O Primeiro Homem (First Man, 2018)



“One small step for a man… one giant leap for mankind”
JULHO DE 1969 – QUANDO NEIL ARMSTRONG PISOU NA LUA! Eu sempre fui fascinado pela ideia de espaço, de viajarmos para a Lua, para outros planetas. Meu sonho continua sendo, até hoje, ser parte de uma colônia em Marte, e eu não pensaria duas vezes se tivesse a oportunidade. A humanidade sempre sonhou com a possibilidade de viajar pelo espaço e descobrir novos mundos (esse não é o tema de “Star Trek”, afinal?), e são pessoas não apenas como Neil Armstrong, mas cada um de seus amigos que colaborou com a pesquisa e que sucumbiu no processo, que ajudam esse sonho a se tornar real. O filme é bastante intenso, e mexe com as minhas emoções de forma significativa. Levando do ápice da emoção quando eles pisam na lua pela primeira vez, aos momentos mais tristes como quando Neil Armstrong se despede de sua família.
Porque tudo é muito envolvido em dor, em sofrimento e em PERDAS. O filme começa em 1961, com Neil Armstrong saindo da atmosfera terrestre, mas ainda sem as ambições grandiosas de pisar na lua, coisas que se materializa mais tarde, através de novos projetos com os quais ele se envolve e do qual faz parte em estudos e testes elaborados. E eu acho que nesses quase 50 anos que se passaram (por que não lançaram o filme no ano que vem, quando seria o “aniversário de 50 anos” desse grande evento?) desde que o homem pisou na lua, não chegamos a fazer tantos avanços na exploração espacial. Mas isso é algo que está acontecendo. Imagine como serão as coisas dentro de 100 anos, ou de 200. Se um dia queremos chegar ao que vimos em “Interestelar” ou “Star Trek” ou, mais próximo de nós, “Perdido em Marte”, esses foram nossos primeiros passos.
No meio de muitos sacrifícios.
A proposta do filme é justamente essa. Ao mesmo tempo em que encanta (porque a sequência toda na LUA quase me levou às lágrimas!), ele desmistifica toda a experiência, a torna palpável e, ao fazê-lo, tudo se torna menos mágico. Porque entendemos como tudo não foi apenas a glória que as pessoas viram na TV em 1969, ou as histórias que se contam até hoje, ou a famosa frase de Neil Armstrong repetida por todo o mundo. Além dos amigos que Neil Armstrong perdeu no processo, eu imagino também o quanto sua família sofreu, porque vemos um pouco de sua esposa e de seus filhos, e são momentos muitos fortes em que eles gostariam que o pai estivesse ali – e em que a tensão era mais angustiante que qualquer outra coisa. O filme é pungente, com direito a cenas fortes, a trilha sonora impactante, e o cuidado inteligente de silenciar-se nos momentos mais ideais.
De 1961 em diante, acompanhamos a vida de Neil Armstrong. Vemos a dolorosa morte de sua filha, que o impactou profundamente, e o vemos conseguindo um emprego no Projeto Gemini, no qual percebemos como é grandioso o estudo para se mandar alguém ao espaço – mas ao mesmo tempo em que eles estão tentando e em que tudo parece imenso, também parece tão pequeno. Janet, sua esposa, escuta angustiada à primeira tentativa de chegar à Lua, e eu ADOREI como ela foi até a NASA para dizer que eles eram “moleques fazendo modelos de madeira”, enquanto torciam para que tudo desse certo… depois do Projeto Gemini, Neil Armstrong se tornou parte do Projeto Apollo, cada vez ganhando mais importância no meio, inclusive indo até a Casa Branca para representá-los e, de algum modo, cada vez mais distante da família, embora ainda tivesse alguns momentos em que se demonstrava um paizão e um bom marido.
Alternados entre outros em que parecia “obcecado” com o trabalho.
As coisas mudam quando a Apollo 1 explode e três amigos seus são mortos ainda em terra, em uma cena tristíssima. Ele ouve a notícia pelo telefone enquanto está em outra cidade, e é angustiante ver como isso o muda totalmente, o deixa transtornado, e o motiva de outra maneira para seguir em frente, para cumprir a missão. Enquanto isso, protestos surgem por todo o país contra os projetos da NASA, tentando impedir que eles causem a morte de tantas mais pessoas para algo que eles julgam totalmente sem sentido – enquanto milhões de dólares são gastos com esses projetos, pessoas estão morrendo nas ruas, passando fome, sem ter onde morar. E então a “corrida espacial” ganha uma dimensão a mais, e realmente questionamos a necessidade disso tudo, mas eu acho que entendo o que Neil Armstrong estava sentindo… ou tento entender.
Não era mais apenas sobre “chegar na lua”, tampouco era uma questão de realização pessoal. Podemos sentir isso conforme nos aproximamos do momento em que, em 1969, ele irá para a lua e será bem-sucedido na missão – na maneira seca como ele participa de coletivas de imprensa, em como fala que “pretendem pousar na lua”, e como ele desafia seus superiores quando eles questionam os perigos… afinal, como ele disse, “agora já é tarde demais para voltar atrás”. Depois que tantas pessoas MORRERAM por esse sonho, ele se sentia na obrigação de realizá-lo por elas. Acho que tem um pouco da ideia do astronauta que “se sente perdido fora do espaço”, mas o filme nos fez pensar muito mais em Neil Armstrong como um humano que sofreu por tantas pessoas. Me marcou muito quando ele disse que “já era tarde demais”, e eu amei a cena!
Outro momento FORTÍSSIMO foi o da despedida de Neil e da família. Janet era uma mulher admirável, com uma paciência quase inadmissível, que aguentava toda a ANGÚSTIA de ficar sozinha sem saber se o marido voltaria para casa, e eu adorei como ela se impôs contra ele antes que ele partisse com a Apollo 11 – ela gritou com ele, o fez reconhecer as chances que ele tinha de não retornar, e o incumbiu de falar sobre isso com os filhos, porque era a sua obrigação. E foi uma cena triste e forte quando ele fala com os filhos, o mais novo inocente e ingênuo, o mais velho com a noção de que talvez o pai não retornasse, e se sentindo “o homem da casa”, dando apenas a sua mão para o pai apertar, ao invés de um abraço, como o irmão mais novo. E, em paralelo, a cena dos superiores na NASA já preparando um discurso para o caso de os astronautas não retornarem.
Antes mesmo de eles saírem de casa!
Então, acompanhamos o lindo e tenso voo da Apollo 11. Toda a tensão da decolagem, todos os detalhes dando certo depois de tantas pesquisas e testes, o combustível perto de acabar enquanto eles pousam na Lua, uma sequência longa que aumenta o suspense enquanto esperamos ver a lua propriamente dita… e tudo foi FORTE. Quando a porta se abre e a trilha sonora se cala, porque o som não se propaga no vácuo, meu coração disparou. E cada detalhe daquela cena foi lindo – a maneira como Neil Armstrong desceu sem pressa, como disse a frase clássica que estávamos esperando, como pisou na lua pela primeira vez com um cuidado tremendo, testando a pegada, e como então desceu, para ver toda a superfície da lua e a Terra à distância, no céu. QUE VISÃO ESPLÊNDIDA. Por fim, ele ainda deixa “um pedacinho da filha” na Lua antes de vir embora.
Em segurança.
De volta para sua família.
FINAL TOTALMENTE COMOVENTE! <3 Um filme memorável!


Para reviews de outros FILMES, clique aqui.


Comentários