Sítio do Picapau Amarelo (2002) – Histórias de Tia Nastácia



“Será que a nossa Cuca fez plástica?”
Quem é que não ADORA ouvir a Tia Nastácia contando suas histórias?! Quase chegando ao fim das adaptações de obras de Monteiro Lobato, “Histórias de Tia Nastácia” tem 5 episódios, que compreendem poucas das histórias narradas no livro, e por ter sido apresentada no início de Junho de 2002, já conta com uma FESTA JUNINA no Sítio do Picapau Amarelo. A história é uma das que melhor flui ao longo da semana na primeira temporada, com vários momentos marcantes e quase “independentes”, mas perfeitamente conectados por uma trama maior que, além da festa junina, também envolve a Cuca, que estava muito brava porque a Tia Nastácia se recusara a contar a sua história! Assim, ela coloca um feitiço sobre as histórias para que os personagens, uma vez mencionados, deixem as suas histórias e venham aprontar ali mesmo pelo Sítio.
A primeira história que a Tia Nastácia conta é da “Festa no Céu”. O mais legal é que enquanto a Tia Nastácia conta, e as crianças se empolgam a escutando, vemos a encenação completa da história. Aqui, um jabuti que queria muito ir à festa no céu, mas não podia porque não voava, se escondeu no violão de um urubu para “pegar uma carona”. Assim, ele consegue ir à festa, se diverte, mas, na hora de ir embora, o urubu não consegue mais carregar o violão tão pesado, e acaba o derrubando. Assim, o jabuti também cai, lá do céu, e o seu casco se parte em vários e vários pedacinhos, que Deus emenda, mais tarde – por isso, então, o jabuti tem o seu casco todo “remendado”. Dona Benta comenta que essa deve ser uma história de origem indígena, pois eles adoram criar histórias para justificar a aparência dos animais, e eu sou APAIXONADO por esse tipo de história!
<3
Depois, a Tia Nastácia conta a história do “Rabo do Macaco”. Eis aqui um macaco encrenqueiro “fazendo negócios” na beira da estrada, quando se recusa a tirar o seu longuíssimo rabo do meio da estrada, e acaba o perdendo quando uma charrete passa por cima dele. Dali em diante, o macaco só choraminga por aí. Perdendo o rabo, ele ganha uma faca. Perdendo a faca, ele ganha um balaio. Perdendo o balaio, ele ganha um pão… e depois de perder o seu pão, o macaco aparece no Sítio fazendo uma BAGUNÇA na cozinha de Tia Nastácia! Isso porque a Tia Nastácia não quis contar a história da Cuca! Nós sabemos que a Cuca é muito vaidosa (!), então ela fica enfurecida quando a Tia Nastácia manda todo mundo dormir quando eles perguntam pela Cuca, então ela decide se vingar sabotando a Festa Junina, que as crianças estão preparando tão empolgadamente!
Enquanto preparam a Festa Junina, as crianças perguntam por mais histórias. A próxima história contada pela Tia Nastácia é do “Coelho e o Jabuti”, aquela história sobre como o coelho fica todo convencido, tomando a vitória sobre o jabuti, em uma corrida, como certa, e ao pegar no sono, acaba perdendo a corrida. O coelho, depois do macaco, também aparece pelo Sítio para causar confusão… a grande FESTA JUNINA, enquanto isso, começa a ter os seus papéis definidos. No início, por exemplo, Emília e Narizinho brigam sobre quem vai ser a noiva, mas quando o Pedrinho fala do xerife, que vai ficar andando pela festa e prendendo as pessoas, é claro que Emília desiste na hora de ser a noiva… até parece que ela ia deixar passar a oportunidade de ser a figura de “autoridade” no Sítio, prendendo todo mundo que ela bem entendesse.
Tia Nastácia também conta a história da “Formiga e a Neve”, uma formiguinha que teve o seu pé preso pela neve, e que então clamava: “Neve valente, por favor, desprende o meu pezinho”. A neve, no entanto, a manda falar com o sol, e o sol com a nuvem, a nuvem com o vento, o vento com o muro… “Muro valente, que para o vento, que dissolve a nuvem, que tapa o sol, que derrete a neve… desprende, o meu pezinho”. E ela segue, falando com o rato, o gato, o cachorro, a onça, o homem e, por fim, Deus. Emília ADORA essa história, e a Dona Benta tem umas leituras interessantes a seu respeito, explicando, por exemplo, sobre “o dedo das contadoras” das histórias, que colocam as formigas como “ladras”, além da influência dos povos europeus que colonizaram o Brasil, tendo em vista que, por aqui… não existe neve, como na história!
A formiga também é trazida ao Sítio pelo feitiço da Cuca, e é ela mesma que a jacaroa pretende usar para a sua vingança. Ela cria um exército de formigas gigantes que atacam a cozinha da Tia Nastácia e os quitutes da Festa Junina, mas de quem o Pedrinho e o Tio Barnabé conseguem se livrar, e todos se unem para refazer as coisas da festa! Em um momento, pouco antes disso, Emília pede mais uma história para a Tia Nastácia, que tenha “reis, rainhas e monstros”, então a Tia Nastácia conta a história do “Bicho Manjaléu”. É uma história muito interessante que eu desconhecia, e é a história que abre o livro de Monteiro Lobato. Três irmãs são vendidas pelo próprio pai para três diferentes rapazes. O irmão mais novo delas, ao crescer e descobrir toda a história, resolve ir atrás delas com umas botas mágicas, para saber como elas estão.
“Bota, bota-me em tal lugar… a bota botava”
A primeira das irmãs está casada com o Rei dos Peixes, e ele lhe dá uma Escama de presente antes que ele vá embora. A segunda está casada com o Rei dos Carneiros, que lhe dá um Fio de Lã. A terceira, está casada com o Rei dos Pombos, que lhe dá uma Pena. Todos os Reis, ao saber de suas botas mágicas, dizem a mesma coisa: “Se eu tivesse essas botas, eu iria à Rainha de Castela”. O jovem irmão, então, descobre que a Rainha é a “mulher mais linda de todas”, que está sendo mantida prisioneira pelo Bicho Manjaléu, e é praticamente impossível salvá-la… ou seria, se ele não tivesse o poder da Escama, do Fio de Lã e da Pena. Assim, ao apagar a vela que a mantinha prisioneira, o Bicho Manjaléu morre e ele pode se casar com ela e viver feliz para sempre. Eu AMEI ESSA HISTÓRIA, e é lindo ouvir a Tia Nastácia contando e os atores a encenando… Emília também adora, mas só porque sabe que VEM CONFUSÃO POR AÍ!
Porque o Bicho Manjaléu também aparece no Sítio.
O monstro bate insistentemente na porta, querendo entrar para pegar a “Princesa do Reino das Águas Claras”, e Emília sugere que eles o distraiam como Tia Nastácia fez com o Minotauro, no Labirinto: COM BOLINHOS! Enquanto isso, o Pedrinho sai para pedir a ajuda do Saci, e ele descobre que a única maneira de mandar os personagens de volta para suas histórias é CONTANDO A HISTÓRIA DA CUCA. “Nastácia, conta logo a história da Cuca pra acabar com essa confusão!” Enquanto o Manjaléu grita do lado de fora e os demais, em uníssono, pedem que a Tia Nastácia conte a história da Cuca, ELA CONTA. E a Cuca fica lisonjeada. Conta que ela deve ter uns 3.000 anos (“Ué, não parece, será que a nossa Cuca fez plástica?”), que ela só dorme uma noite a cada 7 anos, e que gosta de transformar crianças em pedra… também fala de seus diferentes nomes e como ficou famosa em uma canção de ninar.
“Ah, eu adorei a minha história! Eu só não gostei dessa coisa da Tia Nastácia ficar revelando a minha idade. Que coisa mais desagradável”
Uma das partes mais bonitinhas e tristinhas do episódio foi o Visconde sobre a Festa Junina. Ele estava todo empolgado, dançando quadrilha sozinho em seu laboratório, ensaiando, quando a maldosa da Emília veio lhe dizer: “Ninguém dança quadrilha sem par, e onde é que você vai arranjar alguém do seu tamanho pra dançar?” Depois disso, o Visconde é uma tristeza que só, e eu fiquei com tanto dó! “Se a Tia Nastácia não estivesse tão ocupada, pedia pra ela me fazer uma sabuga de milho”. Super TRISTONHO e chorando (!), o Visconde tenta se convencer de que não devia gostar dessas festas, com bolo de milho, cural e essas coisas, e as crianças jogando estalinho sem nem olhar pra baixo pra ver se tem um Pequeno Polegar ou um Visconde passando… “Por isso que eu não gosto de Festa Junina!” Fiquei MUITO TRISTE JUNTO COM O VISCONDE!
Mas a Narizinho manda se arrumar, que ela tem uma ideia!
A felicidade dele, todo dançante de novo… <3
Assim, A FESTA É UM SUCESSO. Todo o Arraial se reúne no Sítio do Picapau Amarelo para comer, brincar e dançar quadrilha. O Visconde dança alegremente com uma boneca pequena da Narizinho, e até o Saci aparece na festa, para cobrar a Tia Nastácia sobre a sua história, depois de a Cuca ter ficado rindo dele porque foi “esquecido”, e a Tia Nastácia é a mais fofa do mundo: “Eu não contei porque todo mundo já conhece a tua história, Saci! Eu preciso te dizer que você é o personagem mais famoso do folclore?” Ele fica todo bobo e feliz, e a Tia Nastácia até chama ele pra dançar com ela! “Carapuça! Onde já se viu? Saci dançando!” Foi uma das histórias mais gostosas de acompanhar, adorei as HISTÓRIAS DA TIA NASTÁCIA, e esse final, com a festa junina, o Visconde dançando feliz e o Saci todo bobo, também dançando com a Tia Nastácia…
Tudo muito fofo! <3

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