Titanic (1997)
“I’m the King of the World!”
Vinte anos da estreia de Titanic, e ele continua sendo um dos filmes mais bonitos, tristes e
bem produzidos que eu já vi na vida. A história de amor protagonizada por
Leonardo DiCaprio e Kate Winslet é uma das mais belas histórias românticas que
eu já vi, mas Titanic consegue,
ainda, não ser só sobre isso. Sendo a história de um trágico naufrágio em 1912,
o filme é tristíssimo e, em última instância, emocionante… além de conter
algumas críticas interessantes que nos levam a pensar. Uma avalanche de
pensamentos e emoções acompanha Titanic,
e foi com essa emoção imensa que eu pude vê-lo no cinema na semana passada, com
o “Festival 20 Anos” da Cinemark, e eu saí do cinema de olhos inchados, profundamente
tocado pela produção. Não é à toa que, até hoje, ele é um dos filmes mais
AMADOS da história do cinema.
Porque ele
merece!
O filme começa em 1996, 84 anos depois do
naufrágio do Titanic, quando um grupo de exploradores encontra um cofre, dentro
do qual está o desenho que Jack fizera de Rose, no dia anterior ao naufrágio. E
isso começa a nos conduzir por toda essa belíssima história que o filme quer
nos contar, com toda a sua intensidade contida em momentos fugazes e, às vezes,
rápidos. É uma sequência de eventos, uma coisa levando a outra, e tudo começa
quando Rose embarca no Titanic, meio contra sua vontade, e Jack consegue
passagens para ele e para o seu amigo, para a América, em um jogo de pôquer. A
primeira coisa que me chama a atenção é a dicotomia entre as classes, primeira
e terceira, e a injustiça desse mundo capitalista – mas nos revolta mesmo ver a
situação em que os trabalhadores são confinados na parte mais baixa do navio, em um calor infernal, jogando lenha nos
fornos.
Essa é toda a introdução de uma importante crítica
social que compõe Titanic!
Mas, ainda assim, Jack se sente O REI DO MUNDO.
A famosa história de amor entre os protagonistas
começa quando Jack impede Rose de se jogar no mar, devido à sua vida infeliz. Ele é adorável. Impetuoso, jovem e
altivo, Jack é capaz de convencê-la com um belo discurso de “Se você pular, eu tenho que pular”, e
então os dois se conectam, quase que instantaneamente. Porque ele era tudo o
que ela precisava. Ele era alguém diferente daquele mundo fechado no qual ela
estava confinada, alguém que podia
diverti-la, fazê-la feliz. A beleza da história deles está contida em
pequenas cenas como quando ele a ensina a cuspir, por exemplo, mas também de
cenas grandiosas, como a “festa de verdade” a qual ele a leva. Porque ele tem
um jantar elegante sem papas na língua que muito me fascina, mas as cenas dela dançando, bebendo e se
divertindo, nos andares inferiores do navio são impagáveis.
Aqueles são momentos preciosos.
Leonardo DiCaprio e Kate Winslet estão perfeitamente
entregues a seus personagens, e a emoção é palpável. Assistindo no cinema, e
completamente apaixonado por Jack, eu só podia pensar: que bom que o Leonard finalmente ganhou um Oscar. Seu personagem é
jovial e envolvente, ele nos faz sorrir assim como faz com Rose. E ela é uma
garota que está descobrindo um novo mundo agora, em poucos dias, nos últimos dias do Titanic. Jack a
salvou de todas as formas possíveis, como ela diz 84 anos depois. Não foi apenas tirando-a da ponta do navio,
quando ela pensa em pular ou quando ela escorrega por causa do vestido, mas inúmeras vezes depois. De uma vida
infeliz com Cal, ou, em última instância, em cima daquela porta. Titanic é emocionante e triste nesse
sentido… nos faz pensar nas pessoas que amamos e na dor da possibilidade de perdê-las.
Por isso tudo, mesmo quando ela é “proibida” de
vê-lo novamente, ela vai até ele, para aquela clássica e emocionante cena em
que ele pede que ela feche os olhos, confie nele e suba na amurada… porque ali, ao som instrumental de “My Heart
Will Go On”, ela sente que está voando. E A CENA ARREPIA! Dali em diante,
eles compartilham os seus momentos mais intensos.
Ela pede que ele a pinte como “aquelas garotas francesas”, com o Coração do
Oceano, e mais nada, e a tensão dele
ao pintá-la é palpável e apaixonante. Depois eles correm, fugindo de quem quer
que seja, por todo o navio, chegando a lugares onde nem estão autorizados a
entrar, como os fornos lá embaixo, mas
ela está mais feliz do que nunca. O seu vestido claro balançando enquanto
ela corre é a expressão gráfica de sua leveza e sua liberdade. E é lá embaixo,
no compartimento de bagagens do navio, que Jack e Rose compartilham a sua única
noite de amor, em um carro.
Mas ainda
não é uma cena tão erótica quanto quando Jack a pinta nua.
Quando eles retornam para a parte de cima do
navio, o desespero está prestes a tomar conta do filme, e então teremos os
momentos mais emocionantes e, também, os mais revoltantes. Os momentos que nos levarão às lágrimas e que nos farão questionar a
índole do ser humano. Porque o iceberg se aproxima, e é tarde demais para
que eles possam, de fato, escapar dele… e embora os mais leigos acreditem que,
passado o impacto, eles estão “salvos”, quem
realmente entende sabe que não há mais nada que fazer: o naufrágio começou.
E como se não bastasse, Rose não pode estar esses últimos momentos com Jack
porque ele foi acusado injustamente de um roubo pelo noivo de Rose, um imbecil.
Quando Rose está prestes a entrar em um barco e salvar-se, ou ter a chance de
se salvar, ao menos, ela percebe que “já sabia que ele não roubou nada”, e
volta por Jack.
ISSO É AMOR.
Toda a sequência é desesperadora e corajosa. Ela
precisa encontrá-lo, e então precisa soltá-lo das algemas que o confinam em um
lugar prestes a afundar, mas ninguém mais está disposto a ajudá-los. O navio
está afundando, cada vez mais depressa, e o pânico começa a tomar conta de
tudo… e nós podemos ter visto o filme milhões de vezes, ainda ficamos
apreensivos quando Rose não consegue salvar Jack… até que o consiga. Novamente, ela tem a chance de se salvar. Cal
tenta, mas é Jack quem consegue convencê-la a entrar em um bote salva-vidas,
sabendo que ele ficará para trás para morrer. E aqueles segundos em que ela
está descendo, e os olhares dos dois estão fixados um no outro, o nosso coração
parece em suspenso, até que ela pule de volta para dentro do Titanic, de volta
a Jack… “Se você pular, eu pulo”.
Me desmanchei em lágrimas.
E foi só a
primeira vez que isso aconteceu… enquanto Jack e Rose escapam tanto do
naufrágio quanto de Cal, que quer matá-los, a água começa a tomar conta de
tudo, cenários inteiros são destruídos enquanto os personagens correm, e a
produção precisa ser elogiada. Que sequência convincente e angustiante! A
tristeza e o desespero são a marca de Titanic,
e muito me angustia assistir a essa parte do filme, quando o naufrágio é certo
e as pessoas começam a morrer aos montes, a maioria delas por pura ganância e
intolerância de alguns. É interessante (e desesperador) notar do que o ser
humano é capaz, quando o pessoal da terceira classe fica trancado atrás de um
portão, por exemplo, como animais, como se eles merecessem menos viver do que
as pessoas da primeira classe, que estão entrando em botes salva-vidas lá em
cima.
Às vezes 12 em um barco que pode comportar 70.
É revoltante.
As mortes são tristíssimas. Aquele que desenhou o
Titanic e o capitão ficam para trás, aguardando a morte, e foi desesperador
vê-los morrer. Mas eu fui verdadeiramente levado às lágrimas pelas pessoas
morrendo em seus quartos, ou em lugares do navio que realmente lhes agrada.
Temos pessoas que escolheram suas melhores roupas para morrer, enquanto esperam
um último conhaque. Mães contam histórias para seus filhos, deitados na cama, e
isso me partiu o coração. Assim como aquele casal de velhinhos, deitados
juntos, abraçados, enquanto a água começa a tomar conta de seu quarto. Por fim,
os músicos, que sabendo que vão morrer de todo modo, seguem tocando até o
último instante. O naufrágio toma uma parte significativa do filme, como
deveria mesmo ser, e esse naufrágio é representado de forma competente.
Toda a sequência precisava ser detalhada e
estendida ao máximo, para que pudéssemos, junto com os personagens, sentir a
sua angústia, a sua dor e o seu desespero. Não era apenas a história de Jack e
Rose, mas a história de todas aquelas pessoas que não sobreviveram. Só assim
podemos entender a gravidade da situação, a perca de toda e qualquer esperança,
e a maneira como vemos a morte chegar e as diferentes maneiras de lidar com
isso. Penso em todo o desespero da impossibilidade de fuga, e o pânico tomando
conta das pessoas é representado em uma série de formas, com tiros sendo
disparados, por exemplo, pessoas que se matam, despedidas dolorosas… enquanto
algumas poucas pessoas podem ser salvas de forma mesquinha e desumana. Talvez eu nunca tivesse reparado no quanto o
Titanic é grande.
E não apenas
o navio. Embora o navio seja de cair o queixo. LINDO DEMAIS.
Vale mencionar,
também, a belíssima e intensa trilha sonora, que nos eleva.
Quando o resto do navio vai para o fundo do
oceano, definitivamente, Jack e Rose tentam manter-se à superfície da água
congelando, e procuram algo em que possam confiar. E quando eles encontram uma
porta e os dois tentam subir, Jack percebe que ele não poderá subir com Rose,
ou os dois afundarão – assim, ele deixa que ela suba, salvando a sua vida mais
uma vez, dando sua vida por ela, porque sabe que ele não sobreviverá… a
despedida é arrebatadora e triste, mas ele a faz prometer que ela vai
sobreviver por ele, que ela vai ser feliz, e ainda diz que ela morrerá quando
estiver bem velhinha, aquecida em sua cama, não
ali. Assim, quando UM único barco volta em busca de sobreviventes, Rose chama
Jack e percebe que ele está morto, e é terrível vê-la soltar Jack para o fundo
do mar, enquanto sinaliza em busca de ajuda, dizendo que nunca vai se esquecer.
Ela se salva.
E se se salva como Rose Dawson. O sobrenome dele.
Como eu disse, o filme pode ser revoltante, por
nos mostrar esse egoísmo humano tão real. É triste quando a Rose de 101 anos
fala sobre os barcos que não voltaram. Havia 20 barcos e 1500 pessoas no mar.
Apenas 1 barco voltou, e dessas 1500 pessoas, apenas 6 puderem ser salvas… os números
são alarmantes! O final do filme, belíssimo, nos mostra Rose jogando fora o
Coração do Oceano e deitando-se, aquecida, como o Jack disse, em sua cama,
enquanto vemos as fotos de sua vida… ela
fez as coisas que Jack disse que queria que ela fizesse, como cavalgar. E
agora, assim como ele disse que aconteceria, ela morre, velhinha e aquecida, e então as lágrimas brotaram todas de novo.
Quando vemos o Titanic em toda a sua majestade novamente, recebendo Rose de
braços abertos, conduzindo-a até o topo da escada onde, em suas roupas
tradicionais, Jack a espera.
Para uma
última, eterna e feliz dança.
O Titanic, o cenário de eventos tão trágicos, mas
o local onde Rose conheceu a felicidade.
Titanic é
grandioso, impactante, nos toca profundamente. QUE FILMAÇO!
P.S.: Escrevi um texto razoavelmente longo, mas ainda não consegui
expressar tudo o que senti. Com 3h15min de filme, acredito que ele deve ser
visto e sentido, mais que completamente comentado. Queria expressar a
grandiosidade do filme quanto produção cinematográfica, durante todo o
naufrágio, por exemplo, quando o Titanic se parte em dois, ou os incríveis
cenários, grandes e belos. Ou a profunda emoção que acompanha a história de
amor. O filme é acompanhado de risadas, desespero e muitas lágrimas. Isso prevalece,
isso persiste. A emoção que o filme transmite, a marca que deixa em quem o
assiste. É lindo demais, e faz bem assisti-lo. É, definitivamente, um dos
melhores e mais tocantes filmes que já vi. E isso nunca foi tão claro quanto
agora, assistindo-o novamente.
Definitivamente agora depois de vinte anos, pude realmente compreender a essência deste filme tão emocionante, eu choro só de lembrar das cenas. My heart will go on a música tema dessa incrível produção não sai da minha cabeça. Parabéns pelo texto emocionante e comovente, eu recomendo assistam esse filme e se tornem mais humanos.
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