Legion 2x02 – Chapter 10



“You are the creator of reality”
Que grande viagem psicodélica e perturbadora é “Legion”, não? Viajamos pela mente de David Haller em uma série de cenas que são verdadeiras obras de arte que desconstroem tudo o que somos acostumados a ver em séries. Ela nos encanta, nos fascina e nos envolve a ponto de chegarmos ao fim do episódio com aquela sensação de “já acabou?”, enquanto também passamos o episódio todo juntando pequenos fragmentos do que entendemos para formar a história maior, enquanto inevitavelmente deixamos escapar uma série de outros elementos que essa produção primorosa e complexa coloca em “Legion”. Um exemplo é aquela brilhante e desconcertante cena introdutória, com Lenny, Oliver e David no carrossel, provavelmente dentro da mente de Farouk, falando sobre memórias, reais ou não, sobre verdade e máscaras…
É brilhante, e angustiante.
A segunda temporada de “Legion” expande bem um universo que já era complexo e confuso. Agora, temos as Vermillion, que são esses androides com vozes musicais e mecânicas que me dão arrepios, por exemplo, e entram na história os Monges Mi-Go, porque aparentemente o corpo e a mente de Farouk se separaram depois do confronto com David na primeira temporada, e o corpo dele só pode estar com os Monges. Também tem a entrada da história de viagem no tempo, e isso nos proporciona visões eletrizantes de um futuro desesperador em que o mundo foi destruído por uma praga e, ao que tudo indica, o próprio Farouk é o único que pode salvá-los disso. Por isso é tão importante que David o ajude, como a Syd do futuro pediu, a encontrar o seu corpo, e que não o mate como fez outrora, no deserto na semana seguinte.
Sim, wibbly wobbly.
Gosto de como tudo parece mais ameaçador, quiçá um pouco melancólico. São pequenos detalhes como a cena em que Kerry não consegue mais entrar dentro de Cary e eles acabam se invertendo, ou então as Vermillion dizendo que há uma chance de 63% de que David esteja mentindo para eles a respeito de tudo e trabalhando com Farouk. E a verdade é que vemos um David em quem não sabemos se podemos confiar. Ele é apaixonante e envolvente, sempre, mas sinceramente, ele parece perigoso. Ele vai até Kerry em busca de ajuda para modificar o tanque, para que ele possa ir até a Syd do futuro e falar com ela, mas quando ele fala com ela, há um zilhão de vozes em sua mente o chamando de mentiroso, dizendo que ele devia contar a verdade, e uma série de manifestações, agora muito mais fortes do que víamos na primeira temporada.
O experimento é bem psicodélico, cheio de cores. Então ele consegue alcançar a Syd do futuro, que está surpresa por vê-lo “daquela maneira” novamente, fazendo-o perguntar se “ele está morto no futuro”, mas a verdade é que é mais complexo que isso. O que David quer ao ir falar com ela é entender isso de “ajudar o Farouk”, porque se vai fazer o que ela pediu, ele precisa saber o motivo, e então ela explica sobre a praga e sobre as incontáveis mortes do futuro, e tudo isso seria evitado se, na semana seguinte, David não matasse Farouk no deserto. Agora, parece tudo o que eles querem e o que deve ser feito. No futuro, é o que poderia ter evitado a destruição do mundo. “He killed a few. This thing kills everyone”. Eu fiquei ressabiado com a Syd, que parecia meio mecânica, e adoro como “Legion” nos provoca com isso de “como David está no futuro”.

“A wise man once said, ‘Reality is that which, when you stop believing in it, doesn't go away’. […] Imagine a boy. From a young age, he is taught wrong. […] Human beings are the only animal that forms ideas about their world. We perceive it not through our bodies but through our minds. We must agree on what is real. Because of this, we are the only animal on Earth that goes mad”

Welcome to madness.
As cenas de “Legion” são mais e mais apaixonantes a cada segundo, e David Haller decide falar com Farouk, acabando com ele em um deserto, onde uma barraca de vidente e uma bola de cristal o aguarda. A conversa de David com Farouk, agora em outro corpo, é eletrizante e ameaçadora, embora calma em sua maioria. Há uma série de simbologias, há mais de uma língua usada, e muitas expressões interessantes. Há uma batalha imaginada, ora de luta livre, ora com um samurai de espada ou um tanque de guerra, o poder aumentando a cada segundo, sem que aumente em momento algum, no fim. A complexidade de “Legion” e suas representações. De volta ao deserto, David diz que vai ajudar Farouk a recuperar o seu corpo, e para isso precisa encontrar o Monge, mas não sabemos ainda se isso é realmente o certo a se fazer.
Tampouco se podemos confiar na Syd do Futuro.
Falando nisso, ao fim do episódio, quando Syd está com o corpo trocado com um gato, David conversa com ela e conta toda a verdade, sobre saber quem foi que o colocou naquela esfera, e sobre uma versão do futuro dela mesma ter mandado que ele ajudasse Farouk a recuperar o seu corpo, para salvar a vida da humanidade no futuro, que foi destruída por algo muito pior que Farouk e que, aparentemente, só ele pode deter. É difícil acreditar em David, é muito mais difícil ainda acreditar em Farouk, mas Syd resolve tentar. Diz que se foi ela mesma quem pediu e que se David acredita nela, ela também vai ajudar. Assim, o que devemos ver no próximo episódio de “Legion” é essa busca pelo Monge que pode saber onde está o corpo de Farouk depois de toda a batalha final da primeira temporada que o separou de sua mente. E isso vai ser eletrizante.

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