Desventuras em Série 2x03 – O Elevador Ersatz: Volume 1
“Órfãos estão in”
Ah, como eu
amo “O Elevador Ersatz” e toda essa
intensa ironia e CRÍTICA que acompanha a história. A cada episódio (e a cada
minuto de cada episódio) eu me apaixono mais pela adaptação da Netflix de “Desventuras em Série”, porque é mais ou
menos como se eu estivesse lendo os livros novamente. Eles usam cenas inteiras
tiradas exatamente das palavras de Lemony Snicket no livro, e um exemplo
brilhante é como o narrador, que interpreta o autor, inicia a história
justamente como o livro, explicando a diferença entre as palavras “nervoso” e
“ansioso”, com alguns exemplos fantásticos e bizarros, como os que recebemos no
livro. Agora, os Órfãos Baudelaire estão se mudando para uma vizinhança rica, a
cobertura da Avenida Sombria 667, pertinho de onde moravam com seus pais antes
do terrível acidente há algum tempo.
For Beatrice –
When we met, my life began.
Soon afterward, yours ended.
É fascinante
ver as palavras que lemos e tudo o que criamos em nossas mentes ganhar vida com
tamanha precisão nessa adaptação cuidadosa. Alguns dos cenários e situações
imaginados por Lemony Snicket são altamente bizarros
e representar o surreal de forma “crível” nem sempre é fácil, e “Desventuras em Série” faz isso à
perfeição, com a dose certa de história, arte, cor e trevas. Adorei a Avenida
Sombria 667, aquela coisa de “escuridão in”
e “luz out”. O in e o out é algo
extremamente forte em “O Elevador Ersatz”,
como algo com que Esmé Squalor se preocupa demasiadamente, e de forma ridícula.
No entanto, pensamos na absurda arbitrariedade que define “o que é in e o que é out”, e a maneira como tantas pessoas realmente vivem prisioneiras
dessas coisas… “Desventuras em Série”
sempre leva isso um nível acima, caricatura os personagens…
Mas a realidade que eles representam é
perturbadora.
Fui me
encantando pelo cenário conforme os Baudelaire subiam aqueles infindáveis
lances de escada (porque elevadores estão out),
e havia muitas vezes o olho de C.S.C. na Avenida Sombria 667. É de imediato que
Klaus percebe que a cobertura tem duas
portas de elevador, enquanto o restante dos andares só tem uma, e então é hora
de conhecer os Squalor e as coisas em que acreditam, como o martini aquoso e os
órfãos, que agora estão in. É só isso
com que Esmé Squalor se preocupa, mandando que Jerome colocasse as crianças em
ternos risca-de-giz, que está in, e
correndo pela casa para arrumá-la quando o jornal anuncia que, agora,
“escuridão está out e luz está in”. É aí então que, ao abrir a janela
para deixar luz entrar no apartamento, os Órfãos Baudelaire já descobre o Conde
Olaf, dessa vez fantasiado como o Leiloeiro
In Gunther, estrangeiro.
“Faz favor”.
Às vezes nos
irritamos, mas também é algo que temos que aprender a ignorar em “Desventuras em Série”, com o tamanho da
estupidez dos adultos. Então, sob a eminente ameaça que mais ninguém parece
entender, os irmãos são colocados em ternos risca-de-giz (e eles ficaram TÃO
BONITINHOS, muito diferente dos ternos gigantes com que os imaginei após ler o
livro!) enquanto discutem a possibilidade de os Quagmire estarem sendo mantidos
prisioneiros no apartamento dos Squalor… afinal de contas, são 71 quartos e um
zilhão de lugares que, aparentemente, nem eles conhecem… daria para ficar perdido ali por dias. Então, enquanto Violet
vistoria a casa sozinha, de cabelo amarrado, Klaus faz com que Esmé também faça
um tour com eles pelo apartamento ridiculamente grande e supérfluo, mas eles não encontram nada.
Gosto MUITO
de como a série expande um pouco o universo de Lemony Snicket e nos permite ver
um pouco mais daquilo que são meras sugestões nos livros, e comentários que o
autor faz e nos instiga, mas corta depressa de volta à história dos Baudelaire.
Aqui acompanhamos a bibliotecária da Escola Preparatória Prufrock, por exemplo,
totalmente preocupada com os Quagmire e com os Baudelaire (uma das poucas), e
então Jacquelyn, a secretária do Sr. Poe, coloca Jacques Snicket (!) no caminho
de Olivia Caliban, para que ela possa ajudá-los a ajudar os órfãos, e as cenas
são MUITO BOAS. Adorei o momento no “taxi”, em que Olivia o reconhece como um
“voluntário”, e ela a recruta, de alguma maneira… são pequenos detalhes que
fazem toda a diferença para esse misterioso universo maior que sempre foi tão confuso.
E intrigante.
O episódio
também traz críticas fascinantes, como quando Esmé Squalor diz que o dinheiro
do Leilão In será para uma causa
especial, ela mesma, e então responde, quando questionada a respeito do
dinheiro poder ser usado para ajudar pessoas pobres: “Starving people can't eat money. Plus, if we give money
to poor people, they won't be poor, and we won't have anyone to feel sorry for”. Isso é tão dura e
revoltantemente real! Depois de momentos como esse, é hora de irmos ao Arenque
Houdini e depois o Café Salmonella, em uma limusine chique, com um chapéu meio
ridículo e uma capa de penas de morcegos (?) que, não nego, é bem bonita. Enquanto são servidos todo
tipo de comida (e bebida) feita com salmão, os Baudelaire se preocupam com os
Quagmire e reencontram Larry, o garçom de C.S.C. que parece sempre estar
presente.
Sem muito sucesso though.
Enquanto eles
estão lá, no Café Samolnella, Jacques e Olivia estão fazendo de tudo para
invadir a Avenida Sombria 667 e resgatar os Quagmire, e outros voluntários,
como Jacquelyn e Larry, fazem de tudo para enrolar o Conde Olaf e sua trupe no
Café, dando mais tempo à “missão impossível”, mas são os próprios Baudelaire
que descobrem onde os Trigêmeos Quagmire podem estar: O ELEVADOR. Achei uma
cena incrível essa final… não pela música do Conde Olaf, que foi bem vergonhosa
até, mas pelos irmãos, que estavam lá, olhando para o poço do elevador ersatz, tentando pensar em como
desceriam por ele, improvisando uma cesta com paraquedas que, mais tarde,
virará um balão a ar quente para o lado contrário… de todo modo, o episódio
termina com os Baudelaire chegando lá embaixo e, para a alegria de todos,
encontrando os Quagmire.
Sãos e
salvos.
Por ora.
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