Chiquititas (2015) – “Eu acredito em contos de fadas”
“Eu ‘tava sonhando. O sonho mais lindo de todos!”
Uma das
coisas que às vezes sentimos falta em novelas é aquele momento em que, ao que
parece, todo mundo é “feliz para sempre”. Ele tende a acontecer, mas é como o
caso de “Maria do Bairro”, em que
esse “felizes para sempre” dura, no máximo, os 5 minutos finais do último
capítulo. Às vezes queríamos ver o que aconteceu com os personagens, ter um dia
tranquilo, feliz, para nos despedir dos personagens que ficaram com a gente por
tanto tempo. O fim de “De Que Te Quiero,
Te Quiero” segue essa linha, com as despedidas de solteiro de Natalia e
Diego e o casamento dos dois, e é com muita alegria que vemos que a proposta
dos DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS de “Chiquititas”,
de modo geral, também é esse… apresentar as vidas dos personagens depois que
todos os principais problemas chegaram ao fim, e isso me emocionou, me fez
sorrir e me fez chorar.
Temos uma
longa sequência no início do Capítulo 544, por exemplo, o penúltimo, que traz
uma série de cenas bonitas. Dentre elas vemos Miguel, Maria e Mili indo buscar
a Valentina, e também vemos Bia e Ana tendo um piquenique no parque com Geraldo
e Leandra, bem como Tati e Vivi fazendo uma refeição com Cícero e Shirley na
comunidade, e é tudo muito bonito.
Leve, feliz. Também vemos a barriga imensa da Maria Cecília, nos últimos dias de
trabalho, o Francis e a Érika fazendo sucesso em sua peça, e o Tomás Ferraz
estreando na “Praça é Nossa”,
enquanto casais assistem no orfanato: Bel e Rafa, André e Cris, Pata e Duda.
Clarita faz show com a sua banda, mandando beijinhos e beijinhos (okay,
exagerados, nesse caso) para o Beto, que também saiu em turnê com eles, como o
mais novo empresário da banda. Ah, e
o Chico e a Ernestina se casam!
E é uma cerimônia simples e bonita, no
próprio orfanato.
Algo que me
emocionou profundamente foi a cena da despedida da Laurinha, que me levou às
lágrimas. O cenário estava lindíssimo e bem preparado, enquanto toda a família
se reunia. Miguel e Maria corriam brincando pelo gramado. Simão servia a
Valentina. Gabi e Mili colocavam o almoço na mesa. Ali, nós temos momentos
singelos como a Maria dizendo “Obrigada,
mãe”, ou então o brinde que Valentina faz à união da família, chamando
Simão de “seu parceiro e companheiro”, e eu adorei o momento em que o Miguel
pergunta: “Maria? A Laurinha não vai
querer um pouco?” Então, LAURINHA VIRA MENINA NA FRENTE DE TODOS. Ela
aparece, para a preocupação de Maria, enquanto todo mundo reage com expressões
espantadas, apenas não o Miguel, que acha aquilo tudo divertido… afinal de contas, ele conhecera a Laurinha
antes.
E então Laurinha
diz:
“Laurinha, por que você fez isso? Agora o encanto vai
terminar!”
“Não vai, não. A magia que existe entre nós não vai
acabar nunca. Só que tem uma coisa que eu nunca te contei: lembra quando você
fez o pedido para a estrela cadente? Você pediu que eu virasse menina de
verdade, te ajudasse a encontrar uma família… então hoje eu vejo que eu cumpri
a minha missão. Você encontrou uma família, e todos aqui gostam muito de você!
[…] Só que agora, Maria, você não precisa mais de mim”
“Você vai me abandonar?”
“Claro que não. Nunquinha, sua boba. Nós vamos ser
amigas pra sempre”
“Eu te adoro, Laurinha”
“Eu te adoro mais ainda. Só que agora você só vai me
ver como boneca mesmo. Agora você poderá brincar com a sua irmã. Você tem pais
e avós para amar. Agora começa uma nova etapa na sua vida, você precisa
crescer. Crescer para ser uma linda mulher, a mulher mais linda do mundo
inteiro, e ser muito feliz”
A cena foi
LINDÍSSIMA.
Belamente
escrita e interpretada, a cena emocionou não apenas a nós, mas o próprio elenco.
As lágrimas nos olhos de Sophia Valverde nunca pareceram tão reais, e a emoção
com que Mili e os adultos olhavam e ouviam o que a Laurinha tinha a dizer… um momento único, especial, emocionante.
Entendi a proposta de “Chiquititas”,
e a proposta da personagem da Laurinha, que vai estar para sempre com Maria,
mas que agora não precisa mais ser sua única amiga e companhia… ela tem uma família e muitas pessoas ao seu
redor que a amam. É uma despedida necessária, porque a Maria está crescendo, mas dolorosa. Me fez pensar
um pouquinho em “A Máscara do Futuro”,
do “Sítio do Picapau Amarelo”,
talvez. Mas a Laurinha ainda diz uma coisa que é importante, depois que elas se
abraçam:
“Não chore. Guarda na sua lembrança tudo o que
passamos juntas. As brincadeiras, travessuras, emoções e as aventuras”
Então Maria
continua chorando, e uma série de flashbacks
ao som de “Imaginar”, da Giovanna
Chaves, nos lembra vários momentos emocionantes de Maria e Laurinha ao longo da
novela, ao longo desses mais de 500 capítulos, e é com muita emoção que
acompanhamos isso tudo. Porque não é uma despedida apenas da Laurinha com a
Maria, mas uma despedida de todos nós com a novela, e isso nos faz pensar em
QUANTO TEMPO passamos ao lado desses personagens, quantas emoções e lágrimas…
as mesmas aventuras e travessuras a que Laurinha se refere. Nós fomos parte disso tudo. Depois
disso, Maria volta “ao mundo real”, quando Miguel lhe pergunta: “Maria? Tá tudo bem? É que você tava longe,
parecia até que tava sonhando”. No fim, a Laurinha não apareceu para todo mundo de fato, foi num momento puro e único
dela e da Maria, que fez a Maria crescer e entender:
“Eu tava, sim, eu tava sonhando. O sonho mais lindo de
todos. Mas agora eu vou viver outro sonho. Porque agora eu tenho um pai, uma
mãe, e eu tenho até avós. Mas principalmente, uma irmã, que eu amo mais do que
tudo nesse mundo”
Como não se
emocionar?
Outra cena
emocionante ao fim do capítulo é quando Carol e Júnior fazem um anúncio,
querendo conversar com as crianças do orfanato. Essas crianças são o Binho, o
Neco, o Rafa, o Mosca, o Samuca, a Pata e a Cris, e o Júnior e a Carol, que já
tem a Dani como filha e mais um bebê a caminho, têm uma proposta para eles:
“Então… a gente quer conversar um pouquinho com vocês.
[…] É que quando a Sofia me passou a missão de ser a diretora do orfanato, eu
não imaginei como seria difícil me desapegar de vocês. E nesse sentido eu acho
que eu falhei na minha missão como diretora, porque eu criei um laço muito
forte com cada um. E hoje eu sinto como se a gente fosse de verdade uma
família”
“E a gente queria saber de vocês: o que vocês acham da
gente oficialmente ser uma família?”
Chorei de
novo, apenas ao transcrever essas palavras. Lembro-me de tudo o que Carol
passou e fez por essas crianças, o quanto essas crianças devem a elas, desde a
Pata e os meninos, que foram tirados da rua por causa dela, como todos os
outros. E lembro-me dos rostinhos cheios de emoção e dos olhinhos cheios de
lágrimas quando escutam essas palavras… e eu choro também. Eles celebram, eles comemoram, Cris diz que
“é uma das melhores notícias que já ouviu”, Pata diz que “esse sempre foi seu
sonho”, e agora não só todos eles serão filhos de Júnior e Carol, como também
serão todos oficialmente IRMÃOS. Um momento emocionante enquanto eles
comemoram, se abraçam, e então parece que é mais claro do que nunca que estamos
prontos para nos despedir de “Chiquititas”,
e o coraçãozinho já começa a se apertar de saudade, só em pensar…
Mas “Chiquititas” sempre vai ter um
lugarzinho especial em nossos corações!
Comentários
Postar um comentário