Vale o Piloto? – His Dark Materials 1x01 – Lyra’s Jordan



“This story starts in another world. One that is both like, and unlike, your own. Here, a human soul takes the physical form of an animal, known as daemon. The relationship between human and daemon is sacred. This world has been controlled for centuries by the all-powerful Magisterium, except in the wilderness of the North, where witches whisper of a prophecy. A prophecy of a child with a great destiny. During the Great Flood, this child was brought to Oxford”

COMO EU ESPERAVA POR ESSA SÉRIE! Desde os primeiros anúncios sobre a BBC produzindo uma adaptação da trilogia “Fronteiras do Universo”, de Philip Pullman, eu estava eufórico. Sou apaixonado por essa história sobre o Magisterium, o Pó, pontes entre mundos… essa trama complexa, instigante e revoltante, em várias ocasiões, que é inteligente e crítica, que mescla ciência, religião e poder, que nos faz pensar do início ao fim. É, sem dúvida alguma, uma das melhores séries de livros que já li na vida (eu estou tão ansioso para ver “A Faca Sutil” na segunda temporada!), e eu estou feliz em ignorar o filme feito em 2007, porque finalmente teremos uma adaptação à altura da obra original, e o Piloto deixa isso muito claro. O visual é perfeito, as atuações são incríveis, a intensidade com que transpuseram a trama do livro para as telas… é de arrepiar.
Eu ainda gostaria de ver um pouquinho mais dos daemons, e digo isso porque, mesmo com aquela “narração” no início, pudemos ver cenas em que os daemons não eram visíveis – eu entendo todo o trabalhão que é colocá-los por computação em todas as cenas, e eu sei que os daemons estavam, provavelmente, nos pés de Lyra e da Sra. Coulter enquanto elas conversavam próximo ao fim do episódio, por exemplo, mas nós precisamos VÊ-LOS. Vê-los o tempo todo para entendermos que é a representação física e externa da alma da pessoa, algo inseparável e sagrado, porque essa é a primeira coisa que marca “A Bússola de Ouro”. E deixar isso claro agora vai ser essencial para que cenas futuras façam sentido, seja para nos angustiar (aquela cena em Londres!) ou para nos entristecer (as cenas no Norte), ou ainda para quando Lyra conhecer Will na próxima temporada…
O episódio segue fielmente os primeiros capítulos do excelente livro, e eu adorei – ainda tivemos uma ceninha ou outra “extra”, coisas não vistas em “A Bússola de Ouro”, como o momento do Lorde Asriel andando por aquela inundação para deixar Lyra em Oxford, sob a proteção do Santuário Escolástico. Depois disso, conhecemos o que o autor gosta de chamar de “A Oxford de Lyra”, E É UMA SEQUÊNCIA PERFEITA… conhecendo Lyra e sabendo tudo o que vem pela frente, é lindo e emocionante vê-la correndo pela Faculdade com Roger, enquanto os dois se divertem, riem, aprontam… amei também aquela rápida reflexão, quando eles descem até as catacumbas, a respeito do porquê de os daemons desaparecerem quando morremos, enquanto os humanos deixam esqueletos horríveis para trás – lembrando que o daemon é a “alma” da pessoa.
É sensacional!
Gostei de como a série teve a oportunidade de nos mostrar o Lorde Asriel no Norte, fotografando a Aurora Boreal, aquelas fatídicas fotos apresentadas no segundo capítulo do livro e que fez com que eu me apaixonasse pela história, e quisesse saber mais sobre os mistérios… sobre o Pó. Também é bom mostrá-lo lá agora, nesse início de temporada, porque a conclusão dessa parte da história deve nos levar novamente exatamente para o mesmo lugar, e as coisas serão muito mais sérias então. Então, o vemos tirar as fotos, pegar a cabeça congelada que pretende usar para convencer a Faculdade a financiar suas pesquisas, e então ele volta para Oxford – Lyra fica empolgada ao ver o “tio” chegar, e escapa de uma aula para poder ir atrás dele: tudo o que ela quer, e sempre quis, é poder ir para o Norte com ele… mas o Norte não é lugar para uma criança.
Não mesmo.
Mas existe uma profecia, sobre a qual o aletiômetro fala, que diz respeito à jornada de uma garota… e tudo começa a se encaminhar para isso. Primeiro, Lyra, curiosa e bisbilhoteira como sempre, vê o Reitor colocar alguma coisa no vinho que dará para o Lorde Asriel beber, então ela consegue salvar o tio, E EU ADOREI ESSE REENCONTRO DE LYRA E LORDE ASRIEL! A maneira como ela salta para salvar-lhe a vida, a maneira como ele reage ao ataque súbito, mas então a “recruta” como sua aliada, para que ele espie para ele… então, com a sua ajuda, Lyra se esconde para assistir a uma importantíssima reunião, o momento em que o Lorde Asriel vai mostrar para os Catedráticos o que descobriu na sua última visita ao Norte – ele começa mostrando duas versões de uma mesma foto, tiradas com lentes diferentes… e em uma delas, podemos ver o Pó.
O Pó, até aqui, é uma substância que é registrada quase que na forma de luz pela lente especial de Lorde Asriel, e ele é naturalmente atraído apenas para o adulto na foto… nenhuma partícula de Pó se concentra na criança ao lado do homem adulto – os adultos, por sua vez, estão sempre cheios de , quase consumidos por ele. Mas é a segunda foto, nesse momento, que realmente importa. A foto da AURORA BOREAL, as Luzes do Norte. Na primeira foto, vemos apenas a Aurora Boreal como a conhecemos; na segunda, tirada com a lente especial que registra o Pó, a foto revela uma cidade no céu. A cena é de arrepiar, e eu adoro como isso ficou INTENSO na série, com o agito dos Catedráticos, o burburinho, a fala sem parar… tudo o que o Pó pode revelar. Eles começam a acusar o Lorde Asriel de heresia, mas ele tem razão: o que o Magisterium não quer que eles saibam/descubram?
Aquela cabeça decepada foi cortada pelo Magisterium?
Para podá-los?!

“Who would have done this? It's most likely the Magisterium trying to mask their tracks, to keep us safely innocent, or as the Master would have it, academically free. Gentlemen, there is a war raging right now between those trying to keep us in ignorance and those, like Grumman, willing to fight for the light, to fight for true academic freedom. Gentlemen, he was a member of this college, his work was profoundly important and I need funding to continue it. Who will stand against me?”

Lorde Asriel foi tão intenso, tão claro, tão direto…
EU ADOREI A ADAPTAÇÃO DESSA CENA! <3
A série também já mostra em paralelo personagens que conheceremos apenas nos próximos capítulos do livro, porque os acontecimentos que os levaram até onde Lyra os encontrará, em breve, acontecem agora, em paralelo à visita do Lorde Asriel e da Sra. Coulter à Faculdade Jordan. Eu amei DEMAIS a celebração feita a Tony Costa pelo seu daemon ter se fixado em uma única forma: a transição de menino a homem. Existe toda uma celebração que, mais que religiosa, é espiritual, e significa tanto, que me comoveu! Aquele é um dos momentos de que falava, as coisas que precisamos para entendermos o quanto é importante focar nos daemons em “His Dark Materials”. A cena é ótima, e culmina no Billy, o irmão mais novo de Tony, saindo sozinho, com medo de estar perdendo o irmão, e então ele é capturado pelos Gobblers.
Agora, os Gípcios pensam em rumar a Londres, recuperar suas crianças.
Enquanto isso, vemos a história ganhar pequenas novas informações instigantes na Faculdade… o Reitor fala sobre o aletiômetro e sobre o papel que Lyra desempenhará nessa história – ela terá que fazer essa jornada, que inclui uma traição… e ela será aquela que a cometerá. E ele sabe que essa jornada será deveras sofrida. Adorei as cenas de Lyra com o Lorde Asriel, que demonstra mais carinho em relação a ela na série que no livro, embora ele ainda seja, sim, duro. Mas amei vê-lo a pegando no colo e a colocando para dormir, tirando suas botas, e então ela “acorda” (porque não estava realmente dormindo) e lhe pergunta sobre a decisão dos Catedráticos e sobre o que é o Pó, mas ele diz que “existem coisas que é melhor que ela ainda não saiba”. Esse Lorde Asriel parece mais humano do que eu sempre imaginei, e isso tornará a conclusão dessa temporada ainda mais sofrida.
Já me arrepia, só de pensar!
Na manhã seguinte, o Lorde Asriel está partindo, e Lyra corre atrás de seu dirigível, dizendo que ele não vai sem ela, mas ele a coloca para fora e diz que “não tem tempo para ela”, e ele parece muito grosseiro, sim, e me partiu o coração ver a Lyra sendo deixada para trás, triste e chorando porque queria ir com ele, mas quando ele diz que “o Norte não é lugar para uma criança”, nós, que já lemos o livro, percebemos O QUANTO ELE TEM RAZÃO – o quanto ele está fazendo o que faz para protegê-la. Enquanto o Lorde Asriel vai embora, Roger ainda grita uma mensagem para ele: “She’s better than you think she is. She’s special!” Mas o Lorde Asriel precisa partir para que a Sra. Coulter chegue… E QUE CHEGADA INCRÍVEL. Toda a parte da Sra. Coulter é muito mais breve do que a parte do Lorde Asriel, mas o jantar e a “cerimônia” para recebê-la é creepy.
Como ela merece.
Olhar para aquele macaco dourado me dá calafrios…
A Sra. Coulter se senta ao lado de Lyra na mesa para o jantar, e ela tem um quê fascinante que deixa Lyra vidrada… acontece que Lyra é inocente, e a Sra. Coulter parece uma mulher tão poderosa, capaz de fazer o que quiser – ir para o Norte, por exemplo. E ela gostaria de ser como ela, viajar para o Norte, ver os ursos de armadura. Por isso, não vai ser difícil convencer Lyra a deixar a Faculdade Jordan para trás e ir com uma total desconhecida, como sua “assistente”. A Sra. Coulter diz que, antes de ir para o Norte, elas irão para Londres, no dia seguinte, e Lyra pergunta se o Roger pode ir com elas… ele não é um aventureiro como elas, mas sabe limpar e cozinhar. É tão bonitinho quando ela diz que “ela precisa dele, porque ele é seu melhor amigo; seu único amigo”. Ela diz à Sra. Coulter que “ele é um órfão como ela” (!), e a Sra. Coulter “autoriza” que ele vá com elas.
Na manhã seguinte, então, Lyra vai falar com o Reitor, que sabe que não pode impedi-la de partir – afinal de contas, a profecia precisa se cumprir, e Lyra terá que cumprir sua parte, que envolve uma traição. Na tentativa de protegê-la, no entanto, o Reitor lhe dá o aletiômetro de presente, um instrumento que é capaz de lhe dizer a verdade. Mas ele não explica como ele o fará: Lyra e Pantalaimon terão que aprender sozinhos. Ele pede que ela o guarde com cuidado e em segredo, porque ele é ilegal, a não ser qual aprovado pelo Magisterium… e eles pedem que ela seja discreta, não diga nada a ninguém… nem mesmo à Sra. Coulter. Então, Lyra sai correndo pela Faculdade, buscando o Roger para contar-lhe a novidade, mas ela não o encontra em lugar nenhum, e ela o busca e o busca e o busca, e a ausência de Roger faz com que tudo fique crescentemente angustiante.
Até que ela percebe que ele não está ali.
Ele foi capturado pelos Gobblers?
Isso, de algum modo perverso, a ajuda a se convencer a partir com a Sra. Coulter, porque a traiçoeira mulher, astuta e manipuladora, promete que a ajudará a encontrar o seu amigo, em Londres, onde os Gobblers estão. Pan, desconfiado, pede que Lyra use o presente que o Reitor os deu, mas eles ainda não sabem como usar o aletiômetro. Por isso, Lyra pergunta para o aletiômetro, falando, e parece que “ele não funciona”… mas apenas porque ela ainda não aprendeu a lê-lo. E EU NÃO VEJO A HORA DE VER AS LEITURAS. Já amei lê-las, espero amar assisti-las. Sem saber o que fazer, Lyra corre para pegar o dirigível com a Sra. Coulter, rumo a Londres, onde espera encontrar o seu amigo Roger, e o maldito macaco dourado a vê mexer no bolso… ele já sabe que algo está escondido ali. Estou muito ansioso pelo restante da temporada, e amando tudo!
“The Gyptians. They’re leaving too”


Para mais Pilotos de séries, clique aqui.


Comentários