A Noite do Jogo (Game Night, 2018)
“This is
not a game!”
Um filme
divertidíssimo e que transcende um pouco gêneros. De certa maneira, adoraríamos
chamá-lo de comédia, e realmente ele tem sequências divertidíssimas (eu ri muito da cena da “esteira” no aeroporto!),
mas ele não se resume a isso. Com um mistério real a ser desenvolvido, o filme tem bastante ação (uma sequência
inteira de perseguição de carro, por exemplo, que é muito bem-feita!) e um
tiquinho de suspense! Por isso, o filme não se limita a um gênero, e vagueia
por eles de forma competente, produzindo um filme interessante, com um bom
roteiro e motivos para gostosas risadas… Jason Bateman, como sempre, está ótimo
em seu papel, e Rachel McAdams também é maravilhosa. Estava muito ansioso para “A Noite do Jogo” desde que assisti ao
trailer, há algum tempo, e o filme é um ótimo entretenimento do início ao fim!
Algumas
pessoas são competitivas, nós sabemos disso… possivelmente eu esteja entre
elas, embora não com a intensidade de Max e Annie Davis. Mesmo assim, eu sabia
a resposta para a pergunta que aproximou os dois naquele jogo de bar, por
exemplo (“Qual o nome do Teletubbie
roxo?”), e eu ADOREI esse início de filme que mostrou como o casal
protagonista se conheceu e, ao longo de “game nights” com os amigos, o
desenvolvimento de seu relacionamento, com direito a um LINDO pedido de
casamento que tinha tudo a ver com eles.
Agora, eles estão tentando ter um filho, mas aparentemente o esperma de Max
“não é forte o suficiente”, e isso pode ter alguma relação com o fato de o seu
irmão estar voltando para a cidade, e ele sempre se sentiu inferiorizado pelo
irmão, também não sem motivo, devo dizer. Não?
Porque Brooks
só pode ser descrito como desprezível.
No início talvez tenhamos sentido que era um pouco de implicância do Max, mas isso só até o Max aparecer, sempre querendo se mostrar. Já começa
não atendendo ao pedido de chegar de mansinho e estacionar o carro longe (para
que Gary, o vizinho chato que quer participar das “game nights”, não o visse
chegar), fazendo um estardalhaço e exibindo o carro que era o carro dos sonhos de Max desde a infância. Ele faz
comentários condescendentes sobre a casa e basicamente sobre tudo, o tempo todo. Assim, ele planeja uma “noite de jogo” em
sua casa na semana seguinte, com a clara intenção de humilhar o irmão um pouquinho mais… e tudo começa com a imensa casa
que ele “alugou”, mesmo que não vá ficar na cidade por muito tempo, e ele
descarta os jogos de tabuleiro de Max brutalmente…
Achei aquilo
cruel.
Por isso, não
fiquei com dó quando ele foi sequestrado.
Mas essa é a grande sacada do filme: O SEQUESTRO REAL. É tipo uma premissa de
Philip K. Dick, de uma forma simplificada: “Vocês
não saberão o que é real e o que não é”. Brooks contrata uma agência e
planeja um “mystery party”, E AQUILO É FENOMENAL. Especialmente porque
sequestradores de verdade invadem a
casa, batem em um cara da empresa de jogos, e enquanto uma ação frenética de
muitos socos acontece entre os sequestradores e Brooks, Max e os amigos estão
lá, tranquilões comendo e esperando a primeira dica. Afinal de contas, isso tudo é um jogo e uma encenação, não é? Essa
peculiaridade torna tudo tão desconcertante e tão macabramente divertido que não tem como não rirmos… e
então, depois que Brooks é realmente levado embora, O JOGO COMEÇA.
Gosto muito
de como cada personagem encara o jogo, e “A
Noite do Jogo” tem personagens muito
bons, na verdade. Temos os competitivos Max e Annie, por exemplo, que
rastreiam o celular de Brooks e planejam chegar a ele mais rápido do que todos.
Depois temos Ryan e Sarah, que planejam subornar o pessoal da empresa para
ganhar a dica final (a cena de Ryan
deslizando o dinheiro sobre a mesa, uma nota de 10, uma de 5 e duas de 1 É
HILÁRIA!) e também chegar ao prêmio. E, por fim, temos Kevin e Michelle,
provavelmente os jogadores mais honestos, os únicos a realmente desvendar a
primeira pista e chegarem até o grampeador,
mas eles estão ocupados demais discutindo
sobre “com que celebridade ela dormiu”, e por isso eles não conseguem avançar o
suficiente… também são sabotados pelo Ryan, que os deixa trancados na casa.
Enquanto o
jogo alucinado se desenvolve, cada dupla descobre que esse não é o jogo planejado por Brooks. Ryan e Sarah descobrem isso
na agência, quando vão tentar subornar (!) a mulher, e eles avisam Michelle e
Kevin. Max e Annie, que foram rápido
demais para o lugar onde Brooks estava, acabam se envolvendo com os
verdadeiros criminosos, e só percebem que “o jogo é de verdade” quando Michelle
atira na lâmpada, achando que a arma que segura é de brinquedo, e
acidentalmente atira em Max também… destaque para as cenas em que tentam fugir
com Brooks, mas ele se atira do carro para salvar o irmão e os amigos, e para a
cena de Annie cuidando do ferimento de Max de forma prolongada, dolorosa e,
eventualmente, inútil, porque a bala não
ficou alojada em seu braço. Confesso que essa última cena me deu um pouco
de desespero.
O filme é
divertido (dark humor) e repleto de
reviravoltas, e você realmente não
sabe mais o que é REAL e o que NÃO É. Os amigos improvisam uma game night na casa de Gary para que Max
possa invadir o seu “computador de policial” em busca de alguma informação
importante, e eles escapam depois que Max deixa um trilho de sangue, o cachorro
todo sujo de vermelho, e o quarto um desastre… temos cenas em um FIGHT CLUB
absurdo de ricos, uma negociação pela vida de Brooks, e um ovo se quebrando da
maneira mais patética possível depois de tudo o que fazem para salvá-lo… e
então, quando as coisas escalam e se tornam ainda
mais complicadas, GARY APARECE AO RESGATE, com direito a deslizar pelo capô
do carro e se sacrificar pelos amigos e tudo… assim, ele consegue a promessa de
que será reintegrando às noites de jogos de agora em adiante.
Com essa
promessa, ele revela que ELE PLANEJOU TUDO. Quer dizer, quase tudo. Porque depois ele acaba levando um tiro de verdade, e ele diz que seus homens não usaram armas de verdade. Então, além da agência e
do plano de Gary, há uma terceira parte envolvida, e essa parte, dessa vez, é real. Tanto que temos aquela perseguição
no aeroporto, uma manobra de carro para parar um avião bastante eficaz (!), uma
esteira lentíssima, uma turbina assassina e uma entrada mestre para salvar
Brooks no último minuto. E então, tudo chega ao fim, e podemos respirar
aliviado. O filme é angustiante, cheio de suspense, de mistério, de plot twists, e ainda assim INCRIVELMENTE
DIVERTIDO. O fim do filme, por sua vez, é bonitinho, com o Gary participando
dos jogos com eles, e uma charada que dá mais uma notícia importante para o
casal protagonista: ANNIE ESTÁ GRÁVIDA.
Super fofos.
P.S.: ADOREI os créditos mostrando todo o esquema de Gary para “ser
reintegrado às game nights” com os amigos!
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