Chiquititas (2015) – Tati descobre que o Homem Triste é seu pai!

“Tati, o nosso pai é o Homem Triste”

Essa é, para mim, uma das tramas mais bonitas de “Chiquititas”. Há muito tempo, a Tati conheceu Cícero como “o Homem Triste”, o pipoqueiro que apareceu na rua do Orfanato Raio de Luz, e de quem ela ficou super amiga depressa… ela gostava dele, gostava de conversar, e ele dava conselhos sábios, às vezes até sem ela perceber. Eventualmente, a Mili começou a visitá-lo também, como uma forma de proteção para a pequena Tati (mais ou menos como ela começa a visitar o Fantasma, para proteger a Maria), e a Vivi não ficou nada feliz com isso ao descobrir – afinal de contas, ela reconhece o pai e suas memórias dele não são nada boas. Vê-lo revive todo o trauma que passou com a mãe antes de ir para o Orfanato, e ela não sabe se ele mudou ou não, por isso não quer correr o risco de que sua irmã vá passar pelo mesmo sofrimento que ela passou.

Mas isso tudo foi há muito tempo… na época em que Cíntia ainda era diretora do orfanato e conseguiu mandar o Cícero para bem longe para que ele não se aproximasse das garotas. Muito tempo depois, ele ressurge, e É TÃO BOM VÊ-LO DE VOLTA. Sua trama agora se aproxima com a de Shirley, eles viram namorados, e ela e a Eduarda são as poucas pessoas que sabem que ele é o pai de Vivi e Tati, porque descobrem sozinhas. A Shirley, como sempre, é um máximo! Ela apoia o Cícero de todo o coração, mesmo que ela dê uma balançada rápida quando descobre que ele esteve preso por agredir a mãe e a filha, mas ela confia em sua mudança, porque o Cícero é mesmo uma nova pessoa agora. Ele quer se reaproximar das filhas, quer ganhar a confiança delas, quer se estabilizar para que possa conseguir de volta a guarda e voltar a ser uma família com elas.

A Tati não poderia estar mais feliz em ter o Homem Triste de volta em sua vida. Vivi, por sua vez, está incomodada, e a trama agora gira em torno da irmã mais velha, que precisa aceitar e “autorizar” a reaproximação do pai. E eu acho que a trama é muito bem desenvolvida. Eu a entendo por completo – Vivi é uma garota que sofreu muito quando era mais nova, com um pai que bebia e era violento, e ela não quer ter que passar por isso de novo. Pior, ela não quer que a irmã tenha que passar por isso. Por isso, embora todos a digam que ele mudou, não é fácil para ela acreditar e simplesmente aceitar isso. Ela tem medo até de ir falar com o pai, de dar-lhe uma chance, e a conversa aberta com Shirley sobre o assunto é lindíssima… é o momento em que ela convence Vivi a, pelo menos, conversar com o Cícero. A cena da conversa, no entanto, é dolorosa.

Mesmo assim, é uma primeira conversa.

Sofro muito pelo Cícero, porque nós, telespectadores, vemos um outro lado da história, o lado do pai arrependido. Do ponto de vista da Vivi, ela ainda não sabe se as coisas mudaram, por isso se mantém afastada, dura, não deixa que ele se aproxime… assim, ainda com muito medo, ela afasta Tati do “Homem Triste”. Diz que ele vai viajar, e proíbe o pai de entrar em contato, e eu admiro o Cícero pelo seu total respeito pela filha. Ele quer ganhar sua confiança da melhor maneira possível, e ele nunca se impõe, o que é bonito. Tanto que naquela trama toda do sumiço da Pipoca, quando o Paçoca a pega para ele, o Cícero é quem encontra e salva a cachorrinha, mas ao invés de levar ao Orfanato ou para a Tati, ele liga para a Vivi, para que ela faça isso. Enquanto ela não o autoriza a se aproximar, ele segue distante. E Vivi devolve a Pipoca pra irmã.

Nessa trama, no entanto, as coisas evoluem significativamente. Chorando, a Vivi conta toda a verdade para a Carol (!), sobre como foi o pai que encontrou a cachorra, sobre o trauma de infância, e sobre como está com medo e confusa. É forte e compreensível, e a maneira como ela abraça a Carol é emocionante. Motivada pela conversa com a Carol, Vivi acaba, finalmente, contando toda a verdade a Tati… diz que “o pai está de volta”, e a pequena, entusiasmada, pergunta “como ele é” e “onde ele está”. Então Vivi termina de contar: “Tati, o nosso pai é o Homem Triste”. O baque é forte, a cena é forte enquanto Vivi explica seus motivos, seus medos, e Tati chora, brava com a irmã por não ter contado a verdade antes, e Vivi chora ao dizer que não queria que ela criasse expectativa ou que sofresse como ela sofreu… é uma cena tão sincera, e as atrizes arrasam!

Acho bonito, também, a participação da Mili no encerramento dessa história. Afinal de contas, ela participou de toda a introdução, e sempre esteve ali para apoiar a Vivi, e agora, mesmo em um momento em que ela precisa de conselhos, ela senta para conversar com a Tati, para explicar os motivos da Vivi (é bom ouvir de alguém de fora), e depois senta com a própria Vivi, a instruindo a dar uma chance ao Homem Triste. Assim, ela manda uma mensagem pro pai pedindo pra falar com ele, no dia seguinte. Ela está quase disposta a perdoá-lo, mas ela quer se certificar de que ele não vai fazer mal a elas mais. A conversa foi LINDA e EMOCIONANTE. Bastante breve, também, e então Tati aparece atrás do Cícero, chamando-o de “pai”, e aquilo me arrepiou inteiro… e como vocês sabem, eu sou bastante emotivo, então a cena me levou às lágrimas.

A cena é linda e cheia de nuances. Ao mesmo tempo em que está emocionada, Tati está brava porque ele “mentiu para ela”, e corre para o colo de Vivi em busca de proteção, e o Cícero precisa explicar tudo o que já foi explicado, com uma emoção tão verdadeira que é possível senti-la e acreditar nela. Então ele pede perdão, às duas, e pergunta diretamente à Tati se ela o perdoa. Como ela sempre quis fazer, ela diz que sim e corre para abraçar o seu pai. E a cena já estava LINDA, mas eu fui pego de surpresa pela finalização. Vivi também corre para abraçar os dois, e os três ficam ali no banco da praça, abraçados juntos. QUE MOMENTO LINDO! O Homem Triste, que talvez vá deixar de ser “triste”, beija as filhas e diz que as ama muito, e eu só penso o quanto ele esperou por esse abraço, especialmente o abraço da durona Vivi. Realmente, um momento marcante em “Chiquititas”.

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