O Date Perfeito (The Perfect Date, 2019)
“He’s
whoever you want him to be”
Percebemos
uma grande AMBIÇÃO em Brooks Rattigan, embora em nenhum momento o vejamos como
uma pessoa má… talvez nem insensível
ele seja, mas apenas distraído demais para perceber o que as pessoas ao seu
redor estão sentindo – ou talvez eu o esteja defendendo e ele não seja
exatamente “desligado”, mas mais egocêntrico
do que eu gostaria de admitir, e, portanto, ele nem olha para as pessoas, como Celia Lieberman ou Murph, seu melhor
amigo, quando inadvertidamente os magoa. Mas a ambição e o desejo de entrar em
Yale fazem com que ele tome uma atitude inicial quando Reece, um riquinho que
frequenta o lugar onde ele trabalha, está reclamando sobre ter que levar a
prima para um baile na escola bem no
dia em que sua namorada estará sozinha em casa a noite toda, porque os pais não
estarão na cidade e tal.
Brooks se voluntaria para ir em seu lugar!
Claro que ele
não faz isso pela “bondade de seu coração” nem nada: o pai de Reece está pagando para que ele leve a prima ao
baile, e ele ainda teria a chance de dirigir o CARRÃO que Reece tem! Eventualmente, embora pareça uma loucura,
Reece acaba topando. É assim que Brooks conhece a MARAVILHOSA Celia
Lieberman, e eu sinceramente não sei
como ele não se apaixonou por ela desde o
primeiro instante. Ela é uma garota diferente,
toda durona e dona de si, não precisa que ninguém abra a porta para ela, por
exemplo, e tampouco está interessada em ir para esse baile, para o qual o garoto está sendo pago para levá-la – mas Brooks acaba surpreendentemente a
convencendo a ir com ele, e então eles meio que se divertem, com umas
dancinhas bizarras ao melhor estilo Ally e Dallas, de “Austin & Ally”, mas não é nada mais que isso.
Por ora.
Até porque
Brooks fica inexplicavelmente fixado
em Shelby quando a vê na festa, e decide que quer “conquistá-la”. Mas a “saída”
de Brooks e Celia pode gerar uma estranha amizade
e parceria entre eles, além de ela
involuntariamente, durante uma brincadeira, dar a ele uma ideia inusitada: de cobrar para sair com garotas e ser,
basicamente, o que elas precisarem que ele seja. Então, com a ajuda de
Murph, um mestre em programação, Brooks inicia um aplicativo chamada “The Stand-In”, em que ele oferece o
serviço de ser acompanhante de
garotas, de forma inocente e apenas para coisas simples, como acompanhá-las em
festas, bailes de formatura, ou um
rodeio, em uma das ocasiões… mas nada mais que isso. E com o dinheiro que
ele ganha com esses “encontros”, ele pode pagar Yale, a faculdade dos seus
sonhos.
Surpreendentemente,
O APLICATIVO É UM SUCESSO. Ele sai com uma série de garotas, sendo basicamente
o que elas querem que ele seja – um especialista em arte, um cowboy, ou um
completo babaca, para que os pais de uma garota aceitem o verdadeiro namorado dela quando ela o apresentar. Com o app crescendo, Brooks vai virando um especialista em mentir quem ele é de verdade, a tal ponto que talvez nem ele mesmo
saiba mais quem ele é… cada vez ele consegue passar menos tempo com Murph, por
exemplo, e ele acaba sendo um completo babaca nisso tudo, e a fixação dele em
Shelby não faz sentido. Seus melhores
momentos são com Celia, que mal pode acreditar que ele levou a ideia adiante, mas que não o julgo por isso. Até
porque, a ideia meio que foi dela… e ela ligou para ele pedindo sua ajuda para
chamar a atenção de seu crush.
Sim, Celia
tem um crush.
Com Celia,
Brooks compartilha as cenas mais fofas
do filme. Ela o leva para uma festa onde ele pode tentar chamar a atenção da
Shelby enquanto ela tenta se aproximar de Franklin, e ambos tentam fazer isso – Brooks conversa com
Shelby rapidamente, e Celia consegue um encontro com Franklin, mas nenhum dos
dois percebe o quanto eles se divertem
e se conectam quando estão apenas os
dois… quando eles comentam sobre a festa, sobre as pessoas, e sentam lado a
lado para comer sorvete direto do pote, e é uma cena toda bonitinha! Eu também
gosto muito da cena em que Celia sai com ele e com Murph, porque naquele
momento Celia pode descobrir um pouco mais sobre quem ele é de verdade… coisas
que ele nunca contara para ela. Mas o
Brooks está sendo um idiota com esse negócio de “aplicativo” e deixa o amigo
para trás mais uma vez.
Eventualmente,
as coisas desandam pra valer. Celia vai em um encontro com Franklin e descobre
que ele não é nada como ela imaginou
que ele fosse, mas ela e Brooks já tinham planejado um “término público”, e ela
segue adiante com isso… ela está estonteantemente LINDA, mas ele nem presta
atenção nela, perdido demais no papel e pensando em “tópicos para a discussão”.
Quando, no meio da festa, Brooks “pega Celia no flagra” com Franklin, ele
começa toda uma cena para que eles terminem, e era para ser uma encenação
divertida, mas Brooks exagera… ele puxa uns assuntos reais para a hora do “grande término”, e isso magoa os sentimentos
de Celia – e o pior é que ele nem percebe, acredita que o tapa que ela lhe deu
é parte, também, da encenação, mas a verdade é que ele disse umas coisas
terríveis e ela ficou magoada de verdade.
E com razão.
Brooks, no
entanto, se aventura com Shelby, numa sequência que, se você me perguntar, eu
diria que foi apressurada demais.
Logo depois de “terminar com Celia”, ele já está beijando Shelby e combinando
de ir ao baile com ela, e tudo parece extremamente superficial… não apenas
porque É superficial, mas também porque o roteiro não parece ter desenvolvido
bem esse momento e Shelby pareça sempre distante
demais para ser real. Eventualmente, Brooks vai percebendo o quanto OS DOIS
SÃO DIFERENTES, já que ela tem todo o seu futuro desenhado, enquanto ele mal
sabe que faculdade vai fazer no ano que vem, e os dois acabam brigando logo no
início do baile da escola, quando Brooks reencontra uma das garotas com quem
saiu pelo seu aplicativo, e ela agradece “por seus serviços”, achando que
Shelby também era uma dessas garotas.
Mas não é.
E ela fica
furiosa. Não porque ele seja pobre nem nada, mas porque ele mentiu para ela. Então, Brooks vê Celia dançando, de
forma tão terrível e divertida como quando eles dançaram juntos na primeira
festa e se conectaram pela primeira vez, com passos estranhos e um tornozelo
supostamente torcido, e vai falar com ela. Ali, ele descobre que Celia não deu
certo com Franklin, porque, no fim, “ele não era seu tipo”, e talvez o tipo
dela seja mais o tipo de garoto
egocêntrico e desligado. Mas, decidida, ela diz que tampouco quer dançar com ele agora – ela não está ali para ser seu
“segundo plano”. Então, Brooks percebe que cometeu um erro tratando Celia
da forma como tratou, e agora ele precisa encontrar uma maneira de consertar
isso… não apenas isso, MAS TODO O RESTO: a maneira como tratou o Murph, a
maneira como tratou o pai…
Então é hora
de se redimir. E de descobrir o que ele
REALMENTE quer.
Brooks,
então, decide consertar as coisas, porque só existem três pessoas que o amam de
verdade. Primeiro, o pai, que tem uma cena linda com ele quando diz que ele
pode pensar que ele “desistiu” depois que a mãe os abandonou, mas “ele nunca
desistiu do filho”; depois, o melhor amigo, que o perdoa mesmo ele tendo sido
um babaca; e, por fim, Celia, para quem ele precisa mostrar que ela não é só “o
segundo plano”. Ah, e ele começa a
ignorar as chamadas no app. Então, depois de decidir que não vai para Yale,
mas para a faculdade na qual o pai trabalha, Brooks entrega a Celia uma
FOFÍSSIMA “Carta de Admissão”, para a Faculdade de Celia Lieberman, na qual ele
se declara lindamente, e aqui ele se abre dizendo que “foi muitas pessoas nos
últimos meses a ponto de esquecer-se quem era de verdade, mas ele sente que os
momentos em que mais foi ‘ele mesmo’ foram os momentos em que esteve com ela”.
E essa carta
foi LINDA!
Pena que o
beijo deles, no fim, não tenha sido tudo aquilo…
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