[Series Finale] Desventuras em Série 3x07 – O Fim
“Beatrice”
A HISTÓRIA
DOS BAUDELAIRE NÃO CHEGA AO FIM, MAS LEMONY SNICKET ACHA QUE É HORA DE PARAR DE
CONTÁ-LA. Eu sempre gostei desse final para “Desventuras
em Série”, porque alguma história realmente
chega ao fim? Muitas pessoas estão dizendo por todos os lados que “o final
da série é diferente do livro”, e eu acho que eles se referem apenas àquela
última cena, extra de Lemony Snicket, que é algo que, até onde sabemos, pode ter acontecido. É um pequeno
detalhe a mais que deixa o final menos aberto que o final do livro – se
lá não tínhamos certeza nem mesmo se os Baudelaire sobreviveram à viagem de
barco de volta ao continente, aqui ganhamos, inclusive, informações sobre
outros personagens, como os Quagmire. Mas o que mais importa no fim de “Desventuras em Série” é a EMOÇÃO, e um
pouco mais sobre Beatrice.
Netflix
adaptou perfeitamente os livros. E EU
AMEI, DO INÍCIO AO FIM!
“For Beatrice –
I cherished, you perished,
The world’s been nightmarished.”
Quando o
episódio começa, temos duas propostas de cenários e paletas de cores. Em algum
momento do futuro, em um lugar escuro e quase
sem vida, vemos uma garotinha pegar o bonde clássico da série rumo ao Hotel
Desenlace (para a Biblioteca subterrânea de Dewey Denouement?), que o motorista
diz que “queimou há muitos anos”. Quando ela é perguntada sobre seu nome, ela
se apresenta apenas como “Baudelaire”. Também descobrimos, por uma notícia no
último Pundonor Diário, que o jornal
está encerrando suas atividades por “espalhar notícias falsas”. MARAVILHOSO!
Então, na segunda “proposta”, retornamos ao momento em que os Baudelaire e o
Conde Olaf estavam “todos no mesmo barco”, onde o cenário é ironicamente colorido e cheio de vida. Adorei o céu
azul, o mar ao redor deles… é o tom
irônico de “Desventuras em Série”.
Mas nesse tom
“colorido”, é que temos Sunny sugerindo que eles aproveitem o momento em que o
Conde Olaf está vulnerável para
empurrá-lo para fora do barco, e Violet e Klaus realmente cogitam a ideia, mas não têm tempo para isso – então,
eles são pegos em uma tempestade terrível que rapidamente os leva até a
plataforma costeira… senti falta de um desenvolvimento maior na sequência da
tempestade, e isso é algo que, infelizmente, eu senti durante toda a parte do
episódio em que eles estiveram na ilha. Não acho que tenha sido tão bom adaptar o último livro em apenas
50 minutos (podia ser um episódio só,
mas de tamanho especial!), e isso fez com que toda a complexa trama da Ilha
(Ishmael, o cordial, os segredos…) parecesse corrida demais e, no fim, ela não impacta e não marca, parecendo apenas
“mais uma desventura”.
Não dá para levá-la muito a sério.
Mas eu ADOREI
O VISUAL. Sexta-Feira, uma garotinha pequena e inteligente, os recebe, e os
leva até Ishmael, enquanto o restante dos moradores da ilha está mostrando ao facilitador o que encontraram na
borrasca da última tempestade… aqui, uma série de elementos do livro é colocada
em uma única cena e diálogo, que parece apressado e quase sem sentido. O Olaf
querendo fazer da ilha sua monarquia, o Ishmael sugerindo que as pessoas deixem as coisas que encontraram, mas
dizendo que “não vai forçá-los”, e
quando o Conde Olaf ameaça Ishmael com um lançador de arpões, Ishmael manda
colocá-lo em uma gaiola gigante, mas principalmente porque o Conde Olaf o reconheceu sob toda aquela barba, e ele não quer que ele
conte nada para as crianças. Aqui, infelizmente, faltou o enfoque em uma
série de coisas que criariam tensão e suspense. Tudo fica muito rápido.
Destaque para
Sunny olhando para Olaf dentro da gaiola:
“Karma!”
Adorei quando
Ishmael pergunta sobre os Baudelaire e o que os levou ali, e eles dizem que “é
uma história longa”. Ou, como a Sunny diz: “Three
seasons!” Então, Ishmael os leva para um “tour” pela ilha, mostrando o
lugar, as ovelhas, as roupas que todos usam, e falando sobre o “Dia da
Decisão”, no dia seguinte, quando a maré sobe e é o único momento do ano em que
é possível passar de barco pelo paredão de pedra. Durante o tour, os
Baudelaire, curiosos e inteligentes como sempre, fazem perguntas aos outros
moradores, que dizem “não se lembrar muito de suas vidas anteriores, como se
fossem um sonho”. Enquanto Ishmael
insiste para que eles “esqueçam seus problemas e bebam o cordial oferecido por
ele”. Mas, naturalmente, “ele não vai forçá-los”, embora não exista água
potável na ilha e, portanto, o cordial seja a única opção que têm.
Essa parece a
oportunidade perfeita para Violet Baudelaire inventar alguma coisa, e ela diz que pode criar um sistema de
filtragem para a água, e então terão água fresca para beber, e ainda poderão
usar o sal para temperar a comida,
mas Ishmael é bem ameaçador ao ficar sozinho com ela e pedir que ela “não
balance o barco”. Foi uma das poucas coisas de que não gostei na adaptação. Acontece que os Baudelaire são mais
“enganados” no livro. Ishmael é um f*p manipulador que se faz de “bom”, e é detestável ler as suas cenas, mas ele
nunca assume, pelo menos não até o fim, o quanto ele realmente não presta… e os Baudelaire pensam que, talvez, seja
melhor eles ficarem por ali por enquanto. Porque,
pela primeira vez, estão seguros e livres do Conde Olaf. Mas, na série,
Violet diz que não podem confiar em Ishmael, e Klaus percebe que ele os chamou
de “órfãos” sem que eles tenham contado isso.
Então, ele esconde um segredo.
“Sherlock”
“Good idea, Sunny. Let’s investigate”
As crianças
chegam em poucos minutos de episódio do
outro lado da ilha, onde uma série de coisas estão acumuladas por todos os
lados, porque “tudo acaba naquela ilha”, e Sunny os conduz até um lugar secreto
construído dentro de uma grande macieira, onde eles se abrigam durante a nova
tempestade e descobrem alguns segredos.
Dentre eles, um livro em que Ishmael conta sobre “o fantasma do passado que
chegou e ele convenceu que os moradores da ilha colocassem em uma gaiola”, e
sobre como ele também se preocupa com os Baudelaire, porque “eles são jovens,
mas ele nunca conheceu um Baudelaire que não ‘balançasse o barco’”. Então, os
Baudelaire retornam umas páginas do livro até reconhecerem, no passado, a letra da mãe, e Ishmael aparece para
contar-lhes uns segredos que muito nos interessa conhecer, um pouco mais de
C.S.C.
Em algum
momento do passado, Ishmael foi o diretor da Escola Preparatória Prufrock, e
quando ele via o “brilho nos olhos” de alguns alunos, como via no deles, ele os
recrutava para uma organização secreta
que ele mesmo fundou: C.S.C. Pessoas como os Snicket, os Quagmire, o Conde Olaf
e os Baudelaire. Mas a cisão acabou
com o seu sonho, e ele se refugiou na ilha. Os pais deles também já estiveram na ilha, e foram eles que
construíram a casa na árvore, que inventaram aquelas coisas todas… agora,
Ishmael diz que falhou em proteger os pais deles, mas tem a oportunidade de
fazer isso por seus filhos, e os lembra da decisão que devem tomar no dia
seguinte, embora ofereça cordial de coco e espera que eles decidam ficar ali. Mas eles não decidem, porque Violet, Klaus
e Sunny Baudelaire NÃO PODEM SER MANIPULADOS. E eles revelam toda a verdade.
No Dia da
Decisão, os Baudelaire decidem partir e tentam alertar os outros moradores da
ilha sobre como Ishmael esconde segredos dele e usa o cordial para controlá-los, e por isso não se lembram
das suas vidas anteriores, tampouco querem ir embora. A discussão fica no ar,
no entanto, quando a última tempestade traz outra coisa à plataforma costeira:
um cubo de livros, e uma pessoa grávida em cima deles… KIT SNICKET. Então,
Conde Olaf aparece com o seu icônico disfarce de Kit Snicket grávida, usando o
capacete com o Mycelium Medusoide como barriga e algas como cabelo, mas ninguém cai no seu conto, e ele é
praticamente ignorado, enquanto as
crianças correm para ajudar a amiga desacordada e com o tornozelo machucado.
Enquanto as crianças tentam ajudar Kit Snicket, Ishmael e o Conde Olaf têm um
duelo acalorado que acaba em desastre…
Ishmael atira no capacete de mergulho e
libera o Mycelium Medusoide.
“I don’t wanna die”
O Conde Olaf
conta vitória por ter conseguido liberar o fungo letal, mas ele também está
morrendo, tanto pelo fungo quanto pelo arpão que também acaba por atingi-lo
quando Ishmael atira. Quando os moradores da ilha vão todos embora com Ishmael,
em busca de “cura” em qualquer lugar, a ilha fica apenas com os três
Baudelaire, Kit Snicket e o Conde Olaf. Todos
infectados e moribundos. O mais legal dessa sequência é que Kit Snicket oficializa algo que sempre foi possível
de se entender durante a leitura do último livro: O QUE TEM DENTRO DO
AÇUCAREIRO! Açúcar. Mas não qualquer açúcar, um açúcar híbrido
criado com as propriedades de raiz-forte e outras coisas, que serve não apenas
como cura para o Mycelium Medusoide,
mas confere imunidade também. É toda
uma trama elaborada que nos leva de volta para antes da cisão, a Aquáticos
Answhitle, a decisão de Fernald e a Gruta Gorgônea…
Antes de
poderem ajudar Kit Snicket, no entanto, os Baudelaire precisam salvar a própria vida e, por isso, vão
até o outro lado da ilha em busca da cura para o Mycelium Medusoide.
Infelizmente, esse não é um momento tão
desesperador ou tão emotivo na
série quanto no livro, porque também acontece
rápido demais. Eles estão pálidos, sim, mas não existe a sensação
persistente de que eles realmente estão à
beira da morte, tampouco aquele momento em que eles se unem em uma única
poltrona em busca de respostas nas anotações da mãe, e pensam que, se morrerem,
ao menos eles estarão juntos. No
livro, esse é um dos meus momentos favoritos em toda a saga, pela EMOÇÃO do
momento. Na série, foi bem mais simples. No fim, eles descobrem que a cura está
na própria macieira, híbrida, mas não conseguem chegar até uma maçã.
Por isso, a Víbora Incrivelmente Mortífera
lhes traz a cura.
Depois de
serem salvos pelos pais, por Sunny e pela Víbora Incrivelmente Mortífera, de
algum modo, as crianças retornam até a praia onde Kit Snicket está prestes a
morrer, e ela diz que não pode comer a
maçã, pois isso prejudicaria o bebê. Então, os Baudelaire pedem a ajuda do
Conde Olaf, ao menos para tirarem Kit Snicket lá de cima da pilha de livros, e
ele inicialmente não quer se juntar a eles… ele já perdeu coisas demais, e não quer mais continuar, mas quando eles
dizem que “Kit Snicket pode morrer”, ele não pensa duas vezes. “Kit… might die?” A expressão dele muda
instantaneamente, ele dá uma mordida na maçã, para amenizar o veneno do
Mycelium Medusoide, e tira Kit Snicket de cima dos livros… a mulher que ele nunca deixou de amar. Foi uma sequência bonita,
com ele ferido pelo arpão, carregando Kit Snicket pela água e a depositando na
areia, e então lhe dando um beijo.
“Yuck”
É como Kit
diz: uma ação boa não vai fazer com que eles esqueçam tudo o que o Conde Olaf fez no passado, mas é bom que ele tenha
tido ao menos uma atitude boa, enfim,
e isso muda muito a nossa visão sobre ele. Pensamos em tudo o que ele sofreu,
em como “todas suas figuras paternas morreram ou o decepcionaram”, como ele diz
a Ishmael, e quando ele recita poesia para Kit Snicket e diz que “nunca a
esqueceu”, nosso coração está até um
pouco amolecido pelo vilão que proporcionou dando sofrimento aos Baudelaire.
Mas é uma cena lindíssima e necessária. Então, O CONDE OLAF MORRE NA FRENTE
DELES, e existe algum tipo de emoção boa
nos olhos dos Irmãos Baudelaire. Sunny pergunta “Olaf?”, Klaus responde que “He’s
gone, Sunny. He’s dead”, e Violet fecha os seus olhos… e é um momento muito bonito e muito forte.
Depois disso,
Kit Snicket dá a luz ao seu bebê em outro momento PROFUNDAMENTE EMOCIONANTE!
Violet pergunta que nome ela vai dar à menininha, e Kit Snicket diz que eles
podem nomeá-la como sua mãe – porque
sempre quis ser uma mãe tão boa quanto ela. Kit Snicket percebe que não vai sobreviver, pois o Mycelium
Medusoide já avançou demais para que a maçã ainda faça efeito, e tanto ela
quanto os irmãos têm lágrimas nos olhos
enquanto assistem a esse momento bonito. Antes de entregar o bebê nos braços
deles, Kit Snicket pede que eles prometam que nunca vão deixá-la sozinha, e então entrega a pequena nos braços de
Klaus. Então, a tosse toma conta dela e ela morre, enquanto os três irmãos se
tornam os pais da pequena nova
Baudelaire. UM FINAL PERFEITAMENTE EMOTIVO, em que eles não sabem exatamente o que fazer… mas vão cuidar do bebê.
Com todo o
amor que têm para oferecer!
CAPÍTULO CATORZE
“For Beatrice –
We are like boats passing in the
night –
Particularly you.”
Então,
exatamente como no livro, depois que Kit Snicket morre e os Baudelaire assumem
a missão de cuidar de sua filha,
ganhamos um “Capítulo Catorze”, quando eles finalmente “quebraram o ciclo de
desventuras” no qual viveram até então. Um ano depois, os Baudelaire ainda leem
o livro que a mãe escreveu, para conhecer mais
sobre sua história, e aqui temos aquele momento da revelação OFICIAL de uma das
coisas que mais tornam “Desventuras em
Série” interessantes: QUE A BEATRICE QUE LEMONY SNICKET SEMPRE CITA É, NA
VERDADE, A MÃE DOS ÓRFÃOS BAUDELAIRE. Vemos Beatrice e Bertrand deixando a ilha
no passado, com Beatrice grávida de seu primeiro bebê, que se chamará Violet,
se for menina, e Lemony (!), se for menino… e Sunny anuncia um bolinho de
aniversário para celebrar UM ANO DE VIDA da pequena batizada em homenagem à mãe
deles.
Beatrice Baudelaire II.
Foi linda e
um tanto quanto melancólica (mas
fofa) a cena do aniversário da pequena Beatrice, e então os irmãos falam sobre
como amanhã é o dia em que a maré sobe e
é a oportunidade que têm de partir da ilha. Eles viveram bem ali durante um ano, e não sabem o
que os espera no mundo “do lado de cá”, mas “não podem ficar ali para sempre”.
Enquanto isso, Lemony Snicket nos conta um pouquinho dos outros personagens.
Vemos o momento em que Quigley Quagmire se reencontrou com os irmãos, Duncan e
Isadora, na casa móvel autossustentável a ar quente! Ou como Fiona e Fernald
são os co-capitães do Queequeg, atualmente, em uma missão para encontrar o
padrasto desaparecido de ambos… até aqueles que se separaram do Conde Olaf
conseguiram se realizar como trupe teatral… nem
que só por uma noite…
Então, as
crianças estão prontas para partir, e tiram do barco a placa que dizia “Olaf”,
revelando o nome oficial do barco: “BEATRICE”. O mesmo barco em que os pais
foram embora, no passado, e o barco que agora contém o nome da mãe deles e da
pequena bebê que é sua filha. É de
ARREPIAR ouvir Klaus chamar a bebê de “Beatrice”, oficialmente, pela primeira
vez. E os quatro Baudelaire partem, rumo
ao desconhecido, em uma das cenas mais lindas de toda a série. A adaptação
ainda estendeu o epílogo por mais um
momento, mostrando Beatrice Baudelaire um
pouco mais velha, nos revelando que ELES SOBREVIVERAM À VIAGEM DE BARCO.
Não sabemos onde os Baudelaire estão agora,
mas eles devem estar bem, segundo o que Beatrice contou… até enfrentaram
piratas femininas e estiveram na Praia de Sal uma terceira vez! Ela manda uma carta/convite a Lemony Snicket, seu
tio, o convidando para compartilhar a
história da sua família.
“Mr.
Snicket? I’m your niece. Beatrice
Baudelaire. The second”
E aquele foi
o final MAIS LINDO e EMOCIONANTE possível.
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Queria que continuasse e mostrassem a Sunny já adolescente e os Baudelaire morando na casa do doutor Montgomery e que a Violet e o Klaus tivessem 15 e 17 anos
ResponderExcluirIa ser gostoso mesmo ver os personagens depois de algum tempo, né?
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