionam para mostrar que, infelizmente, Kai não é uma única mente perturbada
com problemas, mas essa é uma opinião
disseminada e, agora, praticamente legalizada. É realmente preocupante
pensar nisso.
Novos personagens surgem nesse episódio,
mudando-se para a casa ao lado onde o assassinato aconteceu no fim da estreia. Os
novos vizinhos, peculiares, são apicultores bastante sinceros. Ele é gay, ela
tem uma doença grave, eles se casaram para honrar uma promessa de que se
casariam um com o outro se ainda estivessem solteiros aos 35 anos. Agora mudaram-se
para a casa ao lado, do assassinato, para aproveitar a vontade dos antigos donos de se desfazer dela. Fãs de Nicole
Kidman (Moulin Rouge!), as opiniões de Ivy e de Ally divergem a seu respeito. Ally
está preocupada, paranoica. Ivy está desencanada, dizendo que eles são
excêntricos, mas parecem bacanas. Ambas ocupam posições opostas e extremas, o que não parece muito sensato. E, pela
primeira vez, nós pensamos que Ivy pode estar escondendo algo.
Acredito que sim.
Uma das tramas do episódio leva Ally, sozinha no
meio da noite, ao restaurante de Ivy onde o alarme disparou. Tudo está escuro,
ela está sozinha, o alarme é desesperador… era
natural que ela fosse ver alguma coisa. Então ela encontra Roger, o
intolerante babaca de mais cedo, pendurado e morto no frigorífico, e isso é
traumatizante. Eu, inicialmente, duvidei que houvesse mesmo um corpo pendurado,
mas com o detetive investigando o caso, isso parece ter sido confirmado, e as
suspeitas recaem imediatamente sobre Pedro, o “imigrante” (que nem é
imigrante!) com quem Roger discutira mais cedo. Ainda tem a dúvida a respeito de como as coisas aconteceram no
frigorífico, se ele estava mesmo vivo ou não, como foi a participação dela.
A memória de Ally não é confiável! Depois disso, Ally se arma com um revólver
do vizinho.
E isso é perigoso demais.
Ally está à beira de um colapso, e visitas como
aquela de Kai à sua porta só intensificam o pânico – naturalmente. É revoltante
a maneira como ele faz campanha de casa em casa, fazendo cena e dizendo
absurdos sobre os imigrantes com informações duvidosas que viu no Facebook, e
como é ameaçador e perigoso, agarrando-se às grades da porta dela, por exemplo.
Não me espanta que Ally estivesse no limite quando mais coisas aconteceram…
porque o episódio termina em um misterioso apagão que causa caos na cidade, e
um sentimento de quase histeria que me recordou, um pouco, The Purge. Não sabemos o quanto é real e o quanto não é, mas
sabemos que o tiro final, previsível, é real. Não sei se Pedro realmente vai
chegar a morrer, mas caso aconteça, acredito
que a situação de Ally só tende a piorar.
Pessoal e judicialmente.
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