Chiquititas (2015) – O passado da Marian
“Ainda bem
que eu decidi ir atrás, porque você é perigosa!”
Aí está uma trama que não me agradou. Entendi
perfeitamente o intuito de colocá-la, mas ela só pareceu forçada, além de mal
interpretada pelos atores que fizeram participações especiais como os antigos
pais adotivos da Marian. Tudo pareceu jogado de qualquer maneira, abruptamente,
sem contar que não há uma pesquisa
prévia para saber como essas coisas são feitas na vida real. Não é assim para simplesmente “devolver uma criança”,
ela não é uma mercadoria. Os
orfanatos, de modo geral, não existem mais, não no formato que “Chiquititas” apresenta, e o processo de
adoção tampouco é como mostrado na novela (como se as crianças ficassem
expostas em uma vitrine para serem escolhidas), mas isso de “devolver a Marian
para o orfanato” eu acho que passou um pouco dos limites aceitáveis e eu realmente não gostei da trama.
Tudo começa quando Marian para um pouco para
pensar no que está acontecendo e se pergunta por que a Carmem está fazendo tudo o que está fazendo. Então,
juntando as peças, ela se dá conta de que só pode ser uma coisa: Mili é a filha da Gabi. Sabendo disso,
ela tenta usar isso contra a Carmem, mas é bem burrinha ao baixar a cabeça para ela quando Carmem ameaça
“devolvê-la para o orfanato”, porque aqui eu já teria agido de forma muito mais
inteligente que a Marian: devolver como?
Eu perguntaria: “Você vai contar para todo mundo que eu não sou filha da Marian
e você mentiu para eles?” De todo modo, caso a Marian agisse dessa maneira,
Carmem faria exatamente o que ela fez: ir
atrás de informações sobre o passado da Marian. Ao fazê-lo, a bruxa velha
descobre que ela tem um passado meio complicado.
Primeiramente, Carmem vai falar com a primeira mãe
que adotou a Marian, quando ela era criança, e vamos combinar? Que interpretação sofrível. Muito me
incomodou aquele modo de falar dela, parecendo sem fôlego, e eu nem consegui
aproveitar direito a cena. Sem contar que
eu estava deveras incomodado com esse reforço na ideia de “devolver uma
criança”, o que é absurdo. Nessa primeira casa, Marian fez algumas coisas
terríveis como deixar uma aranha (pera, era a Brunilda?) no berço de seu
irmãozinho mais novo, por puro ciúme. Marian era uma garota que desde sempre
precisou de tratamento, e os seus
pais adotivos não souberam lidar com ela. Simplesmente
a devolveram, e isso expressa certa falta de humanidade neles maior do que na
própria Marian, que precisava de atenção e carinho e, quem sabe, tivesse
acabado diferente.
Talvez não… mas vai saber?
Depois, Carmem chega a outra família, e conversa com o pai. Ele diz coisas como “A convivência com a Marian chegou num ponto
em que era insuportável. Ela maltratava todos os funcionários, fazia pecuinha
entre todos da casa, aprontava e se fazia de vítima sempre”, o que sabemos
que é bem a cara da Marian.
EXATAMENTE o que ela fazia no Orfanato. A ideia é interessante, de começar a
expor a Marian, mas tudo é bem falso, forçado. Deus ex machina. Sem contar que esse homem falava de uma forma tão
FALSA que não dava para levar nada a sério. “A
paz voltou a reinar na casa depois que ela foi embora”? Quem fala assim?
Muito dramatizado, e ele parecia estar NARRANDO algo o tempo todo, como se
estivesse lendo de um teleprompter, e
só soou absurdamente ridículo no meio da novela. Parecia o Roberto Cabrini
apresentando o “Profissão Repórter”.
Enquanto a Carmem faz essas investigações, Marian
invade o orfanato se sentindo a Rainha, pronta para brigar com as garotas e
para reclamar da “comida gordurosa” do Chico, mas ela vai ter que recolher
essas asinhas depressa, porque Carmem usa as informações das família, como o
fato de ela ter roubado um quadro (!), para CHANTAGEÁ-LA. Agora, ambas têm um
segredo uma da outra, e é um dos poucos momentos em que Marian parece
genuinamente desesperada. Ela implora
para que Carmem não conte nada para ninguém, especialmente para a Gabi, e quase
tem um surto no meio do quarto. Carmem garante que não vai contar nada para
ninguém, desde que ambas se ajudem. Ela não pode contar que Mili é filha da
Gabriela, e também precisa impedir
que a Gabi a adote, o que não é exatamente a coisa mais fácil, mas Marian terá
que tentar.
Com toda sua falsidade e dissimulação, Marian
inicia o seu joguinho perverso. Se faz de vítima, diz coisas a Gabi como “Se você adotar a Mili, você nunca vai
gostar de mim de verdade, como uma mãe tem que gostar de uma filha”, e pesa
num teatro sobre como o quadro que a “mãe” pintou da Mili ficou muito mais
bonito, porque ela gosta mais da Mili do que gosta dela, e que se gostasse dela
de verdade não precisaria adotar a Mili. Enfim, o drama é prolongado, ela finge
que chora, e ganha abraços e beijos da Gabi, que tenta consolar a garota, e
embora ela ainda ame a Mili de todo o coração e pense em adotá-la, não é
difícil se sentir culpada quando a Marian age daquela maneira… realmente, a
parceria de Carmem e Marian é eficaz, mas felizmente não vai durar para sempre.
Não vejo a hora de vê-la ser desmascarada!


Poxa... uma pena que você não gostou dessa parte da história, uma de minhas favoritas. Já viu a cena da Carmen chantageando a Caro na versão argentina? É bem melhor, mas a brasileira também está ótima (pra mim).
ResponderExcluirSaíram chamadas de Poliana (nove no total) e uma delas está com o núcleo adolescente e outra com a data de estréia (16 de maio, quarta-feira). Poderia comentar assim como eu, não?
Não é bem que eu "não tenha gostado", acontece que as atuações é que foram deploráveis haha Não de Carmem e Marian, naturalmente, mas daqueles "pais adotivos" dela... então eu meio que não consegui levar a sério. Eu assisti uma ou duas chamadas de Poliana no máximo, porque tenho visto pouquíssimo "Carinha de Anjo" ultimamente... mas eu vi ontem a data, e achei super estranho que seja numa quarta-feira... quer dizer, o SBT já fez MUITO isso na vida, mas não tinha mais feito nos últimos tempos... a princípio, como vou comentar os primeiros 10 capítulos, deixei para comentar depois mesmo, durante a exibição... mas se eu conseguir um tempo nesses 15 dias, vou comentar sim! :)
ExcluirAh, e claro, também não gostei, como digo no texto, do fato de ser tão distante da realidade... mas isso é coisa com o que o SBT não se preocupa, e usa o roteiro pronto de 1995 nas coisas mais importantes... então fazer o quê?
ExcluirSobre a estréia de Poliana na quarta: é pra ter uma audiência boa, porque nas quartas a Globo exibe o futebol às 21h15, horário em que Poliana deve começar.
ExcluirSobre o texto dessas cenas: a equipe já não estava pegando o roteiro pronto de 1995, já estavam adaptando bruscamente os acontecimentos mais importantes. O homem que falou sobre a "paz que voltou a reinar" era rico, então ele provavelmente tinha um vocabulário diferente dos das outras pessoas. Aliás, quem dera tivessem pegado o roteiro pronto para a cena da Carmen chantageando a Marian, com o surto da Caro dizendo que "basta basta basta, sí soy mala, y qué?"
Uhm, faz sentido, agora entendi a quarta-feira.
ExcluirQuando eu digo "pegar o roteiro pronto", eu não quero dizer as falas, nem nada. O que quero dizer é que o SBT pega a ideia, e não pesquisa a respeito dos temas para saber como eles são na vida real, ou como eles são atualmente. Não existe orfanatos no modelo de "Chiquititas" mais, há muitos anos. A adoção não acontece da forma como é mostrada na novela. Não é assim para simplesmente "devolver uma criança". Me refiro a isso, e nisso o SBT peca demais. Elas adaptam uma realidade da Argentina em 1995 e esperam que o Brasil em 2013 seja exatamente igual, com o mesmo modelo, mesmas leis... são 20 anos depois, e em um país diferente... entendeu?
Entendi, você quis dizer que isso seria aceitável se a novela se passasse na Argentina e em 1995, mas se passa no Brasil e em 2012 a 2014 (ano em que os roteiros foram desenvolvidos). Mas pense bem, sendo o roteiro baseado no original de 95 e ainda teve tantas críticas, imagine se fosse tudo adaptado para os dias de hoje com uma casa de abrigo no lugar de um orfanato e com uma forma diferente de adotar as crianças? Iam dizer que foi outra novela. Concluindo: só tentaram manter o mais próximo possível do original.
ExcluirTe recomendo ler os posts do blog "resumochiquititasbrasil" se quiser saber críticas sobre a novela vinda de alguém que viu a original.
Realmente, não discordo nem um pouco... pessoal reclamaria mesmo, e realmente "distorceria" da proposta de "Chiquititas", que foi concebida dessa maneira. São só comentários que sinto a necessidade de fazer, especialmente em alguns casos como esse, mas não discordo. Tanto que não reclamo de ser um "orfanato" quando não existem mais orfanatos, porque foi assim que eu mesmo vi em 1997, e é assim que a história de "Chiquititas" foi escrita... enfim, acho que nos entendemos haha
ExcluirVou dar uma conferida nesse blog, obrigado! :)
Nossa, eu me sinto assim em diversos momentos dessa novela. A Sofia também tinha um jeito de falar que não era nada natural, parecia que ouvia tudo por um ponto. Novela assim é só para distrair mesmo, difícil continuar assistindo se a gente começa a focar nos detalhes, cenário, interpretação, figurino.. tudo muito mal feito.
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