Dark 2x06 – Ein Unendlicher Kreis (Ciclo Sem Fim)



20 de Junho de 2019. Um dia antes do suicídio de Michael.
QUE EPISÓDIO IMPECÁVEL! Na verdade, eu achei ele desesperador, porque o nível de angústia que senti ao assisti-lo não está escrito, e o Jonas teria se poupado de um sofrimento imenso se tivesse assistido à primeira temporada – mas ele não podia saber da tentativa de Ulrich de impedir as coisas que aconteceram no passado, sendo justamente ele quem as viabilizava. Tudo já tinha acontecido daquela maneira desde o começo, porque Ulrich interferira. Como diria o 10º Doctor, “wibbly wobbly timey wimey”, ou como diria a própria narração (bastante intensa, por sinal) de “Dark” no início do episódio, não é definido se existe um “começo” e um “fim”… tudo é parte de um ciclo eterno. Assim, Jonas descobre da maneira mais perturbadora o possível qual é o seu papel em toda essa trama, e percebemos que nunca poderemos detê-la.
Mas queremos entender como ela acontece.

“Qual foi o início de tudo? Onde as coisas começaram? No passado? No futuro? Quem pode dizer quando é o começo? Será que algum dia seremos capazes de saber qual é a origem de tudo? Ou sempre existirá um antes? E outro? E outro? O começo e o fim sequer existem? Ou tudo está conectado em um loop infinito? O ‘começo’ e o ‘fim’ são apenas palavras diferentes para o mesmo momento?”

O episódio é maravilhoso, do “começo” ao “fim”. Aquela introdução, antes da abertura, me arrepiou, tanto pela narração quanto pelas várias cenas que vimos, da primeira e segunda temporadas, e percebemos como, segundo a série sempre prega, “tudo está conectado”. São beijos, ataques, o suicídio… e então é como se retornássemos para o início da primeira temporada. Estamos em 20 de Junho de 2019, um dia antes do suicídio de Michael, e é tão inusitado estar de volta a esse lugar! Vemos o Jonas acordando naquela manhã, mas não é o Jonas que acompanhamos agora… é aquele Jonas, e é impressionante o quanto ele mudou! Aquele Jonas, de cabelinho curto e parecendo incrivelmente mais jovem, tem uma leveza no olhar e na postura, uma inocência e ingenuidade que ainda não foram tocadas –e se pensamos no quanto ele mudou em um ano, é realmente triste pensar no quanto ele ainda pode mudar nos anos que o separam de ser “Adam”.
#medo
Quando levanta e desce as escadas, Jonas encontra Michael, E É TÃO BOM VER O MICHAEL AINDA VIVO – porque isso representa um momento antes de tudo começar. Teoricamente, ao menos. Pelo menos é um momento em que ainda não conhecíamos a complexidade que a trama de “Dark” adquiriu, episódio após episódio. Ver Michael e saber que ele é o mesmo Mikkel que está em 1987 agora, e existem detalhes que fazem sentido porque sabemos quem ele é… como a sua postura quando Hannah o chama para a festa que Katharina e Ulrich darão naquela noite, e ele não quer ir, porque os Nielsen são seus pais, e ele pode inclusive ver a ele mesmo lá… quando Jonas pega o casaco amarelo característico para sair, por causa da “previsão de chuva”, Michael se assusta, deixa cair algo, porque tudo está começando a retornar.
E tudo está prestes a acontecer “novamente”.
Então, o MARAVILHOSO episódio nos guia por todas as maravilhas proporcionadas pela viagem no tempo, com um roteiro cuidadoso em todos os momentos… é estranho acompanhar aquele Jonas original, que chamarei de Jonas-2019 para não confundi-lo com o Jonas-2020, Viajante do Tempo. O Jonas-2019, como mencionei, é leve e inocente, e podemos perceber isso no passeio de bicicleta dele com os amigos, ou a maneira como ele sorri quando Martha olha para ele… tudo é tão puro. Ou a cena do rio, quando eles vão nadar e, depois, quando Martha se senta ao lado de Jonas-2019 na areia, conversando sobre os pais serem felizes ou não (eles não têm ideia do quanto aquela conversa é estranha, em tantos sentidos!), e a medalhinha de São Cristóvão, padroeiro dos viajantes. Em paralelo, vemos o Jonas-2020 chegar a esse ponto da história, a esse dia.
E é um Jonas completamente diferente… e não é apenas a cicatriz no pescoço ou o cabelo crescido, mas tudo nele e na atuação de Louis Hofmann, que muda sua expressão, sua postura, seu modo de andar… AMEI a cena (que é um baque delicioso da viagem no tempo!), quando Jonas encontra os Nielsen em um carro no meio da rua; ali estão seus avós, mas também pessoas com quem ele convive diariamente, e a criança que é seu pai. O mais inusitado em “Dark” é que Jonas não precisa ir a um ponto distante do passado, como o Marty McFly, para conhecer essa versão de seu pai: ele está ali, ele conviveu com ele por anos, em seu próprio tempo! Também é estranho quando o Jonas-2019 deixa Hannah sozinha por causa de qualquer coisa trivial, e o Jonas-2020 esconde a nova cicatriz para poder falar com ela e se passar pelo seu eu de um ano antes… a impressão é de que Martha vai saber que algo está errado…
Ela realmente percebe. Mas não sabe o que é.
Martha diz a Jonas que “ele está diferente”, e toda a cena é construída diferente. Antes, com o Jonas-2019, era leve, inocente, romântico… agora, com o Jonas-2020, é tenso, estranho, quase errado. Mas ainda é o Jonas que a ama, que acha que “eles são o par perfeito”, e é lindo como eles se beijam, o que me fez pensar um pouco na história do Doctor e River Song, porque aquele era o primeiro beijo deles para Martha, mas não era o primeiro beijo deles para Jonas. Wibbly wobbly. É uma cena que, em minhas anotações, descrevi como “estranhamente melancólica”, e acho que é o melhor que posso dizer… então, Jonas-2020 se levanta e vai embora, como o Jonas-2019 fora há alguns minutos, porque ele está ali naquela data para impedir que o suicídio do pai, mas ele não podia deixar de visitar Martha, e de dizer o que queria dizer…
Outras cenas interessantes são as que envolvem Mikkel e Michael – em 2019, existem duas versões dele; uma criança, antes de tudo começar, e outra adulta, depois de ele ficar preso em 1987 e viver naturalmente esses anos, até chegar novamente a 2019. Arrepiou-me assistir o Mikkel doente, fazendo uma pausa para o banheiro na casa dos Kahnwald, e Michael, de uma janela lá em cima, assistindo assustado, enquanto se vê lá embaixo, criança… também gostei da Hannah tendo uma sensação de dejá vù ao ver “como Mikkel cresceu”. Michael espreita, se esconde, mas ele também quer se aproximar de Mikkel, e eu acho que o entendo… a curiosidade, a tentação de quem sabe dizer alguma coisa, quem sabe impedir-se de viajar no tempo, mandando que ele se mantenha longe da caverna ou qualquer coisa… É TANTA COISA A SE PENSAR.
E o momento em que Mikkel vê Michael?
Perdi o fôlego!
Então, durante a festa na casa dos Nielsen, é que tudo acontece de fato… vemos Martha e Jonas se aproximarem, com aquela vibe adolescente e nervosa do amor adolescente, enquanto também vemos uma época em que Katharina e Hannah eram “amigas” (Hannah era uma traíra, então vamos manter as aspas). Em meio à tempestade que se aproxima (o casaco amarelo!) e aos trovões, então, Jonas-2020 vai até a sua própria casa, um ano antes… E TODA A SEQUÊNCIA É TÃO EMOCIONANTE. As lágrimas nos olhos de Jonas-2020 ao ver a foto da família na parede, ou ao olhar para o seu quarto de um ano antes… e então Michael o encontra, leve, o pai de sempre, que não sabe que aquele não é o “seu” Jonas. “Aconteceu alguma coisa?” A CENA DO JONAS ABRAÇANDO O PAI E CHORANDO FOI DE PARTIR O CORAÇÃO, QUE MOMENTO EMOCIONANTE!
“O que aconteceu com seu cabelo?”
Nunca tivemos a chance de ver essa relação dos dois… e parece uma relação bonita, vendo-a agora. E é lamentável como Jonas-2020 cai na armação de Adam, e percebemos de imediato que ele está fazendo cagada – que, como Ulrich, ele está causando justamente aquilo que estava ali para evitar. Jonas torna todo o primeiro ciclo possível, mas eu não o culpo, porque, na teoria de viagem no tempo de “Dark”, eu não acho que isso pudesse ser evitado… tudo já faz parte de como as coisas aconteceram. A alegria de Jonas-2020 ao ver o pai vivo me comoveu, e então ele começa a falar. Ele diz que “sabe”, que “sabe tudo”, e o pai não entende do que ele está falando, e então Jonas estende a mão: “Bate aqui, cara”. Exatamente como ele costumava fazer com Mikkel, como tinha feito naquela manhã. E ENTÃO A EXPRESSÃO DE MICHAEL AO ABSORVER TUDO.
Ali eu soube que esse episódio me destruiria de fato.
Toda a sequência de Michael e Jonas é de chorar, do início ao fim. “Eu sei de tudo, papai. Sei que seu verdadeiro nome é Mikkel Nielsen”. Em choque, Michael chora, pede perdão, e Jonas o abraça, o acolhendo e o protegendo… “Então você é do futuro? E por que está aqui agora?” Esse é o momento de Jonas: mexido, alterado, ele diz que sabe o que ele está pensando em fazer, e está ali para impedir que o faça: ele devia ter percebido os sinais. Então, é ele quem conta ao pai que ele vai “se enforcar no ateliê”, e é ele quem mostra a carta que ele deixará para o Jonas-2019. E, ali, eu acho que ele estragou tudo – ali, ele deu TODA A INFORMAÇÃO QUE MICHAEL AINDA NÃO TINHA. Seu suicídio, como seria, o que tinha que escrever na carta… eu só queria que Jonas parasse de falar, mas o desespero dele segurando a mão do pai, chorando, pedindo que ele prometesse que não faria isso.
AQUILO ACABOU COMIGO!
A conversa também dá a Jonas-2020 informações que ele ainda não tinha – agora ele também sabe o que fará em seguida, qual é o seu papel a seguir. “Na noite que você desapareceu, você estava lá e sumiu de repente. Você voltou para a caverna? Como encontrou a passagem?”, Jonas pergunta. “Eu não encontrei. Alguém mostrou para mim”, Michael responde. “Quem?”, e já sabíamos a resposta mesmo antes de Michael responder: “Você”. Então, VEMOS A PARTE QUE NÃO VIMOS DO “SUMIÇO” DE MIKKEL. Depois que eles ouviram o barulho e correram pela floresta, Jonas cai, Mikkel fica sozinho, e existe outro Jonas lá para levar o Mikkel aonde ele tem que estar. É o Jonas-2020 quem manda o Mikkel através da passagem, de volta a 1987, e provavelmente é o que ele fará agora, saindo com Claudia Tiedemann sabe-se lá para onde. Foi seu próprio filho quem o levou para lá, para garantir que ele continuaria nascendo.
Durante anos, Michael tentou entender por que ele fez isso.

“Eu me vi hoje. O Mikkel. Eu me lembrei de tudo. Do casaco, de você. Tudo se encaixou. Talvez você não esteja aqui para me impedir, mas para me mostrar o que tenho que fazer. Você deve ter me mostrado a carta para eu saber o que tem nela. Para eu partir e você viver”

Assim, o ciclo se fecha: Jonas causa o que queria evitar. Jonas-2020 foi ingênuo, acreditando em Adam, mas não posso julgá-lo de fato… ele tinha esperanças, apenas isso. Agora, se Mikkel não for a 1987, Jonas não existirá, e ele acha que essa é a resposta, mas ainda não é. A versão velha de Claudia Tiedemann aparece para dizer o que já sabíamos: que Adam o trouxe àquele momento para garantir que tudo acontecesse como sempre aconteceu – é o suicídio de Michael que começa tudo, e apenas Jonas pode impedir o “Apocalipse” que está para acontecer: ele vai ter que lutar contra ele mesmo, contra Adam, e preciso ser ele… não nascer não é a resposta, porque Claudia supostamente já viu um mundo sem Jonas, e “não é o que ele está esperando”. Se aceitar isso, Jonas-2020, então, terá que ir até o momento do desaparecimento de Mikkel…
E garantir que ele aconteça também.
A sequência final traz aquelas divisões de tela de “Dark”, em que vemos, por exemplo, Katharina cuidando de Mikkel enquanto dorme, em contraste ao FDP do Ulrich a traindo com Hannah; vemos Jonas e Martha se beijando e fazendo amor na noite da festa, enquanto Bartosz está sozinho; e vemos o Jonas-2020 se despedindo do pai em uma cena forte, olhando para ele novamente, chorando, mas seguindo Claudia Tiedemann, provavelmente para cumprir o resto de sua “missão”. Também vemos Michael pegando os papeis para escrever a carta cujo conteúdo agora ele já conhece. Por fim, o episódio ainda nos deixa uma última informação intrigante. Estamos em 1921, na “base de operações” de Adam, quando um homem diz a ele que “ele devia ter dito a Jonas para onde ele o mandou e qual era sua missão”, e então Adam responde: “Todos temos que fazer sacrifícios, Magnus”.
Yep. Magnus.
ESSA SÉRIE SÓ MELHORA! *-*


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