Vale o Piloto? – Reverie 1x01 – Apertus



Ficção científica a la Philip K. Dick!
JÁ ESTOU APAIXONADO POR ESSA SÉRIE! Eu estava determinado a não acompanhar nenhuma série fora de época esse ano, embora algumas das minhas favoritas tenham estreado assim, como era o caso de “Continuum” e a própria “Stitchers”, que era bacana e encontra algum tipo de eco agora, em “Reverie”. Mas a proposta de “Reverie” é interessantíssima, e traz um Piloto empolgante e bem conduzido, nos fazendo caminhar por inspirações em “Black Mirror” e em “Inception”, por se tratar de um mundo de “sonhos” construídos externamente, mas a minha principal sensação foi de que parecia um roteiro de Philip K. Dick. Talvez até por me lembrar da Totall Recall, de “Podemos Recordar para Você, por um Preço Razoável”, um de seus contos mais curiosos, mas a Reverie é uma proposta e tanto… tentadora e apaixonante, e potencialmente perigosa.
O visual de “Reverie” é belíssimo, como precisava ser para representar esse UNIVERSO. Começamos, por exemplo, em um mundo de sonhos em uma cobertura, balões coloridos tomando conta dos céus, e então conhecemos as pessoas que estão em COMA por causa do Programa Reverie, um problema que precisa ser resolvido depressa para que possam provar que o problema é reversível. São sete pessoas presas em um mundo onde “o impossível se torna possível”. Basicamente, REVERIE pode fazer o que quiser, como recriar qualquer memória boa, ou criar qualquer mundo, qualquer aparência, até trazer de volta à vida pessoas que perdemos, graças às publicações em redes sociais, bem “Black Mirror”. Algumas pessoas, no entanto, se tornam tão dependentes do Programa que os seus subconscientes parecem perder qualquer conexão com a realidade.
Assim, com essas pessoas “presas” lá dentro e o corpo, do lado de fora, em coma, o Programa recruta Mara Kint, uma expert em relações humanas e antiga negociadora de reféns, para trazer as pessoas de volta para a realidade, e eu ADOREI a apresentação dela, naquela aula interessante sobre comunicação humana, linguagem corporal e aquele lance de “olho para o lado direito vs olho para o lado esquerdo”, que eu aprendi em “3%”. Ela já tem experiência com negociação de reféns, por isso talvez seja ideal para o trabalho, embora a proposta seja totalmente nova – e é fascinante como ela fica mexida com a proposta de Reverie ao ouvir sobre “ressuscitar os mortos”, especialmente por causa da memória dolorosa que carrega consigo: ela é muito boa no que faz, mas não pôde salvar justamente aquelas pessoas que mais amava, e a cena é tristíssima.
Portanto, curiosa, Mara Kint resolve conhecer o prédio e o Reverie 2.0, que permite a mais de um usuário compartilhar o mesmo Reverie. Tudo é pensado cautelosamente para que seja o mais realístico possível, para que não se possa distinguir o programa da realidade, mas isso, embora seja IMPRESSIONANTE, também pode ser traiçoeiro. É natural que as pessoas se percam lá dentro, porque é muito fácil ter uma vida preferível no Reverie do que do lado de fora, mas eu não nego que ADORARIA conhecer o Programa, experimentá-lo… esse tipo de coisa SEMPRE me fascinou, e desde a primeira vez que assisti “O Vingador do Futuro”, por exemplo, eu soube que eu experimentaria o “Totall Recall”. Claro que, possivelmente, com algo muito menos perigoso do que Douglas Quaid utilizou. De todo modo, Mara Kint está entrando nesse novo mundo.
Ali, ela conhece Paul Hammond, o GATO indiano responsável pelo desenho dos sonhos e que explica para ela a representação das mandalas, que são “o caminho para casa”, de volta ao mundo real, e a coloca em um programa de treinamento, chamado THE BOX. Então, Mara Kint ENTRA, e tudo é tão real, tão bonito, e tão intenso. QUE TREINAMENTO IMPRESSIONANTE. Mara conhece uma floresta, e a maneira como ela pode correr e fazer o que quiser lá dentro é empolgante, e o sorriso livre em seu rosto mostra como isso tudo lhe faz bem. As coisas saem de controle quando a floresta entra em chamas e ela é transportada para uma “caixa” que começa a encher rapidamente de água, quase a afogando… assim, ela grita “Exitus”, a palavra que a tira lá de dentro. E é basicamente como Paul Hammond diz quando ela sai lá de dentro pela primeira vez: “Intense, right?”
Mara Kint, no entanto, consegue passar pelo treinamento muito mais depressa do que o esperado. Ela consegue não se afogar na caixa, e abrir a porta passando para um lugar lindíssimo cheio de lanternas, como de “Enrolados”. Então, pronta para finalmente entrar nos Reveries dos outros, seu primeiro “paciente” é Tony Lenton, um homem cuja mulher morreu em um acidente de carro e, depois de meses recolhendo fotos, vídeos e antigos correios de voz, ele a “ressuscitou” no Reverie, e agora está perdido lá dentro. Assim, Mara precisa entrar, encontrá-lo, e convencê-lo a sair com ela, de volta ao mundo real. E o interior do Reverie alheio é ASSOMBROSO, de uma maneira boa. Como em “Inception”, tudo é fascinante, notável, amplo. O fantástico mundo dos sonhos, que muda de um prédio, a uma festa, um elevador, uma biblioteca e uma cobertura…
Na cobertura, Tony finalmente encontra Mara e pede que ela saia, porque ela está arruinando todo o Programa, e ela pede cinco minutos para falar com ele, que ele não concede. Quando ela está despencando lá de cima da cobertura, ela grita “EXITUS!” e sai, e agora precisa aproveitar o que viu lá dentro do lado de fora, para que possa conferir sentidos aos sonhos, como em “Stitchers”. Ela conversa com Iris, a enteada, e é uma conversa linda, e descobre o que San Francisco e a cobertura significam para Tony e Naomi, a esposa morta, e também encontra uma melhor amiga de Naomi, com quem vai conversar e descobre que Naomi estava doente. Assim, juntando as informações com a BORBOLETA AZUL que viu lá dentro e a que encontra nas coisas de Tony, Mara entende mais do que todos tinham entendido: ele estava drogado de “borboleta azul” quando o acidente aconteceu…
Não é amor. É CULPA.
Assim, quando Mara retorna para os sonhos de Tony, ela diz que “sabe porque ele está vendo a borboleta”, e ali temos uma das cenas mais interessantes (do subconsciente congelando e observando os dois, como em “Inception”), e mais emocionantes, quando Tony fala sobre como não se lembra do acidente, só de acordar depois e descobrir que Naomi estava morta, e Mara fala também das pessoas que perdeu e por cujas mortes se sente culpada, e é um momento bonito e TRISTÍSSIMO. Então, falando de Iris, Mara consegue convencê-lo a sair de Reverie, e então ele passa a porta com maçaneta de mandala, de volta ao mundo real, graças a Mara, que acaba de salvar a sua primeira vida no Programa. Foi linda a cena dele a agradecendo, bem como o momento de Iris a abraçando. Agora, vamos ver que rumo a série segue, mas já estou AMANDO.
Temos mais pessoas a serem salvas.
Mas também tem toda uma história pessoal de Mara!

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