O Escaravelho do Diabo (2016)



“O Escaravelho do Diabo vai atacar novamente…”
Um dos livros mais famosos da Coleção Vaga-Lume, e que ganhou sua adaptação cinematográfica em 2016. O livro, escrito por Lúcia Machado de Almeida, foi originalmente publicado em capítulos em 1953, em edições da revista “O Cruzeiro”, e depois foi relançado em 1974, e pode ter sido o primeiro contato de toda uma geração de crianças com investigações criminais e esse gênero da literatura. Eu ainda sou mais apaixonado por “O Mistério do Cinco Estrelas”, mas eu adoro as ideias originais da autora de “O Escaravelho do Diabo”, que coloca um assassino em série em uma cidadezinha do interior – um criminoso que tem pessoas ruivas como seu alvo, e que parece ter uma fixação por escaravelhos. O que eu mais gosto na trama dessa história é todo o suspense e o mistério que gira em torno da identidade do assassino e suas motivações.
No início do filme, conhecemos a família Maltese. Com uma mãe ausente, o pequeno Alberto vive praticamente apenas com o irmão mais velho, o gato do Hugo, e eles têm a típica relação de irmãos: brigando, se provocando, mas a verdade é que Alberto admira o irmão mais que tudo na vida. Por isso, é muito triste quando Hugo descobre a sua moto destroçada do lado de fora da casa e acusa o irmão de ter feito aquilo, e me partiu o coração ver o Alberto juntando todo o pouco dinheirinho que tinha e mandando ao irmão, com um pedido de desculpas, ainda que não tenha tido nada a ver com a moto quebrada… o pior é que a última coisa que Hugo diz ao irmão mais novo é que “o odeia” e que “nunca mais quer vê-lo”. Naquela madrugada, então, ele é brutalmente assassinado no próprio quarto, e é Hugo quem abre a porta e encontra o irmão.
Com uma espada cravada no peito.
A cena é traumatizante, e eu penso na impressão que causou num garoto de 12 anos. Mesmo assim, Alberto acaba se envolvendo na investigação, até porque não parece que o delegado Pimentel vai conseguir chegar muito longe sozinho… Alberto é visivelmente mais inteligente que ele. Então, Alberto caminha entre o trauma, a saudade do irmão, e o desejo de descobrir quem está por trás daquela morte, e ele não consegue deixar de pensar que o escaravelho que o irmão recebera mais cedo, naquele mesmo dia, tem algo a ver com isso. Sozinho, Alberto averigua que as últimas ligações no celular do irmão são de Verônica, sua ex-namorada, e aparentemente eles tinham voltado recentemente, o que quer dizer que o novo namorado da garota teria motivo para cometer aquele assassinato, e, então, ele se torna o principal suspeito.
Mas outra morte acontece enquanto o André está detido na delegacia, o que imediatamente o inocente… não de destruir a moto do Hugo, mas do assassinato. A próxima morte é de Douglas, um caixa de banco que, aparentemente, se suicidou, mas Alberto astutamente consegue entrar na cena do crime e percebe que ele também recebera um escaravelho numa caixinha – então, o “assassino de ruivos” voltou a atacar. Assim, Alberto consegue entender qual é o padrão das mortes, além de descobrir que os escaravelhos a serem enviados não foram escolhidos aleatoriamente, pois têm algum significado na maneira como as mortes acontecem. O nome científico do escaravelho que Hugo recebera, por exemplo, significava “portador da espada”, e isso tem tudo a ver com a sua morte… inicialmente, Pimentel custa acreditar em Alberto.
Mas não dá para negar que sua teoria faz sentido.
E seria muita “coincidência” se não fosse.
Depois dessas duas primeiras mortes, outras assolam a cidadezinha, como a morte da famosa cantora Rubi, que estava na cidade para fazer um show e gravar um videoclipe, e que acaba acertada por um dardo em um momento bem dramático da trama, e o jornalista Louzeiro, que se apavora com a história e com a recente morte de Rubi, e tenta raspar a cabeça para se manter à salvo, mas ele já foi marcado pelo “assassino de ruivos”, e quando ele recebe o escaravelho, ele sabe que é apenas uma questão de tempo. O assassino, astuto, consegue matá-lo ainda que ele esteja trancado dentro de casa com dois policiais, roubando o seu celular no mercado e o adulterando para que explodisse em sua cabeça quando ele atendesse a um telefonema. É uma das mortes mais fortes, e mostra que o assassino de ruivos realmente não está para brincadeiras.
Alberto, então, além de descobrir quem matou seu irmão Hugo, também quer proteger Raquel, sua melhor amiga e crush, que é ruiva, mas ela resolve ir para a escola do mesmo modo, ainda que esteja correndo riscos, porque, segundo ela, “não recebeu nenhum escaravelho”. Sua caixinha, no entanto, foi levada pela chuva quando o carteiro que a entregaria caiu da bicicleta, e nunca chegou ao seu destino. Logo que a mãe de Raquel dá pela sua ausência na casa, no entanto, Alberto pega a moto do irmão e corre para salvá-la, realmente conseguindo… ele encontra a garota e o assassino no meio da rua, e ela chega a ser atacada, mas ele tem tempo de salvar a sua vida, estancando o sangue que jorra do corte em seu pescoço – mais importante que qualquer coisa, agora, é salvar a vida de Raquel, portanto o assassino tem a chance de escapar novamente.
Mas o assassino tinha seus “motivos” e tinha uma “agenda” a cumprir, e a última morte seria a do Padre Afonso. Enquanto se confessa, descobrimos toda a trama que o levou até lá: a maneira como, na infância de ambos, Afonso o atormentou em um cemitério e, depois de ele cair em uma vala, o abandonou ali, para ser acolhido apenas pelos escaravelhos. Foi ali que o assassino se tornou fascinado pelos insetos, e que seu ódio por ruivos nasceu, devido aos cabelos de fogo do padre, ainda uma criança… depois daquele evento, o assassino ficou psicologicamente instável, acabou em um hospital psiquiátrico, que pegou fogo há alguns anos e do qual tampouco fora resgatado, e agora ele planejou se vingar de Afonso, matando ruivos de seu “rebanho”, para atingi-lo, terminando a vingança o matando em um incêndio na sua igreja. Ele foi bem-sucedido, mas pereceu ao lado do padre…
E isso encerra o mistério do “assassino de ruivos”.
É uma trama interessante, com uma explicação complexa, mas que faz sentido!
ADOREI A ADAPTAÇÃO!

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