This is Us 2x02 – A Manny-Splendored Thing


“I never wanted to disappoint you”
This is Us me deixa pensando como as relações humanas podem ser complicadas tantas vezes. E como elas se complicam ainda mais quando não se fala abertamente sobre as coisas. Randall e Beth mostraram isso em um episódio que me fez detestá-lo, mas por fim tentar compreendê-lo. O Kevin, quem diria, se saiu bem em duas situações ajudando o Randall, e isso me surpreendeu. E a Kate com sua relação com a mãe, aquilo me emociona e me machuca – ela tem muitos problemas internos consigo mesma, e transferiu isso tudo em cobrança que sente da mãe sobre ela, mas a maioria do que ela sente de “pressão” ao longo dos anos foi dela mesma infligindo sobre si… quando ela não quis cantar no Show de Talentos, por exemplo, não foi porque a mãe fez nada… foi ELA MESMA quem decidiu não cantar, e a mãe estava lá por ela.
Isso é doloroso e complexo.
Começamos o episódio no passado, quando Jack e Rebecca decidem, juntos, vencer o problema com o álcool de Jack, e ela pergunta: “How did you stop it before, Jack?” This is Us tem a capacidade de jogar conosco e brincar com nossas emoções, e a série faz isso novamente. Ela nos leva a momentos-chave da primeira temporada, nos emociona de novo, e nos mostra que nem tudo era como pensávamos que fosse. Talvez ele estivesse, da outra vez, mais ocultando da família do que realmente superando o problema. Ele chegou, na época, a ir aos Alcóolicos Anônimos, mas nunca teve coragem de entrar – e ele acaba lutando boxe como uma maneira de se distrair e se ocupar. A cena mais bonita do episódio, provavelmente, está quando, no fim do episódio, Jack confessa para Kate seu problema com bebidas e, chorando e pedindo desculpas, diz que não queria decepcioná-la.
Então ela segura seu rosto com as duas mãos, como ele fazia para acalmá-los.
Parece que todo episódio de This is Us quer nos fazer chorar… aquele abraço foi emocionante. No presente, exploramos, em paralelo com os flashbacks, a relação conturbada de Kate com a mãe. Ela sempre foi muito mais próximo do pai, isso é verdade. E as cenas com o pai são lindíssimas. Para ele, ela confessa que “Mom just makes it feel like a job sometimes” e, por isso, não quer cantar no Show de Talentos. Mas com o pai ela tem essa liberdade de se abrir e dizer o que está sentindo, de fazer com que ele se abra. Quando ele estava lutando contra o álcool pela primeira vez, e ela ainda era uma criança, ela sabia que ele tinha alguma coisa, e já segurava o seu rosto com as duas mãozinhas, dizendo que “tudo ia ficar bem”. Aquilo é tão fofo e tão emocionante! Mas também é bonita a atitude de Rebeca de fazer um vestido para ela com o vestido que usou em sua primeira apresentação…
De um modo ou de outro, ambas erraram, essa é a verdade. Rebecca realmente tende a falar DEMAIS sobre si mesma e sobre sua carreira de cantora, por exemplo, mas Kate sempre a recebe na defensiva. Aquele “Wait, you used to sing?”, quando Kate recebe a chance de se apresentar, foi cruel. As cenas do passado e do presente, em paralelo, me fizeram notar que Kate admira a mãe demais, e ela tem medo de desapontá-la, ela se sente inferior… é assim quando ela começa a cantar “Landslide” e vê que a mãe, para seu desgosto, está na plateia. E ela não estava receptiva para a mãe quando ela a abraçou depois da apresentação, e talvez aquele “elogio” mal formulado de Rebeca seja só uma maneira de preencher o vazio e transpor a distância que ela sente que Kate coloca entre elas… “You see? That’s why I didn’t want you to come”. Doloroso, difícil.
Mas confesso que a cena do carro foi emocionante.
Kate foi cruel no que disse a Rebeca, mas colocou o que sentia para fora.
Randall, por sua vez, está criando problemas por toda a questão da adoção que ele mesmo inventou. Acontece que agora que as coisas vão ser como Beth sugeriu, de adotar uma “criança mais velha”, ele está repensando, e é triste vê-lo enrolar para preencher os papéis de adoção. Eu entendo, de certo modo, a sua preocupação, mas a Beth está correta em tentar fazer algo assim. Adotar um bebê é fácil demais, e serve principalmente a propósitos próprios e egoístas, que é o que Randall quer: encher o seu próprio ego. Ele não está pensando na criança, e é isso o que Beth está tentando fazer! E quem diria que, no meio de toda essa confusão, quem seria legal com Beth seria o Kevin? Normalmente detesto o Kevin, e não estava esperando por isso, mas ele ganhou alguns pontos depois dessa atitude em relação ao Randall!
Falando em Kevin, o movimento inicial da trama acontece porque ele recebe um convite para retornar ao “The Manny” para uma participação especial, e ele teme fazê-lo. Ele precisa aceitar o convite, mas é como se “estivesse voltando à cena do crime”, e ele tem que fazer com que tudo saia bem, mesmo com seus familiares abandonando a plateia, mesmo com Casey mudando o final do roteiro de última hora, para humilhá-lo… porque ele tem a Sophie que, como no Show de Talentos, tantos anos atrás, é a única que está ali, para rir (ou não rir) dele, de acordo com a necessidade… ela o ama, e ele precisa valorizar isso. Parece que ele fez a cena final do “The Manny” conformado (“C’mon, Manny, the only way to find a baby is to think like a baby”), quase se divertindo, porque estava feliz em ver Sophie se divertir tanto… e isso é bonito.
Quem sabe Kevin esteja destinado a melhorar?

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