Carinha de Anjo (2018) – Cassandra conhece Vitor!

A complexidade de Cassandra.

Cassandra é, talvez, uma das personagens MAIS AGUARDADAS de “Carinha de Anjo”, especialmente para quem assistiu à versão mexicana e sabia que a garota estava para entrar e movimentar a trama. Bárbara Maia, que já atuou em “Malhação”, chega com uma atuação INCRÍVEL para dar um up legal na novela, e tudo parece ter se tornado mais interessante agora. Confesso que não foi a minha primeira impressão. Guardei meus comentários para quando as coisas realmente começassem a acontecer. Até então, Cassandra estava sendo uma menina chata e meio mimadinha que tratava a mãe muito mal, mas no fim dessa semana ela ARRASOU na atuação, que nos comoveu e, mais do que isso, expressou o quanto a personagem tem PROFUNDIDADE. É uma personagem bem escrita e com muito potencial, e eu estou adorando o que ela traz à novela.

Há alguns capítulos, conhecemos a Paula, mãe de Cassandra, quando ela casualmente encontra o Vitor e a Estefânia em um restaurante de São Paulo, e então a trama nos apresentou a sua filha rebelde, mostrou a sua revolta em relação a nunca ter sabido quem é seu pai, e também nos inteiramos do fato de que Paula estava para morrer… por isso, quando sentiu que a morte estava verdadeiramente perto, ela telefonou para o ex-namorado e contou: “Eu menti para você, Vitor. Você é o pai da Cassandra”. Assim, sem nenhuma preparação. Tudo o que ela diz é “Adeus, Vitor. Desculpa”. Então, já no hospital, a sua situação se complica gravemente, e ela percebe, também, que é o momento de ela contar toda a verdade à filha, a identidade de seu pai que ela escondeu ao longo de todo esse tempo… e foi uma cena bem forte e muito emocionante!

Inicialmente, Cassandra não deixa que a mãe fale. Chorando arrependida, ela se abre: “Eu fui agressiva, uma filha ingrata. Eu não te tratei como você merece. […] Mãe, você não pode me deixar agora. Eu prometo que vou mudar. Eu vou cuidar de você”. Ali, as coisas mudaram drasticamente a meu ver. Afinal de contas, a Cassandra não é “uma menininha chata” nem nada disso: ela é uma garota frustrada que não sabe lidar com sua frustração, e acaba usando a “revolta” como uma forma de defesa para se proteger de seu próprio sofrimento. É uma trama complexa. Ali, no quarto de hospital, Cassandra promete que vai ser a melhor filha do mundo para ela, arrependendo-se de como a tratou a vida inteira, um pouco tarde demais. Se a sua principal revolta era pelo fato de nunca ter sabido quem é o seu pai, chegou o momento de Paula contar a verdade.

GENTE, QUE ANSIEDADE!

A cena é brilhantemente conduzida e interpretada pelas atrizes! Me arrepiou. Paula mostra as fotos, diz que o nome dele é Vitor Gamboa, e que ele é um chef de cozinha em Doce Horizonte. Com toda a verdade caindo subitamente sobre ela, Cassandra mal processa a informação da mãe de que Vitor nunca soube que tinha uma filha, mas de algum modo ela escuta. No entanto, com Bárbara Maia ARRASANDO na atuação, não é com isso que Cassandra está preocupada agora. Ela só quer que a sua mãe fique boa e mais nada. Então, quando a mãe é levada do quarto e Cassandra fica para trás, chorando abraçada a Rose, a dor e o desespero ficaram estampados em sua expressão, em suas lágrimas e em seus gritos… e aquilo me arrepiou de um jeito impressionante. Percebi o quanto a novela estava começando a trilhar um caminho correto.

Vitor Gamboa chega ao Rio de Janeiro tarde demais. Tudo acontece depressa, Paula já está morta, e enquanto Rose arruma as coisas da amiga, ela conta a Vitor que Cassandra já sabe que é sua filha, e diz que “não sabe o que será da menina”, já que Paula gastou todo o seu dinheiro no tratamento. Então, e esse foi um momento muito forte, Cassandra aparece na porta do quarto e pergunta: “Pai?” É a primeira vez que eles se veem, e a emoção está estampada nos olhos dos dois, e não precisamos de fala para expressar a profundidade dessa cena e desse momento. A maneira como se encaram por longos segundos indecisos, a maneira como uma única lágrima escorre dos olhos de Vitor… foi a primeira vez que Vitor me emocionou em “Carinha de Anjo” inteira, e eu devo dizer: ISSO TEM QUE SER UM BOM AGOURO! Que cena fenomenal.

Também foi fenomenal porque tudo muda muito rápido. Cassandra se emociona, abraça o pai, diz que sempre sonhou com isso. Ele, por sua vez, em choque, hesita por um segundo, e então ela surta, pergunta se ele vai rejeitá-la agora, e o acusa de ter abandonado a sua mãe grávida, embora no fundo saiba que não foi assim. Ela varia muito de emoção, da tristeza e carência à revolta em questão de milésimos de segundos… e é tudo muito próximo, uma coisa levando à outra, uma avalanche de emoções. “Então me assume, por favor?”, ela pede, “Me leva pra sua casa. Me deixa ser sua filha”. Quando novamente ele hesita, ela não lhe dá tempo para pensar, e explode novamente: “Eu sabia. Ninguém vai querer ficar comigo. Sabe de uma coisa? Finge que isso nunca aconteceu e vai embora!” Essa complexidade paradoxal na construção da personalidade da Cassandra me fascina.

Após a forte cena do hospital, os dois se encontram novamente, após o enterro de Paula, e saem para tomar um café, conversar como “pessoas civilizadas”, e há muita sinceridade na maneira como ambos se expressam. Eles sabem que não vai ser fácil, mas ambos estão ali para tentar. E é um momento emocionante quando eles falam sobre Doce Horizonte, com Cassandra mostrando-se preocupada e receosa, com medo do que “a mulher dele” pode falar, e quando ela diz que “ela é compreensiva”, Cassandra tem noção de que ela terá que ser MUITO compreensiva para entender isso tudo. Gosto dessa aparente maturidade, mesmo com toda a incapacidade dela, de modo geral, em lidar com os problemas de modo maduro. Particularmente, eu fiquei também muito emocionado com o mini-discurso dela em agradecimento a ele:

“Eu senti sua falta todos esses anos. Eu sempre torci pro meu pai ser uma pessoa bacana. […] Você tá salvando minha vida, sabia? De verdade. Se você não tivesse me resgatado, eu não sei o que seria de mim”

Parece um bom começo…

…mas todos sabemos que ainda há MUITO o que acontecer!

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