Primeiro Capítulo de “Teresa” (02 de Agosto de 2010)
“Entre ser
o no ser, yo soy”
Definitivamente,
um dos melhores primeiros capítulos
de novelas (não apenas mexicanas) que eu já vi na vida. Teresa é uma jogadora
dissimulada, que está o tempo todo interpretando e manipulando as pessoas ao
seu redor com certa frieza, mas, ao mesmo tempo, demonstra uma inteligência tão
grande e uma dignidade quase inesperada.
Agora, ESTOU TOTALMENTE APAIXONADO POR ESSA MULHER! E eu adoro a proposta da
novela, eu adoro que estejamos fadados a acompanhar uma protagonista que é, na
verdade, uma anti-heroína, capaz de quase
qualquer coisa para alcançar seus objetivos, ainda que machuque as pessoas
que mais ama – e, não se engane, Teresa AMA algumas pessoas, sim, apesar de não
parecer. Mas seu objetivo de vida é “sair dessa pobreza” a que está fadada
enquanto morar na comunidade com a família.
Melhor de tudo: ela o faz através do ESTUDO.
O primeiro
capítulo de “Teresa” começa durante a
formatura no Ensino Médio, e ali, desde as primeiríssimas cenas, vemos como ela
é descarada. Quando Paulo, seu
namorado, a pergunta sobre “os pais”, ela diz que eles não vêm porque, como
sempre, “viajam demais e não vão conseguir chegar a tempo”. A família de Paulo,
atenciosa, ainda diz que ela não precisa ficar brava com os pais, porque certamente não puderam mesmo vir, e
existe carinho de sobra ali para ela… toda
meiga, Teresa agradece as palavras com um sorriso que combina com seu vestido
terno e meigo – para compor a personagem que interpreta continuamente. E
sabemos que ela está jogando o tempo
inteiro, porque ela coloca suas cartas na mesa e começa a manipular o namorado
começando a falar sobre casamento e sobre como “os seus pais vão separá-los
levando-a para estudar fora”.
AMANDO TERESA O TEMPO INTEIRO!
Teresa diz a
Paulo que os pais querem que ela estude fora, e que “não há o que fazer se é a
vontade deles”, e ela o conduz, sem que ele perceba, para que ele mesmo diga
que, para evitá-lo, “se casaria com ela naquele mesmo dia”. Ela até diz que
“eles são jovens demais para se casarem, mas
não vê outra solução”. Mas o mundo de Teresa está prestes a DESMORONAR, quando
ela esquece sua echarpe e Paulo sai para devolvê-la, pegando-a no meio de uma mentira. Ela disse que
“iria dormir na casa de Aurora”, mas ele a vê se despedindo dela do lado de
fora e entrando em um táxi… então, ele decide segui-la, chegando até a comunidade
pobre em que ela mora, a que ela chega com asco no rosto, e um desânimo nos
passos lentos que a conduzem até em casa, onde sabe que sua família, amigos e
vizinhos estarão esperando com uma “festinha”.
É um momento
triste… afinal de contas, tudo é feito com sinceridade e carinho para ela, e
nós sabemos que ela odeia aquilo tudo,
e podemos vislumbrar sinais de desgosto em sua expressão em momentos-chave,
como quando o pai apresenta o vinho que comprou, mas, de modo geral, também ali Teresa está interpretando.
Ela é a boa filha, orgulho de toda a comunidade, e ela abraça e beija cada um,
agradecendo especialmente a madrinha, sem a ajuda de quem ela não poderia ter
estudado no colégio em que estudou, graças a uma bolsa. Essa sequência
importantíssima nos faz ver que Teresa
está o tempo todo interpretando. Ela diz a eles que sabia que eles a
estavam esperando e queria muito ter vindo mais cedo, “mas não pôde sair”. A
única pessoa a quem ela dispensa atenção
de verdade é o gostoso do Mariano, e é, também, o único que a despreza.
Talvez ele
veja através de sua máscara.
Paulo observa
a celebração pela janela da casa, mas embora pense em bater à porta, não tem a coragem, enfim. Passada a
graduação de Teresa na escola, ela pensa na
faculdade, e lamenta que não possa estudar na universidade que queira e na
qual todos seus amigos vão estudar, “porque não dinheiro para pagá-la”. Assim,
o destino coloca Arturo de la Barrera em seu caminho, um professor que a elogia
por ser “a melhor aluna da escola” e diz que ela merecia estudar na
“Universidad del Sur”, com o seu talento e inteligência, mas é a mais cara do México e ele sabe que ela não pode pagar. É
ELETRIZANTE ver a postura de Teresa mudar
quando seu segredo é desvelado – o sorriso desaparece, a mão sensual ao lado do
rosto cai, o desespero toma conta, mas ela continua firme no olhar. Não há como negar, no entanto: ele sabe da
bolsa, onde ela mora, a profissão dos pais…
…por isso, se oferece para pagar-lhe a
Universidade.
E QUAL É O
JOGO DELE?! Afinal, é demais oferecer-se
para “pagar todos os seus gastos”.
Mas Teresa me
conquistou não porque evidentemente é capaz de tudo para conseguir o que quer, mas porque ela o faz de forma inteligente. É preciso muita
determinação e muita persuasão para que possa, por exemplo, continuar o tempo todo jogando esse jogo de
manipulação que ela estipulou, esse que consegue virar o jogo quando Paulo a confronta. Ela está completamente errada, tendo mentido para
ele durante dois anos, e ela sabe disso, mas
ela faz com que Paulo cale a boca e a escute, e ainda o faz sentir-se
culpado dizendo que “ele não teria entendido” e que “eles não teriam passado
esse tempo juntos se ele soubesse”. Então, ela diz que independentemente de
onde viva, ela sabe o seu valor, e se isso o
incomoda tanto, então que se esqueça dela. Nunca perdendo a pose e a
superioridade que inegavelmente tem, ela vai embora.
“Hasta nunca, Paulo”
Teresa só se
permite chorar de verdade pelo que
aconteceu entre ela e Paulo quando está
sozinha, e mesmo assim se compõe quando Aurora a vê – eu gosto MUITO da
cena de Teresa e Aurora, porque é importante, também, para construir o caráter
de Teresa e permitir que a conheçamos melhor. Aurora lhe diz que ela não
precisaria mentir às pessoas sobre a sua condição social, mas ela fala sobre
como “se sente menos”, e é profundamente realístico
quando ela diz que Aurora não se incomoda com dinheiro porque o tem, e diz que ela sofre o tempo todo – sofre porque o
namorado a deixou por ela ser pobre, sofre diariamente escolhendo uma roupa
para colocar para que as pessoas não riam dela… e dói quando diz que a mãe do seu ex-namorado morreu porque eles não
tinham dinheiro para pagar pelos remédios. Porque essa é a REALIDADE.
Aurora diz
que, justamente por isso, a admira mais.
Tudo lhe custa duas ou três vezes mais!
Mas Teresa é
uma mulher determinada e FORTE, ela não se permite ficar chorando por Paulo ou
se lamentando porque esse “plano” não deu certo: ela já tem outra alternativa,
que é ARTURO. Ele está esperando pelo seu telefonema, e eu confesso que estou intrigado, mais ou menos como a
mãe dela ficou. A mãe de Teresa tenta conversar com ela sobre valores, que
espera que ela não perca no caminho a uma vida bem-sucedida, e tenta
convencê-la a aceitar o que tem, que é a universidade pública… mas ela está
disposta a aceitar a proposta de Arturo, que se dispôs a pagar todos seus
estudos. Não confiei nele nem por um
segundo. Qualquer mãe se preocuparia com uma “bondade” tão grande. Ela é
sensata ao dizer à filha que ela não sabe das intenções dele, e que não é certo
que ele pague a FORTUNA que custa essa universidade, mas ela não se importa.
Ela vai fazer
de tudo para vencer na vida.
Tudo.
O fim do
PRIMEIRO CAPÍTULO é tão sensacional quanto tudo até aqui, demonstrando uma nova
faceta de Teresa que me faz admirá-la mais: sua
dignidade. Paulo vai à sua casa dizendo que a “ama”, a oferece um “anel de
compromisso”, mas sabendo que ela é pobre e que eles não podem se casar de verdade, ele apenas quer
usá-la, e ela não está disposta a isso. Adoro como ela o confronta, dizendo que
“sua atitude mudou depressa ao saber que ela é pobre”, e então vai embora, e
tudo o que eu pensava era: “Dá na cara
dele, Teresa!” Mas Paulo tem o que merece… ele a segue na rua, faz uma
“proposta” ridícula, machista e nojenta, e ela lhe dá um tapa na cara e tenta
ir embora. Ele, no entanto, ainda tenta agarrá-la à força, e quem a salva? O Príncipe
Encantado Mariano em um cavalo táxi branco. Ele dá uns socos em
Paulo, e o clima pinta entre Teresa e Mariano, enfim.
Que final delicioso.
ANSIOSO POR MAIS! <3
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Gente, parece que eu acabei de assistir a esse capítulo! Que texto maravilhoso, e que personagem bem elaborada! Parece que estou vendo ela em cada cena, cheia de caras e bocas. Realmente Teresa parece ter um descaramento que beira a dignidade. E a inteligência dela é inquestionável mesmo. Adorei esse texto, meu amor, está maravilhoso! Dessa forma, fica até difícil sentir raiva de Teresa, parece que tudo o que queremos e ver ela sendo cada vez mais estratégica para alcançar os seus objetivos. Que primeiro capítulo sensacional! Me deu muita vontade de ver. E bem-vinda de volta, Teresa! E seja muito má! ha! ha! ha! ha! Risadas maléficas! P.S.: Estava ansioso por este texto.
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