Criando o Mundo de Harry Potter, Parte 7: HISTÓRIA
Uma conversa
entre escritora e roteirista!
Em 47 minutos, a sétima parte do documentário “Criando o Mundo de Harry Potter” traz
uma conversa entre J.K. Rowling e Steve Kloves, de 6 de Julho de 2011 e é,
provavelmente, a parte mais diferente
do Documentário até aqui. Por ser uma conversa franca e nostálgica, acredito
que o tom é muito mais íntimo, e nos leva para dentro de todo esse processo de
escrita e criação da história, enquanto nos faz questionar, realmente, algumas
coisas que vimos ao longo dos 7 livros e dos 8 filmes. Como a cena de Harry e Hermione sozinhos, dançando, em Relíquias da
Morte. O Documentário, como de costume, é acompanhado por uma série de
cenas de todos os filmes e, assim, fica perfeitamente emocionante… sendo um
escritor eu mesmo, embora ainda não publicado, eu gostei particularmente de ver
Rowling falando sobre o seu processo de escrita, os personagens.
Quisera eu ter a sua capacidade de escrita, mas me
reconheci em alguns momentos!
Durante o passar de dez anos, o roteirista
Steve Kloves trabalhou incansavelmente com a autora J. K. Rowling para
converter seus livros mágicos em filmes. Desde o começo, Kloves teve que
decidir o que manter, o que modificar e o que cortar enquanto permanecia fiel à
visão de Rowling, inicialmente sequer se saber como a série terminaria! Conheça
a história por trás das histórias e veja como os dois colaboraram e
desenvolveram uma amizade baseada na confiança mútua e no respeito, à medida
que eles se reúnem para uma conversa íntima. Tenha uma nova visão sobre a
concepção que a própria J. K. Rowling teve sobre seus amados personagens, e
entenda como Kloves foi hábil para adaptá-los de maneira fiel para a telona, ao
mesmo tempo em que mantinha um bom equilíbrio entre o coração, o humor e o
heroísmo que caracterizam a série.
J. K. Rowling já começa dizendo que sempre soube que eles não poderiam fazer
os filmes cena por cena como estava no livro, ou então os filmes teriam 12
horas, mas o mais importante era a
emoção, ou manter-se fiel aos personagens. Isso me interessou. Acho que
alguns erros foram cometidos ao longo de Harry
Potter, mas continua sendo uma ótima e competente adaptação dos livros, e
às vezes os fãs são brutos demais ao avaliá-las… algumas mudanças PRECISAVAM ser feitas. E essa visão de Rowling de
que o que ela mais queria era que eles nunca perdessem a essência, que os
personagens se mantivessem fieis e que, pelo menos no cerne da trama, eles
caminhassem lado a lado, é uma visão madura e realista. Rowling e Steve Kloves
se conheceram em 1999, e ela estava apavorada e com medo, mas ele foi
cuidadoso.
A relação deles começou com uma discussão sobre “o
personagem favorito”. Ele já disse, de cara, que Harry não era seu personagem
favorito, e isso não era um problema,
mas ela temeu que ele dissesse Ron. Inicialmente é um choque, mas a explicação
de Rowling é plausível: Ron Weasley é um personagem adorável, é fácil amá-lo, todos o amam. Mas o
personagem favorito de Steve Kloves era Hermione Granger, embora eu não ache
isso incrivelmente surpreendente. Hermione
também é uma personagem apaixonante. Então a produção dos roteiros se
iniciou, com Rowling sempre presente. Sempre respeitosa, segundo ele, mas
sempre presente, não sentou e deixou que eles fizessem o que quisessem. Ela estava
ali para orientar, para se envolver… e isso é muito bacana e protetor do lado
dela, e permite uma segurança maior a quem está adaptando!
O personagem mais difícil para Steve Kloves foi o
próprio Harry, e quando Rowling fala do “arquétipo do herói”, eu penso em meu
próprio protagonista, supostamente protagonista, mas tornada secundário por uma
personagem mais importante que ele, e quem
eu gosto mais de escrever. Me interessou esses trechos próprios da ESCRITA
na conversa desses dois mestres: como era mais fácil para ela, por exemplo,
escrever o Harry, que podia ter longos solilóquios internos, de quem ela podia
mostrar os pensamentos… era mais difícil
para Steve Kloves, colocar isso visualmente. O Documentário arriscadamente
até comenta a teoria sobre o Harry ter enlouquecido no armário sob a escada e
ter tudo imaginado em sua mente como uma espécie de fuga, algo que realmente ocorreu a Rowling mais de uma
vez, mas que deixaria muitos leitores enfurecidos.
A conversa é bastante sincera e produtiva, e flui.
Eles falam de e-mails, da maneira como Rowling conhece seu mundo, da passagem
riscada sobre Dumbledore em Enigma do
Príncipe, embora eu não ache que Steve Kloves tenha entendido o personagem
errado, pela maneira como ele comentou na entrevista, e quando a J. K. diz que
sempre soube que Dumbledore morreria, mas nem por isso deixou de ser terrível matá-lo,
eu também penso em um livro que escrevi muito tempo atrás. Em que eu chorei
escrevendo a morte de uma personagem que eu não queria que morresse, mas a
história me conduziu àquilo… atualmente trabalho na reescrita desse mesmo
trabalho. Ao fim da trilogia, uma personagem será morta, e eu novamente
sofrerei por isso. mas se era importante na época, ainda o é mais agora, já que
sua morte será o pontapé inicial para toda uma nova parte da trama.
Mas enfim, não estou aqui para falar de mim.
Segundo Rowling e Kloves, a preocupação primária
deve ser com os personagens. O motivo porque alguém gosta de uma história, em
primeira instância, é pelos personagens… e eu me lembro de comentários sobre Lost, em que o sucesso é atribuído,
principalmente, pelo fato das pessoas gostarem dos personagens. Atualmente, muita gente fala contra Lost pelo final controverso, mas eu continuo defendendo-a
como uma de minhas séries favoritas. Não é porque o fim não é o que você
esperava que ele não pode ser bom à sua maneira. Lost é MARAVILHOSO! Mas me desviei novamente… sobre os personagens.
Os cortes reais começaram em Cálice de
Fogo e Ordem da Fênix, e eu
confesso que foi um pouco chocante ouvir Rowling dizer que ela SABIA que muita
coisa nesses dois livros eram descartáveis. Não nos outros, mas nesses dois
sim.
Wow.
No entanto, a sua explicação para o tamanho dos
livros e como tudo aumentou é BRILHANTE. Ela diz que, ao fim de O Prisioneiro de Azkaban, ela tinha um
garoto de 13 anos que, dentro de 4 anos, enfrentaria o maior bruxo das trevas
de todos os tempos, e ele estava preso em uma escola. Ele precisava conhecer
pessoas, visitar lugares, amadurecer… ela
o estava treinando. E essa é a base de Cálice
de Fogo e Ordem da Fênix, em que
ela, além de trazer novas escolas para os terrenos de Hogwarts, por exemplo,
pode levar o personagem à Copa Mundial de Quadribol, ao Ministério da Magia e
assim por diante… fez tanto sentido! E era mais fácil fazer isso no filme,
visualmente, do que na escrita, por isso, também, os cortes foram, de certo
modo, compreensíveis. E todos amavam muito o material, e o tratavam com
respeito.
Outra parte que me chamou a atenção da conversa de
Rowling e Kloves é sobre como “aquele mundo é cruel”, quando eles falam do
Dragão preso em Gringotts, que é citado como rumor em Pedra Filosofal, e visto e liberto em Relíquias da Morte. O mundo bruxo é tão cruel quanto o nosso, um
reflexo. Assim como eles podem resolver coisas que não podemos, eles podem,
também, criar novos problemas que nós não temos. “A natureza humana é a
natureza humana, independente de você usar uma varinha ou não”. Isso é tão
TRISTE, mas muito real… uma fala e uma análise forte. A conversa termina com ótimas
sacadas – sobre como você é cada um de seus personagens, o que é uma noção
interessante, ou também com ele perguntando como ela se sente ao ver os filmes…
ela confia neles, mas fica apreensiva, também por voltar os olhos a seu próprio
trabalho. Animada, mas apreensiva.
Mas os dois últimos a deixaram extasiada.
Mais que nunca.
Para finalizar a sétima parte do Documentário “Criando o Mundo de Harry Potter”, já
nos créditos finais, temos uma coisa diferente de todos os outros 46 minutos, e
que me lembrou um pouco a segunda parte do documentário: atores lendo trechos de seus personagens. Eu sempre acho isso
EMOCIONANTE, nunca falha em me arrepiar. Enquanto vemos a cena como foi feita
no filme, Dan Radcliffe lê a passagem em que Harry Potter recebe um monte de
cartas de Hogwarts, que saem voando da chaminé naquele domingo. Rupert Grint lê
a passagem do Ford Anglia em Câmara
Secreta, quando eles começam a sobrevoar Londres para voar até a escola. E,
por fim, Emma Watson lê a passagem de Prisioneiro
de Azkaban em que Hermione gira o vira-tempo para que eles possam voltar e
salvar a vida de Bicuço e de Sirius Black.
É emocionante!
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