Star Trek: Discovery 1x03 – Context is for Kings
“You helped start a war. Don't you wanna help me end
it?”
AH, QUE DELÍCIA DE EPISÓDIO! Eu não sabia o que
esperar depois da estreia dupla de Star
Trek: Discovery. Estava mesmo me perguntando como Michael Burnham voltaria
para a Frota Estelar e todo esse tipo de coisa, e o roteiro bem escrito ao lado
de ótimos efeitos especiais e umas referências bacanas (Spock!), garantiram um
excelente episódio. Em “Context is for
Kings”, chegamos de fato à USS Discovery. Seis meses depois de ser a
responsável pela morte de 8.186 pessoas e ser condenada a prisão perpétua por
motim, Michael Burnham está em uma nave sendo transferida, quando um acidente
impede o voo. Assim, Burnham e os outros prisioneiros são resgatados pela USS Discovery que, vamos dizer: É LINDA DEMAIS!
Assim, Michael Burnham é levada para dentro de uma nave da Frota Estelar
novamente, e desprezada por todos.
Gostei da construção do episódio, e de como nos
mostraram as opiniões referentes a Michael. Ela é lembrada por ser uma
“amotinada”, e todos parecem desprezá-la totalmente. No entanto, isso é o que
menos nos importa, talvez – enquanto Burnham anda pelas instalações da
novíssima nave da Frota, nos perguntamos o
que ela representa. É uma nave nova, supostamente científica ou militar, e algumas pessoas usam distintivos pretos.
Pesquisas outrora públicas agora são mantidas de forma confidencial, e ainda há
um “pó brilhoso” que pode ser visto em vários lugares… intrigada e intrometida,
Michael vai investigar isso tudo. Mas não só porque é “intrometida”, porque ela
foi colocada nessa posição pelo Capitão Gabriel Lorca (interpretado por Jason
Isaacs!), um personagem misterioso que gosta de ficar na escuridão, e que a
coloca para trabalhar.
Michael Burnham foi treinada em Vulcano e sabe
muito de física quântica, e o Capitão Lorca diz querer “toda ajuda possível” em
sua missão, seja ela qual for. E
quando Michael prefere servir o seu tempo sem se envolver, ele não lhe dá
opção. Assim, como prisioneira, Michael está de volta à Frota Estelar, para
trabalhar. Gostei de Sylvia Tilly, a garota nova e empolgada com quem ela
divide um quarto, uma garota que passa da animação pura de “ter uma colega de
quarto” ao horror ao descobrir que sua “colega de quarto” é Michael Burnham, a
amotinada. Acho que teremos uma equipe com o clima bastante tenso, ao que tudo
indica. Saru é o Primeiro Oficial do Capitão Lorca, e já expressou seu desejo
de defender seu capitão melhor que
Michael defendeu a sua. E ele SABE que Michael Burnham é “alguém para ser
temida”.
Somos tentados, constantemente, pela “pesquisa
ultra-secreta” da USS Discovery, e quando Michael cumpre o que lhe foi
designado, Paul Stamets se recusa a dar-lhe mais informações do que o
essencial, embora ela diga que precisa delas para saber o que está fazendo e
como fazer… quando a USS Glenn, uma “nave irmã” da USS Discovery sofre um
acidente e toda a sua tripulação morre, o Capitão Lorca ordena que Stamets
organize uma missão até lá, e que Michael Burnham seja parte de sua equipe. Sob
as dúvidas de Stamets, Lorca faz Saru dizer sua opinião sobre ela: “Her mutiny aside... she is... the smartest
Starfleet officer I have ever known”. E aquilo, por algum motivo bobo, me
arrepiou! E QUE BOM que Michael estava naquela missão, mesmo que eu tenha
entendido todo o desabafo de Paul, que é doloroso.
Paul Stamets fala sobre como ele escolheu a sua
profissão, como começou as suas pesquisas ao lado de um “amigo” (que eu acho
que era seu namorado) porque ele queria saber a “verdade do Universo” ou a
“resposta” (embora todos saibam que é 42), e então surgiu a Guerra iniciada por
Michael, contra os Klingons. Como a pesquisa interessava a Frota Estelar por
motivos bélicos, eles foram separados, colocados em duas naves distintas, com
duas equipes, para “trabalhar duas vezes mais rápido”. Agora, por causa de
Michael, seu amigo e toda a tripulação da USS Glenn estavam mortos, e ele
trabalhava por motivos bélicos ao invés de seus motivos originais. É doloroso e
forte. Assim como é doloroso e forte entrar na USS Glenn e encontrar as coisas
daquela maneira… as pessoas não foram apenas mortas, mas mutiladas. É assustador.
“Nothing is normal after an accident
like this”
A nave foi brutalmente destruída. Tomada por
corpos distorcidos, muito sangue e, até, Klingons mortos, que devem ter entrado
na nave mais tarde, depois da morte da tripulação, e foram assassinados,
também, não pelo “acidente”, mas pelo monstro que agora habita a nave… é
Michael Burnham quem consegue “distrair” o monstro pelos túneis da USS Glenn,
enquanto cita “Alice no País das
Maravilhas”, enquanto a equipe se salva… se não fosse por Michael, talvez
todos estivessem mortos. Assim, o Capitão Lorca oferece a Michael um emprego na
USS Discovery, dizendo que ela não se preocupe com a sua condenação pela Frota
Estelar, porque ele “tem permissão para lutar como julgar melhor”. É estranho
ver Star Trek em meio a uma Guerra,
tão militarizada, mas acho que nós temos duas facetas interessantes da Guerra.
E a série deve explorar isso.
Porque Michael é inteligente. Ela sabe o porquê de Lorca a querer ali, uma
amotinada, para ajudá-lo na sua tecnologia experimental da construção de uma
arma biológica baseada em esporos, o que foi proibido pelos Protocolos de
Genebra de 1928 e 2155. Segundo Michael, Lorca a escolheu para estar na USS
Discovery pela sua característica de “amotinada”, e ela é decidida e forte ao
recusar o emprego. Mas ele não se dá
por vencido. Ele a leva para mostrar-lhe os “esporos de micélio”, e explicar
que não se trata de uma nova forma de “matar”, mas sim de “voar”. Ele quer
viajar mais rápido do que em velocidade de dobra. Ele quer poder ir quase que
imediatamente a quase qualquer lugar, porque é assim que se pode matar
Klingons, e é assim que eles vão vencer a guerra… viajando em esporos. Ousado, desesperado, mas intrigante.
Tentador.
O final do episódio é ainda mais intrigante, e
acho que temos muito o que explorar na USS Discovery nos próximos episódios da
temporada… gostei de ter Michael Burnham integrando, oficialmente, a
tripulação, dividindo ainda um quarto com Sylvia Tilly. A surpresa com que
Tilly reage a um LIVRO é apaixonante, e eu adorei o comentário de Michael ao
entregar-lhe a sua cópia de “Alice no
País das Maravilhas”, falando sobre como sua “mão adotiva” lia para ela e
seu filho em Vulcano, e que elas “eram as únicas humanas lá”. Assim, antes
mesmo de Michael dizer que o nome da mulher era “Amanda”, nós já sabemos que se
tratava da mãe de Spock… o que quer dizer
que Michael e Spock foram criados como irmãos, de alguma maneira. Eu anseio
por ver mais dessa conexão no futuro… assim como anseio por entender o jogo do
Capitão Lorca…
Aquele monstro na USS Discovery é assustador.
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