Sítio do Picapau Amarelo (2001) – Viagem ao Céu
“Pegar carona nessa cauda de cometa…”
A história de
“Viagem ao Céu”, que por sinal é uma
de minhas favoritas, começa com uma conversa entre Dona Benta e as crianças a
respeito de vida inteligente fora da Terra.
Adoro comentários da Emília, como “É
claro que é inteligente! Se fosse burra não tinha chegado ao espaço!”, e
adoro a própria discussão, porque sinceramente
não consigo conceber a ideia de que “estamos sozinhos nesse universo tão
vasto”. Ainda mais tendo em vista que O SOL É UMA ESTRELA ANÃ. Não sei se
existe vida em outros planetas do Sistema Solar, e talvez não exista mesmo, mas
em algum lugar nesse universo infinito, nessas incontáveis outras estrelas como
o sol, nesses outros inúmeros planetas que giram em torno de cada uma delas… não é possível que não exista vida nesses
outros lugares. Talvez por isso “Viagem
ao Céu” sempre tenha me encantado tanto!
Gosto de como
o “Sítio do Picapau Amarelo” consegue
mesclar a diversão com a aprendizagem. A visão de “Viagem ao Céu” é infantil, inocente, mostra as crianças se divertindo por estrelas, cometas,
planetas, de uma forma bem “irreal” (não para a imaginação infantil,
naturalmente!), mas a quantidade de INFORMAÇÕES que “Viagem ao Céu” traz é memorável. Começa, por exemplo, quando a Tia
Nastácia convida todo mundo para ver a “festa no céu” lá fora, e Dona Benta
comenta sobre as estrelas e constelações (“Milhares
de estrelas, tudo bem, mas consolações eu não tô vendo nenhuma!”), e conta
a história da Cabeleira de Berenice. As crianças se interessam pela história e
ficam entusiasmadas com investigar o
espaço, deixando a Dona Benta ORGULHOSA: “O que está me deixando feliz é ver os meus netos tão curiosos…
querendo enxergar mais longe!”
Para o dia
seguinte, então, as crianças fazem um
telescópio para poderem observar o espaço mais atentamente, com a Emília fazendo interferências sobre como,
supostamente, “o telescópio é uma invenção tão fácil que até ela inventava”,
mas o Visconde explica que toda invenção
parece fácil depois que está inventada. Ele também explica sobre como
Galileu Galilei quase foi queimado na fogueira por “ver além de sua época”.
Então, com o telescópio pronto, eles se perguntam o que ver agora. “A essa hora? Só se for o sol, todo
folgadão, de chinelo, vendo se a Terra tá girando em torno dele direito”.
Naquela noite, Nastácia sugere que, primeiro, eles vejam a Lua, porque lá tem o
São Jorge lutando contra um Dragão, e Emília descreve o dragão em detalhes (o
rabo, a língua de ponta de flecha…) sem nem precisar de telescópio, graças aos
seus mágicos olhinhos de retrós.
Então vem a
ideia…
“E se ao invés de ficar olhando o Céu, a
gente fosse até lá?”
As crianças
ADORAM a ideia, mas planejam levar alguém com eles, e a Tia Nastácia é
escolhida, embora terá que ser levada “escondida dela mesma”, como sempre tem
medo dessas coisas. Assim, além de Pedrinho, Narizinho, Emília, Visconde e o
Burro Falante, a Tia Nastácia também participa da viagem… uma vez no Céu, sem
saber bem onde estão, as crianças mandam o Visconde a um astro próximo para
saberem onde estão, mas ele acaba caindo em um satélite e fica conversando com
Cósmica, que está perdida no espaço desde que os relógios dos computadores da
Terra zeraram, o famoso “bug do milênio”. Virando o melhor amigo de uma sonda
espacial, o Visconde de Sabugosa fica por ali mesmo, fascinado com
absolutamente tudo, e podendo aprender sobre uma série de coisas interessantes…
um verdadeiro sonho para o Visconde!
Sobre o lugar
onde estão, as crianças são muito práticas para a resolução do mistério:
“É muito fácil saber onde nós estamos. É só fazer uma
votação. Se a maioria disser que é a Lua, fica sendo a Lua. É assim que os
homens lá na Terra decidem os presidentes, pela contagem dos narizes”
Assim, com
quatro narizes e um focinho a favor da Lua, e apenas um nariz em favor da
Terra, FICA DECIDIDO QUE ELES ESTÃO NA LUA. Uma vez que isso fica decidido,
eles encontram a bandeira dos Estados Unidas, deixada por Neil Armstrong em
1969, e ouvem um “bufo de dragão”, que inclusive ameaça comer o Burro Falante,
e quase o faz, não fosse por Emília o salvando ao jogar um pouco de pó de
pirlimpimpim nele e mandá-lo para algum lugar desconhecido. Depois desse susto
inicial, e da Emília sendo fofíssima (“Eu,
quando chegar na Terra, vou pedir pra Tia Nastácia fazer um Anjo da Guarda pra
mim!”), CONHECEMOS O SÃO JORGE. A emoção da Tia Nastácia é sem limites, mas absolutamente fofa, e
ele é todo querido, trazendo mais ensinamentos ao falar, por exemplo, da idade
dos astros, medida não em anos, mas em
calor.
Assim, o Sol
é o pai de todos ao seu redor, mas é mais
jovem que seus filhos.
Depois de
conhecerem o São Jorge, ouvir a sua história, e ganharmos um pouquinho de aula
de astronomia, as crianças resolvem ir para Marte… afinal de contas, “é ali
pertinho mesmo”. E é em Marte uma de minhas cenas favoritas, porque ali a
Emília começa a soltar as suas palavras como “batatal”, algo que ainda será dito por toda a história do “Sítio”, enquanto Isabelle Drummond
estiver no papel, e “crocotó”, que é
uma palavra genial que ela usa para descrever coisas estranhas para as quais
ela não tem nome, que saem do corpo de marcianos que apenas ela consegue ver…
talvez seja tudo coisa da imaginação da boneca, ou talvez ela esteja mentindo
descaradamente, ou talvez ela seja mesmo
capaz de enxergar muito mais do que todo mundo com os olhos de retró que a Tia
Nastácia lhe deu quando a fez… de todo modo, é uma confusão e tanto, e eles
precisam fugir do planeta!
Enquanto
isso, cientistas que observam tudo da Terra veem “sinais de VIDA EM MARTE” e
ficam eufóricos, entusiasmados com as
maravilhosas descobertas que estão fazendo… fugindo de Marte, as crianças
acabam PEGANDO CARONA NUMA CAUDA DE COMETA! Aqui, um pouco mais de informações,
sobre como “cometas não são estrelas com rabo”: Pedrinho diz que cometas são
gelados, e que seu “rabo” é névoa; eles não andam sem rumo pelo espaço, mas tem
uma órbita diferente em torno do sol, que
às vezes pode mudar. Ali, na causa do cometa, Emília junta pequenas
estrelas ainda “filhotinhas” para guardar na sua canastrinha, mas se esquece de
“pegar um fio da Cabeleira de Berenice”, conforme tinha prometido ao São Jorge.
No meio dessa bagunça toda, Pedrinho acaba caindo da cauda do cometa, e as
meninas se chocam com um cometa maior, onde reencontram o Burro…
Devo falar,
também, sobre O LUAU DA CUCA, uma das minhas coisas favoritas no episódio, mas mais porque a Cuca estava adorável. Não
tem como negar que a Cuca é linda, que ela é maravilhosa, e que NÓS A AMAMOS. Por isso ela ficou tão famosa
internacionalmente como um meme! A história é quase aleatória no meio de toda a aventura de “Viagem ao Céu”, mas é divertidíssima, com a jacaroa organizando
uma festa para as malvadas bruxas suas amigas, e como o Saci não é convidado,
ele resolve se vingar de todo mundo, e o faz roubando as vassouras de todas as convidadas. As cenas são
maravilhosas pelas receitas da Cuca, pela sua risada incrível, e por como ela
está absolutamente ELEGANTE de preto, UMA VERDADEIRA ESTRELA. Essas bruxas que
vêm visitá-la já me fazem pensar no tema que será fortíssimo na estreia da segunda temporada.
No Cometa
Halley, as crianças conhecem O ANJINHO DE ASA QUEBRADA, por quem Emília fica
instantaneamente encantada, e se apresenta: “Eu
sou a Marquesa de Rabicó, mas pode me chamar de Emília. De agora em diante, eu
vou ser sua mãezinha”. O Anjo, todo desorientado, conta sobre como estava
voando e então chocou com os cometas, e agora não tem como voltar para a sua nuvem. Por isso, Emília o convida
para ir com eles para o Sítio do Picapau Amarelo, sobre o qual fala sem parar,
e um monte de coisas que o anjinho não consegue entender, porque nunca viu na
vida. O anjinho é todo fofo e inocente, não conhece nada, e Emília o chama de
“bobinho”, o que é uma verdadeira graça… ainda ali, no Cometa Halley, Pedrinho
acaba se reencontrando com as meninas, e eles começam a pensar em voltar para
casa.
Os cientistas
na Terra, no entanto, estão FAZENDO UM ESTARDALHAÇO. Convocam o jornal e a
“Fátima Maria” para anunciar a descoberta de VIDA EXTRATERRESTRE, e fazem um
discurso todo pomposo, cheio de emoção, aplausos, e mostram o vídeo de sua
descoberta, que acaba virando motivo de risada em todo o meio astronômico! “A surpresa aqui no observatório é geral. As
formas de vida inteligente encontradas no nosso Sistema Solar vieram da Terra.
Mais precisamente, do Sítio do Picapau Amarelo. São os netos de Dona Benta!”
Assim, os astrônomos vão ao Sítio inconformados,
reclamar com Dona Benta porque “as crianças estão fazendo uma bagunça no
Sistema Solar”, e depois de pedir desculpas pela confusão, Dona Benta vai até a
janela e promete trazê-los de volta, de forma bem simples: com um grito. “NARIZINHO!
PEDRINHO! EMÍLIA! DESÇAM JÁ DAÍ!”
De Saturno,
as crianças ainda precisam passar na lua buscar a Tia Nastácia e o Visconde
para poderem ir embora, e durante a despedida, eles ouvem o grito de Dona
Benta. Por isso, fazem os cálculos para pegarem o Visconde na zona neutra, no
meio do caminho, e VOLTAM AO SÍTIO DO PICAPAU AMARELO, onde a vovó apresenta as
crianças aos astrônomos e fica chocada ao se deparar com o Anjinho da Asa
Quebrada. Os astrônomos, por sua vez, são praticamente expulsos do Sítio (com direito a respostas boas de Emília como “Hipótese é uma mentira que vocês inventam
pra explicar o que não sabem!”) depois de terem a audácia de ficarem rindo
e duvidando das crianças que contam sobre as suas aventuras pelo espaço, como se eles não tivessem assistido a tudo
pelos telescópios e ainda passado a maior vergonhosa por causa disso! As
crianças estavam certas em responder!
Que absurdo!
Emília nomeia
o Anjinho “Flor das Alturas”, e fica com ele pra cima e pra baixo, toda orgulhosa o exibindo para todo mundo (“Esse daqui é o meu, mas como ele ainda é
filhotinho, eu que protejo ele”), deixando até a Narizinho com ciúmes, porque agora a boneca não desgruda dele.
Pedrinho e Narizinho, então, contam na internet sobre todas as aventuras que
viveram e sobre o Anjinho da Asa Quebrada que trouxeram do Céu, e crianças do
mundo todo ficam empolgadas para
conhecê-lo, mas como isso seria inviável,
os netos de Dona Benta sorteiam um país para vir ao Sítio conhecê-lo, e é a
Inglaterra. As crianças inglesas chegam ao Sítio num estilo bem “A Noviça Rebelde”, e eu fico me
perguntando de que tempo elas vieram,
mas tudo bem. Logo que veem as
crianças chegarem, Pedrinho e Narizinho se arrependem do que fizeram e temem
que levem o Anjinho embora…
Por isso,
pensam em uma ARMADILHA: vão vestir o Visconde de Sabugosa de Anjinho e enganar
as crianças… e eu devo dizer que, por
mais erradas que estivessem, eu ri muito disso tudo. “Vão me depenar!”, Visconde protesta, “Belo fim para um sabugo de milho: depenado por crianças inglesas!”
A armação é divertidíssima, o Visconde fica amarrado em um galho de árvore,
enquanto as crianças acham ele horroroso
e fazem uma série de perguntas a respeito dele, comentando sobre como ele está
magro, sobre como está pálido e sobre como
é feio, e elas acabam entendendo que estão
sendo tapeadas. Assim, para acabar com a imensa confusão que ameaça começar
no Sítio do Picapau Amarelo, quem aparece para interceder pelas crianças
inglesas é o PETER PAN, que finalmente aparece, depois de tanto tempo do
Pedrinho desejando sua presença!
Depois de uma
negociação com o Peter Pan, e com ele se responsabilizando pelas crianças
inglesas, eles resolvem mostrar o Anjinho de verdade, que Emília traz para o
encanto de todos. Ele é interrogado, mas responde a todo mundo com muita
paciência, enquanto Pedrinho tem suas próprias perguntas para o Peter Pan, resolvendo
enfim um mistério antigo, desde a época da “Viagem
ao País das Fábulas”: Peter Pan era o Peninha, o menino invisível, afinal
de contas, ou não? E NÃO ERA. Depois de aparecer para todo mundo, o Anjinho
começa a falar em tom de despedida, pedindo para dar um abraço em Emília, e um
beijo em Narizinho, e a boneca corre desesperada até a Tia Nastácia, pedindo
pra ela cortar a ponta da outra asa (“Meu
Anjinho vai fugir!”), e por mais que ela não devesse fazer isso, eu fiquei morrendo de pena da Emília.
A história
acaba com o Anjinho indo embora, e a Emília chorando…
A carinha dela… QUE DÓ. Chorei também.
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