Chico Bento Moço, Edição #15 – A Assombração do Laboratório
Outra edição maravilhosa de Chico Bento Moço – eu gosto como, até aqui, o Chico não nos
decepciona! Suas tramas são interessantes, bem amarradas, e tem mensagens
lindas. Eu sou apaixonado pela maneira como Chico acredita em coisas e as
defende até o final… e eu não estou falando apenas em “acreditar em fantasmas”,
mas “acreditar no ser humano”. Chico é uma alma boa, acima de tudo… como bem
disse o Maurício de Sousa no final: “Fique
admirando mais ainda o jeitão humano e companheiro do nosso Chico Moço, que
atravessa dimensões para oferecer gestos de solidariedade”. A edição é
sobre isso, e é surpreendente, trazendo um tema que tem tudo a ver com o Chico
Bento, como a Vó Dita contava as “histórias de assombração”, ambientando isso
tudo na UFA, a Universidade Federal de Agronomia.
Um primor de edição!
Tudo começa quando os alunos estão reunidos no
laboratório, “tarde da noite” (são nove horas!), e Bombeta fica para trás para
terminar seu projeto quando os demais resolvem ir para a cama… como bem
mencionou Vespa (apenas no intuito de assustá-lo), Bombeta é atacado pela
“Assombração do Laboratório”, uma lenda que vem circulando na UFA há gerações,
e é evidentemente real… mas ninguém quer acreditar no Bombeta, ainda que ele
esteja de olhos arregalados, desesperados, e não pensando mais no relatório com
que estava tão preocupado na noite anterior. Apenas o Chico. O Chico sabe que
isso pode sim ser verdade, deve sê-lo, porque ele não tem preconceitos contra
isso… por que não acreditar? É mais ou
menos como a história do Pantanal, não é? Vespa e Fran são os próximos a
ver a assombração.
Vespa é atacado.
Ferrugem e Yo são as mais céticas, e é como o
Chico diz: “Que difícil lidar com pessoas
descrentes!” Porque ele quer entender o que está acontecendo, isso não pode
continuar… esse medo incessante, esses ataques noturnos (ou não) quando os
alunos estão SOZINHOS no laboratório. E Chico vai reunindo informações. Uma
mulher, com o rosto distorcido pelo ódio (é tudo o que podem enxergar nela),
com um longo vestido de festa… misteriosa.
Por que ela estaria usando vestido no laboratório? É Yo quem responde essa,
falando que, antes da reforma, aquele era o Salão de Festas da UFA – então tudo
faz sentido! “Está no livro UFA: Uma História. Nunca leram?”
(Isso foi MUITO Hermione Granger, não foi? ADOREI!) E tem mais! Ferrugem usa o
laboratório sozinha e fica tudo bem… Zé da Rússia, por outro lado, é atacado e
sai correndo, em puro medo.
Então as coisas começam a fazer sentido! O Chico
pede que a diretora do campus interceda, isso não pode continuar, e então vê a
foto de uma turma antiga da UFA, com uma mulher sozinha no meio de homens,
Valentina Rossetoni, uma moça que conseguiu estudar na UFA em uma época em que
as mulheres não podiam estudar, mas
que nunca conseguiu se formar, porque morreu de tuberculose, uma doença que não
tinha cura na época ainda… então o Chico entende tudo, e faz o que precisa ser
feito. As teorias são muitas. A diretora acha que, talvez, isso tudo seja fruto
da imaginação dos alunos, de mentes sucumbindo frente à pressão dos estudos,
das notas de fim de semestre, e isso não
seria fora do real. Os estudos gostam de nos torturar e enlouquecer. Mas
nós preferimos, aqui, optar pela abordagem sobrenatural.
Até porque o Chico lhe dá uma finalização
belíssima.
Ele FALA com Valentina Rossetoni, e DANÇA com ela.
Ele enxerga além de toda a sua raiva
e de toda a desfiguração de seu rosto, e diz que sabe de sua história, sabe que
tudo o que ela queria era se formar e ter um baile de formatura, por isso
atacava os rapazes, sempre isolados, para não criar um pânico geral. Então o
Chico lhe acolhe, e dança com ela. O
baile que ela nunca teve, e então ela está livre para seguir adiante, para
deixar o laboratório da UFA, e foi lindo. Porque as histórias do Chico Bento Moço comumente são assim:
bonitas e introspectivas, nos leva a conclusões e mensagens muito inteligentes.
O Chico SEMPRE tem alguma coisa a nos dizer, e eu acredito que devemos estar de
coração aberto para receber o que é dito, porque sempre vale a pena. A bondade
em seu coração é verdadeira e passa para nós.
Talvez por isso ele fique ainda mais bonito do que é.
Porque é LINDO por dentro também!
“A frustração mudou sua forma espiritual. Todos só
podiam ver sua raiva. Ela só voltou
a ser como era quando resolveu seu assunto inacabado. Bem como a Vó Dita
contava! […] Eram os mesmos olhos! Os olhos cheios de determinação que eu tinha
percebido no fantasma. Às vezes, o medo
faz a gente esquecer as coisas mais simples! Não importa o quanto alguém seja
assustador! Antes de tudo… ainda é um ser humano. Só precisamos nos lembrar de
enxergar isso!”
Que lindo!
Comentários
Postar um comentário