Sítio do Picapau Amarelo (2002) – O Minotauro
“O trigo venceu a ferocidade do monstro de guampas”
Certamente
uma das histórias MAIS MEMORÁVEIS do “Sítio
do Picapau Amarelo”. Exibida entre os dias 11 e 15 de Março de 2002, “O Minotauro” é uma das minhas histórias
favoritas até aqui, e enquanto a reassistia, capítulo após capítulo tudo o que
eu podia pensar era: COMO EU AMO ESSA HISTÓRIA! Além de ser super instrutiva e
trazer uma série de ensinamentos e informações interessantes, ainda temos o
cenário da Grécia Antiga, no Século de Péricles, e a Grécia “Mais” Antiga, na
época dos deuses do Olimpo, em uma história bem escrita, ágil, com um quê de
mistério e suspense, além de muita AVENTURA. Ela é mágica, de acordo com o primeiro adjetivo que me vem à
mente ao pensar sobre ela. Pretendo em breve comentar sobre a versão de
1978 da história, uma das poucas da época que foram lançadas em DVD e
disponibilizadas no GloboPlay.
No meio de
toda uma aura de suspense, com alguma
figura “desconhecida” rondando o Sítio, a história começa com a Dona Benta
lendo para as crianças sobre Mitologia Grega, falando dos Deuses do Olimpo e
tudo o mais, e eu adoro quando ela conta a história da CRIAÇÃO DO MUNDO do
ponto de vista grego, com os titãs e tudo o mais. Isso faz com que Tia Nastácia
se lembre e compartilhe a história da criação do mundo pelos índios
tupi-guaranis, e é uma história igualmente FASCINANTE, com o primeiro homem
virando o sol e a primeira mulher virando a lua – eu adoro esses mitos de
criação. Por fim, então, o Visconde conta uma terceira versão sobre a criação do mundo, que é a versão em que os
cientistas acreditam: o big bang. E
eu adoro como eles têm um espaço tão aberto em que podem compartilhar essas
informações todas apenas com a curiosidade.
<3
Na manhã
seguinte, com um CALOR EXCESSIVO (com direito até à Cuca tomando sol e sendo
regada pelo Saci), as crianças decidem ir nadar no rio, enquanto a Tia Nastácia
comenta ao cozinhar: “Eu sou muito feliz
aqui nesse Sítio, e não troco esse paraíso por nada nesse mundo”. Logo em
seguida, uma tigela de bolinhos é roubada da janela. Ainda muito fascinados com
toda a Mitologia Grega, Emília comenta sobre como quer “mudar para o Olimpo,
onde deve ter ar condicionado o tempo todo, e se tornar a Deusa das Bonecas”, e
enquanto eles estão na sala, comendo e dizendo asneirices, a Tia Nastácia é
SEQUESTRADA POR UM MONSTRO MISTERIOSO. Quer dizer, seria mais misterioso se o nome do episódio não fosse “O Minotauro”, mas isso não vem ao caso…
ali, o DESESPERO toma conta do Sítio do Picapau Amarelo, e acho que é uma das
histórias mais sérias até aqui.
A trilha sonora indica isso.
Emília, sem
coração, acha que esse desespero todo é
um exagero, que a Tia Nastácia só estava “tentando chamar atenção”, porque
“está muito carente ultimamente”, enquanto os outros se empenham em buscá-la (“Emília, você não tem coração! Nem chorou!”
“Não chorei, nem vou chorar. Não adianta nada”). Pedrinho e Tio Barnabé a
procuram enquanto Narizinho chora no colo de Dona Benta, preocupada, e as
revelações surgem quando o Visconde de Sabugosa encontra um misterioso pelo de
animal e os besouros da Emília vêm lhe contar que a Tia Nastácia foi levada por um monstro. Assim, no meio desse tom
melancólico, Pedrinho dá uma ideia, que parece óbvia: salvar a Tia Nastácia. Para isso, eles precisam ir até a Grécia
Antiga e invadir a “toca” do monstro… imediatamente, Dona Benta topa a ideia… afinal, é a única maneira de salvar a sua
amiga!
A trupe do
Sítio do Picapau Amarelo chega à Grécia Antiga no Templo Partenon, durante o
“Século de Péricles”, para o fascínio de Dona Benta, e Emília imediatamente
resolve bem o problema de comunicação:
“Faz-de-Conta que a gente entende o que
os gregos falam e que eles entendem o que a gente diz”. Quem é que precisa
de uma TARDIS para traduzir quando se tem a Emília e o seu infalível
Faz-de-Conta? Embora eu gostaria de ter
ambas a TARDIS e a Emília. O primeiro célebre grego que conhecem é Fídias,
que Dona Benta chama de “o maior escultor de todos os tempos”, e fica fascinada,
bem fangirl. Diz às crianças que é
uma oportunidade e tanto a que estão tendo, e no meio de tanta agitação, ela
quase se esquece da Tia Nastácia. Então,
ela fica para trás com Narizinho, enquanto Pedrinho vai com Emília e Visconde
atrás da Tia Nastácia…
…voltando um pouco mais no tempo.
Assim, o trio
chega ao OLIMPO, invadindo uma reunião e quase sendo descobertos por Zeus, que
pode sentir a presença de mortais…
como um interessante teaser do que
viria nas semanas seguintes, eles escutam falar sobre os XII Trabalhos de
Hércules, quando o herói é mandado para matar a Hidra de Lerna, e recebe uma
pequena ajuda discreta de Zeus. Pedrinho pensa em seguir Hermes para poder
assistir a Hércules enfrentando a Hidra, mas a prioridade não é essa… eles ainda precisam encontrar a Tia
Nastácia! Assim, Pedrinho promete a si mesmo que ainda voltará ali para
assistir a TODOS OS TRABALHOS, um por um, e
essa vai ser a história mais longa na primeira temporada do “Sítio do Picapau
Amarelo”, em breve. Abusados, Pedrinho, Emília e Visconde até roubam néctar
e ambrosia dos deuses, para provar… mas
não os julgo.
Quem não tentaria?
Enquanto
isso, Dona Benta faz uma REVOLUÇÃO na Grécia Antiga, ou quase. Quando ela conhece Péricles, ele lhe pergunta se ela veio
da Ásia, e ela diz que “é da era moderna, de 2002 depois de Cristo”, e aqui
temos um dos diálogos MAIS FASCINANTES da história, com a velha contando a eles
sobre como vem de um tempo futuro e de um continente que ainda vai demorar
muitos séculos para ser descoberto… adoro a conversa sobre a contagem dos anos,
aquela coisa de “Sua cronologia está
errada!” e, mais que isso, aquele momento peculiar: “Cristo? Quem é esse Cristo? Algum atleta?” “Não, Jesus Cristo é filho
de Deus” “Sim, mas que deus?” Isso tudo é tão criativo e tão incrivelmente
INTELIGENTE, que mais uma vez eu me apaixono pela impressionante escrita de
Monteiro Lobato, de onde tudo isso surgiu… como
foi bom crescer lendo diálogos interessantes como esse.
Ou assistindo-os.
Dona Benta e
Narizinho são, então, convidadas para se hospedar ali, na casa de Péricles, e
ganham trajes gregos lindíssimos… e até são convidadas para um jantar com
Sócrates, o que é demais para o coração da velha tiete. Dona Benta desmaia ao
ver Sócrates! Eventualmente, como Dona Benta não para de falar sobre seu tempo, ela causa alvoroço, mas as
coisas se amenizam quando ela conhece Sófocles e é convidada para assistir à
primeira encenação de “Édipo Rei”, ao
vivo, no teatro da Grécia Antiga. Bem,
QUE HONRA, não? Adoro o Teatro Grego, a Dona Benta chorando, e a história
trágica do homem que, segundo o Oráculo de Delfos, mataria o pai e se casaria
com a mãe, eventualmente o fazendo mesmo, mas em outra família, depois de ser
deixado na mata para ser devorado por
animais. Uma história bem trágica e bem forte.
Mas clássica
e apaixonante.
Enquanto
isso, no “tempo moderno”, Cuca faz nevar para amenizar o calor intenso e, como
o Saci alerta, PEGA UMA GRIPE. E eu não
sei o que é melhor: a Cuca com gripe ou a Cuca curada com o chazinho do Tio
Barnabé! A Cuca com gripe é divertida, manhosa, e cada espirro é uma
confusão (“Olha aí a bagunça que o seu
espirro mágico tá fazendo!”). Então, o Saci recorre ao Tio Barnabé em busca
de ajuda e de um chá que possa curar a
gripe, e o chá realmente o faz – mas faz mais que isso: DEIXA A CUCA BOA! Ah, e como eu me diverti com a Cuca DEPOIS
do chá. Toda boazinha, feliz, chega até a cantar a música do “Sítio do Picapau Amarelo”, o que é
bizarramente divertido! Ela colhe flores bonitas, recolhe presentes para todo
mundo, e se torna a Cuca Noel, enquanto diz coisas como “Ah, Saci! Como eu amo o Tio Barnabé! Na verdade, eu amo todo o pessoal
do Sítio!”
Amo <3
Ao lado de
Emília, que nós amamos, a Cuca deve ser inquestionavelmente o melhor personagem
do “Sítio do Picapau Amarelo”. Ela
leva presentes para o Tio Barnabé, diz que “está louca para dar um beijo na
Narizinho e outro na ‘fofa’ da Emília”, e se despede dele com um hilário “Tio Barnabezinho. Muah! Beijão, meu fofo.
Tchauzinho”. Cuca ainda vai até o Conselheiro na Bicicloteca para doar
livros de magia e se espanta quando as crianças saem correndo: “Mas o que houve? Aquelas adoráveis
criancinhas saíram correndo. Foi algo que eu fiz?” O Saci fica meio desesperado com essa nova Cuca, a “Cuca
Boazinha”, que é toda gentil, adora flores e fica pedindo beijinhos na
bochecha, então ele tenta fazer de tudo
para trazê-la de volta ao normal, enfim conseguindo com outro chazinho especial que prepara para ela…
foi bacana ver a Cuca de volta ao normal…
…mas vou
sentir falta de rir das suas loucuras “boas”.
Na Grécia
Mitológica, ENFIM revemos a Tia Nastácia, que está cozinhando dentro do
Labirinto do Minotauro, fazendo bolinhos enquanto chora e sente saudade do
Sítio. Os bolinhos a salvam, alimentando o monstro enquanto Emília, Pedrinho e
Visconde recebem a ajuda de Heleno para chegar até o Oráculo de Delfos, mas não
sem antes passar pela Esfinge. A
Emília é a primeira a passar, respondendo corretamente à pergunta “O que anda com os pés na cabeça?” Em seguida,
o Pedrinho também passa ao responder à pergunta “Qual é o homem que tem cabeça de boi, coração de carneiro e pés de
porco?” O Visconde quase não passa, quando a Esfinge pergunta “Qual é a coisa mais pesado do mundo?”,
e ele responde de supetão: “A coisa mais
pesada do mundo é o raio dessa canastra da Emília!” Felizmente, no entanto,
a Esfinge não gosta de sabugo de milho.
Por fim, o
Visconde ajuda o Heleno a passar quando ele trava durante a sua própria
pergunta. O Visconde, tadinho, por ser “consertável”, como ele mesmo diz, é o que mais se ferra nas aventuras.
Aqui, quando Heleno diz que eles precisam ofertar
algo ao Oráculo de Delfos, Emília decide ofertar o Visconde, como “a maior
curiosidade da natureza”, e Pítia, a Suprema Sacerdotisa, aceita a oferenda.
Quando eles perguntam a respeito do paradeiro da Tia Nastácia, tudo o que ela
responde é: “O trigo venceu a ferocidade
do monstro de guampas”. E só. ADORO a reação da Emília: “Eu não entendi nada, pode ser mais clara?”
Mas é o suficiente, porque eventualmente a boneca entende que “o trigo” deve
ser a Tia Nastácia, e isso quer dizer que ela está salva, e Visconde entende
que “o monstro de guampas” é o Minotauro, então eles sabem onde ir buscá-la…
Na Ilha de Creta.
Às portas do
Labirinto, tudo se intensifica para a grande conclusão de “O Minotauro”, uma das melhores histórias da primeira temporada.
Emília, Visconde e Pedrinho entram no Labirinto com três carretéis de linha,
que felizmente a boneca de pano trazia na canastrinha, e fazem um bom percurso
cheio de ótimos diálogos até chegarem ao fedorento centro do Labirinto,
construído para prender o Minotauro, onde encontram um bolinho da Tia Nastácia
e a encontram seguindo o cheiro. Foi
maldade dar um susto nela nesse momento de tanta tensão e preocupação, mas foi
um momento MUITO FOFO, a alegria dela… então, como perderam a linha e não podem
mais sair do Labirinto do modo convencional, eles usam o pó de pirlimpimpim. Assim, é hora de buscar a Dona
Benta em suas férias na Grécia Antiga e retornar para o Sítio do Picapau
Amarelo.
Onde muitas mais aventuras os aguardam.
Como é o nome do filho de Péricles? No caso o ator que fez o Alcebíades? O loirinho que aparece neste EP??
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