The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story 2x06 – Descent
“Andrew, I’m
not the one! I’m sorry”
1996. Voltamos
um pouco mais no tempo, UM ANO antes de todos os assassinatos cometidos por
Andrew Cunanan, e agora conhecemos um pouco mais de sua relação com as suas
três primeiras vítimas, mas também nos aprofundamos em sua própria psique
perturbada. A insanidade do personagem é exposta de forma clara, e ainda
pincelamos algo mais antigo na vida de Andrew quando ele retorna até a casa da
mãe, totalmente DESTRUÍDO, quase implorando por ajuda, mas ela não está nem aí para a infelicidade do filho.
Tudo é uma trama intrincada que culmina no assassinato de Gianni Versace, em
1997, e eu acho que foi um episódio muito bom dentro de sua proposta. Senti mais
nojo e mais desprezo por Andrew Cunanan do que, talvez, senti nos episódios em
que o vi cometer os primeiros
assassinatos. Porque tudo é muito antigo e muito descontrolado.
Festa de
aniversário de Andrew Cunanan, em uma casa chique onde “ele mora com um cliente
mais velho”. Um mero decorador de interiores que se envolveu com o seu cliente
abastado, e que agora vive numa ilusão assustadora de que realmente pertence a esse lugar. A maneira como ele mente
compulsivamente é desesperadora, e muito
me incomoda ver a forma como ele quer acreditar nisso tudo, e como uma
mentira se sobrepõe a outra com uma naturalidade preocupante. Aqui, nessa época, Andrew Cunanan e Jeff Trail ainda
eram amigos, mas as tensões já começavam a surgir, com Andrew querendo ditar o
que ele podia usar na sua festa, ou o que devia dar-lhe de presente, tudo como
uma forma de impressionar David Madson, e talvez esse tenha sido um tiro no pé. Andrew acredita em umas
histórias mirabolantes que cria…
…mas elas só
existem dentro de sua cabeça.
Imediatamente,
ao se conhecerem, Jeff e David apresentam química,
e eu acho isso eletrizante, embora seja agonizante ver o ciúme tão evidente no
rosto de Andrew. Claro que ele faz de tudo para afastá-los, fala com Jeff sobre
“o namorado dele”, mas a verdade é que isso não quer dizer muita coisa… vide a foto que Andrew tira com eles e Jeff
e David saem abraçados. Andrew deve ter ficado FURIOSO. E ele já estava no
limite porque Gallo, um amigo de Norman, já o enfurecera ao dizer que Norman é
muito generoso ao deixá-lo fingir que esse
mundo é dele e que ele não é um
simples empregado (“I won't allow Norman
to be hurt again”), mas Andrew jamais vai admitir algo assim. Ali, um dos diálogos mais breves e
fortes do episódio: “That room is full of
people that love me” “Then that room is full of people who don't know you”.
Chegou a arrepiar!
\o/
Andrew Cunanan
perde todas as regalias dessa vida fictícia
ao fazer exigências absurdas a que Norman não atende. De quebra, ele ainda joga
na cara de Andrew o seu verdadeiro sobrenome, evidenciando toda a rede de
mentiras que ele vem inventando há tanto tempo… quando Andrew tenta se fazer de
ofendido porque “foi investigado”, Norman responde: “You investigated me. We didn't meet by chance, did we? You
knew which books I liked, which music. You researched me, and you pursued me. You're
not my prisoner. You're not even my partner anymore. When's the last time we were
intimate, three months ago?” UM VERDADEIRO TAPA NA CARA. E é desconcertante como Andrew gosta
de acreditar que ele está com a razão.
Ha! Aproveitador e descontrolado, Andrew ameaça ir embora se suas exigências não
forem atendidas todas.
Então ele vai
embora.
Como um garotinho mimado e birrento.
Cunanan tem o
dom de afastar as pessoas que talvez gostassem dele de verdade. Com o lance
do cartão postal que ele manda ao pai de Jeff Trail, por exemplo, e a cena que
os dois têm depois disso é FORTE. Andrew não
tinha nenhum direito de tentar expor a homossexualidade de Jeff! Jeff o
confronta, e existe tanta falsidade e dissimulação na atitude de Andrew que
nosso DESPREZO por ele só aumenta mais a cada cena! A briga se intensifica
quando Jeff conta que está indo embora para Minneapolis (a cidade onde David
mora!), e Andrew se volta contra ele e o acusa de estar tentando roubar o homem de sua vida. Como se David fosse “o
único homem que o ama de verdade”. Quanta
ilusão! Naquele momento, pudemos sentir algo se partindo verdadeiramente
entre Andrew e Jeff, com o cartão postal e a mudança a Minneapolis!
“You stay away from him! I’m warning you. STAY AWAY FROM HIM!”
Para “salvar
o amor de sua vida”, Andrew liga para David e tenta levá-lo consigo a Los
Angeles, inventando uma outra história e vivendo uma nova mentira na qual, pior de tudo, talvez ele acredite! É tanta
pompa, é tanta invenção… um restaurante chique, presentes, um Hotel 5 Estrelas.
E toda a ilusão de que David será “o
homem de sua vida”. Mas David
é sincero: “Andrew, I’m not the one! I’m sorry”. Acho que foi doloroso, mas
ele foi totalmente sincero com Andrew quando disse o que sentia, e quando
deixou claro que não acreditava que eles
tinham um futuro. E nas insistências de Andrew, e acho que isso é o que
torna a sequência ainda mais pesada,
David pensa em dar-lhe uma chance, começar de novo, com menos pompa, e lhe pergunta sobre seus pais. E então Andrew
inventa mais uma série de mentiras deslavadas e nada críveis. A expressão de David, em uma interpretação
intensa, mostra essa profunda decepção.
Esse sentimento de que “Cunanan não tem mais
jeito”.
Depois disso,
as coisas descarrilham de vez para Andrew. Ele começa a se drogar, começa a se
tornar ainda mais revoltado com o mundo (tem até uma cena com Gianni Versace!),
e então ele vai se transformando. Na segunda
cena em que ele está no bar é gritante a diferença. Ele está com uma roupa
qualquer, suado e praticamente surtando por abstinência, sem dinheiro para
comprar mais drogas. Ele até tenta invadir a casa de Norman para roubar, e é
uma cena humilhante em que ele fica do lado de fora e Norman ameaça ligar para
a polícia… fico pensando no que Andrew
fez com a vida dele, e nos tipos de problemas psicológicos que ele tinha! É
uma cena e tanto, profundamente forte. Então ele vai em busca da mãe, e eu
preciso dizer isso: COMO ELA FOI INÚTIL. Ela é quase tão louca quanto ele, e a maneira como o ignora quando ele diz que está
“infeliz” é brutal.
Talvez ele não tivesse mesmo como ser
diferente.
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