Sítio do Picapau Amarelo (2001) – Reino das Águas Claras


“Meu reino por uma coroa de rosquinha!”
Reino das Águas Claras é a porta de entrada para o mundo do Sítio do Picapau Amarelo para toda uma geração! Quer dizer, até mais que uma! Baseado na primeira parte do livro “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato, a versão contada em 6 episódios (que foram ao ar entre 12 e 19 de Outubro de 2001) modernizava um pouco o Sítio sem perder a sua essência, e é fascinante ver as histórias adaptadas à televisão, com alguns diálogos que pareciam ter sido tirados inteiros do livro de Lobato. Fora apaixonante na época, é apaixonante agora, e possivelmente SEMPRE O SERÁ. Depois de uma estreia brilhante, que mostrava aquela cena clássica do Príncipe Escamado e o Mestre Cascudo andando sobre o rosto de Narizinho, se perguntando se era feito de mármore, requeijão ou rapadura, a história de Reino das Águas Claras é CHEIA de acontecimentos!
É tão bom assistir e lembrar-me das palavras de Monteiro Lobato, e me encantar tudo novamente. Quando o Príncipe Escamado organiza uma grande festa para Narizinho e, ao fazer o vestido mais belo de todos para ela, a Dona Aranha fica livre de uma maldição que lhe foi jogada assim que nasceu, eu aplaudi a transição exata da história clássica. O roteiro brinca o tempo todo com elementos que serão explorados com mais detalhes futuramente, como aquela “briga” entre o Tio Barnabé e o Saci, ou então a Tia Nastácia correndo atrás do Rabicó e esse tipo de coisa… mas o destaque para a primeira visita de Narizinho ao Reino das Águas Claras fica para o fato de A EMÍLIA COMEÇAR A FALAR! Segundo a lenda, as pílulas do Doutor Caramujo podem “curar qualquer coisa”, inclusive o caso de mudez da boneca de pano, futura Condessa de Três Estrelinhas.
AMAMOS ESSA SEQUÊNCIA TODA.
Toda a história volta ao castigo que o Príncipe Escamado deu ao Major Agarra-E-Não-Larga-Mais, de engolir sem pedrinhas redondas ao invés de suas 100 moscas habituais, e quando ele chega ao Palácio passando mal, o Doutor Caramujo faz uma cirurgia imediata e descobre as pílulas “roubadas” no estômago do sapo, que as confundiu com pedrinhas redondas. Assim, Narizinho fica CONTENTÍSSIMA porque Emília vai poder falar… e fala, fala MUITO. É um momento clássico e absolutamente fofo… é quando Isabelle Drummond assume a Emília totalmente. A Emília confunde tudo, troca sílabas, é extremamente teimosa e fala sem parar! “Argh! Estou com um gosto horrível de sapo na minha boca”, é a primeira coisa que a Emília fala e, como bem sabemos, desde então ela não conseguiu mais parar… falou e falou e falou.
“É! Estou falafanando. É incrível falafanar!”
Emília é ADORÁVEL. Ela já discute com a Narizinho (“Narizinho, quem mandou você tirar a minha roupa? E se eu pego uma pneumonia?”), e então abriu sua torneirinha de asneiras pela primeira vez, falando de vestidos que queria, coleções que ia fazer, da canastra de que precisaria para guardá-las, do Museu da Emília… era “fala recolhida”, em breve passaria. Mas os maiores destaques estão para como ela troca as sílabas e repete as coisas, como com “Eu madecei. Eu desmaiei”, o icônico “E não me corrijam! Eu é que vim corrigir vocês!”, sem contar a história toda que ela conta da sua própria maneira: “Quando o Doutor Cara de Corujíssima me deu um liscabão…” “Beliscão!” “Liscabão!” Lembro que passei o restante da minha infância rindo e falando “liscabão” ao invés de “beliscão”. E então, quando Narizinho escuta o grito de Tia Nastácia, é hora de voltar.
A primeira aventura chegou ao fim.
Narizinho precisava voltar para estar ali, também, para receber o primo, Pedrinho, que finalmente chegava… tudo é MUITO FOFO. Gosto da chegada do Pedrinho, gosto da Dona Benta e Tia Nastácia vendo a Emília falar pela primeira vez, graças a “uma bolinha de barriga de sapo”, e de tudo o que começa a partir daquele momento… a primeira “travessura” de Narizinho e Pedrinho juntos que acompanhamos é a de casar a Emília com o “Marquês” de Rabicó, e eles precisam de um visconde que possa ser seu pai, é assim que Pedrinho faz o Visconde de Sabugosa. E o Visconde é um dos meus personagens favoritos! Depois de um tempo na biblioteca, lendo, estudando e aprendendo, ele se torna o “sabugo de milho intelectual” que amamos, enquanto, no Reino das Águas Claras, o Príncipe Escamado sofre de “Narizite Aguda”.
A ideia de Narizinho é enganar a Emília para se casar com o Rabicó, e é tão divertido. Leve, gostoso e inocente, como uma brincadeira de criança. E as explicações são exatamente as mesmas que Monteiro Lobato deu em “Reinações de Narizinho”. Pedrinho e Narizinho dizem à boneca, orgulhosa e ambiciosa, que Rabicó é um Marquês transformado em porco, e que o feitiço se quebrará e ele voltará a ser um Príncipe (?) quando encontrar um anel mágico na barriga de uma minhoca… eu acho isso tão brilhante! É infantil e é complexo! Emília cai, embora inicialmente não goste muito da ideia toda… e o Visconde de Sabugosa fica como intermediário e “pai do noivo”, fazendo o pedido formal que a Condessa de Três Estrelinhas aceita. Mas ela aceita com condições, como um vestido novo para o noivado, e um novo para o casamento!
Amo a roupinha branca e vermelha do noivado!
Depois de um noivado desastroso que termina com Emília expulsando o Rabicó a bolsadas por limpar suas mãos sujas nela, chega a hora do casamento, e os “convidados” fazem comentários como: “Dizem que esse casamento é por interesse”, “Dizem que a noiva nem vai morar com o marido” e, o meu favorito, “Dizem que a noiva fez uma plástica de macela!” O casamento é uma fofura, uma emoção e um desastre. Pedrinho é o padre, Tia Nastácia e Dona Benta são as convidadas de honra, e Emília e Rabicó estão lindinhos em roupas especiais para a cerimônia… tudo é divertido e rápido, como uma grande brincadeira de criança mesmo, e termina com o Pedrinho jogando tudo ao vento e revelando para Emília que a Narizinho tinha enganado ela… o desmaio da boneca é impagável! Mas, agora, ela é a “Marquesa de Rabicó”.
Novo casamento se anuncia por causa da “Narizite Aguda” do Príncipe Escamado, que manda uma carta a Narizinho a pedindo em casamento… feliz, ela responde que sim, e manda uma rosquinha que ela mesma fez para confirmar o seu noivado. Então, enquanto o Príncipe arruma uma festança no Reino das Águas Claras, Narizinho, Pedrinho, Emília, Visconde e Rabicó aparecem, e há toda uma pompa que antecede o grande evento… a Dona Aranha fará mais um vestido lindo para a menina de narizinho arrebitado, enquanto Pedrinho sai com Visconde e com Rabicó para explorar “o fundo do mar”, mas só acabam se metendo em confusão, uma vez que Rabicó é capturado pelo “Polvo Louco”, e não adianta o Visconde tentar racionalizar com ele… a única coisa que resolve é o exército de peixes elétricos do Príncipe.
Então, É A HORA DO CASAMENTO. Emília entra na frente de Narizinho, como madrinha e dama de honra, e Narizinho entra logo atrás, linda, mas quando chegam até o “altar”, Narizinho pergunta onde estão Pedrinho, Rabicó e Visconde, e como eles chegam só agora, ela manda começar tudo de novo! Ela rebobina e recomeça, e a cerimônia chega até o “Sim”, mas então vem a surpresa: “A COROA FOI ROUBADA!” E não podíamos esperar menos, com uma coroa de rosquinha e o Rabicó presente! “Coroa de rosquinha? Isso só pode ser coisa do Rabicó!” Assim, todo o pessoal do Sítio foge do Reino das Águas Claras, enquanto o Príncipe Escamado fica, divertidamente gritando “Meu reino por uma coroa de rosquinha!” É tudo muito fofo, muito leve e divertido, e percebemos o quanto nos faz bem assistir esse tipo de coisa!
Sítio do Picapau Amarelo marcou a todos nós, e com um motivo!

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P.S.: Algumas fotos são prints dos meus próprios DVDs. Outras foram encontradas na internet há mais tempo do que consigo rastrear sua origem. Se tiver os direitos sobre alguma foto, deixe nos comentários que eu atualizo a postagem! ^^

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