Maria do Bairro – O bebê de Maria
“¡Quiero mi niño! ¡Quiero mi niño!”
Uma das sequências mais fortes de Maria do Bairro estão na fase logo após
o casamento de Maria do Bairro e Luis Fernando, quando ele vê Maria e Vladimir
abraçados e acha que foi traído, e ela fica grávida no mesmo período, quando é
abandonada sozinha com os empregados da casa dos De la Vega por meses, sofrendo
e chorando. Toda a fase de SURTO de Maria é extremamente bem produzida, mas de
partir o coração, em uma interpretação fascinante de Thalía, que, como uma
excelente atriz, coloca toda a emoção e sofrimento em um dos momentos mais
fortes de sua carreira. Embora eu goste DEMAIS da novela e essa sequência seja
uma das mais importantes e mais interessantes, o sofrimento é inegável e
sofremos ao lado de Maria do Bairro, sofremos com o seu sofrimento, com o seu
estado e com tudo o que ela passou.
Maria está grávida. Lupe manda um telegrama para
Luis Fernando avisando-o disso, e pede que ele não guarde rancor, mas Luis
Fernando insiste que o filho é de Vladimir e que não pode assumi-lo, e é
terrível ouvi-lo dizer essas coisas, ele está descontrolado, parcialmente
LOUCO. E Maria, em todo seu sofrimento, também começa a perder o juízo. A maior
parte da família foi para a Espanha, e Luis Fernando foi para o Brasil –
sozinha no México, Maria sofre, chora, ofega, e sua tristeza é palpável. Ela
está triste porque Luis Fernando não liga, nem se importa com o telegrama, e
então ela vai até o Brasil atrás dele, insistindo que esse filho é seu, mas ele
é grosseiro e violento, diz que o bebê é de outro homem e que ele não tem nada
a ver com isso. É apavorante ver a maneira como ele a trata, e como ela sai
CHORANDO, machucada, e não só fisicamente… por isso ela começa a surtar.
Depois dessas cenas torturantes no Brasil, meses
se passam e o bebê já está prestes a nascer. Claro que Maria perderia o
controle, sozinha na casa. Já é estressante ter uma gravidez, acredito, já é
“comum” sofrer de depressão pós-parto, e nessas condições de Maria, sozinha,
abandonada e com o marido insistindo que o filho não é dele, POR MESES sem
falar com ela… ainda bem que Maria tem, ao menos, Lupe (“Ai, Lupe. ¡Cuanto me cuidas!”), mas me parte o coração ouvi-la
falar com o bebê e dizer coisas como “¡Pobrecito!
Su papa no lo quiere”. Lupe tenta confortá-la, diz que ela é forte, e que
ela tem a ela, que nunca a abandonará, e juntas elas podem fazer muito por esse
bebê que está para nascer. É tão triste, mas ao mesmo tempo é tão bonito,
porque Lupe a adora, de verdade! Mas Maria está fraca demais, sofrendo demais,
possivelmente caindo em depressão…
E tudo piora com uma carta.
Maria recebe uma carta de Luis Fernando, e ela
chora, emocionada, feliz, repleta de esperança, achando que tudo vai dar certo,
mas a carta pede o divórcio, e diz que o filho é um bastardo, por isso ele não
quer seguir casado – então ela surta de vez. Com toda a construção culminando
nesse momento, quando Maria sai de casa, sem saber o que fazer, em pura agonia
e sofrimento, repleta de dor. A mão que ela coloca no rosto, a maneira como
treme, os olhos perdidos ao longe, as lágrimas… É UM HORROR! Sua intenção é
desaparecer dali PARA SEMPRE, ela diz, e o seu sofrimento é tão intenso e tão
TRISTE. Grávida, quase parindo, andando e chorando pela rua, e dizendo “No quiero que vengas al mundo”, o que é
extremamente FORTE e sofrido, e ela chega ao hospital nesse estado, com o olhar
parado, respirando com um esforço tremendo… olhar de louca, balbuciando…
“Me quiero morir. Me quiero morir. ¡Me quiero morir!”
Assim, nessas condições, o bebê de Maria nasce, e
ela não tinha CONDIÇÕES NENHUMA de trazer um bebê ao mundo. Ela desmaia
escutando a voz de Luis Fernando dizendo “No
es mi hijo”. Quando acorda, Maria está em um estado deplorável. O cabelo
todo bagunçado, o olhar ainda assustado, vermelhos, tremendo em tiques
característicos, com um modo de falar sem muita coesão… é um PECADO o que
fizeram com a Maria, e tudo culpa do cabeça-dura do Luis Fernando, bronco e
estúpido! E o pior é que ela deixa o hospital COM O BEBÊ naquele estado. Tendo
tiques, chorando enquanto o bebê também chora, ouvindo a voz de Luis Fernando,
e então, no banco da praça, Maria oferece a sua criança para Agripina… e é uma
cena tão comovente e TÃO TRISTE! Ela pergunta se Agripina gosta, e então
pergunta se ela quer ficar com ele…
O estado de Maria é tão triste que sentimos por
ela. Sofremos por ela.
Momentos traumatizantes que MARCARAM Maria do Bairro!
Antes de partir, Maria diz que vai buscar um café
e pede que Agripina segure o menino, e o nomeia Fernando, como o bondoso avô,
ou como o insensível pai. Enquanto Agripina já começa a chamá-lo de
Nandito/Nandinho, Maria sai e é expulsa de uma barraquinha de comida porque não
tem dinheiro, e não volta mais… Nandinho é deixado com Agripina, e nós
partilhamos do sofrimento generalizado dos personagens. Pelo menos Agripina e
Veracruz são boas pessoas, pelo menos Nandinho será bem cuidado e terá amor de
uma família de verdade, mas pobre Maria! Ela não estava em condições e tudo
porque não teve o apoio da família quando precisou dele – é toda uma sequência
tristíssima que nos traz lágrimas aos olhos e sofrimento ao coração! Agripina
chega em casa com o bebê chorando, provavelmente com fome, e começa a pensar
como cuidará dele…
Quando Luis Fernando volta do Brasil para
oficializar o divórcio, ele se desespera com o fato de Maria ter desaparecido
há alguns dias, mas então já é TARDE DEMAIS. Maria está na rua, balbuciando
coisas como “¡No sé donde estoy! ¡No sé!
¡No sé!”, andando no meio da rua destruída, tomando um bebê dos braços de
outra mulher, dizendo que é o SEU bebê – em um surto completo. Ela não tem noção do que está dizendo.
Então ela é levada para um Hospital Psiquiátrico, e essa faceta de surto de
Maria acompanharemos durante um bom período da novela, até, sempre com muito
sofrimento envolvido! São cenas fortes, em que Maria é quase irreconhecível,
com seu cabelo armado, suas lágrimas, seus olhos vermelhos, babando, chorando e
sofrendo… e tudo o que ela consegue dizer é “¡Quiero
mi niño!” Enquanto isso, desesperada, Lupe diz para Luis Fernando que Maria
NUNCA o traiu, e então ele acorda para a vida.
Finalmente.
Mas tudo o que eu queria era que ele SOFRESSE
MUITO também!
Olha tudo o que ele fez para Maria!
Pelo menos Nandinho estava bem cuidado, em uma
família carinhosa, e com uma nova mãe, disposta a amá-lo como seu próprio
filho! Um verdadeiro Anjo da Guarda que acolheu o filho de Maria quando ela não
pôde. Assim, Luis Fernando passa a buscar Maria incessantemente, até
encontrá-la no Hospital Psiquiátrico, de onde ainda não pode levá-la, porque
ela ainda está em tratamento, devido ao fortíssimo choque emocional do qual,
esperançosamente, ela melhorará em breve. “Ella
tuvo um hijo. Nuestro hijo”, ele diz, e o médico diz que esse transtorno
mental todo pode ter ocorrido, em última instância, por causa do filho perdido…
embora seja todo um apanhado de razões que, por fim, culminaram nesse estado
quase vegetativo de Maria, no mais puro e sincero SOFRIMENTO. Sofrimento que
vai durar anos…
Para sempre.
A esperança de Luis Fernando é buscar Maria,
encontrar seu filho, e então os três poderão ficar juntos e felizes, como se
fosse assim tão simples! E Maria ainda se lembra do que vez, e sofre ao gritar “¡Yo lo regalé!”, o que o médico pede
que ela ainda não compartilhe com Luis Fernando. A cena de Luis Fernando e
Maria é de cortar o coração – ele pede perdão, e ela diz que nunca o traiu e
nunca trairia, e ele diz que sabe, que foi um idiota. SIM, FOI, E AGORA É TARDE
DEMAIS! Porque eu diria que Luis Fernando arruinou toda a vida de Maria. Toda.
Mas pelo menos ela não precisa sofrer, agora, por causa disso, porque ele pede
perdão, e diz que tudo vai ficar bem e eles poderão ser felizes juntos
novamente. “Encontraremos nosso filho e
esqueceremos o passado, para que agora possamos ser de fato felizes” Mas
encontrar Nandinho não será fácil, e Agripina agora o ama como um filho e não
quer devolvê-lo…
Ainda que a mãe apareça à sua porta!
Vemos, enquanto isso tudo acontece, outra história
acontecer, e você já sabe o que acontecerá. Temos Veronica, uma mulher jovem e
mãe solteira, sendo obrigada pela mãe a deixar o seu bebê, uma garota, em um
Orfanato. É outra história triste, porque Veronica dá o bebê chorando e sofrendo,
porque a família não a aceita, e as freiras tentam convencê-la a levar a
criança, porque não tem nada melhor do que uma voz de criança lhe chamando de
“mãe”, mas a mãe de Veronica é cruel e não aceita o bebê, dizendo que “¡No puedes estar cerca de esta bastarda,
Veronica!” Com medo de que Maria enlouqueça eventualmente, e que esses
genes passem aos seus futuros filhos, e também como uma tentativa de alegrar
Maria, Luis Fernando vai até o Orfanato para adotar um recém-nascido, enquanto
Maria ainda está internada.
Então é evidente que NÃO VAI DAR CERTO!
Maria volta para casa mais tarde, ainda muito
instável. Ainda tem olhos meio incertos, ainda fala de forma estranha, cheia de
lágrimas, fraca, em uma atuação BRILHANTE e comovente de Thalía! E Luis Fernando
lhe fala de um bebê que a espera no quarto, sem explicar a situação, e o seu
erro foi esse. Porque Maria fica FELICÍSSIMA, perde o controle, retorna à sua
forma mais maluca, e acredita que é o filho dela que retornou, então ela sobe
feliz ao quarto, dizendo “¡Hijito de mi
alma, no te perdí!”, e vê-la dizer isso me doeu bastante. Ela acha que é
mesmo o filho dela que retornou, enquanto Nandinho está na igreja, com
Agripina, sendo batizado… Maria, sobre o berço, diz que jamais esquecerá o
rosto de seu bebê, toda emocionada e feliz, quase incrédula que ele tenha
retornado, e então pega a garota no colo.
E
surta novamente.
“¡ESE BEBÉ NO ES MI HIJO! ¡ESE BEBÉ
NO ES MI HIJO!”
Os gritos de Maria são pungentes e perigosos. Ela grita “¡Yo no quiero! ¡Yo no quiero! ¡Yo no quiero! ¡No es mi hijo! ¡Yo no quiero!”, e por um momento
achamos que ela vai derrubar o bebê no chão, e é assustador, mas Lupe e Luis
Fernando a salvam, enquanto acodem Maria. Eu entendo, um pouco, o Luis
Fernando, porque ele estava tentando ajudar, mas fazer isso às escondidas FOI
ERRADO, e a fez sofrer ainda mais! Cena repleta de agonia e de tristeza. Maria
diz que eles podem ficar com o bebê, mas que ela quer o seu filho também… afinal, não se substitui um filho! Assim,
ela começa a buscar o bebê pela cidade INTEIRA, diariamente, incansavelmente,
enquanto Penelope envenena Luis Fernando, dizendo que assim ele vai ter que
interná-la de novo, e dizendo que ela não se importa com a filha, com Tita…
Mas Maria tem uma missão e é determinada, como
SEMPRE FOI!
Ela quer encontrar seu filho…
O Luís Fernando é louco, é? Gente, que sem noção! Que ideia mais absurda adotar uma criança no estado em que Maria estava, querendo reencontrar seu verdadeiro filho. Eu estou ofegante! Esse texto é muito forte. Eu não me lembro de tanto sofrimento nesse momento da novela. Tudo é muito intenso, profundo e agoniante... Se é palpável o sofrimento de Maria lendo esse texto, imagina assistindo à novela... Praticamente todos nós enlouquecemos juntamente com ela. É um horror indescritível essa parte da trama.
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