Turma da Mônica Jovem (1ª Fase, Edição Nº 15) – Monstros do ID, Parte 1


“Se você não é assim, então como você é?”
Ah, essa é, até hoje, uma das MELHORES EDIÇÕES da Turma da Mônica Jovem! Eternamente uma de minhas favoritas… a edição já começa INOVANDO, por isso é um marco tão grande na história da revista. Além da capa legal e do nome ótimo para a saga, nós abrimos e já vemos a diferença: CORES. Mas não são apenas “cores”, não é uma edição “colorida” como as imagens de capa, ou como o especial de 1 ano da revista (“O Segredo do Acampamento”). Não, aqui temos duas cores, o vermelho e o azul, dando um toque todo especial à edição. E É ELETRIZANTE! Eu gosto de coisas diferentes, de inovações, sempre bem-vindas. Essa é uma inovação clássica e marcante de “Monstros do ID”. O azul indica os Soranins, enquanto o vermelho indica os Akanins. AMO as diferenças entre criaturas vermelhas e criaturas azuis, ou como os balões as representam em suas cores únicas.
O próprio formato delas é bastante diferente.
Akanin explorado na Parte 1, Soranin fica para a próxima edição.
Penso que a ideia da edição é SURPREENDENTE. Criativa e real… esse prelúdio é genial. Traz os “monstros do ID”, criaturas escondidas dentro de nós mesmos, esperando para emergir, emergindo sem ser chamadas, às vezes, sempre presentes… sempre “escondidas” em um lugar no qual não gostamos de pensar, muito menos falar sobre… a fonte de todo o mal do mundo. O nosso ser mais profundo. Vemos o primeiro monstro em ação através de postagens (em AZUL) do Cebola em uma nova comunidade da Mônica no “Yogurt”, fazendo alguns comentários maldosos (dos quais eu ri, mesmo que eu saiba, no fundo do meu ser, que não devia estar rindo), e a Mônica fica furioso. A Magá tenta acalmá-la, diz que ela não pode levar isso tudo tão a sério, e que pode nem ser o Cebola, afinal de contas. E Mônica concorda com ela.
“Ainda tenho impulsos de bater em quem me incomoda! Que criancice, né?”
Gosto de como a edição foi criada. Parte da definição de Freud a respeito de traços que formam a nossa personalidade. Id é um deles, fala sobre energia psíquica inconsciente, que trabalha nessa ideia de “impulsos” como a Mônica disse – ao lado do ego e do superego, formando NÓS. De certa maneira, a história da Turma da Mônica Jovem trouxe o “id” na forma de MONSTROS, que são nossos impulsos e desejos personificados… e quando atacam, são perigosos. No dia seguinte, vemos o Cebolinha nos corredores da escola, segurança uma “placa da vergonha”, dizendo que “paga um pau para a Mônica”, o que é bem bizarro e um tanto quanto humilhante, mas enquanto toda a escola julga a Mônica, achando que ela pode ter ido longe demais dessa vez, nós ficamos confundidos com o fato de a Mônica dizer que NÃO TINHA MANDADO ELE FAZER ISSO.
E queremos acreditar nela.
Mônica sai furiosa, correndo atrás do Cebola, mas quando o encontra, ela não é ela mesma. A diferença no desenho é um máximo. São exatamente os mesmos traços, mas essa Mônica é vermelha, como os Akanins. Sua roupa, seus cabelos, as sombras do rosto… vermelhas. Os balões ou as letras também! É mais o “monstro” do que a Mônica, mas e se o monstro FOR a Mônica. É nessa confusão dicotômica que o roteiro da edição trabalha tão bem. Apaixonante, eu diria, envolvente. É uma cena cruel, a da Mônica Vermelha agindo, mandando mensagem para todos os contatos dele, sobre como ele é brega, como ele fugiu depois do primeiro beijo, e por isso ela jamais poderia se apaixonar por ele. O Cebola está humilhado, destruído, e nós podemos sentir todo o seu sofrimento. A Mônica acabou com ele, totalmente…
Ele preferia quando “só apanhava”.
A edição vai sempre se desenvolvendo muito bem, das melhores maneiras possíveis. No dia seguinte, Mônica diz que não se lembra de nada daquilo, mas todas a julgam mal. A cena com o Cebola, em seguida, é forte e triste – ele IMPLORA para que ela bata nele, porque doía muito menos quando ela batia nele do que agora… as lágrimas dele foram dolorosas! E Mônica sai triste, chorando, porque viu a dor e o sofrimento nos olhos do Cebola e soube que ele estava dizendo a verdade. E pior: estava sofrendo por causa dela. Então, enquanto a Mônica está sozinha, chorando, ela recebe a visita da Mônica Vermelha, uma outra versão dela mesma, que não deixa de ser ela, até certo ponto… e começamos as melhores cenas da edição, com diálogos fortes e informações colocadas de forma muito inteligente. Por exemplo, a Mônica Vermelha diz:

“Quem disse que não posso ser a Mônica? Você acha mesmo que a Mônica é uma só? Essa é boa! Fica por aí discursando que cresceu, que mudou, contando vantagem, que deixou os defeitos para trás, repetindo que agora é uma pessoa diferente… melhor… só que você não mudou nada! Ninguém nunca muda! Você só aprendeu a esconder o lado de que não gosta! O lado que você teme! Que você se envergonha de ter!”

Wow. Isso é genial… chega a arrepiar!
E tão VERDADEIRO!
É o Professor Licurgo quem explica “o que é” a Mônica Vermelha:

“Não é ela, Mônica! Nem ele! É aquilo! Como chamou nosso bom Sigmund Freud… das es. É a expressão alemã para ‘o isto’. Ou apenas ID!”

A edição é complexa, e traz uma discussão e tanto, através dos conceitos de Sigmund Freud, transformados em “história em quadrinhos” – quem disse que o gênero não é sério? Eu não, nunca. O Professor Licurgo, o Louco, ajuda Mônica a ver a verdadeira forma do Akanin, e Mônica, totalmente perturbada e confusa, insiste que não é assim, que não pode ser assim. Mas com todo esse transtorno, Mônica fica presa na Terra dos Monstros ID, e Nimbus sente a perturbação e chama Ângelo para que eles possam ajudar a amiga… na verdade, ela não está lá fisicamente, mas o fato de estar lá significa que ela foi confrontada com seu monstro interior. Segundo o Ângelo, já é um problema sério quando os monstros aprontam de dentro das pessoas, e se agora estão aparecendo mesmo nesse mundo… eles ainda vão precisar de mais ajuda.

“Você não é ruim, Mônica! Não mais que qualquer pessoa normal. Conhecer nosso monstro interno nunca é fácil. Ver nosso lado mau… as coisas vergonhosas que fazemos… é fácil ignorar esse lado. Esquecer que ele está ali. Mas há momentos difíceis, em que somos forçados a encará-lo”

Um perfeito TAPA NA CARA. De qualquer um!
Então caminhamos para o clímax da edição, quando Mônica liga para Cebola para avisar que “um monstro está indo atacá-lo”, e o Akanin de Mônica aparece como um vilão de Power Rangers depois de ser “gigantificado” por Rita Repulsa… e o Professor Licurgo lança a dúvida que prenderá o leitor para as próximas edições: não é normal que um monstro adquira forma física, muito menos que tenha 20 andares de altura! Então, existe alguma coisa ou alguém por trás desse ataque! De todo modo, esse é um monstro da Mônica, e apenas ela pode detê-lo: “Segura as pontas, pessoal! Tô chegando! E tô armada com um card! Uaau! (Pão-duro! O outro roteirista me deu um robô gigante…)” Mônica ataca, e acaba DENTRO do Monstro do ID, prisioneira de sua outra versão, aquela vermelha e cruel, para um momento reflexivo de Mônica versus ID.

“Lógico que Licurgo falou qualquer bobagem sobre eu ser o ‘lado mau’… mas a coisa é mais complicada que isso, sabe? Dentucinha e sabichona… teimosa e mandona… essas coisas não são exatamente virtudes! Mas são essas coisas que definem você, não? Se você não é assim, então como você é?”

Outro tapa na cara.
As coisas são muito mais complicadas do que encarar o Akanin como “um lado mau da Mônica”. Afinal de contas, perceba como, quando a Mônica Vermelha está dizendo isso, os seus balões deixam de ser vermelhos… são balões iguais aos da Mônica “original”. Porque TUDO É ELA. O discurso da Mônica sobre como ela é só parte dela, e não a mais forte, foi lindo, porque ela tem amigos, amigos de verdade, e se aquela fosse a parte mais forte dela, eles não a amariam! Me EMOCIONOU! Então ela vence. Fala de crescer. Controlar o monstro. De ele ser pequeno, muito menor que ela, embora se faça de grande e poderoso… por ora, Mônica consegue prender o seu monstro, pequenino, dentro do card que Louco lhe deu. E tudo parece bem… ela pode sair, beijar o Cebola, que fica todo nervosinho e corado, mas não sai correndo dessa vez.
E perceba que ele nem troca os “R” por “L” também!
Mas, como o Professor Licurgo alertou: isso ainda não acabou. Foi apenas o começo. Alguma coisa a mais está acontecendo, alguma coisa que eles ainda não entendem. Mas alguém está por trás desses ataques e do fato de um Monstro do ID ter tomado forma física e atacado o “mundo real”. Ainda temos, por exemplo, o caso dos comentários postados por “Cebola” no começo da edição… eles não acham que tenha sido a Mônica Falsa que fez isso… e não foi mesmo, porque não eram comentários de um Akanin, mas sim de um Soranin. Então nós vemos o Monstro do Cebola, pela primeira vez, um Soranin. Interessante notar a imensa DIFERENÇA do Soranin para os Akanins. Akanins eram monstruosos e feios. O Soranin é elegante, bonito. Provavelmente muito mais poderoso do que o Akanin. O clima é de tensão, mas fica para a próxima edição!

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