Sítio do Picapau Amarelo (2001) – O Saci
“Tudo que
acontece de ruim numa casa, é arte do Saci!”
Eu acho que a segunda
história do Sítio do Picapau Amarelo,
baseada no livro “O Saci”, publicado
por Monteiro Lobato, pela primeira vez, em 1938, se sai muito melhor que a primeira semana do programa. Em O Saci, história em 5 capítulos,
exibidos entre 22 e 26 de Outubro de 2001, nós nos aventuramos pelo folclore brasileiro, com direito a
destaque ao Saci e à Cuca, mas também aparições de personagens como o Lobisomem,
a Mula-Sem-Cabeça, o Curupira e a Iara… é um verdadeiro tributo à cultura
popular brasileira, e é quase emocionante. Muito clássico e bastante
nostálgico, o enredo nos faz acompanhar Pedrinho e Narizinho por momentos
marcantes da história do Sítio do Picapau
Amarelo, enquanto a Emília diz coisas maravilhosas como “Discordo. O fogo pode ter sido a primeira
descoberta, mas a mais importante foram as bonecas de pano falantes!”
Como é bom estar de volta ao Sítio do Picapau Amarelo!
A história começa em um fim de tarde (“Que maravilhoso fenômeno é o pôr-do-sol!”),
quando a Tia Nastácia, por algum motivo, acaba citando o “Saci”, para desgosto
da Dona Benta. A avó das crianças ainda é muito cética, não acredita em nenhuma dessas “crendices”, e também não parece
muito contente com os comentários de Tia Nastácia… mas o Pedrinho é decidido, e
resolve que ele vai caçar um saci… para isso, ele vai falar com o Tio Barnabé,
que entende tudo do assunto! “Tudo que
acontece de ruim numa casa, é arte do Saci!” E ele ensina como capturar um
Saci, basta Narizinho e Pedrinho fazê-lo. Enquanto isso, a Cuca, que FINALMENTE
conhecemos (é lindo vê-la pela primeira vez, uma imensa jacaroa verde de
vestido vermelho e cabelo loiro!), planeja algo contra “a menina de narizinho
arrebitado”, e anuncia: “É hoje que a
Cuca vai pegar!”
No entanto, nós gostamos da LEVEZA que o Sítio representa, em toda sua inocência
infantil e real. Temos provocações entre a Narizinho e a Emília, por exemplo,
com “Quem cochicha o rabo espicha!” “Quem
escuta o rabo encurta!”, por exemplo, e o Visconde incomodando a leitura de
“Alice no País das Maravilhas” da
Narizinho… também é nessa história que temos aquele momento CLÁSSICO em que
Emília vai com Narizinho pescar no ribeirão e, por causa de um “peixe-montanha”,
acaba caindo na água, e ficando toda encharcada… assim, ela acaba pendurada no varal. “Me tirem daqui! Ou eu vou
inventar um varal de pendurar gente! E vou pendurar todo mundo! Seus
penduradores de boneca de pano!” Amo todo o drama sentido que ela faz
quando a Tia Nastácia, enfim, a tira do varal depois de seca.
Enquanto a Cuca pega uma Flor Azul para o seu
feitiço, e toma uma poção que traz um monte de efeitos especiais, Narizinho e
Pedrinho “caçam um saci”, mas a garrafa aparentemente vazia faz com que Emília
e Narizinho desistam da brincadeira e fiquem zoando o primo. No entanto, o Tio Barnabé explica: “Saci na garrafa é invisível. A gente só vê
quando cai na modorra”. Então, é esperar. Pedrinho não desgruda da garrafa
de modo algum, e cai no sono quando vai para o meio da mata, e finalmente vê o Saci na garrafa, que
propõe um trato com ele: se o menino o soltar, ele o protege de todos os
perigos da mata à noite, uma vez que já está anoitecendo. Pedrinho acaba
aceitando, e assim os dois se tornam amigos, juntos explorando os segredos da
floresta, o monte de coisa interessante que o Saci pode mostrar e ensinar.
Tudo que ele
já nasce sabendo.
Narizinho, por sua vez, é enfeitiçada. Ela acaba
andando sozinha e longe de casa, e encontra uma velhinha suspeita que lê
pensamentos e é, na verdade, a Cuca disfarçada… quando Narizinho cheira a famosa “Flor Azul”, ela acaba transformada em
uma PEDRA imensa. Isso é tão CLÁSSICO. A Emília é a primeira a encontrar “a
pedra falante”, mas não sem antes passar por um monte de cenas bonitinhas
sozinha… como a “conversa” com aquela boneca que só fala “Eu gosto de você, vamos brincar?”, seu conselho para que os
brinquedos não se joguem da estante (ela sempre vazia isso quando não falava,
para chamar a atenção), e o começo de suas coleções… ela até pede uma
canastrinha para a Tia Nastácia, onde possa guardar suas coisas, e anda pelo
Sítio fazendo perguntas como “Dona Benta,
você tem algo para doar para a minha canastrinha?”
Botões. Presilhas. Adesivos. Pilhas. Uma “Coleção de Cacarecos”, em suas
palavras.
Com a “pedra falante”, ela fica para “bater um
papinho”, fazer um desabafo.
Assim que a noite cai, a preocupação toma conta do
Sítio do Picapau Amarelo. Tanto Pedrinho quanto Narizinho estão
“desaparecidos”, e Tia Nastácia, Dona Benta e Tio Barnabé começam a se
preocupar… enquanto isso, Narizinho segue como pedra, e Pedrinho explora os
segredos da mata com seu novo amigo, o Saci. Ele vê o Saciceiro, entende como
eles nascem e vivem, encontra e foge de um Lobisomem, e enfrenta sozinho a
Mula-Sem-Cabeça, a ferindo e a fazendo
voltar a ser uma mulher, pela qual ele fica encantado… e ele só soube o que fazer quando o Saci o deixou sozinho por causa das
histórias da Tia Nastácia! À meia-noite, com o pessoal no Sítio
desesperado, Pedrinho se diverte vendo uma “Dança dos Sacis”, mas então a
aventura se torna em uma missão, quando uma coruja conta ao Saci que a Cuca
pegou a prima do Pedrinho!
É hora de
salvá-la.
Pouco antes de realmente ir atrás da Cuca,
Pedrinho e Saci aparecem no Sítio para confirmar que não é um boato qualquer,
mas quando veem Dona Benta desesperada e pedindo a ajuda do Coronel Teodorico (“Cara de cavalo sem dente!”), eles sabem
que é verdade… e eu AMO a cena do Saci e do Pedrinho chegando à Caverna da Cuca
que, surpreendentemente, está dormindo… assim, eles conseguem prendê-la e,
ainda, deixar um torturante pingo de água na sua testa, para incomodá-la de verdade. Com a jacaroa bruxa furiosa e os dois
rindo, eles conseguem uma informação da Cuca: eles precisam de um fio de cabelo da Iara para desencantar a menina.
É então que vemos o Curupira e a Iara, e Pedrinho, bobo (como quase todo
homem), acaba enfeitiçado, felizmente não
é nada grave e ele não acaba morto no fundo do lago…
Ufa.
Salvar a Narizinho era, no fim, bem mais fácil do
que a Cuca queria que parecesse. Bastava encontrar uma Flor Azul e jogar suas
pétalas ao vento… assim, enquanto Emília e Visconde estão ao redor da pedra,
porque a Emília quer mostrar para ele a “pedra falante”, Pedrinho encontra no
quintal de sua avó a Flor Azul, deixando-a profundamente feliz ao escutar o
neto gritar “Achei! Achei a Flor Azul!”
Assim, ele joga as pétalas ao vento e chama pela prima, que volta ao normal
pouco antes de levar mais um chute de Emília, e então ela volta correndo, para
o alívio e a alegria profunda de todo mundo que estava lá, preocupado com os
netos de Dona Benta desde a noite anterior… “O
Saci” é uma história MUITO BOA, competente em brincar com os elementos que
possui e muito fluída… passa depressa e você fica querendo ver mais um pouco.
Agora, Caçadas
de Pedrinho!
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