Mary Poppins (1964)



“She’s supercalifragilisticexpialidocious!”
MARY POPPINS É “QUASE PERFEITA”, muito embora provavelmente ainda não tenhamos entendido o porquê de ela ser só “quase” perfeita. “Mary Poppins” é um clássico musical da Disney, lançado em 1964, e que até hoje encanta gerações, com toda a sua cor, o seu nonsense, a sua mistura entre “realidade” e “imaginação”. Mary Poppins é uma personagem fascinante, uma babá doce e rígida, que cria todo um universo lúdico enquanto está mudando a vida dos Banks, ajudando Jane e Michael a terem os pais que merecem – e quando a sua missão está cumprida, ela vai embora com lágrimas nos olhos, mas uma firmeza em sua atitude: eles não precisam mais dela ali. Afinal de contas, ela ficaria apenas até “os ventos mudarem”, ela não disse isso desde o princípio? E “os ventos mudarem” é uma metáfora muito bacana para todas as mudanças que ela representa.
É impossível falar sobre “Mary Poppins” e resistir a descrevê-lo como outra coisa que não supercalifragilisticexpialidocious. Afinal de contas, é o que dizemos na falta de uma palavra melhor, não é? O filme nos apresenta à Família Banks, formada por uma mãe sufragista e cheia de vida, e um pai trabalhador que pensa demais em dinheiro e trabalho, e duas crianças negligenciadas que trocam de babá em babá – foram seis nos últimos quatro meses. Dessa vez, no entanto, elas decidem ajudar os pais a contratar a nova babá, fazendo eles mesmos um anúncio que os pais poderiam colocar no jornal, mas do qual o Sr. Banks se desfaz dizendo que “isso é uma idiotice”, rasgando todo o bilhete e jogando-o na lareira… não que os ventos não carreguem o bilhete pela chaminé até as nuvens, de onde Mary Poppins desce com o seu guarda-chuva e sua misteriosa bolsa.
ADORO a atitude Mary Poppins. Ela é determinada e competente, e mais impõe do que faz perguntas – amo a sequência da “contratação”, e então ela sobe para o quarto para ver as crianças, onde percebemos que tudo tende a ficar muito mais feliz para as crianças Banks de agora em diante. Mary Poppins decora o seu quarto com coisas imensas que tira de sua “bolsa mágica” (que é “bigger on the inside”), e entrega às crianças o que elas pediram em sua carta, como jogos diferentes, e transforma a arrumação do quarto em um grande jogo, enquanto cantam “A Spoonful of Sugar”, com direito a Mary Poppins cantando com um passarinho na mão, a colocando ao lado de outras personagens clássicas da Disney, como a Cinderela. E é assim que Mary Poppins começa a mudar a vida da família, a começar pelas crianças: as educando, as fazendo trabalhar, mas dando-lhes atenção e carinho.
Transformando tudo em brincadeira.
Uma das sequências mais icônicas do filme leva as crianças, Mary Poppins e Bert por um passeio nos desenhos de Bert no parque – e é uma sequência longa que mescla os atores com desenhos animados, de forma bem criativa e lúdica, e muita coisa acontece lá dentro, como uma corrida de cavalos que Mary Poppins ganha montada em um cavalo de carrossel. São essas brincadeiras que transformam os dias chatos das crianças Banks em verdadeiras AVENTURAS, como quando, por exemplo, eles conhecem o tio Alfred, que de tanto rir acabou no teto… o que, por sinal, me faz pensar em uma cena de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, na sua primeira versão para o cinema. Essa vivacidade de Mary Poppins transforma todos ao seu redor, ou quase todos, porque o Sr. Banks continua bastante carrancudo e a repreendendo por essas “tolices” que está fazendo com as crianças.
Ele quer “propósito”.
Assim, Mary Poppins o faz se responsabilizar pelas crianças durante um dia, no seu dia de folga – e o mais legal é que ela faz o Sr. Banks acreditar que levar os filhos para o trabalho foi uma ideia sua, embora ela jamais vá admitir que “colocou uma ideia na cabeça dele”. A cena é triste, porque mostra o quanto as crianças já aprenderam com Mary Poppins (Michael é um fofo querendo usar seus dois centavos para dar comida aos pássaros), mas o quanto seu pai está longe disso tudo, assim como os donos do banco. As crianças são sobrecarregadas com um monte de “ensinamentos” sobre economia e lucro, enquanto só querem dar comida aos pássaros, e acabam causando uma comoção desastrosa no banco, da qual precisam escapar sozinhos e correr pela cidade até esbarrarem em alguém que confiam e que pode ajudá-los: Bert!
Ao lado de Bert, que é um dos personagens mais carismáticos do filme, as crianças conhecem outros limpadores de chaminé e, com Mary Poppins, sobem aos telhados da cidade durante a noite para uma aventura divertida e cheia de sapateado – o filme tem sequências bem longas dedicadas a dança, o que, em muitos momentos, o faz parecer um musical clássico dos palcos, e esse é um deles, culminando no momento em que os muitos limpadores de chaminé invadem a casa dos Banks e dançam com as empregadas, com a Sra. Banks e, por fim, com o Sr. Banks, que está carrancudo e preocupado como sempre. Então, o Sr. Banks recebe um telefonema pedindo que ele vá até o banco, mas antes de sair, duas coisas importantes acontecem: primeiro, Bert conversa com ele sobre “passar mais tempo com as crianças antes que elas cresçam” e, depois, Michael e Jane lhe dando os dois centavos na esperança de que aquilo conserte tudo.
LINDO! <3
Então, quando o Sr. Banks chega ao banco e é demitido, como esperado, ele olha para os dois centavos em seu bolso e pensa em algo para dizer, e tem uma só palavra que ele quer dizer: “Supercalifragilisticexpialidocious!” Ali, A MISSÃO DE MARY POPPINS SE COMPLETA. É só por sua interferência e a de Bert que ele conhece essa palavra, que ele conhece a piada que conta ao dono do banco e o faz rir até flutuar até o teto, e que o faz perceber que aquilo tudo não vale a pena – não mais do que a sua FAMÍLIA. É um momento lindo quando o Sr. Banks retorna para casa, animado, chamando pelas crianças e as convidando para empinar uma pipa… uma pipa que ele mesmo arrumou, enfim. Naquele dia, os ventos mudaram, em vários sentidos, então Mary Poppins pode partir… inicialmente, as crianças lamentaram vê-la arrumar as coisas, mas enquanto estão na rua empinando pipa com os pais, elas nem se lembram mais de se despedir de Poppins. Ela fica triste, pois as ama, mas não lamenta que “elas gostem mais do pai que dela”. Afinal de contas, “é assim que deve ser”. Então ela vai embora, como chegou, de volta para as nuvens…
Um anjo da Família Banks cujo trabalho chegou ao fim.
Bert se despede, e pede que ela não demore demais para voltar.
Lindíssimo, sem dúvida. Mary Poppins? NÓS TE AMAMOS! Obrigado por tudo.

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