Sítio do Picapau Amarelo (2001) – Reforma da Natureza, Parte II
“Agora, na batata da ciência!”
A segunda
parte da “Reforma da Natureza” difere
amplamente da primeira, tanto que quase parece uma história independente, se a ideia básica não fosse a mesma. Dessa
vez, no entanto, essa não é uma travessura apenas da Emília, ou com a ajuda de
sua amiga Magrela, mas com o próprio Visconde
de Sabugosa, que está ali para “tornar tudo mais científico”, ou pelo menos
essa é a ideia da Emília. A noção da história é completamente diferente, e aqui são experimentos curiosos de um cientista quase mais culpado do que a
travessa e inconsequente boneca de pano, e o caos toma escalas GLOBAIS, com o
exército do Canadá, eventualmente, cercando uma pulga gigante que foi criada no laboratório do Visconde graças a
“transferência de glândulas”. Por fim,
tudo vira uma divertida caçada, e a confusão se resolve com a ajuda do
Curupira!
Podíamos
esperar que Emília tivesse deixado essa ideia de “reformar a natureza” para
trás, depois das confusões da semana anterior e os conselhos de Dona Benta… mas
uma conversa com o Visconde a faz chegar a uma conclusão: “Embasamento científico é o que faz as pessoas acreditarem nas coisas?”
Com isso em mente, a boneca decide re-reformar a natureza, como ela mesma diz,
dessa vez com “embasamento científico”, porque daí “não tem dúvida nem bronca”.
Adoro como o Visconde acaba carregado para dentro da grande maluquice,
trabalhando enquanto a Emília fica ao seu lado, o apressando: “Que demora, Visconde! Precisa de todo esse
tempo pra fazer embasamento científico? Com o Faz-de-Conta é muito mais
rápido!” “Calma, Emília!” “Você já viu alguma boneca que vem com calma?”
Definitivamente, calma não é um forte da Emília.
Mesmo assim,
ela se empolga (“Não sai daí que eu já
volto pra gente começar a nossa reforma. Agora, na batata da ciência!”), e
é ela quem sai em busca de COBAIAS para os experimentos científicos do
Visconde. Pequenos animais como centopeias, formigas saúvas, minhocas e pulgas…
vários dos insetos, segundo o Visconde, “não suportam o transplante de
glândulas”, embora algumas parecem se adequar bem… eventualmente, o Visconde
acaba sozinho em sua grande “aventura”, porque a Emília diz que “isso está
demorando muito” e que “ela cansou da brincadeira”. Sem a ajuda da Emília, no
entanto, o Visconde prossegue, então eu quase digo que A SEGUNDA REFORMA DA
NATUREZA É DO VISCONDE! Afinal de contas, não
foi ele quem fez tudo? E não foi ele que continuou fazendo depois que a Emília já tinha se cansado da
“brincadeira”?
Enquanto
isso, o Pequeno Polegar chega no Sítio do Picapau Amarelo, novamente tentando
fugir da Dona Carochinha, com as suas Botas de 7 Léguas desreguladas. Enquanto um pé anda 7 léguas, o outro anda apenas uma.
Ninguém por ali, infelizmente, parece capaz de ajudá-lo, nem a Tia Nastácia,
que é entendida dessas coisas, e o Pequeno Polegar precisa enfrentar alguns
perigos do Sítio, como alguns “gigantes”. Por fim, é a Dona Benta quem dá a
solução para as botas: “A Emília! A
Emília sempre acha solução pra problemas insolúveis”. BATATA! Emília tinha
a maneira certinha de consertar as
botas do amigo: usando o Faz-de-Conta.
E, claro, funciona. E enquanto Emília cuida das botas do Pequeno Polegar, o
Curupira se incomoda com as mudanças na natureza (e Tia Nastácia conta sua
história!), e uma TEMPESTADE se anuncia.
Outra trama
da história traz a Dona Benta se envolvendo em uma CAMPANHA CONTRA A FOME, e
ela lidera e envolve todo o Capoeirão dos Tucanos para ajudar as pessoas que
precisam. A parte super divertida da história é que o Rabicó, aquele porcalhão
sempre esfomeado, acaba preso dentro do caminhão de doações atrás de comida, e
então fica todo preocupado com o que pode acontecer: “E agora? Como eu vou explicar que fui um engano? Eles vão achar que eu
sou uma doação da Dona Benta pra Campanha!” Com a Narizinho extremamente
preocupada com o seu porco de estimação, Pedrinho pega o Pangaré e vai atrás do
caminhão para salvar o porco, com direito à sua trilha sonora cantada pelo Jota
Quest e tudo, que eu amo, por sinal! Então, felizmente,
Rabicó é salvo e levado de volta para o Sítio do Picapau Amarelo.
Durante a
tempestade, o laboratório do Visconde é alagado e tudo sai de lá de dentro. Assim, as cobaias que estavam ali são levadas pela chuva. Por isso a Pulga
Gigante que assombra o motorista do caminhão da Campanha Contra a Fome. Então
tudo parece virar uma confusão. Animais gigantes são avistados, o jornal
(apresentado por Fátima Maria!) faz uma cobertura dos eventos, e uma trilha
sonora de tensão toma conta, o que é
bem divertido. Os insetos gigantes tomam o mundo, e são vistos na Torre Eiffel,
na Estátua da Liberdade, enquanto todos os animais parecem ficar desesperados
com o que pode acontecer com eles… enquanto isso, Visconde fica apavorado
porque sabe que a culpa é dele, e se culpa por ter “criado um monstro”. Emília,
por sua vez, parece bem animada, e um tanto quanto maluca: “Você não. NÓS
criamos um monstro!”
Um dos
experimentos mais bacanas do Visconde é feito no Pequeno Polegar, que se anima
com a ideia de “crescer” e resolve se submeter ao transplante de glândulas,
como os insetos, embora Emília esteja mesmo interessada em costurar asas de
borboleta nele, para que ele possa voar como a Fada Sininho. O experimento dá certo,
Pequeno Polegar cresce ao tamanho de um homem normal, e celebra porque “agora
não cabe mais no livro da Carochinha”, portanto está LIVRE. Tentando não ser
reconhecido, ele se apresenta a ela como “Grande Mindinho”, primo do Pequeno
Polegar, mas eventualmente ela descobre quem ele é, dá uma pílula de
encolhimento do Doutor Caramujo, e o Pequeno Polegar é obrigado a voltar para o
livro… as pílulas de encolhimento,
portanto, parecem uma boa alternativa para consertar essa confusão toda.
A notícia se
espalha, o mundo entra em pânico, animais gigantes são vistos em vários países,
e Visconde se pergunta “como ele pode resolver essa situação”. O Curupira, por
sua vez, está determinado a “dar uma lição” no pessoal do Sítio, e Pedrinho e
Narizinho concordam que “Emília foi longe demais” dessa vez. Assim, enquanto o
exército do Canadá cerca a Pulga Gigante, o pessoal do Sítio resolve caçar os
outros animais, e vira quase um “Caçadas
de Pedrinho”, porque o garoto fica bem empolgado e cheio de ideias… a minha
parte favorita é o aparecimento da CENTOPEIA GIGANTE, mas ela não é mais uma
“centopeia”. Afinal de contas, ela foi operada e seis de suas pernas foram
tiradas para serem colocadas em uma formiga, portanto, como as crianças dizem,
trata-se de uma 94peia, e eu acho que isso é
uma das coisas mais fofas da história.
AMO A IDEIA DE 94PEIA.
Dona Benta é
quem precisa conversar com Emília e o Visconde dar-lhes uma bronca, e reforçar
a ideia de que “a natureza é sábia e não precisa de reforma”. O mais engraçado,
no entanto, é quando ela comenta: “Não
falta acontecer mais nada nesse meu abençoado Sítio”. Aham. Enquanto isso,
Pedrinho e os demais traçam uma estratégia para prender os “monstros”, e
prendem primeiro a formiga, depois a 94peia. Por fim, é o Curupira quem resolve
toda a confusão, devolvendo os dois animais, e também a minhoca, ao seu tamanho
normal, mas eu ainda estou em dúvida a respeito de uma coisa: e a Pulga Gigante? Quer dizer, ela
conseguiu escapar do exército canadense! Devo
pensar que eventualmente o Curupira chegou a ela e a “consertou”, provavelmente.
Assim, o primeiro ano do “Sítio do
Picapau Amarelo” chegava ao fim, mas não a primeira temporada ainda.
Ainda tínhamos muita história baseada na
obra de Monteiro Lobato para VIVER!
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