[Season Finale] You 1x10 – Bluebeard’s Castle



“Well, consider me disturbed”
EU AMEI ESSA SÉRIE, mas confesso que não estava lá muito empolgado com a segunda temporada – pelo menos até assistir a esse episódio. A história de Beck chega a um desfecho mais irônico que surpreendente, mas é uma baita finalização para toda a trama do stalker, que realmente nos faz pensar nos perigos que corremos com as pessoas ao nosso redor. O episódio é inteligente, TENSO (como todo o restante da temporada), e fecha ciclos brilhantemente – sempre gostei muito do Paco, por exemplo, mas sempre acreditei que ele estava fadado a se tornar um “Joe em miniatura”, e isso parece quase se concretizar nesse episódio, cujo roteiro também confere um significado a mais para Joe ter sempre tratado Paco tão bem ao longo de toda a temporada… era importante para que o desfecho acontecesse exatamente da forma como aconteceu.
O episódio traz Beck presa na “jaula de vidro” do porão da livraria, onde Joe matou Benji nos primeiros episódios da temporada, e em paralelo a uma Beck desesperada batendo no vidro e gritando para sair, vemos flashbacks que nos levam à adolescência de Joe, quando ele mesmo era mantido prisioneiro na jaula toda vez que “fazia alguma coisa errada”, e mais do que nunca temos certeza de que foi o Mr. Mooney quem transformou o Joe no homem desequilibrado que ele é atualmente – esse que prende a namorada em uma jaula porque, supostamente, “não queria que ela surtasse”. Joe continua desequilibrado e perigoso, e é terrível perceber a maneira como ele realmente acredita que está fazendo tudo o que faz “pelo bem de Beck”, como se estivesse “a protegendo, porque a ama”. O pior, a meu ver, é que ele ACREDITA nessas coisas que diz a si mesmo.
E a Beck, agora.
“I’m not some sicko. I’m your protector. You’ll see”
Tentando mostrar a Beck que tem “justificativa” para tudo o que fez, Joe mostra evidências de que as pessoas que ele matou mereciam morrer – como o vídeo de Benji matando um inocente ou as fotos que Peach guardava de Beck em seu computador. Beck queria que nada disso fosse verdade, que ele explicasse que ela estava louca ao interpretar a caixa do banheiro, mas ele não pode desmentir. Quando ela percebe TUDO O QUE ELE FEZ, ela se desespera novamente, chorando e implorando para que “ele não a machuque”: “It’s true. You killed them. You’re a murderer, you freak!” Joe deixa para Beck uma máquina de escrever e diz que “essa é a oportunidade de introspecção pela qual ela estava esperando”, e que “agora ela pode escrever”. Enquanto isso, ele vai em busca das amigas de Beck, para fazer toda uma cena e tirar qualquer suspeita que possa cair sobre ele.
Mas TUDO está explodindo ao mesmo tempo. Tem um detetive investigando a morte de Peach, por exemplo, e é uma questão de tempo até que ele chegue a ele. No apartamento, Cláudia sofre uma concussão ao apanhar de Ron, que diz que “foi um acidente”, e Paco desaparece, reencontrado mais tarde na livraria, tentando roubar a arma que Joe esconde no caixa – Joe o impede de fazer alguma burrice por ora, dizendo que ele pode se matar com a arma e, mesmo que não o faça, a sua vida ACABA no momento em que ele atirar em Ron… sem a arma, quando Paco vê Ron batendo na porta da casa da mãe, pedindo para entrar, ele não tem outra opção que não atacá-lo com um taco de beisebol, mas não é um ataque forte o suficiente para desacordá-lo, e então Paco precisa sair correndo e se esconder enquanto Ron vai atrás dele.
Felizmente (?), Joe acaba aparecendo para ajudar o Paco, e ele mata o Ron rapidamente com uma faca no pescoço, o que me pareceu muito descuidado. Ele se contenta em limpar o sangue, se livrar do corpo e mandar mensagens pelo celular do assassinado para que ninguém o descubra – e dessa vez ele envolve Paco nas suas loucuras. Paco entende que as mensagens são para que “as pessoas pensem que ele ainda está vivo”, e é estranho ver as coisas se formando em frente a ele. Joe lhe diz que tudo o que ele tem que fazer é dizer que não sabe onde Ron está se alguém lhe perguntar, e ele pergunta: “He was a bad man. Does that mean it was right to kill him?” Ele não está desafiando o Joe nem nada. Ele REALMENTE quer saber, e tudo o que o Joe o ensinou, no fim das contas, foi essa ideia bizarra de que “às vezes fazemos coisas ruins pelas pessoas que amamos”.
E isso deve crescer em Paco até ele se tornar alguém como Joe.
Se não pior.
Beck, por sua vez, tenta manipular Joe para que ele abra a jaula, dizendo que “sabe que ele tem um bom coração”, que apesar de tudo ele “ainda está preocupado com a filha da vizinha”, e pede para ir ao banheiro – mas ele percebe o que ela está pensando em fazer, e a mantém trancada, insistindo mais uma vez para que ela use essa “oportunidade” que ele está lhe dando para escrever… afinal de contas, não era isso o que ela queria? Joe está COMPLETAMENTE DESCONTROLADA, achando que está “ajudando” Beck, ou que existe alguma possibilidade de “eles terem um futuro”. Mas, de um modo ou de outro, Beck acaba realmente usando a máquina de escrever para começar a escrever – afinal de contas, muita coisa lhe está acontecendo, e esse é um momento interessante para compartilhar a sua história, em uma narrativa fortíssima:

“You used to wrap yourself in fairy tales like a blanket. But it was the cold you loved. Sharp shivers as you uncovered the corpses of Bluebeard's wives. Sweeter goose bumps as Prince Charming slid one glass slipper over your little toes, a perfect fit. But by the schoolyard, real princesses floated by you on fall winds. You saw the gulf between you and the rich girls, and vowed to stop believing in fairy tales. But the stories were in you, deep as poison. If Prince Charming was real, if he could save you... you needed to be saved from the unfairness of everything... when would he come? The answer was a cruel shrug in a hundred fleeting moments. The sneer on Stevie Smith's face when he called you a fat cow. Uncle Jeff's hand squeezing your ass in the Thanksgiving kitchen. The accusation in your father's eyes when you told him what happened. From every boy masquerading as a man that you let into your body, your heart, you learned you didn't have whatever magic turns a beast into a prince. You surrounded yourself with the girls you'd always resented, hoping to share their power, and you hated yourself. And that diminished you even more. And then, right when you thought you might just disappear, he saw you. And you knew, somewhere deep, it was too good to be true. But you let yourself be swept, because he was the first strong enough to lift you. Now, in his castle, you understand Prince Charming and Bluebeard are the same man. And you don't get a happy end unless you love both of him. Didn't you want this? To be loved? Didn't you want him to crown you? Didn't you ask for it? Didn't you ask for it? Didn't you ask for it? So say you can live like this. Say you love him, say thank you, say anything but the truth. What if you can't love him back?”

Wow.
Beck tenta usar a sua escrita para sair da jaula, dizendo a Joe que “o entende agora”, que sabe que ele fez tudo o que fez para protegê-la, e que “ele lhe deu tudo”, então agora ela também quer lhe dar isso: no livro, ela conta toda a história dela com Joe, mas substitui Joe pelo Dr. Nicky, e diz que é disso que eles preferem – eventualmente, então, Joe acaba abrindo a porta e entrando na jaula com ela. Ela interpreta, o beija, mas então rouba a sua chave e o ataca com as teclas arrancadas da máquina de escrever, trancando ele lá dentro e tentando fugir… e realmente parece que O JOGO ESTÁ VIRANDO. Ele está lá dentro, pedindo para sair, quando ela grita contra ele, falando sobre tudo o que ele fez, sobre como ele é doente, como nada do que ele fez é “justificado”, como ele acredita, e como ele “só criou uma desculpa para poder atacar as pessoas”.
“You. You’re him. You are the bad thing. You are the thing that you should have killed”
“Rot in there, you psychotic asshole. You’re going to spend the rest of your life in jail!”
O problema é que Beck está lidando realmente com alguém perigoso. Além da porta do porão existe mais uma grade, trancada, e enquanto ela grita por ajuda, apenas uma pessoa aparece: PACO. E então entendemos a profundidade da conexão de Paco e Joe, entendemos que ele não vai trair o amigo, a única pessoa que sempre o ajudou – se Beck não tivesse falado sobre Joe, talvez Paco a tivesse ajudado. Mas ele se recusa a agir contra ele. Com essa parte do ciclo se fechando (havia um motivo ESSENCIAL pelo qual a série sempre se dedicou a mostrar o quanto Joe era “bom” com Paco!), Beck é novamente capturada, pois é claro que Joe tinha uma chave extra, e agora não existe mais nada que possa salvar Beck… nem quando ela ataca o Joe e, temporariamente, ele fica no chão desacordado – agora ele a mata e essa parte da série chega ao fim.
Tchau, Beck.
QUATRO MESES DEPOIS, descobrimos que Joe realmente matou a Beck, mas ele não fez apenas isso – tudo é brilhantemente irônico, de uma forma doentia que combina com o Joe. Após a morte, Beck se tornou UM SUCESSO. As pessoas estão comprando o seu livro, o livro da escritora que morreu tragicamente, e é justamente o livro que ela escreveu no cativeiro, aquele livro que culpa o Dr. Nicky por tudo. Essa é a grande IRONIA. O corpo de Beck é encontrado, o livro é deixado no correio anonimamente por Joe e o Dr. Nicky acaba PRESO com a acusação – enquanto isso, Joe é “inocentado” de tudo, enquanto descaradamente expõe os livros de Beck e olha para a sua foto, como se não tivesse nada a ver com isso. É DOENTIO, mas é um final perfeito para a série. Espero que a segunda temporada saiba bem o que está fazendo, porque confesso que eu temo.
Mas o inesperado retorno de Candace me dá esperanças.
#curioso

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