Legion 3x04 – Chapter 23
“Something
is wrong with time”
A última
temporada de “Legion” está tomando um
rumo diferente daquilo que eu tinha inicialmente projetado, especialmente
porque, no fim das contas, a viagem no
tempo não é a resposta de tudo. Quando Switch foi recrutada, e percebemos
que o seu poder não era forte o suficiente para levar David com ela no Corredor
do Tempo até onde ele queria, eu achei que o restante da temporada ficaria em
torno de encontrar uma maneira de ampliar
seus poderes para que pudessem incluí-lo. Isso não aconteceu, porque no
terceiro episódio, já, David Haller conseguiu acompanhá-la em uma viagem instável a dois pontos diferentes do
tempo: um quando ele ainda era um bebê, pouco antes de Farouk entrar em seu
corpo, e outro antes disso, quando seus pais se conheceram em um hospital
psiquiátrico, se apaixonaram e então o tiveram.
David quer
impedir que a mãe o “abandone” e que Farouk entre em seu corpo, mas, nas suas
tentativas frustradas, ele acaba causando
justamente aquilo que queria impedir… uma história que pode estar se
repetindo agora. Com as andanças de David e Switch pelo tempo, o contínuo de
espaço-tempo parece instável demais,
quase entrando em colapso, e as coisas estão falhando, sumindo, se repetindo e
se sobrepondo… e ninguém sabe o que podem
fazer para impedir que isso continua acontecendo. Em uma cena bem
interessante do episódio, vemos Lenny e Salmon conversar sobre a filha, que
pretendem nomear Violet, e David e Switch caem atrás delas… Switch está machucada
e cansada, David está pensando em “tentar de novo”, porque “precisa alertar a
mãe”; e essa cena se repete exatamente
igual por três vezes, até que Switch perceba que algo está errado…
“This is how he does it. David. This is how he destroys the world”
Talvez seja
assim que David se torne aquilo que Syd e os demais tanto passaram a temer
desde a temporada passada: o grande vilão que vai destruir o mundo. Enquanto ele tenta voltar no tempo para
impedir uma série de coisas,
inclusive que, talvez, ele se torne esse destruidor do futuro, ele está
fragilizando de tal modo o contínuo de espaço-tempo que talvez seja insustentável manter uma realidade quando ele terminar de
“brincar de deus”. Seria interessante mesmo pensar no conceito de que, tentando
impedi-lo de destruir o mundo, as pessoas empurrassem o David justamente para isso… de quem seria a
culpa? Com o tempo tão fragilizado, os “demônios” de que Switch brevemente
comentou vêm à tona, são Devoradores do Tempo, como animais que se alimentam do tempo… mas eles são
seres sencientes, com um plano?
Ou apenas animais em busca de comida?
As cenas são
todas MUITO INTERESSANTES. Eu gosto de ver os loops, eu gosto de ver a passagem acelerada do tempo, e eu adorei
os efeitos que trouxeram os Devoradores do Tempo à realidade como a conhecemos,
movendo-se de forma inusitada, sempre borrados… macabros. Assim, trechos da
narrativa acontecem fora do tempo, em
uma série de fotos interessantes, outros momentos nos permitem ver zonas em que
o tempo foi congelado, enquanto Cary
tenta escapar das instalações de David, depois de ter se libertado de seu
controle, e ele encontra Switch no meio do caminho, enquanto ela se esconde dos
demônios que estão tomando conta de todo
o lugar. E, claro, também temos dois momentos muito interessantes,
possíveis apenas aqui e agora, quando o tempo parece estar entrando em um
colapso e tudo se mistura em um único momento.
Primeiro, é o
encontro da Syd atual com a Syd de 16 anos, e a conversa que elas têm sobre
sexo, amor, sobre se apaixonar e sobre o David… é algo bem interessante e que
nos permite conhecer um pouquinho mais de
Syd, suas facetas. O que sentiu quando fez sexo com o namorado da mãe, e o
que ainda talvez sinta por David, mesmo que demonstre o contrário. Outra cena
de que gostei muito foi a de Lenny acompanhando
toda a vida de sua filha, Violet, do momento de seu nascimento até a sua
morte e depois; quando ela era um bebê, uma criança desenhando para ela, uma
adolescente rebelde, uma mulher com sua própria filha, uma velhinha numa cama,
à beira da morte, que lhe agradece “por ela sempre ter estado ali por ela”. Dura apenas alguns segundos, mas é uma
sequência extremamente forte e intensa, de nos arrepiar!
Por fim,
também acompanhamos David, que acredita que pode lidar com os demônios, mas
acaba sendo capturado e preso em uma antiga cela, onde encontra sua mãe – uma
versão de sua mãe da época da guerra, de muito antes de tudo o que vimos no
episódio passado… antes de hospital
psiquiátrico, antes de tudo. Por isso, David acha que é a sua oportunidade
de tentar alertá-la, mas tudo é tão distante do momento que ele quer mudar que não parece fazer sentido naquela hora.
Ele fala para a mulher sobre como ela vai sair dali, como vai conhecer alguém
quando estiver no hospital, como eles terão um filho… e então ele pede que,
quando o seu marido disser que “tem que fazer uma viagem”, que ela não deixe
que ele vá, porque é isso que vai fazer com que o Farouk o encontre, é isso que
vai deixar a mãe novamente naquele estado, depois de tempos bem…
Mas ela não o leva a sério.
“Hey, it’s okay. I’m crazy too”
Chorando,
sofrendo, ele implora para que ela salve a sua vida, porque ela pode fazê-lo,
mas isso não vai adiantar… os demônios, os Devoradores do Tempo, prendem David
numa armadilha, e por muito tempo acreditamos que eles são tão bons no que
fazem que nem o David pode com eles.
Ele caminha em um loop infinito e angustiante, tentando chegar até os
Devoradores do Tempo, sempre retornando para o ponto onde começou, um trajeto
curto e eterno… eventualmente, no entanto, David consegue quebrar o loop, porque
ele realmente tem todo o poder que
anuncia e todo o poder que o torna tão perigoso. Se transformando em vários e
se intitulando um “deus”, no maior tom de sarcasmo possível, ele destrói um dos
demônios na sua frente, e manda o outro correr e avisar aos demais que esse não é o tempo deles, mas o tempo dele.
O tempo de David Haller.
“Go. Or I kill everyone of you”
Por ora,
então, os Devoradores do Tempo os deixam em paz…
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