Turma da Mônica Jovem (2ª Fase, Edição Nº 15) – O Portal das Trevas, Parte 2

“Eu… te amo, amigo!”

Tudo o que queríamos em “Turma da Mônica Jovem” e que há muito tempo estava faltando: uma saga, uma história de terror, protagonismo transferido para o Cascão e a grande participação de personagens secundários como a Denise, o Jerê e o Xaveco. ESSA EDIÇÃO É MARAVILHOSA. Tão empolgante, sinistra e envolvente quanto a primeira parte de “O Portal das Trevas”, Wagner Bonilla arrasou no roteiro, e tudo o que eu conseguia pensar enquanto chegava ao final era: por que essa saga não tem 3 ou 4 partes? Vai ser difícil voltar para uma edição estilo “Influenciadora Digital” depois de algo TÃO BOM quanto “O Portal das Trevas”. Na edição passada, para salvar o Cebola, Cascão abriu o Portal das Trevas e se jogou de cabeça em um mundo totalmente novo, sombrio e macabro, e é nesse mundo que nos encontramos quando a Parte 2 se inicia.

“Muitos foram os que desceram pelo Abismo do Inconsciente sem conseguir voltar. Os manicômios são suas moradias, pois deles é o Reino da Insensatez. Outros poucos escolhedios seriam capazes de contar o que há por trás da… LOUCURA! Seja bem-vindo ao Deserto da Loucura. Seja bem-vindo ao seu túmulo!”

A edição é bastante macabra, e os desenhos assumem um tom sombrio que às vezes quase nos faz esquecer que estamos lendo “Turma da Mônica”, mas as edições de terror da turminha jovem sempre foram UM SUCESSO. O tom macabro permeia as falas aterrorizantes, os desenhos assustadores, o fundo escuro, e isso pode ser visto em momentos como o Cascão vomitando uma estranha gosma negra, ou o mesmo líquido escorrendo do nariz do Xaveco, seu pescoço se tornando todo preto e ele se transformando em uma versão assustadora dele mesmo. Bem dark. Quando a transformação do Xaveco se completa, ele está praticamente irreconhecível. Dentes arreganhados, olhos grandes e brancos, e diz coisas como “Medo! Ele pode sentir o cheiro do medo! O cálice está quase vazio, a centelha a apagar… deixem a malevolência entrar! O coletor se faz presente! E a colheita, ele vai TOMAR!”

Outrora tão fofo, tão querido…

Parece que todos estão fadados a serem consumidos por esse lugar assombroso. Denise também está cuspindo gosma preta, e em um momento o Cascão perde completamente o controle, ataca o Cebola em pensamentos, dizendo que ele não teria atravessado para o outro mundo por ele se estivesse em seu lugar, e se volta contra o Brilhante, agora um “gatinho” quase indefeso, e Cascão vai ficando deformado enquanto essa mágoa e todos esses sentimentos ruins o consomem e o estragam. Então ele é quase engolido por seres que só posso descrever como inferi, em um mar de “culpa num ciclo sem fim”, e é o Brilhante quem o ajuda a sair dessa situação quando ele se dá conta de que é o lugar que está entrando em sua mente, e que ele não pode permitir que isso tome conta dele… ele precisa ser forte e lutar pelos amigos que deseja defender.

Por Cebola.

Enquanto isso, com o Xaveco ardendo em febre e o lugar mexendo com todos eles, Denise e Jerê também já estão com os braços cheios de veias pretas, mas Xaveco é quem está mais descontrolado… o clima está rolando solto entre Denise e Jerê (apesar do comentário mal calculado de “Sei que você é meio metida a besta e pegou geral na turma…”), e ela aproveita a situação do Xaveco para fazer o Jerê tirar a camisa… bem, e não podemos culpá-la, porque quem não ia querer pelo menos poder olhar pro Jerê sem camisa numa situação toda desesperadora como essa? “Poxa… vou pagar peitinho o resto da aventura!”, ele reclama; “Bobagem, gato! Nesse shape, você tá voando! Vai por mim!”, ela responde. E okay, ela não está errada. Agora, eles estão todos presos em gaiolas nas costas de monstros, contando com a ajuda de Cascão para salvá-los.

Quem os salva é Bravura, o Guardião das Centelhas, que são as “almas que não se apagaram nesse mar de escuridão”, mas Denise e Jerê agora não têm que se preocupar apenas com o Xaveco, mas também com Magali e Titi em uma cena extremamente assustadora, que os leva até o interior da escola, onde o Cascão está perdendo as esperanças de salvar os amigos e voltar embora. Ali, Denise também é levada, e os desenhos ficam quase que ainda mais macabros (à exceção do Jerê, que exibe um corpão maravilhoso por páginas e páginas!), até que chega a hora do Brilhante BRILHAR. Ele devolve os amigos ao normal, em uma cena emocionante, e então “morre” por estar fraco, não sem antes aconselhar Cascão sobre a necessidade de encontrarem um elo emocional, “unir os sentimentos positivos”, para que possam voltar embora.

Assim, vasculhando em seus armários de escola, cada um encontra coisas que significam algo, e o que Denise encontra é, na verdade, o próprio Jerê, o que eu achei fofo, e espero que isso volte a ter importância em edições futuras e não fique simplesmente esquecido em um passado distante que foi um marco de qualidade inegável na segunda fase da “Turma da Mônica Jovem”, e que eu infelizmente temo que não se repita tão cedo. Com os sentimentos bons reunidos, o Portal se abre de volta para casa, e Xaveco, Titi, Jerê e Denise vão embora. Magali hesita por um momento, pois não podem deixar o Cebola e a Mônica para trás, e o Cascão tem a atitude mais bonita de todas: empurra Magali pelo Portal, de volta para casa e de volta à segurança, “porque não pode correr o risco de perder mais uma amiga”. Então, ele está nessa jornada sozinho.

Ou não.

Pois ele tem o Brilhante.

Brilhante retorna pela atitude altruísta de Cascão, e o mais bonito é que ele retorna em toda sua forma majestosa de “História Sem Fim”, e então eles vão para a Torre de Savert, onde o Cebola, convertido em uma “casca vazia”, está atacando Mônica e a joga do alto de um prédio, culminando na cena de resgate protagonizada pelo Cascão como vimos no início da Parte 1, e o mais legal disso tudo é que a Mônica aparece ali, brevemente por alguns quadrinhos até que o Cascão a envie de volta em segurança para o mundo deles, e pronto. É TÃO BOM NÃO TER A MÔNICA COMO PROTAGONISTA! Precisamos de mais histórias assim. Agora, Cascão e Brilhante (com direito à citação da fala de Gandalf em “O Senhor dos Anéis” e tudo: “Nós, Consortes da Irmandade, nunca atrasamos, nem nos adiantamos! Chegamos exatamente aonde pretendíamos chegar!”) precisam salvar o Cebola.

A LUTA entre Cascão e Cebola ME ARREPIOU, e o final foi belíssimo.

Cascão detém a luta, se lembra de quem é e de quem são, e do quanto ama o amigo:

“O que estamos fazendo?! E-eu não sou assim! A foto! É isso! Nós não somos assim! Os amigos… eles… são para sempre. Aqui, Cê… tenho algo que pertence a você! Estava no seu armário! Sinto muito se nos afastamos, você sempre esteve comigo, brô! Carrego você sempre nos meus pensamentos… no meu coração! A gente vai crescer… vamos ser pessoas diferentes! Porque a vida é assim! Mas nossa amizade… ela vai prevalecer, resistir ao tempo! Porque eu… te amo, amigo!”

Com direito a uma foto deles crianças e tudo! <3

É de arrepiar, e a fase final da edição começa com o Cascão enfrentando seu “inimigo mais íntimo”, que é ele mesmo, e o próprio medo. Enfrenta o medo de chuva, por exemplo, porque isso não é nada perto da amizade e do amor que tem pelo Cebola! É emocionante como os dois amigos se abraçam em um momento tocante, e então Brilhante os ajuda a retornar para casa, enquanto fica para trás para “brilhar e expurgar todo o mal daquele lugar”, mas ele diz que aquilo não é um adeus, mas um “até breve”, e eu espero que essa seja uma promessa cumprida, porque eu mal posso esperar para voltar a essa trama toda! O final é emocionante, com uma belíssima mensagem sobre amizade enquanto todos acordam de volta no hospital “do lado de cá”, em segurança e juntos… e percebemos que não há nada que torne a amizade mais valorosa que o tempo.

Brilhante.

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